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De 6 a 30 de outubro de 1981 concretizou-se a iniciativa de reatar fios dos novos<br />
tempos com aquele movimento cultural: o Projeto Vanguarda. Foi uma visita oficial de<br />
reconhecimento aos artistas, a suas obras, a seus arquivos e a suas lembranças por meio<br />
de pesquisas, depoimentos e documentações, que passaram a integrar o acrvo do Museu<br />
da Imagem e do Som e chegaram ao público pela edição de um “registro histórico<br />
através de resenha jornalística e catálogos”.<br />
O evento tinha também o objetivo de disseminar as obras em espaços oficiais e<br />
galerias da cidade, e torná-las conhecidas por diversos públicos. A exposição principal,<br />
realizada no Museu de Arte Contemporânea, trazia produção atual e da época do grupo.<br />
Outras mostras individuais e coletivas se realizaram nas galerias de arte Ateliê,<br />
Tendências e Croqui, e também em espaços expositivos do Senac, do Sesc, do Centro<br />
de Convivência Cultural, do Teatro Castro Mendes, da Lojicred e do Clube Semanal de<br />
Cultura Artística.<br />
Esta promoção compacta produziu um momento privilegiado para reflexão,<br />
trazendo ao proscênio os artistas ainda na atividade. Um jornal local, numa série de<br />
reportagens, procurou resenhar as carreiras de cada um e o significado em bloco do<br />
movimento. No balanço final, concluía: “Eles fizeram a Antropofagia de Campinas; ou<br />
seja, comeram Campinas (entenderam) e puseram para fora do seu jeito<br />
(revolucionário). Eles cortaram, como já foi dito, o cordão umbilical da cidade do<br />
campo da arte”. Mas o crítico Olney Kruse, chamado a depor, não mostrava entusiasmo<br />
com o percurso da vanguarda campineira, que, segundo ele, estava “parada no tempo”,<br />
com exceção de Bernardo Caro, que continuava inovando. E concluía: “Aqui no Brasil<br />
nunca existiram grupos como os da Europa, onde as pessoas de reúnem para fazer<br />
propostas culturais e estéticas. Aqui as pessoas se reúnem por insegurança”.<br />
O crítico estava cobrando uma unidade, que nunca foi almejada pelo grupo. A<br />
riqueza de sua proposta esteve justamente na variedade, que em conjunto consolidou a<br />
ruptura com os padrões acadêmicos em vigor na cidade até a metade dos anos 50. Essa<br />
tinha sido a sua principal razão. E merecia, portanto, ser tomada como ponto de partida<br />
para a avaliação da carreira de seus participantes.<br />
Cabe, assim, um rápido olhar sobre a carreira dos integrantes do Grupo<br />
Vanguarda, antes de retornar as etapas seguintes da obra de Perina.<br />
4.2. Geraldo de Souza