musicoterapia com mães de recém-nascidos internados em uti

a música é, pois, uma ponte entre o mundo interno, do eu mais pessoal e
intransferível, e o mundo externo, onde compartilhamos a ‘realidade’
com os outros. Se, para Freud, o sonho era a ‘estrada real para o
inconsciente’, a música é a ponte que leva ao eu mais profundo e
verdadeiro. E não vale dizer que o sonho vem de dentro para fora,
enquanto a música vai de fora para dentro, porque não se pode dizer
com convicção que a música realmente segue de fora para dentro: ou
uma música entra, e nesse caso ela já está dentro, mesmo que esteja
sendo ouvida pela primeira vez, ou ela não entra, e então nada acontece.
A experiência musical em Musicoterapia e a Psicanálise são feitas no contexto
intrapsíquico, da relação real de contato consigo mesmo. Através de ambas, é possível
fazer contato com emoções reais, de difícil acesso. RUUD (1990, p. 39) destaca as funções
da música sob o ponto de vista psicanalítico, dividindo-as em dois grupos principais. Em
um deles, a música é considerada um estímulo externo que desperta reações da parte do
aparato físico. Neste caso, o aparato físico é passivo, e sua reação ao estímulo musical é
considerada uma regressão temporária. O outro grupo considera a atividade musical como
algo ativo, que funciona como meio de defesa a uma ameaça ou como um auxiliar para se
atingir um domínio de causa. Neste caso, a música se torna ativa enfrentando a parte do
ego na obtenção de certos objetivos.
Vários autores consideram a música como indutora de regressão, com a
retomada de experiências primitivas. Teorias recentes colocam a música como uma
função-do-ego, com o objetivo de atingir um domínio ou defesa contra diferentes forças.
Dentre as inúmeras funções do ego, uma das principais é manter o equilíbrio do aparelho
psíquico. Também, são consideradas funções do ego, a aquisição de controle motor,
percepção sensorial, ligação com o meio ambiente, memória, criação de mecanismos de
defesa como: regressão, projeção, racionalização, formação reativa, negação, sublimação.
RUUD (1990, p. 41), baseando-se em conceitos psicanalíticos, escreve:
a música é uma atividade iniciada pelo ego. O ego utiliza a atividade
musical como meio de atingir vários objetivos: gratificação de
necessidades específicas, defesas contra forças diversas ou ajuda em
suas funções sintetizadoras e integrativas.
As canções podem ser usadas como recurso terapêutico, apresentando diversas
funções, dependendo dos objetivos terapêuticos a serem atingidos. MILLECCO (2001, p.
95) fez uma divisão das funções do canto em caráter didático. As funções do ato de cantar
são:
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