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musicoterapia com mães de recém-nascidos internados em uti

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p. 113) esta aceitação ocorre quando a mãe i<strong>de</strong>ntifica o feto <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>com</strong>o<br />

uma “parte integrante <strong>em</strong> si mesma”. A percepção do feto <strong>com</strong>o um ser distinto ocorre<br />

normalmente quando a mãe <strong>com</strong>eça a sentir os movimentos fetais.<br />

Durante a gravi<strong>de</strong>z, a mulher vive o bebê psiquicamente <strong>com</strong>o parte do seu<br />

corpo e cria uma relação imaginária, <strong>com</strong> i<strong>de</strong>alizações, sonhos e valores que são<br />

transmitidos entre gerações. No período <strong>de</strong> gestação, a mulher integra gradualmente o feto<br />

à sua imag<strong>em</strong> corporal e, <strong>com</strong> o nascimento, precisa integrá-lo psiquicamente <strong>com</strong>o um ser<br />

separado. O nascimento exige um r<strong>em</strong>anejamento psíquico na família e r<strong>em</strong>ete os pais à<br />

suas vivências <strong>com</strong>o bebê, levando à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma reorganização do espaço familiar<br />

para o acolhimento do bebê. Os pais projetam nos filhos suas expectativas e <strong>de</strong>sejos. O<br />

bebê está representado, no psiquismo dos pais, antes mesmo <strong>de</strong> sua concepção, i<strong>de</strong>alizado.<br />

O nascimento impõe uma separação corporal que, <strong>de</strong> certa forma, é traumática<br />

tanto para a mãe quanto para o filho. De acordo <strong>com</strong> BENEDECK (in: ROHENKOHL,<br />

2000, p. 51), o traumatismo <strong>de</strong>ssa separação corporal é amenizado pelo processo <strong>de</strong><br />

maternag<strong>em</strong>, pois, mesmo após o nascimento, continua uma “gestação psíquica” quando a<br />

mãe, funciona <strong>com</strong>o continente e organizador psíquico para seu bebê. A relação entre mãe<br />

e filho é restabelecida através da amamentação e dos cuidados dispensados ao bebê. Aos<br />

poucos, <strong>com</strong> o suporte do contato corporal e psíquico, mãe e bebê vão elaborando o<br />

processo <strong>de</strong> separação e distinção <strong>de</strong> seres.<br />

Quando o bebê nasce <strong>com</strong> algum probl<strong>em</strong>a e é internado <strong>em</strong> uma UTI<br />

Neonatal logo após o nascimento, leva os pais a uma vivência <strong>de</strong> fracasso. O trabalho <strong>de</strong><br />

distinção entre o bebê i<strong>de</strong>alizado e o bebê real é dificultado pela circunstância da privação<br />

<strong>de</strong> contato precoce. Segundo KLAUSS e KENNEL (in: KLAUSS et. al., 1995, p. 142),<br />

existe um período sensível durante o qual ocorre o apego entre mãe e filho, e uma<br />

separação precoce prejudica, às vezes <strong>de</strong> modo irreversível, o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

maternalida<strong>de</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente, o estabelecimento <strong>de</strong> pródigas interações mãe-bebê.<br />

A internação do bebê <strong>em</strong> uma UTI Neonatal logo após o nascimento, gera<br />

sentimentos <strong>de</strong> frustração, medo do bebê não sobreviver, <strong>de</strong> não atingir o peso que precisa,<br />

<strong>de</strong> ter <strong>com</strong>plicações <strong>com</strong>o infecções e seqüelas neurológicas graves. A família passa a<br />

viver <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um clima <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, preocupação, insegurança, esperança, <strong>de</strong>cepção,<br />

força e <strong>de</strong>salento. O círculo familiar se vê diante <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> sentimentos e probl<strong>em</strong>as<br />

inesperados, <strong>com</strong>o o medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o filho, a angústia da separação e, <strong>em</strong> alguns casos, a<br />

preocupação <strong>com</strong> as <strong>de</strong>spesas da internação. Neste período, é presente a sensação <strong>de</strong> perda<br />

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