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impostas pelo cliente como um desafio para buscar uma nova harmonia. Partia de uma<br />
concepção e, como nem sempre encontrava matérias e complementos para concretizá-la,<br />
passava a estruturá-los sem conhecer previamente o resultado, arriscando-se. Usou<br />
sucata de madeira, chegando a inusitadas descobertas com seus recursos artesanais.<br />
Gostava de quebrar a rigidez de um ambiente de linha moderna, geométrica e tons<br />
definidos, com peças do mobiliário antigo, rústico ou fragmentos de esculturas. Para ele<br />
era um toque de “inacabado”, que humanizava o ambiente.<br />
Um exemplo foi o interior do Bar Remendo, na Rua Luzitana (reconstituição em<br />
desenho de Perina, ao lado), que teve sua intervenção memorável, conformando, em<br />
pouco mais de 20 metros quadrados, um ambiente discreto, aconchegante, com um<br />
charme rústico que deveria ser fruído ao som de jazz ou da MPB.<br />
Precisava encontrar uma satisfação nos detalhes, no desenho, nos materiais.<br />
“Nunca ia deixar uma obra que eu não pudesse apontar, não com a melhor, mas com<br />
aquela que eu concebi plenamente” – garante. Essas atividades alimentaram<br />
experiências em sua obra, como colagem, pintura e desenho sobre madeira, que testou<br />
nesse período.<br />
3.3. Teatro José de Castro Mendes e Colombo<br />
Em 1974 Perina esteve duplamente envolvido na inauguração do Teatro José de<br />
Castro Mendes. Localizada à Praça Correia de Lemos, na Vila Industrial, essa casa de<br />
espetáculos nascia da remodelação do desativado Cine Casablanca, adquirido pela<br />
Municipalidade em 1970, na administração de Orestes Quércia. Feita uma primeira<br />
reforma para a comemoração do centenário da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, o<br />
projeto teve seqüência na administração seguinte, de Lauro Péricles Gonçalves.<br />
Perina foi chamado para a decoração do interior do teatro e para desenhar os<br />
cenários e figurinos do espetáculo de inauguração.<br />
Buscando harmonia nos detalhes e equilíbrio com o projeto arquitetônico, optou<br />
pelo veludo verde para as cortinas e poltronas, com um resultado de sóbrio requinte<br />
conjugado funcionalmente com o ambiente interno. Nas paredes do saguão de entrada e<br />
nas laterais do palco fixou luminárias construídas com blocos de vidro recobrindo<br />
lâmpadas incandescentes, num design despojado.