musicoterapia com mães de recém-nascidos internados em uti
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eproduzí-la, e também ao ouví-la, nós na verda<strong>de</strong> a ‘criamos’, e não<br />
apenas ‘re-criamos’.<br />
2.2.2 - A MÚSICA NA RELAÇÃO MÃE-BEBÊ<br />
A música, quando <strong>uti</strong>lizada <strong>em</strong> contextos clínicos, po<strong>de</strong> ser um instrumento<br />
importante na construção <strong>de</strong> um espaço para a relação mãe-bebê. O ato da mãe cantar<br />
músicas que sejam significativas para a relação entre ela e seu filho, fortalec<strong>em</strong> os laços<br />
afetivos entre os dois. STAHLSCHMIDT (in: ROHENKOHL, 2002, p. 261) diz que:<br />
quer canções escolhidas, quer canções <strong>com</strong>postas especialmente <strong>em</strong><br />
homenag<strong>em</strong> ao bebê, estas funcionam, aparent<strong>em</strong>ente, <strong>com</strong>o ilustrações<br />
do papel <strong>de</strong> espelho da mãe, <strong>de</strong>scrito por Winnicott (1975) <strong>com</strong>o uma das<br />
primeiras formas <strong>de</strong> percepção do bebê sobre si mesmo, a partir do que<br />
observa quando olha para a mãe e esta <strong>de</strong>monstra, <strong>em</strong> seu olhar, <strong>com</strong>o o<br />
percebe.<br />
Ao escutar uma música, a pessoa sente-se escutada por esta, <strong>com</strong>o uma relação<br />
<strong>de</strong> se fazer <strong>com</strong>preendido. DIDIER-WEILL (in: ROHENKOHL, 2002, p. 265) coloca que<br />
a relação do ser humano <strong>com</strong> a música aponta <strong>com</strong>o uma das formas <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r a<br />
relação primordial do sujeito <strong>com</strong> o Outro. Assim, ele estabelece uma relação entre a<br />
música e a pulsão invocante, <strong>de</strong>finida por Jacques Lacan, que significa a pulsão <strong>de</strong> ‘se<br />
fazer ouvir’. Desta forma, a música autoriza a mãe a brincar <strong>com</strong> os sons e seus el<strong>em</strong>entos,<br />
através da voz.<br />
Acalantos são cantados por <strong>mães</strong> para <strong>em</strong>balar seus filhos, criando um clima<br />
afetivo <strong>de</strong> segurança, geralmente associado ao contato corporal. As cantigas <strong>de</strong> ninar que<br />
as <strong>mães</strong> cantam para seus bebês po<strong>de</strong>m ter função lúdica. A função lúdica ocorre na área<br />
<strong>de</strong> transicionalida<strong>de</strong> (Winnicott), citada anteriormente e, neste momento, acontec<strong>em</strong> trocas<br />
significativas na relação mãe-bebê, pois a mãe po<strong>de</strong> brincar e curtir o bebê. Para Winnicott<br />
(2003), a brinca<strong>de</strong>ira po<strong>de</strong> servir <strong>com</strong>o um meio <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> conflitos internos. O<br />
brincar é um recurso para lidar <strong>com</strong> sentimentos <strong>de</strong> angústia e ansieda<strong>de</strong>, fatores<br />
constituintes e, muitas vezes, dominantes da ativida<strong>de</strong> lúdica.<br />
Outra função dos acalantos é permitir à mãe a melhor elaboração da separação<br />
durante a hora <strong>de</strong> dormir. O adormecimento representa um intervalo, um corte no<br />
encantamento recíproco mãe-bebê. A entoação da voz da mãe <strong>com</strong> acalantos <strong>de</strong>ixa a<br />
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