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FURLAN, Mauri. “Apresentação”, in Marli de Oliveira Castro, Elizete Aparecida de Marco, Rozalir Burigo
Coan. Febo e Jacinto: uma amizade para sempre. Florianópolis: UFSC, 2003.
APRESENTAÇÃO
Ao dizermos que a literatura ocidental foi gerada na narrativa homérica e
acalentada na imitação e emulação romanas, estamos também afirmando que foi fundada
sobre a mitologia. Entre os grandes valores dos mitos está sua capacidade de expressar a
essência da alma humana e a manifestação da realidade circundante. Literatura é a fusão
da arte e a vida. A mitologia grega, e toda sua literatura, sempre fascinou os habitantes do
Lácio, que a retransmitiram a seus descendentes, como agora o fazemos aos nossos. Ao
recontarmos a literatura latina, recuperamos nossas origens culturais e promovemos sua
pervivência.
O projeto de adaptação de textos da literatura latina para crianças e sua edição
como literatura infantil é digno de louvor e estímulo! Educar, formar e informar seres
humanos caracteriza a nobre tarefa dos educadores. O trabalho que Zilma Gesser Nunes
vem desenvolvendo na disciplina “Tradução e Edição de Textos de Literatura Latina”, do
curso de Letras da UFSC, revela-se como uma possibilidade de enriquecimento da
literatura infantil através da difusão das mais belas páginas da literatura clássica latina.
Os bons trabalhos devem ser divulgados: Imprimatur!
Febo e Jacinto – uma amizade para sempre, de Marli de Oliveira Castro, Elizete
Aparecida de Marco e Rozalir Burigo Coan, reapresenta o mito de uma grande amizade
entre dois jovens e sua transformação ante a morte de um deles, a história de uma
amizade imortalizada nos jacintos que renascem a cada primavera. Embora tenham
partido do relato de Ovídio, em Metamorfoses, livro X, as autoras optaram pela adaptação
de uma variação do mito. Diferentemente desta, na narração de Ovídio, Jacinto morre
quando, durante um jogo entre os dois amigos, o disco lançado por Apolo é redirecionado
pelo vento e atinge a face de seu amigo. E do sangue de Jacinto brota a flor da amizade.

De uma forma ou de outra, aí está o mito em sua perenidade e significação para o
desfrute do leitor!
Mauri Furlan
Professor de Latim – UFSC