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Cadernos do CNLF - Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e ...

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<strong>Círculo</strong> <strong>Fluminense</strong> <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>Filológicos</strong> e Linguísticos<br />

AO LUDOVICO MELO LUSITANO<br />

EPIGRAMA XXXVI 19<br />

Atribuíram, ó Lu<strong>do</strong>vico, cognomes gregos para o [teu] povo<br />

[como] os meles <strong>de</strong>rrama<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s favos <strong>de</strong> mel <strong>de</strong> néctar.<br />

Deste lugar tantos cantos <strong>do</strong>s lábios melodiosos a ti ecoam<br />

e o canto sempre se espalha na boca <strong>do</strong> [monte] Hibla.<br />

E <strong>de</strong>ste lugar tu tens um <strong>do</strong>ce engenho e muitas vezes,<br />

os peitos unta<strong>do</strong>s com o orvalho <strong>do</strong> ar [exalam um cheiro agradável]<br />

a ti.<br />

Não só a cabeleira <strong>de</strong> Febo, coroada pelo tomilho, como<br />

também<br />

a <strong>de</strong> Baco, cingida pelo amelo, sobrepuja em a<strong>do</strong>rno as ma<strong>de</strong>ixas.<br />

Embora aquele seja orna<strong>do</strong> pelo loureiro e este, pelos cachos<br />

<strong>de</strong> hera,<br />

e entre outros 20 /assuntos tu/, próprio, és o maior <strong>do</strong> que ambos<br />

os <strong>de</strong>uses.<br />

E finalmente, analisaremos o poema XLIV, <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a<br />

Pedro Antonio Aziarolo. É um epigrama votivo, como veremos<br />

a seguir:<br />

AD PETRUM ANTONIUM AZIAROLUM<br />

EPIGRAMMA XLIV<br />

Excitor, atque premor spe, spes me fertque, refertque,<br />

Scilicet ut refugus volvitur Oceanus.<br />

Petre, licet sperare tamen, quo longior illa est,<br />

19 Epigrama XXXVI: Literário. O olhar <strong>do</strong> poeta neste epigrama está volta<strong>do</strong> para<br />

elogiar Lu<strong>do</strong>vico Melo Lusitano. Seu sobrenome Melo nos lembra o mel, diz o mesmo<br />

que os sobrenomes <strong>do</strong> povo <strong>de</strong> Lu<strong>do</strong>vico estão imbuí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vocábulos gregos<br />

como os meles que são <strong>de</strong>rrama<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s seus favos. A seguir, o poeta faz uso da<br />

sinestesia para tecer encômios a Lu<strong>do</strong>vico tais como: “tantos cantos <strong>do</strong>s lábios melodiosos”,<br />

“tu tens um <strong>do</strong>ce engenho”, “os peitos unta<strong>do</strong>s com o orvalho <strong>do</strong> ar exalam<br />

um cheiro agradável”. Logo em seguida, Caia<strong>do</strong> faz alusão à beleza <strong>do</strong>s Deuses<br />

Febo e Baco para afirmar que Lu<strong>do</strong>vico é maior <strong>do</strong> que ambos os Deuses.<br />

20 Acusativo <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> vista.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: CiFEFiL, 2009 81

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