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pela flora do país. A mecânica e a natureza lhe forneceram inspiração para combinações<br />
surreais. Como ele mesmo explica:<br />
São interiores fantásticos de laboratórios-fábricas, onde tudo se<br />
movimenta sem necessidade de produzir. Nestas entranhas existem,<br />
como composição em meus quadros, espaços vazios destinados à<br />
reunião de grupos de borboletas, a fim de que posam deliberar sobre a<br />
possibilidade de convivência pacífica com a grande máquina.<br />
Sua inquietação veio se afinar com os companheiros, somando entusiasmo na batalha<br />
contra os acadêmicos. Pena que tenha sido por tão pouco tempo. Retornou à Intália em<br />
1959, onde continuou a expor esporadicamente. De lá, mantinha-se em contato com<br />
Campinas, especialmente por meio de correspondência com Raul Porto.<br />
Vinte anos depois voltou à cidade para uma exposição-performance no Museu<br />
de Arte Contemporânea, com balé e projeções ao som de Stockhausen, mostrando que<br />
não havia perdido a vitalidade artística e a criatividade.<br />
4.11. Bernardo Caro<br />
Bernardo Caro (1931), quando se integrou ao GV em 1964, estava<br />
desenvolvendo um trabalho de xilogravura “com uma temática cósmica tendendo para<br />
uma linha fantástica, mostrando afinidade com o abstracionismo geométrico”. A seguir<br />
direciona para a figura, destacando-se a série de xilogravuras de fatura pop, Mulheres,<br />
em que aplicava mensagens de forma cifrada – muitas vezes um protesto.<br />
Kaleidoscópio, que apresentou no Salão de Pesquisas Operacionais das Folhas em<br />
1967, marca sua adesão aos trabalhos ambientais e conceituais, como Meninos de<br />
Papelão, Mulher Totêmica, Cavalinho de Pau e Sempre (abaixo). Essas obras e também<br />
o filme Tabela e a manifestação Mitos e Magia de Origem Mestiça tiveram repercussão<br />
nas Bienais Internacionais de São Paulo nos anos 70.<br />
Caro mostrou também esse ânimo aberto e inovador no Departamento de Artes<br />
Plásticas da Universidade Católica (Pucamp) e no Instituto de Artes da Universidade<br />
Estadual de Campinas (<strong>Unicamp</strong>), onde atuou como professor e diretor.