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Reforçou-os o aporte teórico do jornalista e poeta Alberto Amêndola Heinzl,<br />
trazido para a roda por Paul Porto. Sua formação já o levara ao encontro da vanguarda<br />
literária, quando os concretos começaram a revelar Mallarmé, Apollinaire, Joyce,<br />
Cummings, Pound e a provocar uma revolução poética. As experiências do grupo<br />
Noigandres lhe chegaram simultaneamente às experiências de Raul na arte geométrica,<br />
incendiando nos dois jovens o ímpeto inovador.<br />
A II Exposição de Arte Contemporânea, em 29 de junho de 1958, dava<br />
continuidade aos propósitos de mudança, agora estabelecidos de forma organizada, e era<br />
assumida definitivamente a denominação de Grupo Vanguarda, segundo alguns<br />
depoimentos, sugerida por Belgrado.<br />
O ideário do Grupo foi consolidado no Manifesto redigido por Amêndola<br />
Heinzl, assinado também por Alfredo Procaccio, Edoardo Belgrado, Franco Sacchi,<br />
Geraldo Jürgensen, Geraldo de Souza, Maria Helena Motta Paes, Mário Bueno, Raul<br />
Porto e Thomaz Perina, e publicado em junho de 1958 no primeiro número do Jornal do<br />
Centro de Ciências, Letras e Artes.<br />
O manifesto apregoava a inovação estética e almejava também a provocação e a<br />
polêmica. Numa linguagem analógica e apresentação gráfica ao gosto do concretismo,<br />
justapunha propostas e críticas genéricas conclamando “por uma arte atual, pela<br />
renovação/revivificação constante e progressiva” e “pelo surgimento de uma atitude de<br />
debate”. O princípio de autonomia da obra artística era reafirmado: “um poema é um<br />
poema / uma tela é uma tela / coisas não necessariamente ligadas / a uma idéia<br />
determinada / de cujo esforço de expressão surgiram”. Não faltavam expressões cifradas<br />
(“a moda blackwood”), citações do momento (Ezra Pound), ironia (“os escribas que<br />
pretendem que uma andorinha modelada em bronze deva ter penas e cheiro de<br />
andorinha”) e um fecho de panfleto radical: “fora com os burgomestres falantes e vazios<br />
/ fora com os fritadores de bolinhos”.<br />
É bem provável que o tom contundente tenha assustado a maioria dos signatários<br />
e afastado alguns aliados, como Lélio Coluccini, por sinal, autor do monumento às<br />
andorinhas ironizado no manifesto. Mas não houve reações explícitas, nem mesmo dos<br />
acadêmicos.<br />
Era preciso conquistar espaços: mais três exposições se seguiram em 1958. Na<br />
III Exposição de Arte Contemporânea, Amêndola Heinzl fazia um balanço,<br />
reconhecendo que, apesar das “conclusões pictóricas distintas”, o empenho de todos na