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Colombo, de Carlos Gomes, a encenação inaugural do Teatro José de Castro<br />
Mendes, os dias 6, 7 e 8 de dezembro de 1974, acalentou com razão o orgulho<br />
campineiro e repercutiu na imprensa como “um ato de fé”, “uma obra gigante”.<br />
Realmente o maestro Benito Juarez alcançava uma façanha de monta, ao reunir cerca de<br />
300 pessoas: a orquestra sinfônica, incluindo solistas, técnicos e os corais da<br />
Universidade Estadual de Campinas e da Universidade de São Paulo.<br />
O poema sinfônico Colombo, que tem libreto de Albino Falanca, não prevê<br />
originalmente uma encenação. Mas a montagem optou pela visualização dos fatos<br />
históricos nele evocados. E Perina tornou-se fundamental para vencer esse desafio:<br />
Foi justamente o equilíbrio e sobriedade de Thomaz Perina que encontrou<br />
a medida exata para a diretriz ser tomada. Ele tomou por base as<br />
dificuldades e os perigos de evocar unicamente um momento histórico e<br />
situou Colombo num tempo hipotético, etéreo, cheio de sonho,<br />
propositadamente intemporal. Inspirado pela música, optou pelas<br />
tonalidades noturnas e usou o azul e o cinza na fase inicial em que<br />
Colombo, atormentado pelas dúvidas e impelido pelo ideal, não sabe como<br />
agir. Buscou criar uma atmosfera de sonho e de romance. Porque, embora<br />
o poema seja épico, Carlos Gomes, em plena criação romântica, não pôde<br />
deixar de pintar a renúncia de seu herói ao amor impossível e a sua<br />
definição de vida: buscar novos caminhos no mar e descobrir novas<br />
terras. Nessa primeira fase, tudo se veste de cinza: os monges do convento<br />
e o próprio Colombo, que entoa a sua romanza ao som dos violinos, em<br />
tremulo constante. A essa noite de azul e cinza infindáveis, segue-se,<br />
cheia de luz, a segunda cena: a de Colombo no Palácio, solicitando o<br />
apoio dos Reis de Espanha. Tudo agora se ilumina de amarelo, a se<br />
refletir nos painéis imensos de alumínio, que comporão o segundo cenário.<br />
A cena do mar é cinza, de novo com velas a flutuarem no azul. Em todo<br />
momento, a identificação do cenarista com o diretor de cena foi perfeita.<br />
José Antônio de Souza foi de encontra à definição intemporal do cenarista.<br />
A postura cenográfica de Perina deixava o naturalismo, optando por uma<br />
visualidade de tensão inovadora entra a base romântica da expressão dramático-musical<br />
e o moderno design de cores, luz e volumes. Enfim, o motivo musical e o roteiro de