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clara: busca de um despojamento quase total, libertação de uma possível interpretação<br />
trágica ou confusa” Sua atitude de simplicidade e pureza artística era surpreendente.<br />
Nas Paisagens que apresentou na exposição da Galeria Aremar, em 1961, sentia-se a<br />
parcimônia dos elementos e relações. Exercitava tonalidades de uma mesma cor, sempre<br />
com preferência pelas cores “surdas” – o cinza, o marrom – e interferência de leves<br />
linhas ou traços circulares. “Reduzindo a cor a um estado quase neutro, pela<br />
determinação de áreas e qualificação tonal, nasce uma dimensão inesperada, o<br />
movimento, e multiplicam-se interligações necessárias através de uma proporção nova,<br />
descoberta inerente ao próprio quadro, que faz os seus princípios”. Parecia à beira do<br />
nada. Mas sabia que, insistindo em seu “tema”, como um compositor de fugas, ainda lhe<br />
sobravam muitas escalas a explorar na reprodução sucessiva de desenhos rítmicos e<br />
melódicos.<br />
2.6. O encerramento do Grupo Vanguarda<br />
Em setembro de 1965, a Prefeitura Municipal criou o Museu de Arte<br />
Contemporanea de Campinas (MACC). Para sua constituição tinham sido ouvidos os<br />
artistas da cidade, incluindo os acadêmicos, que também pleiteavam seu espaço. As<br />
ponderações de Perina e seu grupo foram decisivas quando Jacy Milani, Secretária de<br />
Educação e Cultura, decidiu: “Vai ser um museu de arte contemporânea”, e, voltando-se<br />
para os acadêmicos: “Vocês aqui não vão ter vez”. Garantida a implantação, tratou-se<br />
de realizar imediatamente sua inauguração com o I Salão de Arte Contemporânea de<br />
Campinas. Nele desfaziam-se os laços de compromisso entre os integrantes do Grupo<br />
Vanguarda. Começaram a se dispersar, como se considerassem cumprida a missão.<br />
Nesse momento, estava definitivamente ganha – no nível municipal – a luta pelo<br />
“poder simbólico”, de que fala Nestor Garcia Canclini. Ou seja, consagravam-se novos<br />
valores artísticos produzidos de acordo com interesses de um grupo cuja orientação<br />
geral – “a anatomia do gosto” – havia de formado em condições educacionais e culturais<br />
alinhadas com um projeto que levava a posições opostas às dos acadêmicos. Estava<br />
ligado às inquietações do jovem arquiteto Geraldo Jürgensen plantadas no seu tempo de<br />
formação no Rio de Janeiro, ao ideário do movimento concretista assimilado por<br />
Amêndola Heizl e Porto, à percepção dos rumos contemporâneos da parte de Perina e<br />
de seus amigos Bueno, Dedecca, Biojone, Souza e Maria Helena nas Bienais em seus