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O concretismo, um dos ramos mais ativos da arte de vanguarda brasileira,<br />
encontrou na Bauhaus e na Escola Ulm, herdeiras funcionais do construtivismo, os<br />
modelos de expressão artística compatíveis com as almejadas transformações da<br />
situação social. Racionalidade e informação estavam na base de um repertório<br />
universalista e de suas aplicações práticas. Sintonizadas e comprometidas com o<br />
ambiente de otimismo utópico.<br />
A crise do desenvolvimentismo leva à radicalização política dos anos 60 e<br />
provoca um olhar para dentro, em busca do nacional e do popular, cujo ideário,<br />
produzido nos Centros Populares de Cultura, penetra no cinema, no teatro e na poesia,<br />
reavivando o dualismo conteúdo-forma. A vanguarda, empurrada para o “salto<br />
participante”, acaba mais uma vez frustrada em sua aliança com um projeto<br />
revolucionário.<br />
O discurso simbólico seguinte vai se conectar com uma nova fenomenologia de<br />
imagem: volta com a figura e o objetivo, revive as performances e os happenings. Entre<br />
outros temas, insinuam-se a contestação política e crítica da sociedade de consumo e<br />
seus mecanismos de alienação, atribuindo novos conteúdos às proféticas matrizes das<br />
vanguardas históricas.<br />
2.2. O Grupo Vanguarda<br />
Em 1957 Geraldo Jürgensen retornava do Rio de Janeiro, formado pela<br />
Faculdade Nacional de Arquitetura e Urbanismo. Na antiga Capital Federal fora tocado<br />
por idéias de renovação no contato com o movimento artístico e em aulas e palestras de<br />
Oscar Niemeyer, Burle Marx e Lúcio Costa. Chegando em Campinas, desejava expor<br />
suas aquarelas , mas também se agrupar àqueles que desenvolvam um trabalho<br />
moderno.<br />
A primeira pessoa que lhe indicaram for Thomaz Perina. Este o levou a Lélio<br />
Coluccini, conhecido como um “neoclássico”, a seus companheiros Mário Bueno,<br />
Enéas Dedecca, Maria Helena Motta Paes e Geraldo de Souza. Sabendo dessa<br />
movimentação, Raul Porto apresentou-se com alguns desenhos. Foram convidados dois<br />
artistas italianos residentes em Campinas: Edoardo Belgrado, que já havia exposto no<br />
Centro de Ciências, Letras e Artes, e Franco Sacchi, que pintara os painéis da Igreja de