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experimentação, das mudanças e do desvendar<br />
caminhos desconhecidos.<br />
Suas minimal paisagens não deixam de ser poemas<br />
visuais, onde a natureza, a passagem do tempo e as<br />
perdas estão incorporadas plasticamente contidas,<br />
à semelhança dos hai-kays. Diante dessa<br />
simplicidade, somos remetidos à humildade do<br />
autor, para quem o processo criativo preserva o<br />
vinculo arte-vida, sendo a vida uma viagem em que<br />
o caminho importa mais que a chegada.<br />
“Mestre do pastel”, “mestre do desenho”, “mestre<br />
da decoração”, assim foi Perina chamado em<br />
outros tempo. Para nós, hoje, ele é uma espécie de<br />
“mestre zen” que, ao compartilharmos de sua<br />
amizade, estamos desejando usufruir de seu saber e<br />
obtermos dele alguma centelha para iluminar um<br />
pouco mais nossos caminhos.<br />
ABSTRATO, RECRIAÇÃO POR THOMAZ<br />
PERINA<br />
Crítica de Marcos Rizolli<br />
Thomas – o nome...<br />
As formas são limitadas enquanto divagação.<br />
Sempre as mesmas formas indicam os valores<br />
visuais. A estrutura de cada obra se movimenta.<br />
Sensibiliza. O suporte busca sempre a mesma<br />
proporção. Estático. Puro. A geometria das formas<br />
indica a formação da imagem. Uma informação<br />
que chega ao espectador através de sutis<br />
configurações. A neutralidade das cores é,<br />
esteticamente, impiedosa. Marrons e cinzas. As<br />
cores derivadas criam as relações entre as formas e<br />
o espaço. Amplos espaços, amplas regiões de cor.<br />
A ausência de contrastes especifica a intimidade<br />
estrutural e intelectual de cada elemento plástico.<br />
Manchas. Atribuição das tintas/core lavadas.<br />
Insinuação de regiões. Horizonte. Os sinais são<br />
definidos. Constantes. Círculo, tarjas, grandes<br />
retângulos. Mutantes. A introspecção visual que<br />
evidencia toda uma simbologia própria,<br />
conseqüentemente da ordem expressiva do artista,<br />
se mostra determinada pelo encaixamento formal.<br />
Existe, uma divagação espacial. Existe, també, uma<br />
estruturação que concebe valores conceituais.<br />
Existe, ainda, uma situação para-didática.<br />
Concreta.<br />
Arte Concreta. “Fecho os olhos lentamente<br />
começam a tomar forma certas idéias-cor Faço,<br />
então, os esboços preliminares, que me levarão ao<br />
quadro”. Albers assim percebeu a arte concreta,<br />
uma variante mais elitista da arte abstrata, que<br />
chegou até nós, brasileiros, através da obra do<br />
escultor Max Bill. No caso de Bill, estabelecem-se<br />
as idéias-objetos. O ano que marcará o vinculo da<br />
arte brasileira com o movimento concretista será<br />
1951. Bienal. Artistas, já saturados da figuração<br />
modernista, investigavam a nova arte. Pura<br />
concepção. A geometria toma fôlego e ganha os<br />
espaços visuais. A produção abstrata se dinamiza.<br />
Propagação em todas as artes.<br />
Perina - ...de um artista,<br />
A essência que, em anos vem determinando a arte e<br />
a solidão do artista. Pintura. Exercício que busca<br />
uma divagação interior. O artista se mostra através<br />
de sua realidade. Do real absoluto. Arte. Um<br />
rigoroso silêncio acompanha o suporte, as formas e<br />
as cores. O estático reconhece a razão.<br />
Arbitrariamente, emoção. Uma solidão voluntária.<br />
Orgânica presença. Paisagem Horizonte. Ruptura.<br />
Circulo, árvore. Tarjas, caminhos. Retângulos,<br />
terra. A árvore é o homem e o homem é o artista.<br />
Os caminhos inspiram a vida e a vida é solidária<br />
da monotonia. A terra é latente. Concretos<br />
acontecimentos. Sensíveis orientações da natureza.<br />
Vista pelo homem, registrada pelo artista; Talento<br />
original. Pioneiro, corajoso. Surge,<br />
magnificamente, a reflexão da arte. Das formas,<br />
das cores, dos sinais, da solidão, da paisagem. A<br />
medição intelectual. Referências de todos,<br />
transformadas em momentos únicos. Pinturas e<br />
desenhos. Paisagens concretas: um homem recria a<br />
abstração.<br />
Correio Popular, Campinas, 14.8.1985.<br />
Anexo J – GALERIA DA ALIANÇA FRANCESA, CAMPINAS – 1985<br />
THOMAZ PERINA, MITO E MAGIA<br />
Dimas Garcia<br />
Thomaz Perina expõe em mais uma individual:<br />
desta feita a honra cabe a modesta mas dinâmica<br />
galeria da Aliança Francesa.<br />
Sigam o meu conselho: para ver, ouvir e entender a<br />
obra de Thomaz Perina é primordial chegar<br />
devagarinho; reverencie-se à porta, pois o local<br />
será temporariamente um sacrário.<br />
Achegue-se dos quadros e tente ver através deles;<br />
lembre-se: só um tolo fixa o olhar sobre a matéria.