ASSALTO ÀS JÓIAS DA MÃE - Económico - Sapo

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Negócio Nas fotos, o Omega “De Ville Hour Vision Blue” com calibre automático, escape co-axial, cronómetro certifi cado COSC. Caixa de 41 mm, em aço; e o Glashütte Original “Sixties Square Tourbillon” com calibre automático, da manufactura, rotor em ouro, turbilhão volante. pecialmente os Estados Unidos, onde foi gasto na bolha imobiliária) vai continuar. “Nos países emergentes, está mais dinheiro a chegar lá do quem aquilo que eles podem absorver”. “Em termos mundiais, os países não podem todos crescer as suas exportações. Não temos um grande mercado em Marte”, diz Martin Wolf. Considerada actualmente o motor da indústria do luxo (ultrapassou no ano passado o Japão como primeiro mercado mundial), a China viverá dentro de pouco tempo uma crise – vaticina Wolf. “Durante as últimas décadas, o investimento chinês foi superior ao crescimento do PIB, criando uma situação muito instável em termos de infl ação. Agora, as autoridades chinesas começam a estar preocupadas e haverá uma diminuição brusca do investimento. O crescimento cairá abruptamente quando o investimento estiver abaixo da taxa de consumo”, avisa. “O fi m do ‘boom’ vai acontecer, inevitavelmente, só não sabemos quando”. Quanto ao mercado português, 2010 foi ano de recorde absoluto de importações relojoeiras – o que não deixa de surpreender, dado que já então prevalecia o ambiente de crise. Mas 2011 deverá ter uma redução sensível no consumo, como já indicam os números do primeiro trimestre. “A situação só não é mais grave porque temos tido a ajuda dos consumidores angolanos, sobretudo, e brasileiros”, dizia-nos há dias um dos principais retalhistas de Alta Relojoaria, com pontos de venda em Lisboa e Porto. “E, agora, começa a surgir também o chinês residente em Portugal, que vai comprando algumas peças caras”. O UNIVERSO INTERNET O ano relojoeiro começou, como é já tradição, com a realização, em Janeiro, do Salão Internacional de Alta Relojoaria (SIHH), em Genebra. Ali, um escasso número de marcas (não chegam a 20, mas produzem peças de altíssimo valor acrescentado) tem os primeiros 54 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011 contactos com os maiores e melhores retalhistas de todo o mundo. O SIHH deste ano decorreu sob o pano de fundo de mais um WorldWatchReport, o estudo regular ‘online’ sobre as tendências de consumo no sector, a nível mundial. Uma das primeiras conclusões: uma em cada quatro buscas de marcas de Alta Relojoaria na Internet é proveniente da China, posição apenas ultrapassada pelos Estados Unidos (29%). Depois, aquilo que os potenciais consumidores procuram difere de país para país: o interesse em falsifi cações de Alta Relojoaria é mais elevado no Brasil e nos Estados Unidos. A informação sobre preços tem grande importância nas buscas da China e da Índia: os nomes dos modelos lideram nos países ocidentais. A IWC e a Patek Philippe consolidam a sua posição como marcas mais procuradas com, respectivamente, 31.4% (+6.7 pontos) e 18.8% (+5.3 pontos) da procura global ‘online’. Com mais de 45 mil fãs, a Audemars Piguet é a mais popular marca de Alta Relojoaria no Facebook, que continua a ser a maior comunidade ‘online’ para relógios topo de gama, com um total de 150 mil fãs. A sétima edição do estudo de mercado WorldWatchReport foi feito pela IC-Agency, uma empresa especializada em marketing de luxo digital, e baseou-se em entradas registadas em motores de busca para 25 marcas de relojoaria de luxo. O estudo cobriu 10 mercados cruciais, incluindo os BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – e os principais mercados de exportação (Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Itália, França e Alemanha). Por ordem decrescente, estas são as dez marcas de Alta Relojoaria mais populares na Internet: Audemars Piguet, Blancpain, Breguet, Franck Muller, Girard-Perregaux, IWC, Jaeger-LeCoultre, Patek Philippe, Vacheron Constantin e Zenith. Os três modelos mais populares nas buscas ‘online’ são o “Reverso”, da Jaeger-LeCoultre, o “Royal Oak”, da Audemars Piguet, e o “Português”, da IWC. O trio NO MERCADO PORTUGUÊS, 2010 FOI ANO DE RECORDE ABSOLUTO DE IMPORTAÇÕES RELOJOEIRAS. MAS 2011 DEVERÁ TER UMA REDUÇÃO SENSÍVEL NO CONSUMO.

epresenta cerca de 20 por cento da procura global de Alta Relojoaria. A importância do Facebook é crescente. No WorldWatchReport de 2010, apenas metade das marcas analisadas tinham página nessa rede social. Em 2011, apenas uma não está presente (Patek Philippe). O WorldWatchReport tem como campo de análise várias marcas. Na Alta Relojoaria: Audemars Piguet, Blancpain, Breguet, Girard- Perregaux, Jaeger-LeCoultre, Patek Philippe, Vacheron Constantin, Franck Muller, Zenith, IWC; na Joalharia / Femininas: Bvlgari, Cartier, Chopard, Piaget; em Prestígio: Breitling, Hublot, Omega, Rolex, Tag Heuer; e Gama Média: Baume & Mercier, Ebel, Longines, Montblanc, Raymond Weil, Rado. AS TENDÊNCIAS FORMAIS Em Março, na Baselworld, a maior feira do sector, que congrega centenas de marcas em Basileia, o ambiente geral era de optimismo, mais uma vez devido à presença maciça de compradores chineses – contrabalançando a ausência do Norte de África e de algum Médio Oriente (devido à agitação social e política na zona) e o choque psicológico do Japão (no rescaldo da catástrofe terramoto /’tsumani’ / nuclear). As tendências formais na Baselworld vieram confi rmar as do SIHH em Genebra e estiveram em linha com o volte-face ocorrido em 2010, após a crise – modelos mais sóbrios, linhas mais depuradas, cores pastel, formas revivalistas a lembrar os anos 50 e 60 – as chamadas peças ‘vintage’ são agora as grandes inspiradoras. Não quer isto dizer que os chamados relógios conceptuais (novas formas de ler o tempo, uma explosão criativa ocorrida há 15 anos) tenham desaparecido. Mas estão hoje mais claramente situados em nichos de mercado, com as grandes marcas a abandonarem essas experiências. Uma das excepções é a Hermès, que continua a cultivar a sua “leitura poética do Tempo”, tendo apresentado este ano um surpreendente “Temps Suspendu”, revolução mecânica “vestida” num fato clássico… (criação do mestre relojoeiro Jean-Marc Wiedrrecht, que permite a suspensão da contagem do tempo pelo período que se quiser, premindo um botão, com os ponteiros das horas e minutos a recolherem-se às 12 horas, desaparecendo o ponteiro da data. Accionando-se de novo o botão, a contagem do tempo recupera, como se nada se tivesse passado). Uma das razões dessa onda conservadora na indústria é o novíssimo mercado emergente asiático, que quer comprar relógios de formas clássicas, que lhes dê acesso imediato ao paradigma de “luxo europeu”, sem estravagâncias… As caixas estão a diminuir de tamanho – os 38 mm começam de novo a ser aceites, acima dos 44 mm já quase não há modelos – e os extra-planos aumentam a sua presença nos catálogos. As marcas com história revisitam os seus catálogos antigos e começam a cingir-se a ícones que lhes dão automática identidade – a Cartier com um “Ballon Bleu” extra-plano; a Glashütte Original com o “Sixties Square Tourbillon”; a Jaeger- -LeCoultre com o “Grande Reverso Ultra Thin Tribute to 1931”; a Omega com o “De Ville Hour Vision Blue”; a Rolex e a declinação do “Cosmograph Daytona”; a Vacheron Constantin com o “Historiques Aronde 1954” – são exemplos disso mesmo. Além do quadro global de incerteza, num sector que vive hoje em dia de olhos voltados para a China (onde tem feito investimentos avultados, com a inauguração de boutiques mono-marca, a melhor maneira de chegar ao consumidor local), há um factor que se vai COFFRINI/AFP/GETTYIMAGES agravando de dia para dia: a falta de relojoeiros. No último quarto de século, com o ressuscitar do relógio FABRICE DE mecânico, centenas de milhões de novas peças foram vendidas. Elas têm que ser mantidas, reparadas. Esti- FUNDO DE ma-se que o ritmo de formação de relojoeiros seja dez vezes inferior às necessidades do mercado. Ora, aí está uma profi ssão de futuro… FOTOGRAFIAS Carlos Monjardino INSIDER “MOMENTOS ESPECIAIS E FELIZES FORAM OS NASCIMENTOS DOS MEUS FILHOS” É o presidente da Fundação Oriente e um eterno viajante. Do mundo que percorreu guarda muitas memórias e uma colecção de relógios única. Quem lhe deu o seu primeiro relógio? Foi o meu pai. Que relógio era e que idade tinha? Um Cortebert e tinha 9 anos. Ainda guarda esse relógio? Infelizmente não. Que relógio usa hoje? Um Franck Muller. Porquê? Porque o acho particularmente bonito. Como se lembrou de se tornar um coleccionador de relógios? Foi acontecendo por via das inúmeras viagens que tenho feito de há 45 anos para cá. Primeiro com relógios de bolso e depois de pulso. Quantos relógios tem hoje na sua colecção? Cerca de 120 relógios de bolso e 40 de pulso. Qual é a ‘jóia da coroa’? Um UNIVERSAL, por ter pertencido ao meu pai. Continua a coleccionar ou já parou? Continuo mas a um menor ritmo. Se o luxo fosse um relógio, qual seria a marca? Franck Muller. Os relógios falam de tempo e o tempo de momentos. Quais os momentos mais especiais que viveu até hoje? Especiais e felizes foram os nascimentos dos meus filhos. Quando tem tempo para si o que mais gosta de fazer? Ler, ver televisão e guiar. Se lhe dessem uma oportunidade de viajar no tempo, qual a época e a civilização que escolheria visitar? Teria a curiosidade de visitar várias: a Inca e depois uma visita ao século XVI e ao século XVIII. Porquê? A civilização Inca porque era avançada para o seu tempo e o século XVI pelos Descobrimentos – devido ao meu espírito irrequieto. O século XVIII pela admiração que tenho pelo Marquês de Pombal. TEXTO DE INÊS QUEIROZ Especial Jóias Maio 2011 Fora de Série 55

Negócio<br />

Nas fotos, o Omega “De Ville Hour Vision Blue” com<br />

calibre automático, escape co-axial, cronómetro<br />

certifi cado COSC. Caixa de 41 mm, em aço; e o<br />

Glashütte Original “Sixties Square Tourbillon” com<br />

calibre automático, da manufactura, rotor em ouro,<br />

turbilhão volante.<br />

pecialmente os Estados Unidos, onde foi gasto na bolha<br />

imobiliária) vai continuar. “Nos países emergentes, está<br />

mais dinheiro a chegar lá do quem aquilo que eles podem<br />

absorver”. “Em termos mundiais, os países não podem<br />

todos crescer as suas exportações. Não temos um<br />

grande mercado em Marte”, diz Martin Wolf.<br />

Considerada actualmente o motor da indústria do luxo<br />

(ultrapassou no ano passado o Japão como primeiro<br />

mercado mundial), a China viverá dentro de pouco tempo<br />

uma crise – vaticina Wolf. “Durante as últimas décadas,<br />

o investimento chinês foi superior ao crescimento<br />

do PIB, criando uma situação muito instável em termos<br />

de infl ação. Agora, as autoridades chinesas começam a<br />

estar preocupadas e haverá uma diminuição brusca do<br />

investimento. O crescimento cairá abruptamente quando<br />

o investimento estiver abaixo da taxa de consumo”,<br />

avisa. “O fi m do ‘boom’ vai acontecer, inevitavelmente,<br />

só não sabemos quando”.<br />

Quanto ao mercado português, 2010 foi ano de recorde<br />

absoluto de importações relojoeiras – o que não<br />

deixa de surpreender, dado que já então prevalecia o<br />

ambiente de crise. Mas 2011 deverá ter uma redução<br />

sensível no consumo, como já indicam os números do<br />

primeiro trimestre. “A situação só não é mais grave<br />

porque temos tido a ajuda dos consumidores angolanos,<br />

sobretudo, e brasileiros”, dizia-nos há dias um dos<br />

principais retalhistas de Alta Relojoaria, com pontos<br />

de venda em Lisboa e Porto. “E, agora, começa a surgir<br />

também o chinês residente em Portugal, que vai comprando<br />

algumas peças caras”.<br />

O UNIVERSO INTERNET<br />

O ano relojoeiro começou, como é já tradição, com a<br />

realização, em Janeiro, do Salão Internacional de Alta<br />

Relojoaria (SIHH), em Genebra. Ali, um escasso número<br />

de marcas (não chegam a 20, mas produzem peças<br />

de altíssimo valor acrescentado) tem os primeiros<br />

54 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011<br />

contactos com os maiores e melhores retalhistas de<br />

todo o mundo. O SIHH deste ano decorreu sob o pano<br />

de fundo de mais um WorldWatchReport, o estudo regular<br />

‘online’ sobre as tendências de consumo no sector,<br />

a nível mundial. Uma das primeiras conclusões:<br />

uma em cada quatro buscas de marcas de Alta Relojoaria<br />

na Internet é proveniente da China, posição apenas<br />

ultrapassada pelos Estados Unidos (29%). Depois,<br />

aquilo que os potenciais consumidores procuram difere<br />

de país para país: o interesse em falsifi cações de<br />

Alta Relojoaria é mais elevado no Brasil e nos Estados<br />

Unidos. A informação sobre preços tem grande importância<br />

nas buscas da China e da Índia: os nomes dos<br />

modelos lideram nos países ocidentais. A IWC e a Patek<br />

Philippe consolidam a sua posição como marcas<br />

mais procuradas com, respectivamente, 31.4% (+6.7<br />

pontos) e 18.8% (+5.3 pontos) da procura global ‘online’.<br />

Com mais de 45 mil fãs, a Audemars Piguet é a<br />

mais popular marca de Alta Relojoaria no Facebook,<br />

que continua a ser a maior comunidade ‘online’ para<br />

relógios topo de gama, com um total de 150 mil fãs.<br />

A sétima edição do estudo de mercado WorldWatchReport<br />

foi feito pela IC-Agency, uma empresa especializada<br />

em marketing de luxo digital, e baseou-se<br />

em entradas registadas em motores de busca para 25<br />

marcas de relojoaria de luxo. O estudo cobriu 10 mercados<br />

cruciais, incluindo os BRIC – Brasil, Rússia, Índia<br />

e China – e os principais mercados de exportação<br />

(Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Itália, França e<br />

Alemanha). Por ordem decrescente, estas são as dez<br />

marcas de Alta Relojoaria mais populares na Internet:<br />

Audemars Piguet, Blancpain, Breguet, Franck Muller,<br />

Girard-Perregaux, IWC, Jaeger-LeCoultre, Patek Philippe,<br />

Vacheron Constantin e Zenith.<br />

Os três modelos mais populares nas buscas ‘online’<br />

são o “Reverso”, da Jaeger-LeCoultre, o “Royal Oak”,<br />

da Audemars Piguet, e o “Português”, da IWC. O trio<br />

NO MERCADO<br />

PORTUGUÊS, 2010<br />

FOI ANO DE RECORDE<br />

ABSOLUTO DE<br />

IMPORTAÇÕES<br />

RELOJOEIRAS.<br />

MAS 2011 DEVERÁ<br />

TER UMA REDUÇÃO<br />

SENSÍVEL<br />

NO CONSUMO.

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