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Campinas e rastreando alguns comportamentos típicos da cidade, vai mais longe e<br />
chega a sua conclusão:<br />
Esses diversos momentos demonstraram como parcelas<br />
significativas de artistas, criadores e intelectuais incorporaram a<br />
exaltação da “arte”e da “cultura”como algo ensimesmado, concêntrico,<br />
pontual e inerente à gente campineira, dificultando a crítica cultural,<br />
bem como a busca de critérios e de práticas artísticas designadas a<br />
partir de pares concorrentes. (...)<br />
Em Campinas percebe-se que as sucessivas tentativas de<br />
produção cultural, em “confrontação” com o eixo Rio-São Paulo,<br />
reforçaram o ganho de visões ufanistas, bairristas e provincianas quanto<br />
ao fazer artístico local. Contribui muito a ausência de profissionalização<br />
de determinadas instituições artísticas e culturais, como as empresas, as<br />
universidades e o Poder Público. Tal processo inibiu a expansão e a<br />
constituição de um campo cultural relativamente autônomo.<br />
A observação de Barreto sobre certo ufanismo provinciano, no qual teria se isolado o<br />
Grupo, retorna de forma mais explícita em Um olhar sobre o Grupo Vanguarda: uma<br />
trajetória de luta, paixão e trabalho, de Crispim Antônio de Campos.<br />
Essa dissertação “tenta projetar um pouco de sua história através de suas falar”,<br />
tendo como base entrevistas com os artistas Bernardo CVaro, Edoardo Belgrado, Enéas<br />
Dedecca, Francisco Biojone, Mário Bueno, Maria Helena Motta Paes, Raul Porto e<br />
Thomaz Perina, e de mais quatro observadores: Décio Pignatari, Hermelindo Fiaminghi,<br />
Maurício Nogueira Lima e Jacy Milani.<br />
A transcrição integral das entrevistas oferece matéria privilegiada que transborda<br />
dos objetivos da dissertação e sobra para outros pesquisadores.<br />
Na coleta dessas falas Campos se surpreendeu com “a enorme quantidade de<br />
desabafos, transformados em discursos de abandono, desinteresse e ausências sentidas<br />
pelos artistas”, e compara a persistência deles a dos artesãos citados por Octávio Paz,<br />
quando os considera “de seus vilarejos, de seus bairros, de seus pequenos paises (...)<br />
isso porque grande parte de sua aldeia não conhece o que teriam representado em seus<br />
próprios limites; quem dirá em escala maior, além de suas fronteiras?”