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Quando, no Centro de Ciências, Letras e Artes, Alfredo Mesquita e Hermilo<br />
Borba Filho traziam suas propostas sobre teatro brasileiro, Décio Pignatari divulgava a<br />
poesia concreta, Diogo Pacheco introduzia a música contemporânea, Wolfgang Pfeiffer<br />
lecionava Arte Moderna e se ouviam o Coral Ars Viva, liderado por Klaus Dieter-<br />
Wolff, e a Orquestra da Câmara da Universidade da Bahia, regida por H. J. Koelreuter –<br />
eram sinais claros de que a modernidade cultural tinha chegado a Campinas.<br />
Acompanhando as transformações da estrutura geral e local, o processo de comunicação<br />
estética passava por uma “reelaboração ideológica e em imagens”:<br />
Na década de 60 configura-se definitivamente o processo de autonomizaçõa do<br />
campo artístico e o desenvolvimento das vanguardas experimentais, iniciados nos anos<br />
20. A modernização industrial promovida na América Latina a partir dos anos 50<br />
gerou, nos paises mais avançados, entre eles a Argentina (acrecente0-se também o<br />
Brasil) uma renovação radical da prática artística. Ao mesmo tempo o agravamento<br />
dos conflitos sociais e o avanço da consciência política estimularam as participações<br />
dos artistas em organizações populares, uma conexão mais orgânica com os<br />
movimentos políticos de esquerda e experiências mais amplas que as permitidas por<br />
museus e galerias.<br />
1.4. O encontro com o moderno<br />
Nas idas a São Paulo, Perina e Mário buscavam novidades. Freqüentavam<br />
exposições, visitavam livrarias à procura de livros de arte. A literatura sobre o<br />
impressionismo chamava sua atenção e os compelia a experimentar. Na imprensa, os<br />
textos do crítico Sérgio Milliet, falando de novas tendências e dos artistas modernos,<br />
lhes oferecia informações instigantes. Mas o apelo de uma nova estética veio para ele e<br />
seus colegas na visita a I Bienal Internacional do Museu de Arte Moderna de São Paulo.<br />
“Foi um impacto”, diz Perina. “Eu, naquele momento, decidi o meu caminho; sabia que<br />
para isso tinha que ousar muito mais em minhas experiências.”<br />
A mostra apresentava em escala inédita a arte nacional e internacional ao<br />
público brasileiro. As representações de 20 paises com cerca de 1.500 obras, trazidas<br />
para o pavilhão do Trianon, e premiações como as outorgadas ao suíço Max Bill e ao<br />
jovem brasileiro Ivan Serpa confirmavam o abandono do conteúdo naturalista e inflexão