ASSALTO ÀS JÓIAS DA MÃE - Económico - Sapo

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14.05.2013 Views

Roberto Passariello é director de comunicação e marketing da Bell & Ross. Apesar de andar a mil, diz-se muito cioso do seu tempo, até porque “o tempo que passa é a vida que passa”, diz. 58 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011 Negócio VENDEDOR DE SONHOS Roberto Passariello tem dedicado a vida a vender sonhos. Hoje, fá-lo com o tempo. Uma indústria conservadora que ainda vive muito de códigos e simbolismos. TEXTO DE RITA SALDANHA DA GAMA FOTOGRAFIA DE PAULO ALEXANDRE COELHO uando chegou ao mundo da alta relojoaria, já lá vão três anos, fez-lhe confusão como é que num mercado onde se “vende” o tempo, o tempo tinha parado. Como é que em todas as publicidades, os relógios marcam as dez e dez, perguntava-se. Porque não as duas menos dez? Porque não ao contrário? Qualquer coisa desde que mostrasse o tempo a passar. “Isto é simbólico do conservadorismo desta indústria. É um mercado muito codifi - cado”, diz Roberto Passariello, director de comunicação e marketing da Bell & Ross. “Um conservadorismo numa indústria muito manual, muito vincada pela tradição”, acrescenta. Rendeu-se. À tradição junta-lhe hoje valores como a qualidade, a estética, mas também a simplicidade e a funcionalidade para jogar com o imaginário dos homens. “Vendo sonhos”, diz. Foi o que sempre fez. Apesar de ter um curso de engenharia química, foi na publicidade e na gestão de produtos que sempre trabalhou. Primeiro em agências de publicidade como a americana DMB&B ou a BBDO, depois no mundo da fantasia por excelência, a Disney em Paris, mesmo antes de se fi xar na Eurosport. “Tem tudo a ver com o imaginário masculino”, expli- ca. Quem é que na infância nunca sonhou ser piloto de avião, de carros de Fórmula 1 ou até trabalhar na Nasa? É nesses sonhos que a marca se inspira. É com base nos pilotos que a Bell & Ross cria os modelos. Qualquer coisa, desde que tenha uma base militar, serve para dar origem a um relógio da marca. Desde o painel de um ‘cockpit’, tatuagens de soldados ou símbolos em aviões de combate. “É uma inspiração profi ssional para profi ssionais”, conta Passariello, cuja missão é a de “ter a certeza que estamos sempre a dizer a mesma coisa e a ser consistentes com a nossa história”, diz. Apesar de ser uma marca recente, a Bell & Ross abriu, este ano, uma nova sede em Paris e mais sete lojas só na Ásia. Em Portugal, aumentou os pontos de venda, assim como no resto do mundo. Mas não só. A presença crescente das marcas de luxo na Web fê-los apostar numa loja ‘online’. Primeiro na Europa, depois nos Estados Unidos. “Actualmente, a Internet representa para nós o equivalente ao volume de vendas de uma loja física”, adianta o director de marketing da marca. Apesar de não ser um grande coleccionador, Roberto Passariello ainda guarda o primeiro relógio. “Um Tissot ou um Seiko. Já não tenho bem a certeza. Foi um relógio que o meu pai me deu quando acabei os estudos”. Hoje, é um Bell & Ross que traz ao pulso, até porque esta é a melhor maneira de fazer publicidade às novidades da marca. Reconhece, no entanto, que enquanto as mulheres vêem o relógio como um acessório de moda, “para os homens, a relação é bem mais emocional”. “PARA AS MULHERES UM RELÓGIO É UM ACESSÓRIO DE MODA. PAR A OS HOMENS A RELAÇÃO É BEM MAIS EMOCIONAL”.

Roberto<br />

Passariello<br />

é director de<br />

comunicação e<br />

marketing da Bell &<br />

Ross. Apesar de andar<br />

a mil, diz-se muito<br />

cioso do seu tempo,<br />

até porque “o tempo<br />

que passa é a vida<br />

que passa”, diz.<br />

58 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011<br />

Negócio<br />

VENDEDOR DE SONHOS<br />

Roberto Passariello tem dedicado a vida a vender sonhos. Hoje, fá-lo com o tempo.<br />

Uma indústria conservadora que ainda vive muito de códigos e simbolismos.<br />

TEXTO DE RITA SAL<strong>DA</strong>NHA <strong>DA</strong> GAMA FOTOGRAFIA DE PAULO ALEXANDRE COELHO<br />

uando chegou ao mundo da alta relojoaria,<br />

já lá vão três anos, fez-lhe confusão como é<br />

que num mercado onde se “vende” o tempo,<br />

o tempo tinha parado. Como é que em<br />

todas as publicidades, os relógios marcam<br />

as dez e dez, perguntava-se. Porque não as duas menos<br />

dez? Porque não ao contrário? Qualquer coisa desde que<br />

mostrasse o tempo a passar. “Isto é simbólico do conservadorismo<br />

desta indústria. É um mercado muito codifi -<br />

cado”, diz Roberto Passariello, director de comunicação<br />

e marketing da Bell & Ross. “Um conservadorismo numa<br />

indústria muito manual, muito vincada pela tradição”,<br />

acrescenta.<br />

Rendeu-se. À tradição junta-lhe hoje valores como a qualidade,<br />

a estética, mas também a simplicidade e a funcionalidade<br />

para jogar com o imaginário dos homens.<br />

“Vendo sonhos”, diz. Foi o que sempre fez. Apesar de ter<br />

um curso de engenharia química, foi na publicidade e na<br />

gestão de produtos que sempre trabalhou. Primeiro em<br />

agências de publicidade como a americana DMB&B ou<br />

a BBDO, depois no mundo da fantasia por excelência, a<br />

Disney em Paris, mesmo antes de se fi xar na Eurosport.<br />

“Tem tudo a ver com o imaginário masculino”, expli-<br />

ca. Quem é que na infância nunca sonhou ser piloto de<br />

avião, de carros de Fórmula 1 ou até trabalhar na Nasa?<br />

É nesses sonhos que a marca se inspira. É com base nos<br />

pilotos que a Bell & Ross cria os modelos. Qualquer coisa,<br />

desde que tenha uma base militar, serve para dar origem<br />

a um relógio da marca. Desde o painel de um ‘cockpit’, tatuagens<br />

de soldados ou símbolos em aviões de combate.<br />

“É uma inspiração profi ssional para profi ssionais”, conta<br />

Passariello, cuja missão é a de “ter a certeza que estamos<br />

sempre a dizer a mesma coisa e a ser consistentes com a<br />

nossa história”, diz.<br />

Apesar de ser uma marca recente, a Bell & Ross abriu, este<br />

ano, uma nova sede em Paris e mais sete lojas só na Ásia.<br />

Em Portugal, aumentou os pontos de venda, assim como<br />

no resto do mundo. Mas não só. A presença crescente das<br />

marcas de luxo na Web fê-los apostar numa loja ‘online’.<br />

Primeiro na Europa, depois nos Estados Unidos. “Actualmente,<br />

a Internet representa para nós o equivalente ao<br />

volume de vendas de uma loja física”, adianta o director<br />

de marketing da marca.<br />

Apesar de não ser um grande coleccionador, Roberto Passariello<br />

ainda guarda o primeiro relógio. “Um Tissot ou<br />

um Seiko. Já não tenho bem a certeza. Foi um relógio que<br />

o meu pai me deu quando acabei os estudos”. Hoje, é um<br />

Bell & Ross que traz ao pulso, até porque esta é a melhor<br />

maneira de fazer publicidade às novidades da marca. Reconhece,<br />

no entanto, que enquanto as mulheres vêem<br />

o relógio como um acessório de moda, “para os homens,<br />

a relação é bem mais emocional”.<br />

“PARA AS MULHERES<br />

UM RELÓGIO É UM<br />

ACESSÓRIO DE MO<strong>DA</strong>.<br />

PAR A OS HOMENS A<br />

RELAÇÃO É BEM MAIS<br />

EMOCIONAL”.

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