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Cadernos do CNLF - Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e ...

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<strong>Círculo</strong> <strong>Fluminense</strong> <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>Filológicos</strong> e Linguísticos<br />

Clube da Esquina 2<br />

(Milton Nascimento,<br />

Lô Borges e Márcio Borges)<br />

Porque se chamava moço<br />

Também se chamava estrada<br />

Viagem <strong>de</strong> ventania<br />

Nem lembra se olhou pra trás<br />

Ao primeiro passo, aço, aço, aço...<br />

Porque se chamavam homens<br />

Também se chamavam sonhos<br />

E sonhos não envelhecem<br />

Em meio a tantos gases lacrimogêneos<br />

Ficam calmos, calmos, calmos...<br />

E lá se vai mais um dia...<br />

E basta contar compasso<br />

E basta contar consigo<br />

Que a chama não tem pavio<br />

De tu<strong>do</strong> se faz canção<br />

E o coração na curva <strong>de</strong> um rio, rio,<br />

rio...<br />

De tu<strong>do</strong> se faz canção<br />

E o coração na curva <strong>de</strong> um rio, rio,<br />

rio...<br />

E lá se vai mais um dia...<br />

E o rio <strong>de</strong> asfalto e gente<br />

Entorna pelas la<strong>de</strong>iras<br />

Entope o meio-fio<br />

Esquina mais <strong>de</strong> um milhão<br />

Quero ver então a gente, gente, gente...<br />

E daí?<br />

(Milton Nascimento<br />

e Ruy Guerra)<br />

Tenho nos olhos quimeras<br />

Com o brilho <strong>de</strong> trinta velas<br />

Do sexo pulam sementes<br />

Explodin<strong>do</strong> locomotivas<br />

Tenho os intestinos roucos<br />

Num rosário <strong>de</strong> lombrigas<br />

Os meus músculos são poucos<br />

Pra essa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> intrigas<br />

Meus gritos afro-lati<strong>do</strong>s<br />

Implo<strong>de</strong>m, rasgam, esganam<br />

E nos meus <strong>de</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong>rmi<strong>do</strong>s<br />

A lua das unhas ganem<br />

E daí?<br />

Meu sangue <strong>de</strong> mangue sujo<br />

Sobe a custo, a contragosto<br />

E tu<strong>do</strong> aquilo que fujo<br />

Tirou prêmio, aval e posto<br />

Entre hinos e chicanas<br />

Entre <strong>de</strong>ntes, entre <strong>de</strong><strong>do</strong>s<br />

No meio <strong>de</strong>ssas bananas<br />

Os meus ódios e os meus me<strong>do</strong>s<br />

E daí?<br />

Iguarias na baixela<br />

Vinhos finos nesse odre<br />

E nessa <strong>do</strong>r que me pela<br />

Só meu ódio não é podre<br />

Tenho séculos <strong>de</strong> espera<br />

Nas contas das minhas costelas<br />

Tenho nos olhos quimeras<br />

Com o brilho <strong>de</strong> trinta velas<br />

E daí?<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: CiFEFiL, 2009 161

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