Estudo ... - Banco da Amazônia
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inadequada do produto ao consumidor direto, a falta de técnicas no transporte do pescado, equipamentos e insumos inapropriados e a precariedade das estradas. Os peixes produzidos são vendidos vivos ou eviscerados, sem maior agregação de valor, em pequenos varejos, pesque-pagues e feiras e grande parte do peixe consumido no estado é proveniente de Rondônia e do Amazonas. 5.5 DINÂMICA LOCAL DA PESCA E AQUICULTURA NO ESTADO DE RONDÔNIA A produção de pescado em Rondônia advém, em maior proporção, da piscicultura, pois a pesca artesanal é de pequena escala e desenvolvida, apenas, por populações ribeirinhas com a finalidade de subsistência. O marco de expansão da atividade foi o ano de 1992, ocasião em que foi realizado o primeiro encontro de piscicultores do estado do Rondônia. Antes eram poucas as iniciativas empresariais. Outro avanço foi à adoção da ração extrusada, a partir de meados da década de 1990. Esse produto tem como característica flutuar na superfície da água e viabilizar maior aproveitamento do alimento pelos peixes, além de evitar o acúmulo nos fundos dos tanques, problema que é típico da ração peletizada, usada até então. Existem cerca de 800 piscicultores em Rondônia, o que corresponde a aproximadamente 1.000 hectares de lâmina d’água. A espécie predominante cultivada é o tambaqui, que representa cerca de 95% da produção. Em termos de distribuição espacial, a atividade está concentrada nos municípios de Ariquemes, Pimenta Bueno e Rolim de Moura. Somente em Ariquemes, existem 180 piscicultores, produzindo cerca de 1.200 toneladas de pescado por ano. O investimento para implantação da atividade é alto podendo oscilar entre R$ 20 e R$ 40 mil por hectare, dependendo do nível tecnológico utilizado. Após a implantação do projeto, o elemento de maior peso no custo de produção é a ração, grande parte sendo importada de Goiás e São Paulo, representando de 70 a 75% do custo de produção. A adoção de práticas de manejo adequadas pode proporcionar até duas safras por ano, dependendo do tamanho do peixe demandado pelo mercado. A atividade possui, no Estado, grande potencial de crescimento, dadas as condições favoráveis de topografia, clima e água. MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA E AQUICULTURA NA AMAZÔNIA 41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção de pescado no mundo e no Brasil seguem tendências similares. Estas podem ser sintetizadas pela elevada representatividade da pesca extrativa e pelas altas taxas de crescimento anual da aquicultura. Entre 1995 e 2008, a produção mundial de pescado aumentou, aproximadamente, 1,97% ao ano, sendo que a pesca extrativa encolheu em média 0,18% ao ano, enquanto que a aquicultura manteve um ritmo de crescimento de 6,36% ao ano. Na década de 1980, segundo a FAO, a aquicultura representava menos de 10% do total produzido. Em contraposição, em 2008, referida modalidade contribuiu com aproximadamente 43% da produção mundial. No Brasil, entre 1995 e 2008, a produção de pescado elevou-se a uma taxa de 4,25% ao ano. Este padrão de crescimento tem se mantido principalmente pela contribuição da aquicultura, que, no período, cresceu a uma taxa de 14,2% ao ano, elevando a sua participação na produção nacional de 7,08%, em 1995, para 27,24%, em 2008. A pesca extrativa também cresceu, mas em proporção bem inferior, cerca de 2,29% ao ano. Desta forma, a aquicultura deverá atuar como uma atividade complementar à pesca, especialmente, num contexto de redução dos estoques naturais. Adicionalmente, a aquicultura traz como diferencial competitivo à possibilidade de maior integração à agroindústria, pois permite uma oferta mais regular do produto. No que tange ao comércio internacional do setor pesqueiro, em 2006, as exportações mundiais movimentaram aproximadamente US$ 86,4 bilhões. Os 20 principais exportadores, liderados pela China, foram responsáveis por cerca de 71,91% do total. O Brasil exportou neste ano apenas US$ 374,4 milhões e não faz parte do grupo dos maiores exportadores mundiais. No entanto, a participação brasileira vem melhorando ao longo dos últimos anos e, entre 1998 e 2006, o valor das suas exportações triplicou. Quanto aos produtos brasileiros exportados, estes são poucos diversificados, sendo que 50% das exportações são concentradas nas modalidades lagosta e camarão, o que acentua a fragilidade da indústria pesqueira brasileira em seu comércio internacional. Destaca-se que a partir de 2003, dada a elevação cambial e as barreiras impostas pelos mercados internacionais, principalmente ao camarão, ocorre uma queda acentuada no saldo da balança comercial do setor no Brasil. O consumo per capita mundial é estimado em 16,7 kg/hab/ano. Nos países da União Européia a média é de 22 kg/hab/ano, por outro lado, nas economias em desenvolvimento este valor não chega a atingir os 15 kg/hab/ano. A mudança no hábito dos consumidores é um fator que contribui para o maior consumo de peixe nos países com elevadas rendas per capita, pois há uma nítida valorização dos atributos do pescado em relação a outras fontes de proteína animal, associando o seu consumo à saúde humana. MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA E AQUICULTURA NA AMAZÔNIA 42
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A produção de pescado no mundo e no Brasil seguem tendências similares. Estas<br />
podem ser sintetiza<strong>da</strong>s pela eleva<strong>da</strong> representativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pesca extrativa e pelas altas<br />
taxas de crescimento anual <strong>da</strong> aquicultura. Entre 1995 e 2008, a produção mundial de<br />
pescado aumentou, aproxima<strong>da</strong>mente, 1,97% ao ano, sendo que a pesca extrativa encolheu<br />
em média 0,18% ao ano, enquanto que a aquicultura manteve um ritmo de crescimento<br />
de 6,36% ao ano. Na déca<strong>da</strong> de 1980, segundo a FAO, a aquicultura representava menos<br />
de 10% do total produzido. Em contraposição, em 2008, referi<strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de contribuiu<br />
com aproxima<strong>da</strong>mente 43% <strong>da</strong> produção mundial.<br />
No Brasil, entre 1995 e 2008, a produção de pescado elevou-se a uma taxa de<br />
4,25% ao ano. Este padrão de crescimento tem se mantido principalmente pela contribuição<br />
<strong>da</strong> aquicultura, que, no período, cresceu a uma taxa de 14,2% ao ano, elevando a sua<br />
participação na produção nacional de 7,08%, em 1995, para 27,24%, em 2008. A pesca<br />
extrativa também cresceu, mas em proporção bem inferior, cerca de 2,29% ao ano. Desta<br />
forma, a aquicultura deverá atuar como uma ativi<strong>da</strong>de complementar à pesca,<br />
especialmente, num contexto de redução dos estoques naturais. Adicionalmente, a<br />
aquicultura traz como diferencial competitivo à possibili<strong>da</strong>de de maior integração à<br />
agroindústria, pois permite uma oferta mais regular do produto.<br />
No que tange ao comércio internacional do setor pesqueiro, em 2006, as<br />
exportações mundiais movimentaram aproxima<strong>da</strong>mente US$ 86,4 bilhões. Os 20 principais<br />
exportadores, liderados pela China, foram responsáveis por cerca de 71,91% do total. O<br />
Brasil exportou neste ano apenas US$ 374,4 milhões e não faz parte do grupo dos maiores<br />
exportadores mundiais. No entanto, a participação brasileira vem melhorando ao longo<br />
dos últimos anos e, entre 1998 e 2006, o valor <strong>da</strong>s suas exportações triplicou.<br />
Quanto aos produtos brasileiros exportados, estes são poucos diversificados, sendo<br />
que 50% <strong>da</strong>s exportações são concentra<strong>da</strong>s nas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des lagosta e camarão, o que<br />
acentua a fragili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> indústria pesqueira brasileira em seu comércio internacional.<br />
Destaca-se que a partir de 2003, <strong>da</strong><strong>da</strong> a elevação cambial e as barreiras impostas pelos<br />
mercados internacionais, principalmente ao camarão, ocorre uma que<strong>da</strong> acentua<strong>da</strong> no<br />
saldo <strong>da</strong> balança comercial do setor no Brasil.<br />
O consumo per capita mundial é estimado em 16,7 kg/hab/ano. Nos países <strong>da</strong><br />
União Européia a média é de 22 kg/hab/ano, por outro lado, nas economias em<br />
desenvolvimento este valor não chega a atingir os 15 kg/hab/ano. A mu<strong>da</strong>nça no hábito<br />
dos consumidores é um fator que contribui para o maior consumo de peixe nos países com<br />
eleva<strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s per capita, pois há uma níti<strong>da</strong> valorização dos atributos do pescado em<br />
relação a outras fontes de proteína animal, associando o seu consumo à saúde humana.<br />
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