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tomadas em outras cidades do interior do Estado, a partir da segunda metade dos anos<br />
60, fazendo surgir salões em São Caetano do Sul, Santo André, Santos e Piracicaba, que<br />
expandiam o alcance do movimento artístico.<br />
Mas houve também fundamentos específicos de cada cidade. Em Campinas o<br />
“contemporâneo” tinha sido pauta do Grupo Vanguarda desde 1957, participando e<br />
abrindo caminhos. E ele deixou de existir justamente no momento dessa mostra e da<br />
formação do Museu de Arte Contemporânea. Daí para frete, seus integrantes iriam se<br />
habilitar em igual condição com os demais aspirantes a figurar nessas exposições. Mas<br />
se mostravam justificadamente ressentidos quando seu papel pioneiro era esquecido.<br />
O prestígio dos salões no interior era assegurado pela confiança na organização e<br />
credibilidade das comissões julgadoras, atraindo em maioria artistas da capital e de<br />
outros estados. No I Salão de Campinas, estavam no júri Mário Schenberg, Izar do<br />
Amaral Berlink e Norberto Nicola para pintura, escultura, arte gráfica e arte decorativa;<br />
Paulo Mendes da Rocha, Joaquim Guedes e Pedro Saulo Saraiva para arquitetura.<br />
Schenberg era indicado com freqüência para era tarefa em razão de sua perspicácia para<br />
reconhecer talentos emergente num tempo em que as artes passavam por um processo<br />
de refração, multiplicando-se velozmente em novos modelos. Os quesitos “significação”<br />
e ”criatividade” exigiam um olhar sensível para experiências mais ousadas e técnicas<br />
transdisciplinares que quebravam as categorias tradicionais.<br />
Dessa posição talvez se entenda a amplitude das representações tentando<br />
abasrcar a variedade de correntes. No I Salão foram selecionados 213 artistas, o que<br />
devia representar cerca de 500 obras; no II Salão, 429 obras e no III, 396. Não menos<br />
generoso foi o reconhecimento por meio de prêmios, aquisições, medalhas e menções.<br />
Houve o caso de se prevenir o público – como o fez Sérgio Ferro, no júri do III<br />
Salão, em 1967, ao lado de Schenberg, José Geraldo Vieira e Harry Laus – com respeito<br />
aos prêmios para “obras mais desagradáveis”. Ele, aliás, não desmentia sua posição<br />
naquela época ao concluir: “A função da arte é agredir a organização caduca e<br />
opressiva, ou se isolar para aguardar novos tempos”.<br />
No IV Salão, de 1968, Aracy Amaral – no júri com Schenber, Vieira, Jayme<br />
Maurício e Frederico Moraes – justificava a abertura para tantos artistas pela dificuldade<br />
de avaliação “num momento em que as regras estão caindo”. E mesmo entendendo o<br />
salão como um fato “anacrônico”, assumia-o como “reflexo vivo de um Brasil feito de<br />
contradições violentas”.