ASSALTO ÀS JÓIAS DA MÃE - Económico - Sapo

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14.05.2013 Views

Estilo cialista em pratas. Depois de passar por Nápoles sem se fi xar em qualquer trabalho, mudou-se para Roma. Ali, em 1879, começa a vender as suas pratas nas escadarias da Academia Francesa. Mas, em 1894, investe o que tem e abre a primeira loja na Via Condotti, em frente ao bem frequentado Caffe Grecco. Chama-lhe “Old Curiosity Shop”. Acha que um nome em inglês pode atrair clientes estrangeiros. Não se engana. Mais tarde, Sotirio abre outra joalharia em St. Moritz (onde todas as celebridades passam férias, logo, onde está o dinheiro). E os fi lhos Giorgio e Constantino, nascidos entretanto de um casamento arranjado com a grega Elena Basios, entram para o negócio. A Bulgari deixa assim de ser um negócio de Sotirio para passar a ser um negócio de família que atravessa gerações. Podia ter corrido mal. Mas não. Em 2002, em entrevista, Francesco Bulgari Trapani, explicou porquê: “Na nossa família temos conseguido manter as rédeas entre nós. Nem sempre é fácil. Em muitos casos, a difi culdade está não só em gerir o ‘business’, mas as relações políticas com os próprios familiares. Nesta, só eu opero nos negócios. Os meus tios são accionistas muito importantes, mas não têm funções executivas.” Só que, olhando para os 127 anos da Bulgari, Francesco Bulgari Trapani é quase fi cção científi ca. Porque difícil deve ter sido gerir o negócio quando ele estava a começar e não agora que ela é mundialmente conhecida como a marca de jóias das estrelas de cinema, sinónimo de um requinte à prova de bala. Difícil podia ter sido nessa altura. Mas na verdade nem isso. Porque quando Sotirio morreu, em 1932, a loja da 26 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011 “A DIFICULDA DE ESTÁ NÃO SÓ EM GERIR O ‘BUSINESS’, MAS AS RELAÇÕES POLÍTICAS COM OS PRÓPRIOS FA MILIA R ES”, DISSE FR ANCESCO BULGARI TR APANI. Cláudia Cardinale e Anna Magnani fazem hoje parte da história da Bulgari depois de terem assumido publicamente o gosto que tinham pelas linhas da marca italiana. Via Condotti transformou-se num ‘must see’ de Roma e as coisas começam a acontecer. Construída como uma casa privada, a loja funcionava como espaço para atender os clientes individualmente e tinha lá dentro um museu com a colecção de objectos de prata que foi desenhada por Constantino, um dos fi lhos de Sotirio. O mesmo Constantino, que numa das muitas visitas que fez a Lisboa, terá fi cado impressionado com uma peça de arte religiosa em prata encomendada pelo Rei D. João V a um artesão romano, de nome Giuseppe Gugliardi, que não conhecia. É que Constantino tinha fi cado a gerir as lojas do pai, mas não era um entendido em joalharia. Problema que deixou de existir porque o fi lho de Sotirio decidiu, então, que iria estudar esta arte. A internacionalização da Bulgari dá-se em 1970. A família abre uma loja em Nova Iorque, Genebra, Montecarlo e Paris. Sete anos depois decide inovar e entra no negócio dos relógios. Por esta altura, Giorgio, irmão de Constantino, já tinha passado o negócio ao fi lho Gianni, que (a dada altura tem sempre de haver uma geração menos inspirada ou mais inpirada para outras coisas) depois de estar à frente da empresa durante alguns anos a abandona. Assim, em 1984, Gianni sai da empresa da família. Mas não se fi ca por aí. Cria mesmo a sua própria linha de relógios, a “Enigma GB”, produzida em Genebra. Ainda assim a Bulgari não cai em desgraça (a família treme, mas a empresa não). Paolo, irmão de Gianni, assume o comando da marca. E abre uma loja no Japão (em 1986). Seis anos depois lança o primeiro perfume Bulgari, “Cologne au thé vert”. Por esta altura, em Roma, a loja da Via Condotti, com FOTOGRAFIAS CEDIDAS PELA MARCA

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Estilo<br />

cialista em pratas. Depois de passar por Nápoles sem<br />

se fi xar em qualquer trabalho, mudou-se para Roma.<br />

Ali, em 1879, começa a vender as suas pratas nas escadarias<br />

da Academia Francesa. Mas, em 1894, investe<br />

o que tem e abre a primeira loja na Via Condotti, em<br />

frente ao bem frequentado Caffe Grecco. Chama-lhe<br />

“Old Curiosity Shop”. Acha que um nome em inglês<br />

pode atrair clientes estrangeiros. Não se engana.<br />

Mais tarde, Sotirio abre outra joalharia em St. Moritz<br />

(onde todas as celebridades passam férias, logo,<br />

onde está o dinheiro). E os fi lhos Giorgio e Constantino,<br />

nascidos entretanto de um casamento arranjado<br />

com a grega Elena Basios, entram para o negócio.<br />

A Bulgari deixa assim de ser um negócio de Sotirio<br />

para passar a ser um negócio de família que atravessa<br />

gerações.<br />

Podia ter corrido mal. Mas não. Em 2002, em entrevista,<br />

Francesco Bulgari Trapani, explicou porquê:<br />

“Na nossa família temos conseguido manter as rédeas<br />

entre nós. Nem sempre é fácil. Em muitos casos,<br />

a difi culdade está não só em gerir o ‘business’,<br />

mas as relações políticas com os próprios familiares.<br />

Nesta, só eu opero nos negócios. Os meus tios<br />

são accionistas muito importantes, mas não têm<br />

funções executivas.”<br />

Só que, olhando para os 127 anos da Bulgari, Francesco<br />

Bulgari Trapani é quase fi cção científi ca. Porque<br />

difícil deve ter sido gerir o negócio quando ele<br />

estava a começar e não agora que ela é mundialmente<br />

conhecida como a marca de jóias das estrelas de<br />

cinema, sinónimo de um requinte à prova de bala.<br />

Difícil podia ter sido nessa altura. Mas na verdade<br />

nem isso.<br />

Porque quando Sotirio morreu, em 1932, a loja da<br />

26 Fora de Série Especial Jóias Maio 2011<br />

“A DIFICUL<strong>DA</strong> DE<br />

ESTÁ NÃO SÓ<br />

EM GERIR O<br />

‘BUSINESS’, MAS<br />

AS RELAÇÕES<br />

POLÍTICAS COM<br />

OS PRÓPRIOS<br />

FA MILIA R ES”,<br />

DISSE FR ANCESCO<br />

BULGARI TR APANI.<br />

Cláudia Cardinale e Anna Magnani fazem hoje parte da história da<br />

Bulgari depois de terem assumido publicamente o gosto que tinham<br />

pelas linhas da marca italiana.<br />

Via Condotti transformou-se num ‘must see’ de<br />

Roma e as coisas começam a acontecer. Construída<br />

como uma casa privada, a loja funcionava como<br />

espaço para atender os clientes individualmente e<br />

tinha lá dentro um museu com a colecção de objectos<br />

de prata que foi desenhada por Constantino, um<br />

dos fi lhos de Sotirio.<br />

O mesmo Constantino, que numa das muitas visitas<br />

que fez a Lisboa, terá fi cado impressionado com uma<br />

peça de arte religiosa em prata encomendada pelo<br />

Rei D. João V a um artesão romano, de nome Giuseppe<br />

Gugliardi, que não conhecia. É que Constantino<br />

tinha fi cado a gerir as lojas do pai, mas não era<br />

um entendido em joalharia. Problema que deixou de<br />

existir porque o fi lho de Sotirio decidiu, então, que<br />

iria estudar esta arte.<br />

A internacionalização da Bulgari dá-se em 1970. A família<br />

abre uma loja em Nova Iorque, Genebra, Montecarlo<br />

e Paris. Sete anos depois decide inovar e entra<br />

no negócio dos relógios. Por esta altura, Giorgio,<br />

irmão de Constantino, já tinha passado o negócio ao<br />

fi lho Gianni, que (a dada altura tem sempre de haver<br />

uma geração menos inspirada ou mais inpirada para<br />

outras coisas) depois de estar à frente da empresa<br />

durante alguns anos a abandona.<br />

Assim, em 1984, Gianni sai da empresa da família.<br />

Mas não se fi ca por aí. Cria mesmo a sua própria linha<br />

de relógios, a “Enigma GB”, produzida em Genebra.<br />

Ainda assim a Bulgari não cai em desgraça (a<br />

família treme, mas a empresa não). Paolo, irmão de<br />

Gianni, assume o comando da marca. E abre uma loja<br />

no Japão (em 1986). Seis anos depois lança o primeiro<br />

perfume Bulgari, “Cologne au thé vert”.<br />

Por esta altura, em Roma, a loja da Via Condotti, com<br />

FOTOGRAFIAS CEDI<strong>DA</strong>S PELA MARCA

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