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musicoterapia com mães de recém-nascidos internados em uti

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levarão a resolver o probl<strong>em</strong>a, e este passa a vivenciar uma experiência <strong>de</strong> espera<br />

in<strong>de</strong>finida. Em relação à música, ele faz a seguinte analogia:<br />

esse tipo <strong>de</strong> experiências dolorosas fornece uma base muito po<strong>de</strong>rosa<br />

para coisas tais <strong>com</strong>o a questão da forma na música, on<strong>de</strong>, s<strong>em</strong> a rigi<strong>de</strong>z<br />

da moldura, a idéia do fim é mantida diante do ouvinte <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. A<br />

música s<strong>em</strong> forma aborrece. E a inexistência <strong>de</strong> formas é infinitamente<br />

enfadonha para aqueles que se sent<strong>em</strong> particularmente aflitos por esse<br />

tipo <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, por conta <strong>de</strong> adiamentos impossíveis <strong>de</strong> <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r<br />

ocorridos <strong>em</strong> sua primeira infância. A música dotada <strong>de</strong> estrutura formal<br />

clara é reasseguradora <strong>em</strong> si mesma, para além <strong>de</strong> seus outros valores<br />

musicais propriamente ditos. (WINNICOTT, in: BOGOMOLETZ, 2000,<br />

p.1).<br />

Em seus estudos sobre a relação mãe-criança, Winnicott criou o conceito <strong>de</strong><br />

Espaço Transicional, que constitui <strong>em</strong> um espaço intermediário entre a subjetivida<strong>de</strong> e a<br />

objetivida<strong>de</strong>. Este espaço é <strong>com</strong>o uma área <strong>de</strong> ilusão, <strong>de</strong>ixando <strong>em</strong> suspenso a distinção<br />

entre realida<strong>de</strong> e fantasia. Segundo VOLICH (2000, p.244):<br />

a criança, e, ulteriormente o adulto, po<strong>de</strong>m reencontrar esse espaço<br />

potencial por ocasião <strong>de</strong> certas ativida<strong>de</strong>s que implicam uma nãointegração<br />

momentânea do ‘eu’. Esses processos refer<strong>em</strong>-se ao brincar,<br />

à criação artística, e outros s<strong>em</strong>elhantes. Po<strong>de</strong>mos porém consi<strong>de</strong>rar que<br />

a existência <strong>de</strong>sse espaço transicional é também fundamental quando da<br />

vivência <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong>sintegradoras <strong>de</strong> sofrimento e do<br />

<strong>de</strong>sconhecido, inevitavelmente presentes nas situações terapê<strong>uti</strong>cas e <strong>de</strong><br />

ensino.<br />

A Religião e a Arte são consi<strong>de</strong>radas habitantes permanentes do espaço<br />

transicional, <strong>com</strong>o coloca WINNICOTT (2000, p. 127): “nessas duas regiões, o hom<strong>em</strong><br />

volta e meia pára e <strong>de</strong>scansa um pouco <strong>de</strong> sua eterna tarefa <strong>de</strong> discernir entre a ‘realida<strong>de</strong><br />

interna’ e a ‘realida<strong>de</strong> <strong>com</strong>partilhada’.” A música t<strong>em</strong> um papel privilegiado no espaço<br />

transicional. BOGOMOLETZ (2000, p. 1) diz que:<br />

a música é um dos el<strong>em</strong>entos que mais fundo penetra nesse espaço, que<br />

mais perto chega do espaço pré-transicional, on<strong>de</strong> se localizam as<br />

fantasias mais internas e mais pessoais do indivíduo. Talvez porque,<br />

sendo esta uma das mais antigas <strong>de</strong>scobertas do hom<strong>em</strong> sobre a<br />

psicologia do bebê, é ainda no útero <strong>de</strong> sua mãe, e portanto inteiramente<br />

fundido a ela, que o bebê inicia a sua aprendizag<strong>em</strong> musical. Que a voz<br />

gravada da mãe acalma bebês aflitos é sabido. Que a voz da mãe<br />

cantando uma canção <strong>de</strong> ninar é o melhor r<strong>em</strong>édio contra a aflição<br />

infantil também é sabido. (...) a música v<strong>em</strong> <strong>de</strong> fora, muitas vezes, mas ao<br />

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