ASSALTO ÀS JÓIAS DA MÃE - Económico - Sapo
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Estilo Nas paredes e nas portas dos armários do seu ‘atelier’, Eugenia tem expostos recortes e fotografias, imagens da princesa Elisabete da Bavaria, Sissi, que inspirou uma das suas colecções, retratos da actriz Elizabeth Taylor e alegorias várias, num ‘patchwork’ onde se cruzam a madre Teresa de Calcutá e Buda. É neste espaço colorido que a jovem de 33 anos desenha, em folhas A4 de esquissos e com lápis de cor, as formas e ângulos dos colares, pulseiras, brincos e anéis cravejados de pedras preciosas da marca. Sempre inspirada numa ideia, num sentimento, na sensação que a jóia deve provocar em quem a usa. “O meu pai é mais técnico, eu dou mais importância ao lado espiritual”, diz. Aos 13 anos, já desenhava jóias para ocupar a timidez, “como quem escreve um diário”. Descobriu o ioga aos 15 anos, estudou ‘design’ gráfico nos Estados Unidos. Tenta que tudo isso, todas as suas experiências e aprendizagem, trespasse cada novo trabalho que faz: “Há uma mensagem de amor, luxo e emoção sempre presente. Uma jóia tem que ser um mistério, como uma mulher”. Para quem cresceu naquela empresa, entre a pesagem das pedras – rigorosamente medidas e controladas à chegada – e os moldes de silicone ou plástico de cada pedaço de ouro e a arte de construção de uma jóia, os segredos são poucos. Eugenia coloca um anel “Rose”, em ouro branco e diamantes, na mão e informa que a peça é formada por 20 partes diferentes; mostra um colar “Black and White” e vira-o para comprovar a beleza do interior, que vai ficar junto ao peito. Depois, exibe um anel da colecção “atelier” – peças únicas feitas a partir de uma pedra preciosa – para explicar que o lapidado de cada diamante, safira, quartzo ou rubi, é criado 32 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011 NAS PAREDES DO ‘ATELIER’, EUGENI A TEM EXPOSTAS IMAGENS DA PRINCESA ELISABETE DA BAVAR IA, SISSI, QUE INSPIROU UMA DAS SUAS COLECÇÕES. Pasquale Bruni (no topo da página) criou a primeira colecção de joalharia com 20 anos. A sua fi lha, Eugenia Bruni (em cima), desenha jóias desde criança e está agora à frente do gabinete criativo. na Pasquale Bruni de acordo com o efeito de luz pretendido e depois patenteado para impedir qualquer cópia. A mais recente colecção que a Pasquale Bruni apresentou na feira de Basileia joga com as cores da pedraria para formar painéis que, olhados a partir do interior, evocam os vitrais de uma igreja. Os desenhos de Eugenia, feitos à mão, foram estudados pela equipa na dimensão exacta para o efeito e transferidos para o computador. As pedras vieram da Ásia e foram recebidas pela lente de aumentar atenta dos controladores de qualidade da empresa, que as medem, classificam e separam por tamanho com uma pinça. O ouro rosa foi fundido a partir de barras, despejado num molde, depois esculpido a laser, manuseado à mão para nele incrustar as pedras. Até finalmente, o trabalho poder ser dado como terminado. Dois meses é o tempo médio de criação de uma peça. Há que testar o resultado no gabinete de ‘design’ com pastas de moldar, protótipos em prata e pedras semi-preciosas, antes de partir para o nº1 de uma jóia. Depois, harmonizar as técnicas antigas com os equipamentos mais sofisticados, como a máquina de lapidação a laser. E há ainda o não menos importante ‘know-how’, que tem de ser aprendido e transmitido, com tempo e rigor. Os artesãos mais novos são escolhidos entre os estagiários da afamada escola de ‘design’ de joalharia de Valenza, explica Pasquale Bruni. “O segredo é decidir bem a quem entregar cada projecto, saber aproveitar as mais-valias de cada pessoa”, acrescenta. Todos trabalham ali com pedras contadas, preenchem relatórios, almoçam à mesma hora. A segurança impera no edifício: há separações por área
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Estilo<br />
Nas paredes e nas portas dos armários do seu ‘atelier’,<br />
Eugenia tem expostos recortes e fotografias,<br />
imagens da princesa Elisabete da Bavaria, Sissi,<br />
que inspirou uma das suas colecções, retratos da<br />
actriz Elizabeth Taylor e alegorias várias, num ‘patchwork’<br />
onde se cruzam a madre Teresa de Calcutá<br />
e Buda. É neste espaço colorido que a jovem de<br />
33 anos desenha, em folhas A4 de esquissos e com<br />
lápis de cor, as formas e ângulos dos colares, pulseiras,<br />
brincos e anéis cravejados de pedras preciosas<br />
da marca. Sempre inspirada numa ideia, num sentimento,<br />
na sensação que a jóia deve provocar em<br />
quem a usa. “O meu pai é mais técnico, eu dou mais<br />
importância ao lado espiritual”, diz. Aos 13 anos,<br />
já desenhava jóias para ocupar a timidez, “como<br />
quem escreve um diário”. Descobriu o ioga aos 15<br />
anos, estudou ‘design’ gráfico nos Estados Unidos.<br />
Tenta que tudo isso, todas as suas experiências e<br />
aprendizagem, trespasse cada novo trabalho que<br />
faz: “Há uma mensagem de amor, luxo e emoção<br />
sempre presente. Uma jóia tem que ser um mistério,<br />
como uma mulher”.<br />
Para quem cresceu naquela empresa, entre a pesagem<br />
das pedras – rigorosamente medidas e controladas<br />
à chegada – e os moldes de silicone ou plástico<br />
de cada pedaço de ouro e a arte de construção de<br />
uma jóia, os segredos são poucos. Eugenia coloca<br />
um anel “Rose”, em ouro branco e diamantes, na<br />
mão e informa que a peça é formada por 20 partes<br />
diferentes; mostra um colar “Black and White”<br />
e vira-o para comprovar a beleza do interior, que<br />
vai ficar junto ao peito. Depois, exibe um anel da<br />
colecção “atelier” – peças únicas feitas a partir de<br />
uma pedra preciosa – para explicar que o lapidado<br />
de cada diamante, safira, quartzo ou rubi, é criado<br />
32 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011<br />
NAS PAREDES DO<br />
‘ATELIER’, EUGENI A<br />
TEM EXPOSTAS<br />
IMAGENS <strong>DA</strong><br />
PRINCESA ELISABETE<br />
<strong>DA</strong> BAVAR IA, SISSI,<br />
QUE INSPIROU UMA<br />
<strong>DA</strong>S SUAS COLECÇÕES.<br />
Pasquale Bruni (no topo da página) criou a primeira colecção de<br />
joalharia com 20 anos. A sua fi lha, Eugenia Bruni (em cima), desenha<br />
jóias desde criança e está agora à frente do gabinete criativo.<br />
na Pasquale Bruni de acordo com o efeito de luz<br />
pretendido e depois patenteado para impedir qualquer<br />
cópia.<br />
A mais recente colecção que a Pasquale Bruni apresentou<br />
na feira de Basileia joga com as cores da pedraria<br />
para formar painéis que, olhados a partir<br />
do interior, evocam os vitrais de uma igreja. Os<br />
desenhos de Eugenia, feitos à mão, foram estudados<br />
pela equipa na dimensão exacta para o efeito e<br />
transferidos para o computador. As pedras vieram<br />
da Ásia e foram recebidas pela lente de aumentar<br />
atenta dos controladores de qualidade da empresa,<br />
que as medem, classificam e separam por tamanho<br />
com uma pinça. O ouro rosa foi fundido a partir<br />
de barras, despejado num molde, depois esculpido<br />
a laser, manuseado à mão para nele incrustar as<br />
pedras. Até finalmente, o trabalho poder ser dado<br />
como terminado.<br />
Dois meses é o tempo médio de criação de uma peça.<br />
Há que testar o resultado no gabinete de ‘design’<br />
com pastas de moldar, protótipos em prata e pedras<br />
semi-preciosas, antes de partir para o nº1 de uma<br />
jóia. Depois, harmonizar as técnicas antigas com os<br />
equipamentos mais sofisticados, como a máquina<br />
de lapidação a laser. E há ainda o não menos importante<br />
‘know-how’, que tem de ser aprendido e<br />
transmitido, com tempo e rigor.<br />
Os artesãos mais novos são escolhidos entre os estagiários<br />
da afamada escola de ‘design’ de joalharia<br />
de Valenza, explica Pasquale Bruni. “O segredo<br />
é decidir bem a quem entregar cada projecto, saber<br />
aproveitar as mais-valias de cada pessoa”, acrescenta.<br />
Todos trabalham ali com pedras contadas, preenchem<br />
relatórios, almoçam à mesma hora. A segurança<br />
impera no edifício: há separações por área