ASSALTO ÀS JÓIAS DA MÃE - Económico - Sapo
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Estará a indústria<br />
do luxo, e por<br />
maioria de razão,<br />
a relojoaria, a viver<br />
tempos demasiado<br />
dependentes<br />
da surpreendente<br />
China?<br />
Por enquanto,<br />
os ventos estão<br />
de feição, o semáforo<br />
está verde, mas há<br />
quem avise que ele vai<br />
passar rapidamente<br />
a amarelo, e preveja<br />
que a próxima<br />
tempestade<br />
económica<br />
e fi nanceira virá<br />
do “vermelho”<br />
Império do Meio.<br />
TEXTO DE FERNANDO CORREIA<br />
DE OLIVEIRA<br />
Martin Wolf faz notar que esses países emergentes têm<br />
conseguido taxas de crescimento da ordem dos 6 a 7<br />
por cento ao ano, “duplicam a sua economia em cada 12<br />
anos” e que os optimistas antevêem uma China mais<br />
rica que os Estados Unidos já daqui a 20 anos.<br />
O quadro é impressionante – a China conseguiu, em 20<br />
anos, passar o seu PIB do equivalente a 5 por cento do<br />
PIB norte-americano para os actuais 20 por cento. “Isso<br />
pode comparar-se com o quadro do Japão face aos EUA<br />
nos anos 50 do século XX”, faz notar Martin Wolf.<br />
Adepto das análises dos chamados “modelos longos”,<br />
o britânico salienta que a crise mundial vivida em<br />
2008/2009 foi a maior desde a Grande Depressão e que<br />
os factores da sua génese se encontram ainda todos presentes.<br />
A Grã-Bretanha, a exemplo da generalidade dos<br />
países ocidentais, regista défi ces apenas ocorridos em<br />
tempos de guerra. “Os países desenvolvidos não ultra-<br />
passarão tão cedo os efeitos da crise e não é seguro que o<br />
crescimento que temos vindo a assistir em países como<br />
a China, Índia, Brasil ou México seja sustentado”, diz.<br />
Martin Wolf traça um quadro negro – desastre fi scal<br />
iminente no Ocidente, aumento das desigualdades sociais,<br />
infl ação devido à subida de preço das matériasprimas<br />
não renováveis. “A China vai passar ao estádio<br />
de desenvolvimento mais exigente em termos de matérias-primas<br />
– o do aumento do consumo privado: carros,<br />
máquinas de lavar, frigorífi cos, televisões”, aponta.<br />
“O aumento do preço das matérias-primas é estrutural e<br />
não conjuntural. Se a China e a Índia quiserem ter o número<br />
de carros per capita igual ao dos Estados Unidos,<br />
não haverá petróleo que chegue”.<br />
O fl uxo de capital que nos últimos anos inverteu a tendência<br />
normal e começou a ir dos países pobres (com<br />
balanças comerciais positivas) para os países ricos (es-<br />
Especial Jóias Maio 2011 Fora de Série 53