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A interação desses espaços com o equipamento cultural da cidade, que foi sendo<br />
instalado (museus, casas de cultura, bibliotecas, teatros, auditórios e parques), cria para<br />
os novos agentes a oportunidade de construir uma ponte entre arte e desenvolvimento<br />
urbano. Não com a proposta dos megaprojetos corporativos internacionais, conectados<br />
com o dinheiro e o poder. Mas com uma estratégia tradicional e ao mesmo tempo<br />
renovadora que pode ser aplicada em muitos lugares: a arte que emerge das aspirações e<br />
potenciais comunitários, onde artistas e cidadões se unam num processo de mútua<br />
aprendizagem. Para defender “tudo aquilo que na vida simbólica das sociedades não<br />
pode ser comercializável: por exemplo, os direitos humanos, as inovações estéticas, a<br />
construção coletiva do sentido histórico”.<br />
Então, os pintores da Vila Industrial e de outros pontos sairiam de seus refúgios,<br />
indo para o encontro com a gente do centro, dos bairros. E na fusão de repertórios,<br />
experiências e técnicas poderiam chegar a modos de vivenciar e representar a cidade. É<br />
bem possível que esse sentimento germine com muita freqüência nas oficinas culturais,<br />
onde jovens buscam uma relação entre seus impulsos e o mundo que os rodeia,<br />
fortemente afetado por paradigmas transnacionais de produção e comunicação cultural.<br />
Desejável seria dar condições para que seus gestos ganhassem consistência e nos<br />
revelassem Paisagens do novo século – “novos conjuntos abertos e plurais de símbolos<br />
em que possamos nos reconhecer e voltar a nos encontrar”.<br />
Notas<br />
GROUHMANN, Will. Wassily Kandinsky, as vie, son oeuvre. Paris: Flamimarion, pp. 188-189.<br />
BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 235-242, citando<br />
RILKE, Rainer Marie. Poesie, trad. Francesa de Betz, sob o título Inquietude, p. 95.<br />
Segundo BENJAMIN, Walter. Origem do Drama Barroco Alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 189-<br />
211, “na esfera da intenção alegórica, a imagem é fragmento (...); o falso brilho da totalidade se<br />
extingue”. BURGER, Peter. Teoria de la Vanguarda. Barcelona: Ediciones Penínsola, 1987, p. 130-136,<br />
considerou esse conceito especialmente apropriado para ocupar a categoria central de uma teoria das<br />
obras de arte de vanguarda.<br />
“Em suas obras, agora, há o domínio de uma lógica compositiva um pouco ao gosto de Morandi fundada<br />
nas ambigüidades e complementaridades entre as partes, entre a figura e o fundo”, notou Emerson