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desconstrução da figura e desvanecimento das cores, com a quebra da relação natural<br />
dos elementos (ruas, casas e árvores) em favor de uma composição quase abstrata, como<br />
se observa na Paisagem de 1955 (abaixo). Tendência confirmada nos guaches que<br />
apresentou no mesmo ano.<br />
Os ventos da modernidade chegavam ao saguão do Teatro Municipal e iriam<br />
provocar a rápida extinção dos Salões de Belas-Artes em Campinas. O XII Salão, em<br />
1956, que era também o VII Municipal do Interior de São Paulo, trazia artistas das<br />
cidades de Bauru, Jundiaí, Nova Granada, Piracicaba, Ribeirão Preto, Rio Claro e<br />
Santos. Na organização estavam os pintores Rui Martins Ferreira, Paulo F. de Barros e<br />
Aldo Cardarelli, um dos mais destacados acadêmicos da cidade. O júri elegeu, dos 31<br />
artistas campineiros, oito premiados, entre os quais estavam Perina, Geraldo de Souza,<br />
Geraldo Jürgensen, Enéas Dedecca, Lélio Coluccini e Maria Aparecida Bueno Mello,<br />
cujas obras evidenciavam inquietação por uma linguagem mais atualizada e faziam a<br />
ponte para um outro momento das artes plásticas na cidade.<br />
Perina relata que, mais que as pressões externas, foi penoso para ele despojar-se<br />
de técnicas que tão bem dominava, declarar o fim dos “efeitos” e se desafiar em busca<br />
de novos elementos plásticos que configurassem uma paisagem subjetiva e imaginária.<br />
As etapas dessa depuração podem ser acompanhadas em alguns exemplos.<br />
Primeiramente, o modelo perde seus contornos realistas e ressurge como um<br />
“modo de ser”. Ainda são mantidas as representações de árvores, casas, muros, ruas –<br />
suas personagens –, segundo uma ordem interna do próprio quadro.<br />
Perina formulava sua teoria-e-prática empiricamente. Seis esboços da época (ao<br />
lado), entre os quais acaba elegendo o mais sintético (o primeiro assinalado à esquerda),<br />
indicam seu processo construtivo. Exercícios deste tipo estão por trás das obras de 1958<br />
(apresentadas nesta página e na seguinte), exemplos da evolução que se processava em<br />
sua obra. A economia de elementos na composição do espaço pictórico e a preferência<br />
por cores rebaixadas, quase neutras, podem ser observadas. Esse duplo despojamento,<br />
de concepção e execução, entrega flagrantes da cidade que parecem familiares, mas, ao<br />
mesmo tempo, não induzem a nenhuma efusão humana.<br />
Perina emergia, no final dos anos 50, para uma nova esfera, a da abstração. Suas<br />
experiências nessa direção podem ser acompanhadas a partir dessa Paisagem, de 1955<br />
(ao lado), uma radical redução do desenho e das cores, onde a composição é dominada<br />
por um plano vermelho com árvores maiores. O segundo plano, com árvores menores,