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Poesia Estrangeira - Academia Brasileira de Letras

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Ador<br />

A dor não humaniza, não enobrece,<br />

não nos torna melhores nem nos salva,<br />

nada a justifica nem a anula.<br />

A dor não perdoa nem imuniza,<br />

não fortalece ou adoça a alma,<br />

não cria nada e nada a <strong>de</strong>strói.<br />

A dor sempre existe e sempre volta,<br />

nenhum dos seus atos é o último<br />

e todos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finitivos.<br />

A dor mais horrível sempre po<strong>de</strong><br />

ser mais intensa ainda e ser eterna.<br />

Sempre vai acompanhada do medo<br />

e os dois se alimentam um do outro.<br />

(De Estoy Ausente)<br />

Afoto<br />

Tradução <strong>de</strong> Ronaldo Costa Fernan<strong>de</strong>s<br />

Faz-me uma <strong>de</strong>ssas fotos que tu fazes,<br />

embaça o objetivo, tira <strong>de</strong> foco<br />

o justo e confere mal a luz. Agora<br />

que está caindo o dia não é difícil<br />

sair favorecida. Que os traços<br />

se suavizem, que todas as rugas<br />

da alma e do contorno dos olhos<br />

<strong>de</strong>sapareçam e que quem me olhar<br />

pense que posso merecer sua pena.<br />

E sobretudo, que aquilo que emocione<br />

<strong>de</strong>ssa foto não seja eu, que saio<br />

aí, senão teus olhos que a fizeram.<br />

(De Estoy Ausente)<br />

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