Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
lírico, ao depurar ao extremo os elementos da paisagem; Franco Sacchi, na<br />
geometrização dos elementos da paisagem urbana; Raul Porto, nas contradições ótico-<br />
geométricas, criando simultaneidade fundo-figura; Mário Bueno, na clareza e<br />
espontaneidade de suas composições abstratas, com poucas cores em desdobramentos;<br />
Geraldo de Souza, na economia de elementos em composições abstratas, atingida pela<br />
correlação de cores; Maria Helena Motta Paes, criando reforço dramático por empastes<br />
e reboques em uma pintura tátil; e Geraldo Jürgensen, como escultor, utilizando-se de<br />
movimentos e espaços vazados com emprego de elementos concretamente definidos,<br />
como redes metálicas e arames.<br />
O crítico do jornal que recebia os campineiros, José Geraldo Vieira, saudava<br />
também os expositores e, recusando qualquer “atitude generosa, como se estivesse<br />
diante de uma equipe provinciana”, destacava que a surpresa não era a existência de<br />
artistas modernos em Campinas, mas a diversidade de sua arte: pintura, escultura,<br />
desenhos – e, tudo, comparável ao nível da mais recente arte européia. Não faltou o<br />
toque de vida social com que as Folhas cercavam eventos desse tipo, nem o prestígio de<br />
intelectuais e artistas, com os concretistas assumindo a função de padrinhos do grupo.<br />
Por outro lado, veio a crítica de O Estado de S. Paulo (sem assinatura, mas<br />
sabidamente de Geraldo Ferraz) cobrando “uma vanguarda mais consciente do que a de<br />
pesquisas to elementares, qual em mais de um caso se fez evidente”. Eram muitas suas<br />
restrições, salvando apenas parcialmente a obra de Geraldo Souza.<br />
A reação veio rápida em resposta de Amêndola Heinzl, que atribuía essa<br />
genérica desqualificação ao fato de Geraldo Ferraz ser “magoado inimigo do grupo<br />
concreto de São Paulo, principalmente de Waldemar Cordeiro”. Depois de rebater as<br />
opiniões do crítico sobre cada artista, concluía com a recusa pública de sua “ira sombria<br />
e da crítica sem fundamento e sem assinatura”.<br />
Idiossincrasias à parte, a produção do Grupo Vanguarda mostrava, antes que<br />
uma estrita filiação ao concretismo, afinação com diversas vertentes do abstracionismo<br />
– o que já era digno de nota, tratando-se de um núcleo nascido fora do circuito<br />
dominante.<br />
Em 8 de setembro de 1959 o Grupo Vanguarda se reuniu para a abertura da<br />
Galeria Aremar, em Campinas. A engenhosidade de Raul Porto, um dos proprietários da<br />
agência Aremar Viagens e Turismo, combinara o espaço de atendimento com uma<br />
pequena galeria, pela qual iriam passar todos os integrantes do grupo alternadamente