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de Barros, Lothar Charoux, Kazmer Fejer, Anatol Wladislau e Leopoldo Haar, o Plano-<br />
Piloto da Poesia Concreta, assinado por Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos,<br />
e o Manifesto do Grupo Vanguarda, publicados em 1958.<br />
A citação de Ezra Pound no manifesto campineiro – “os artistas são as antenas<br />
da raça” – representa um lema que servia aos três grupos em seu maior desiderato:<br />
captar os sinais de um novo tempo e romper com os padrões estabelecidos. Anuncia<br />
numa etapa de renovação aqueles que “criam formas novas de princípios novos”<br />
(Ruptura), onde a poesia será o “produto de uma evolução crítica da forma” (Plano-<br />
Piloto) e a arte mostrará “coerência com o atual estágio evolutivo da civilização”<br />
(Vanguarda). Vozes das vanguardas históricas ecoavam nessas propostas.<br />
Os poetas declaram encerrado “o ciclo histórico do verso”, enquanto Ruptura<br />
constata que “o naturalismo científico da renascença esgotou suas tarefas históricas”.<br />
Por seu lado, o Grupo Vanguarda quer livras a arte do “misticismo inoculado pelos<br />
medalhões e sobrepor-se aos falsos estetas que usavam vocabulário impostado e<br />
tratados superados”.<br />
Embora se conhecessem suas fontes, vindas do construtivismo russo, do<br />
neoplasticismo, da Bauhaus, impregnadas pelas teorias da Gestalt e da Escola de Ulm, o<br />
Grupo Ruptura, nesse documento, não se declara descendente de nenhum modelo ou<br />
escola. Os poetas concretos são explícitos e nomeiam seus precursores: de Mallarmé a<br />
João Cabral de Melo Neto, passando por Ezra Pound, James Joyce, Apollinaire e<br />
Oswald de Andrade. E mesmo nas artes visuais assinalavam as principais referências:<br />
Mondrian e a série Boogie-woogie, Max Bill e Albers.<br />
Além da criação de Pound, o Grupo Vanguarda não discrimina ascendências.<br />
Suas declarações estão mais próximas do Ruptura no formato contundente e impositivo,<br />
enquanto o Plano-Piloto se mostra como uma peça programática.<br />
Mas o que deve ser combatido em comum tem nome: “hedonismo”. Que no<br />
campo da poesia subentendia a “expressão subjetiva” de uma ala da Geração 45,<br />
resistente aos caminhos abertos pelo modernismo, a favor do verso conspícuo e de uma<br />
imagerie decadentista. Nas artes visuais o capuz servia para os bolsões acadêmicos, mas<br />
sua direção principal era um tipo de “não-figurativismo e todas as variações e<br />
hibridações do naturalismo”.<br />
Partindo de uma postura dominada pela racionalidade, em busca de um produto<br />
estético de valor universal, livre de subjetividades, o concretismo, segundo Ronaldo