Estudo ... - Banco da Amazônia

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5.3 DINÂMICA LOCAL DA PESCA E AQUICULTURA NO ESTADO DO TOCANTINS No estado do Tocantins, a fase de maior expansão da piscicultura ocorreu a partir de meados da década de 1990. Em 2002, os dados de Ruraltins apontavam para a existência de 155 pequenos produtores, perfazendo uma área de 442,5 hectares de lâmina d’água. Estes números excluem o Projeto Tamborá, localizado no município de Almas, que possui 800 hectares de lâmina d’água, além de uma fábrica de ração (4 t./hora de capacidade de processamento) e um frigorífico com registro no SIF. Além da própria produção, o Projeto tem adquirido peixe para processamento de cerca de 50 piscicultores da região e proporcionado em torno de 60 empregos diretos. Os relatos apontam que cerca de 50% da infraestrutura instalada na década de 1990 estão paralisadas ou desativadas, especificamente, no que concerne aos pequenos produtores. Os dados mais recentes da SEAP confirmam esta situação, pois registram que a área de produção, de aproximadamente 223 hectares, refere-se a, apenas, 16 piscicultores registrados na SEAP. Além destes, a SEAP informou que tem conhecimento de mais 17 piscicultores no estado, que estão providenciando regularização junto ao Ibama/Naturatins, como licença e outorga d‘água, já que, para serem registrados na SEAP, precisam estar devidamente regularizados junto aos órgãos ambientais. Nas entrevistas com empresários e técnicos, foi possível identificar alguns dos fatores condicionantes desta situação. Inicialmente, há necessidade de ampliar o quadro de técnicos especializados em piscicultura, visando à prestação de assistência técnica de modo mais contínuo aos pequenos produtores. Isto, sem dúvida, tem levado muitos projetos ao insucesso, dado o pouco conhecimento técnico relativo à alimentação e manejo. A ausência de ração de qualidade, também, é fator limitante, pois, ainda hoje, muitos produtores elaboram a sua ração de forma artesanal, o que afeta o desempenho dos peixes e a qualidade da água dos tanques. Mais recentemente, os produtores alegam a concorrência com outras carnes, em especial, a de frango, que pelos baixos preços tem gerado um efeito substituição. Entre as espécies cultivadas, o tambaqui é predominante. Outras também representativas são: pacu, caranha e pintado. Existem, ainda, alguns produtores investindo na criação de pirarucu. Em termos de desempenho produtivo, as despesas ocorrem a partir dos 10 meses de cultivo com peixes pesando cerca de 1,5 kg, que é o padrão preferido pelo consumidor estadual, ao preço médio de R$ 3,00/kg. A produtividade média é de 10 toneladas por hectare. Os produtores com nível tecnológico mais baixo obtêm entre 5 e 6 t./ha, aqueles com mais tecnologia entre 10 e 12 t./ha. MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA E AQUICULTURA NA AMAZÔNIA 39

5.4 DINÂMICA LOCAL DA PESCA E AQUICULTURA NO ESTADO DO ACRE No Acre praticamente não existe pesca comercial e industrial. A produção pesqueira é oriunda, basicamente, da piscicultura, que se inicia de forma lenta e rudimentar. A atividade não é vista como um negócio, mas sim, como alternativa de subsistência e lazer, apesar do estado possuir uma boa base instalada. As espécies mais cultivadas nas estações de alevinagem são: Tambaqui, Tilápia e Curimatã. Segundo dados do Zoneamento Econômico e Ecológico do Acre, a maioria das espécies criadas, ainda, é originária da própria região e foi capturada em rios, igarapés ou açudes (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2002). Em Rio Branco existem, apenas, três laboratórios de alevinos, entretanto, encontram-se laboratórios inativos e uma unidade produtora de alevinos, embora com baixo padrão genético, sob a administração da SEAP. No passado, o estado chegou a produzir 10 milhões de alevinos, com oito laboratórios funcionando. Em função da baixa qualidade dos alevinos, com estado nutricional ruim, está sendo mais atrativo adquirir peixe de Rondônia. Para se ter uma idéia, o índice de mortalidade de alevinos está em torno de 30%, no estado. Dessa forma, o produtor tem pouca opção para aquisição, em virtude da desorganização do setor. Outra dificuldade refere-se à estrutura de fornecimento de insumos, que é praticamente inexistente no estado, sendo que a importação de insumos de outras localidades, como São Paulo e Manaus, tem onerado em até 30% os custos de produção (SENAI, 2002). Além desses fatores, segundo produtores da região, os principais gargalos da piscicultura no Acre referem-se à comercialização, a falta de indústrias de processamento e a carência de estudos e pesquisas locais de apoio à produção pesqueira. Na piscicultura destacam-se a carência de infraestrutura e profissionais qualificados para prestação de serviços e assistência técnica, a inexistência de estudos e pesquisas locais para apoio à produção, baixa capacidade de gestão e baixa produtividade dos empreendimentos aquícolas, inexistência de um planejamento da produção para a entressafra da pesca extrativa, além dos elevados custos dos insumos e preço do pescado, o que inibe o consumo. No que tange ao processamento, os maiores problemas referem-se à inexistência de infraestrutura para o beneficiamento do pescado e a baixa qualidade do produto oferecido ao consumidor. Quanto à distribuição/comercialização, destaca-se a apresentação MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA E AQUICULTURA NA AMAZÔNIA 40

5.3 DINÂMICA LOCAL DA PESCA E AQUICULTURA NO ESTADO DO TOCANTINS<br />

No estado do Tocantins, a fase de maior expansão <strong>da</strong> piscicultura ocorreu a partir<br />

de meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990. Em 2002, os <strong>da</strong>dos de Ruraltins apontavam para a existência<br />

de 155 pequenos produtores, perfazendo uma área de 442,5 hectares de lâmina d’água.<br />

Estes números excluem o Projeto Tamborá, localizado no município de Almas, que possui<br />

800 hectares de lâmina d’água, além de uma fábrica de ração (4 t./hora de capaci<strong>da</strong>de de<br />

processamento) e um frigorífico com registro no SIF. Além <strong>da</strong> própria produção, o Projeto<br />

tem adquirido peixe para processamento de cerca de 50 piscicultores <strong>da</strong> região e<br />

proporcionado em torno de 60 empregos diretos.<br />

Os relatos apontam que cerca de 50% <strong>da</strong> infraestrutura instala<strong>da</strong> na déca<strong>da</strong> de<br />

1990 estão paralisa<strong>da</strong>s ou desativa<strong>da</strong>s, especificamente, no que concerne aos pequenos<br />

produtores. Os <strong>da</strong>dos mais recentes <strong>da</strong> SEAP confirmam esta situação, pois registram que<br />

a área de produção, de aproxima<strong>da</strong>mente 223 hectares, refere-se a, apenas, 16 piscicultores<br />

registrados na SEAP. Além destes, a SEAP informou que tem conhecimento de mais 17<br />

piscicultores no estado, que estão providenciando regularização junto ao Ibama/Naturatins,<br />

como licença e outorga d‘água, já que, para serem registrados na SEAP, precisam estar<br />

devi<strong>da</strong>mente regularizados junto aos órgãos ambientais.<br />

Nas entrevistas com empresários e técnicos, foi possível identificar alguns dos<br />

fatores condicionantes desta situação. Inicialmente, há necessi<strong>da</strong>de de ampliar o quadro<br />

de técnicos especializados em piscicultura, visando à prestação de assistência técnica de<br />

modo mais contínuo aos pequenos produtores. Isto, sem dúvi<strong>da</strong>, tem levado muitos projetos<br />

ao insucesso, <strong>da</strong>do o pouco conhecimento técnico relativo à alimentação e manejo. A<br />

ausência de ração de quali<strong>da</strong>de, também, é fator limitante, pois, ain<strong>da</strong> hoje, muitos<br />

produtores elaboram a sua ração de forma artesanal, o que afeta o desempenho dos peixes<br />

e a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água dos tanques. Mais recentemente, os produtores alegam a concorrência<br />

com outras carnes, em especial, a de frango, que pelos baixos preços tem gerado um efeito<br />

substituição.<br />

Entre as espécies cultiva<strong>da</strong>s, o tambaqui é predominante. Outras também<br />

representativas são: pacu, caranha e pintado. Existem, ain<strong>da</strong>, alguns produtores investindo<br />

na criação de pirarucu. Em termos de desempenho produtivo, as despesas ocorrem a partir<br />

dos 10 meses de cultivo com peixes pesando cerca de 1,5 kg, que é o padrão preferido pelo<br />

consumidor estadual, ao preço médio de R$ 3,00/kg. A produtivi<strong>da</strong>de média é de 10<br />

tonela<strong>da</strong>s por hectare. Os produtores com nível tecnológico mais baixo obtêm entre 5 e 6<br />

t./ha, aqueles com mais tecnologia entre 10 e 12 t./ha.<br />

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