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3.1. Novos tempos e espaços<br />
Em 1974, Campinas, que comemorava o seu bicentenário, tinha ultrapassado<br />
375 mil habitantes, a décima segunda maior cidade brasileira. Isto de devia<br />
especialmente à industrialização dos anos 50 e 60, que se intensificaria na década de 70,<br />
provocando um enorme fluxo migratório.<br />
Políticas de desconcentração e dinamização industrial fora da Capital,<br />
combinadas com projetos para modernizar a agricultura, estiveram na pauta de<br />
sucessivos governos estaduais. A articulação com a esfera federal assegurou sua<br />
implantação, via capital nacional e internacional, com um leque de incentivos oficiais.<br />
Com isso o interior de São Paulo, sendo Campinas um de seus pólos principais, passou<br />
a ser a segunda concentração econômica mais importante do país, com responsabilidade<br />
ponderável nos altos índices de crescimento do produto interno bruto exibidos<br />
orgulhosamente pelo governo militar.<br />
As benesses desse desenvolvimento não se espargiram igualitariamente. A<br />
cidade assistiu uma grande população sendo isolada nas periferias, com problemas de<br />
habitação, transporte, saneamento, educação, segurança e saúde. Seus reclamos eram<br />
tímidos nesse período de rígido controle das demandas sociais e políticas sob o Ato<br />
Institucional nº 5. Não por acaso, a oposição (ainda que consentida e limitada) do<br />
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) elegeu sucessivos prefeitos. Suas<br />
administrações tentaram ordenar o caos e também conferir identidade para essa nova<br />
metrópole, onde em cada dez habitantes seis não eram dela naturais.<br />
Aí entravam os valores simbólicos, polarizadores de auto-estima: a arte e a<br />
cultura – antigas bandeiras da tradição campineira. Essa ideologia permeou várias<br />
iniciativas desse período. Talvez a mais emblemática seja a formação da Orquestra<br />
Sinfônica, que concretizou em 1975 o sonho de resgatar a música campineira ao nível<br />
de suas glórias históricas, iconizadas em Carlos Gomes.<br />
A constituição do Museu de Arte Contemporânea reconhecia o patrimôno<br />
artístico como um bem a ser preservado e divulgado para as novas geração. A<br />
recuperação do Cine Casablanca, na Vila Industrial, e sua transformação em Teatro José<br />
de Castro Mendes, e a finalização do Centro de Convivência Cultural, na área central da