14.05.2013 Views

Dissertação - Unicamp

Dissertação - Unicamp

Dissertação - Unicamp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ao qual só agora toma corpo um movimento de<br />

suspeita sobre as possibilidades de pintura e<br />

desenho não-figurativos.<br />

Apesar disso, o Grupo Vanguarda de<br />

Campinas – Perina como um de seus expoentes<br />

– persistiu. A falta de interlocutores mais<br />

próximos não prejudicou sua evolução e<br />

projeção além das muralhas da cidade.<br />

Sobre as obras de Perina, em particular, se<br />

estendeu um largo período de clandestinidade<br />

e incompreensão, desde os tempos<br />

“acadêmicos”, quando sua preferência por<br />

temas quase ausentes destoava do brilhantismo<br />

peculiar ao gênero.<br />

Não será demais lembrar, ainda uma vez, o<br />

significado de movimentos válidos – do neoplasticismo<br />

ao concretismo – com especial<br />

ressonância para um artista já pronto a<br />

romper as amarras do artesanato, favorável a<br />

um trabalho de criação dentro de uma<br />

problemática conseqüente.<br />

Sem formulações teóricas, pré e/ou pós<br />

fabricadas, demonstra não apenas atenção<br />

ilustrativa aos novos rumos. Em seus últimos<br />

trabalhos pode se identificar a afluência de<br />

uma elaboração lenta – madurada em<br />

coerência íntima, diríamos – para o campo<br />

objetivo da arte moderna.<br />

“Pinta concebendo e concebe pintado”, como<br />

o conceituou exatamente Waldemar Cordeiro.<br />

No processo que conduz Perina até o presente<br />

estágio, tem ênfase extraordinária o rigor com<br />

que se predispõe ao trabalho, expurgando-o<br />

previamente de tudo que possa desviá-lo de um<br />

resultado unívoco, cujas possibilidades<br />

perceptivas não fogem ao quadro mesmo e<br />

THOMAZ PERINA<br />

independem de costumeiras camuflagens,<br />

recursos de efeito e sugestão.<br />

Uma atitude de simplicidade e pureza artística.<br />

E desse ponto se desenvolve o impulso criador<br />

através de elementos simples, funcionalmente<br />

induzidos a relações simples. Reduzindo a cor<br />

a um estado quase neutro, pela determinação<br />

de áreas e qualificação tonal, nasce uma<br />

dimensão inesperada, o movimento, e<br />

multiplicam-se interligações necessárias<br />

através de uma proporção nova, descoberta<br />

inerente ao próprio quadro, que faz os seus<br />

princípios.<br />

Portanto não se queira tomar a denominação<br />

“Paisagem” dada a estas obras, como<br />

qualquer coisa exterior ao próprio quadro, não<br />

devendo este, pois, ser interpretado como signo<br />

ou síntese da paisagem. A obra se apresenta<br />

autônoma, como objeto artístico realizado. Se<br />

a paisagem funcionou intuitivamente como<br />

indicação de um problema, ou se o nome é<br />

conservado por zelo afetivo, agora já não lhe<br />

resta a mínima configuração. Sobre este<br />

primeiro aceno se acumulou um pesado<br />

trabalho de controle racional, técnico e<br />

humano, cujos termos levam à obra em si.<br />

Perina é um artista sério. Dentro do presente<br />

estágio de sua obra, que teve uma origem<br />

obscura e hoje alcança a admiração nos<br />

círculos mais categorizados, se confessa<br />

esgotado. Mas ele irá adiante. Saberá<br />

responder de maneira séria a uma questão<br />

séria, como quer Pound.<br />

Do catálogo da exposição<br />

19 de abril a 9 de maio de 1961.<br />

Anexo G – EXPOSIÇÃO NA SALA PORTINARI, SÃO PAULO – 1978<br />

Um testemunho de Mário Bueno<br />

Thomaz Perina é um artista que se dedica a uma<br />

expressão emocional e muito pessoal nas suas<br />

pinturas e desenhos, cuja vitalidade, para mim,<br />

está na coragem de uma composição despojada,<br />

unificada e harmoniosa.<br />

T.P. Começou, faz tempo, pintando paisagens,<br />

naturezas-mortas e retratos com raro virtuosismo<br />

até. De tudo, o que ele guardou e guarda ainda<br />

com muito carinho é uma visão do campo. Visão<br />

que ele transformou na sua linguagem pictórica.<br />

Entretanto o relacionamento do motivo de suas<br />

pinturas, o fato de abordar o assunto paisagem,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!