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Cadernos do CNLF - Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e ...

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154<br />

LIVRO DOS MINICURSOS<br />

b) I<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> “eu poético” e seus possíveis interlocutores<br />

(“quem” fala através da “letra” e “para quem” fala);<br />

c) Desenvolvimento: qual a fábula narrada (quan<strong>do</strong> for o caso); quais<br />

as imagens poéticas utilizadas; léxico e sintaxe pre<strong>do</strong>minantes;<br />

d) Forma: tipos <strong>de</strong> rimas e formas poéticas;<br />

e) Ocorrência <strong>de</strong> figuras e gêneros literários (alegoria, metáfora, metonímia,<br />

paródia, paráfrase etc.);<br />

f) Ocorrência <strong>de</strong> intertextualida<strong>de</strong> literária (citação <strong>de</strong> outros textos literários<br />

e discursos. (Napolitano, 2002, p. 98)<br />

O conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> praticamente to<strong>do</strong>s esses quesitos já foi contempla<strong>do</strong><br />

nas interpretações empreendidas até aqui. Com relação ao<br />

item b, “quem” fala por meio da letra e “para quem”, tome-se como<br />

exemplo a canção Pai Gran<strong>de</strong>, música e letra <strong>de</strong> Milton Nascimento,<br />

a qual prova que o compositor também é um gran<strong>de</strong> letrista, sem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> seus parceiros (Canção <strong>do</strong> sal e Que bom, amigo representam<br />

outros belos exemplos disso): “Meu pai gran<strong>de</strong> / Inda me lembro<br />

/ E que sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> você / Dizen<strong>do</strong>: ‘Eu já criei seu pai, / Hoje vou<br />

criar você, / Inda tenho muita vida pra viver’ (...).” Aqui o enuncia<strong>do</strong>r<br />

louva seu “Pai Gran<strong>de</strong>”, exaltan<strong>do</strong> sua raça e o que apren<strong>de</strong>u<br />

com ele. As imagens poéticas enaltecem essa figura, com quem ele<br />

apren<strong>de</strong>u a sentir “um amor tão longe <strong>de</strong> mentiras”. As imagens são<br />

apresentadas seguin<strong>do</strong> um ritmo expressivo, a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> à marcha <strong>do</strong><br />

pensamento e às flutuações da emoção. Esse ritmo expressivo, em<br />

estilística, é<br />

um suporte sensível à comunicação intelectual, um acalanto, um ajuste<br />

aos ouvi<strong>do</strong>s e, através <strong>de</strong>les, à imaginativa, uma como realização plástica<br />

<strong>do</strong> significa<strong>do</strong>, qualquer coisa como aquela tentativa <strong>de</strong> Walt Disney, em<br />

Fantasia, <strong>de</strong> ir traduzin<strong>do</strong> visualmente a música. (Melo, 1976, p. 104)<br />

Uma mesma melodia po<strong>de</strong> ter duas letras distintas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

e simultaneamente complementares, resultan<strong>do</strong> em duas canções<br />

que po<strong>de</strong>m ser gravadas <strong>de</strong> forma individual (Gonzaguinha gravou<br />

a primeira versão, apenas) ou uma em sequência à outra (gravação<br />

<strong>de</strong> Milton Nascimento com Elis Regina). É o caso <strong>de</strong> O que foi<br />

feito <strong>de</strong>verá e O que foi feito <strong>de</strong> Vera, música <strong>de</strong> Milton com letra <strong>de</strong><br />

Fernan<strong>do</strong> Brant, no primeiro caso, e <strong>de</strong> Márcio Borges, no segun<strong>do</strong>.<br />

Como traços estilísticos que as unem, novamente as referências à<br />

amiza<strong>de</strong>, aos sonhos, ao futuro que virá (“Outros outubros virão, outras<br />

manhãs / Plenas <strong>de</strong> sol e <strong>de</strong> luz”). Nos versos “Quan<strong>do</strong> o cansa-<br />

<strong>Ca<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>do</strong> <strong>CNLF</strong>, Vol. XIII, Nº 03

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