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conhecida na cidade naquela época –, dirigida pelo Profº. Olavo Sampaio. Era um<br />
desafio para quem não possuía nenhuma prática didática, mas decidiu enfrentar o novo<br />
caminho. Comprou livros e se preparou. Trabalhou como professor por quase trinta<br />
anos, ensinando e aprendendo, transmitindo aos alunos, além das regras que estavam<br />
nos compêndios, a importância de uma concepção própria, numa atitude de respeito à<br />
liberdade de criação.<br />
O ano de 1949 marcou sua primeira participação no Salão Paulista de Belas<br />
Artes, onde foi premiado com o pastel Figura (ao lado), um rosto de mulher em<br />
movimento em direção ao ombro direito, segundo ele, inspirado numa pintura do<br />
italiano Giovan Batistta Tiepolo. A obra atendia plenamente os cânones das belas artes.<br />
Outro pastel mais elaborado A costura (abaixo), um retrato familiar que lhe<br />
valeu a pequena medalha de prata em 1951, e o óleo Paisagem com criança (abaixo)<br />
mostram a evolução para um desenho mais leve, com notável tratamento das cores. Não<br />
existe preocupação com a “verdade” do retrato, mas com a expressão de um clima: o da<br />
simplicidade e da tranqüilidade doméstica, no primeiro caso; o bucolismo dos fundos de<br />
quintal, no segundo.<br />
Fora da escola tornou-se um agente catalisador, daí surgindo aquele que ficou<br />
conhecido como “grupo de Perina”, iniciado com Enéas Dedecca. A ele se uniu Mário<br />
Bueno. Começaram improvisando um espaço na casa de Perina. Foi de Enéas a<br />
iniciativa de alugar uma casa à rua Luzitana e montar definitivamente um ateliê.<br />
Integraram-se depois ao grupo Geraldo de Souza e Maria Helena Motta Paes, alunos de<br />
Perina. O local tornou-se referência. Muitos artistas ali se reuniam: era um espaço de<br />
fazer e experimentar a pintura. Geraldo Jürgensen e Bernardo Caro, então jovens<br />
aspirantes à carreira artística, relatariam mais tarde que passavam e observavam os<br />
pintores daquele casarão com curiosidade e encantamento, sem coragem de entrar.<br />
Discutindo e trocando experiências, Perina e seus colegas sentiam que não<br />
sintonizavam com a prática dos artistas mais conhecidos na cidade. Mesmo sem muitas<br />
informações sobre inovações estéticas num âmbito maior, desejavam superar o lugar-<br />
comum da pintura acadêmica. Isso começou na própria escolha dos modelos.<br />
A identificação da Vila Industrial como modelo – lembra Perina – não existiu de<br />
forma direta. O que eu procurava era um aglomerado de casas, reunião de casinhas<br />
pobres, baixadas, barrancos, sem efeitos bonitos. As primeiras casas populares<br />
construídas em Campinas serviram como boa motivação. Descobrimos (eu e o Mário)