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Vocabulário Controlado - Repositório da Universidade Federal ...

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<strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong>: uma experiência interdisciplinar no controle<br />

terminológico do Sistema de Bibliotecas <strong>da</strong> UFF<br />

Elizabeth Abib Vasconcelos Dias (UFF) bethabib@hotmail.com<br />

Fabiana Menezes Santos <strong>da</strong> Silva (UFF) bibliofa@yahoo.com.br<br />

Ilva Pereira Lima Becker (UFF) ilva@ndc.uff.br<br />

Resumo: Este trabalho relata o desenvolvimento do <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong> do Sistema de<br />

Bibliotecas <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de <strong>Federal</strong> Fluminense (UFF). Informa a finali<strong>da</strong>de do Grupo de<br />

Terminologia(GT) responsável por sua manutenção. Enfatiza a problemática <strong>da</strong> criação de<br />

um instrumento de controle terminológico que abranja to<strong>da</strong>s as áreas do conhecimento e<br />

apresenta o <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong> como a ferramenta mais adequa<strong>da</strong> à reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

bibliotecas universitárias. Discorre sobre os referenciais teóricos (Teoria <strong>da</strong> Classificação<br />

Faceta<strong>da</strong>, Teoria Geral <strong>da</strong> Terminologia e Teoria do Conceito)que norteiam as ativi<strong>da</strong>des do<br />

GT no desenvolvimento <strong>da</strong> Política de Indexação e descreve a estrutura geral do <strong>Vocabulário</strong><br />

<strong>Controlado</strong> do Sistema.<br />

Palavras-chave: <strong>Vocabulário</strong> controlado; Política de indexação; Recuperação <strong>da</strong><br />

informação; Biblioteca universitária.<br />

1. Introdução<br />

Nas últimas déca<strong>da</strong>s, as tendências apontam para o delineamento <strong>da</strong> Era <strong>da</strong> Informação<br />

caracteriza<strong>da</strong> por um período de profun<strong>da</strong>s transformações pessoais, sociais e culturais.<br />

Tais transformações têm seu marco com a Explosão Documentária; período marcado pela<br />

produção de milhares de documentos contendo os resultados de pesquisas nas áreas de<br />

Ciência e Tecnologia (C&T) e de produção industrial de bens e serviços. Este forte impulso<br />

no desenvolvimento científico e tecnológico exige sistemas de organização, processamento e<br />

recuperação <strong>da</strong> informação que sejam bem estruturados.<br />

O mesmo acontece nas bibliotecas, e outras uni<strong>da</strong>des de informação, no que se refere às<br />

mu<strong>da</strong>nças na estrutura organizacional, à incorporação de novas tecnologias, à cooperação com<br />

outras instituições similares, à busca de excelência nos serviços de atendimento aos usuários e<br />

no oferecimento de produtos de informação. Neste contexto, a recuperação <strong>da</strong> informação<br />

alia<strong>da</strong> ao impacto <strong>da</strong> revolução eletrônica nas bibliotecas possibilitaram um acesso rápido e<br />

eficiente às informações, beneficiando tanto aos usuários quanto aos bibliotecários no<br />

processo de armazenamento, tratamento e recuperação <strong>da</strong> informação.<br />

1


Buscando adequar-se às exigências deste novo cenário informacional o Núcleo de<br />

Documentação 1 (NDC) <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de <strong>Federal</strong> Fluminense (UFF) implementou em 2000 o<br />

Programa de Modernização <strong>da</strong> Infra-estrutura de Acesso à Informação o qual possibilitou,<br />

entre outras melhorias, a informatização do catálogo <strong>da</strong>s bibliotecas <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de e a<br />

possibili<strong>da</strong>de do seu acesso via internet.<br />

Face a estas tecnologias de informação fez-se necessário o estabelecimento de novas<br />

diretrizes metodológicas para construção de um instrumento de tratamento e recuperação <strong>da</strong><br />

informação.<br />

Neste cenário, constitui-se o Grupo de Trabalho em Terminologia (GT), formado por<br />

bibliotecários do NDC com objetivo de elaborar uma metodologia de construção de um<br />

<strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong> para a indexação do acervo bibliográfico <strong>da</strong> UFF.<br />

2. O GT e o desafio frente às novas tecnologias<br />

Durante algum tempo nas bibliotecas do Núcleo de Documentação <strong>da</strong> UFF, assim como em<br />

muitos outros Sistemas de Informação, o tratamento informacional era realizado de acordo<br />

com a tradição biblioteconômica. Nestes Sistemas a recuperação <strong>da</strong>s informações era feita<br />

através dos catálogos em ficha com pontos de acessos múltiplos.<br />

Para atender a tecnologia desta época (o catálogo em fichas) foram desenvolvidos no final do<br />

século XIX os cabeçalhos de assuntos que tem por base a linguagem natural e cuja uni<strong>da</strong>de de<br />

representação é o assunto que pode ser simples (representando uma ideia) ou composto<br />

(representando mais de uma ideia). No caso dos assuntos compostos utiliza-se o método de<br />

inversão sintática, a fim de permitir ao usuário a recuperação de to<strong>da</strong>s as palavras no catálogo<br />

de assunto. Vale ressaltar, também, que por tratar-se de um sistema pré-coordenado, o<br />

indexador devia pensar em to<strong>da</strong>s as maneiras como o usuário poderia buscar a informação.<br />

Com o advento <strong>da</strong> tecnologia, a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s informações se dá em bases de <strong>da</strong>dos<br />

automatiza<strong>da</strong>s e a busca é feita com a utilização do método boleano, que permite a<br />

combinação de assuntos de forma mais prática (sistema pós-coordenado). A uni<strong>da</strong>de de<br />

representação temática do documento já não precisa mais ser o assunto, mas pode ser a<br />

reunião de conceitos.<br />

1 O Núcleo de Documentação (NDC) foi criado em 1969. O NDC tem por objetivo coordenar técnica e<br />

administrativamente o Sistema de Bibliotecas e Arquivos <strong>da</strong> UFF e sua missão é propiciar recursos<br />

informacionais e assessoria técnica na área de documentação, por meio de redes e sistemas, facilitando o acesso<br />

à informação em tempo hábil.<br />

2


Percebe-se, portanto, a necessi<strong>da</strong>de de criação de uma nova forma de acesso à informação. A<br />

opção imediata foram os descritores. O emprego de palavras-chave foi a primeira reação<br />

quando se pensou em romper com o tradicional cabeçalho de assuntos. Porém, a utilização de<br />

palavras-chave sem nenhum tipo de padronização traz problemas para a recuperação, quando<br />

força o usuário a selecionar a informação de uma gama de documentos sem interesse<br />

recuperados em conjunto com o que ele deseja, revelando um alto índice de revocação. Como<br />

exemplo, a palavra “Indexação” que para um usuário <strong>da</strong> área de Economia possui sentido<br />

diferente do adotado por usuários <strong>da</strong> área de Biblioteconomia. Ou “Mecânica dos Fluidos”<br />

que possui sentidos diferenciados para as áreas de Física e Engenharia.<br />

Outra opção foi a utilização do tesauro, que do mesmo modo não se mostrou adequado por se<br />

tratar de “um instrumento que reúne conceitos de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> área do conhecimento<br />

relacionados entre si.” (CAMPOS, 2001, p.91, grifo nosso).<br />

Em acervos gerais, como é o caso do Sistema de Bibliotecas <strong>da</strong> UFF, haveria a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

criação de vários tesauros que não se relacionariam entre si por representarem estruturas de<br />

termos relacionados semântica e genericamente que cobrem um domínio específico do<br />

conhecimento (UNESCO, 1973, p.6 apud CAMPOS, 2001, p.90, grifo nosso). A utilização<br />

deste instrumento de padronização terminológica tornar-se-ia, portanto, cara e inadequa<strong>da</strong><br />

para acervos gerais, tanto no que tange à tecnologia como na representação do conhecimento.<br />

Poderíamos optar, ain<strong>da</strong>, pelas taxonomias. Estas, no entanto, também não se mostraram<br />

adequa<strong>da</strong>s pois, segundo Bailey, 2007; Gilchrist, 2003; Op<strong>da</strong>hl, & Sindre, 1994 apud<br />

Campos; Gomes (2007, p.3), as taxonomias atualmente são estruturas classificatórias que têm<br />

por finali<strong>da</strong>de servir de instrumento para a organização e recuperação de informação e que<br />

estão sendo vistos como meios de acesso atuando como mapas conceituais dos tópicos<br />

explorados em um serviço de recuperação.<br />

Estas taxonomias se caracterizam por:<br />

Conter uma lista estrutura<strong>da</strong> de conceitos/termos de um domínio.<br />

Incluir termos sem definição, somente com relações hierárquicas.<br />

Possibilitar a organização e recuperação de informação através de<br />

navegação. [...]<br />

Ser um instrumento de organização intelectual, atuando como um mapa<br />

conceitual dos tópicos explorados em um Sistema de Recuperação de<br />

Informação. (CAMPOS; GOMES, 2007, p.3-4, grifo nosso)<br />

Assim como os tesauros, as taxonomias, embora constituam listas estrutura<strong>da</strong>s, não incluem<br />

as definições de seus conceitos, o que para a representação e recuperação <strong>da</strong> informação em<br />

acervos gerais não procede, <strong>da</strong><strong>da</strong> a diversi<strong>da</strong>de e complexi<strong>da</strong>de de seus termos.<br />

3


A ontologia, por sua vez, é defini<strong>da</strong> como “um conjunto de conceitos e termos que podem ser<br />

usados para descrever alguma área do conhecimento ou construir uma representação para o<br />

conhecimento” (SWATOUT; TATE, 1999). Uma ontologia, portanto, cabe para a<br />

representação do conhecimento, mas não para a recuperação <strong>da</strong> informação conti<strong>da</strong> no acervo<br />

<strong>da</strong>s bibliotecas <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de.<br />

Percebe-se, então, que embora existam ferramentas varia<strong>da</strong>s, as mesmas não atendem às<br />

necessi<strong>da</strong>des do Sistema de Bibliotecas <strong>da</strong> UFF por se tratarem, principalmente, de “modelos”<br />

direcionados a domínios específicos.<br />

Firma-se, assim, um desafio ao GT: trabalhar com as questões referentes à terminologia<br />

dentro de um Sistema de Bibliotecas que engloba to<strong>da</strong>s as áreas do conhecimento, tendo<br />

como base teorias e aplicações modernas volta<strong>da</strong>s, em sua maioria, para áreas, escopos e/ou<br />

domínios específicos.<br />

3. <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong> e o referencial teórico para o seu desenvolvimento<br />

A problemática <strong>da</strong> manipulação de <strong>da</strong>dos e termos em um sistema de bibliotecas que abranja<br />

to<strong>da</strong>s as áreas do conhecimento esbarra na necessi<strong>da</strong>de de que se represente não somente<br />

assuntos tópicos de uma área, mas também seus limites temporais, espaciais e de abrangência<br />

bem como a inter-relação entre os termos dessa mesma área e destes com outras áreas do<br />

conhecimento.<br />

Segundo Lancaster (2004, p.14) “um vocabulário controlado é essencialmente uma lista de<br />

termos autorizados” cuja estrutura destina-se, especialmente, a: (1) controlar sinônimos<br />

optando-se por uma única forma padroniza<strong>da</strong>, com remissivas de to<strong>da</strong>s as outras formas; (2)<br />

diferenciar homógrafos; (3) reunir ou ligar termos cujos significados apresentem uma relação<br />

mais estreita entre si.<br />

A opção pelo desenvolvimento de um <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong>, como instrumento<br />

terminológico, levou em conta que, dentre as ferramentas disponíveis (palavras-chave,<br />

tesauros, taxonomias ou ontologias), foi a que mais se mostrou compatível na organização,<br />

processamento e recuperação <strong>da</strong> informação do Sistema de Bibliotecas <strong>da</strong> UFF.<br />

As bases teóricas e metodológicas para o trabalho do GT pautaram-se na Teoria <strong>da</strong><br />

Classificação Faceta<strong>da</strong> de S. R. Ranganathan, na Teoria <strong>da</strong> Terminologia de Eugen Wüester e<br />

na Teoria do Conceito de Ingetraut Dahlberg como descreveremos sucintamente a seguir<br />

(CAMPOS, 2001).<br />

4


3.1 Teoria <strong>da</strong> Classificação Faceta<strong>da</strong><br />

A teoria <strong>da</strong> classificação faceta<strong>da</strong> foi desenvolvi<strong>da</strong> pelo indiano, S. R. Ranganathan, na<br />

déca<strong>da</strong> de 30, a partir <strong>da</strong> Classificação dos Dois Pontos.<br />

Ele elaborou um esquema de classificação que pudesse acompanhar as mu<strong>da</strong>nças e a evolução<br />

do conhecimento e adota a terminologia ”classificação de assunto”, abolindo o uso do termo<br />

“classificação bibliográfica”, que irá representar o conhecimento produzido e registrado pelo<br />

ser humano.<br />

Seu esquema possuirá dupla função: permitir a organização do documento nas estantes e<br />

representar o conhecimento registrado em áreas de conhecimento.<br />

O universo de trabalho <strong>da</strong> classificação se <strong>da</strong>rá em três planos: o plano <strong>da</strong>s ideias, que será o<br />

universo do conhecimento, o plano verbal e o plano notacional, que estarão no universo dos<br />

documentos.<br />

Ranganathan vislumbra uma Teoria Dinâmica do Conhecimento; introduz para tanto o<br />

conceito <strong>da</strong> hospitali<strong>da</strong>de em muitos pontos 2 que possibilita ao esquema de classificação<br />

acompanhar a dinâmica do conhecimento a partir de diversos mecanismos, tais como:<br />

ampliação <strong>da</strong> base notacional e dos renques, organização <strong>da</strong> estrutura classificatória com base<br />

nas categorias fun<strong>da</strong>mentais PMEST e adoção do método analítico-sintético.<br />

Os elementos <strong>da</strong> estrutura classificatória na Teoria <strong>da</strong> Classificação Faceta<strong>da</strong> são: uni<strong>da</strong>des<br />

classificatórias (assunto básico e idéia isola<strong>da</strong>), características, renques e cadeias (classes de<br />

conceitos), facetas (básicas e isola<strong>da</strong>s) e categorias fun<strong>da</strong>mentais.<br />

3.2 Teoria <strong>da</strong> Terminologia<br />

Nos anos 30 o engenheiro Eugen Wüester desenvolveu a Teoria Geral <strong>da</strong> Terminologia<br />

(TGT) como uma disciplina científica que possibilita uma base para o trabalho terminológico<br />

que tem por objetivo a fixação de conceitos, visando à elaboração de definições orgânicas,<br />

além de estabelecer regras para a criação de novos termos.<br />

A TGT busca estabelecer princípios que visam propiciar uma correspondência exata entre<br />

conceitos e termos, para facilitar a comunicação nos vários domínios <strong>da</strong> Ciência e Tecnologia.<br />

Neste âmbito vigoram o princípio <strong>da</strong> univoci<strong>da</strong>de (correspondência única entre<br />

2 “O Princípio <strong>da</strong> Hospitali<strong>da</strong>de foi considerado, inicialmente, como a proprie<strong>da</strong>de que um Esquema de<br />

Classificação possui para receber novos assuntos. (...) O conceito inicial de Hospitali<strong>da</strong>de só permitia a inclusão<br />

de novos assuntos dentro <strong>da</strong>s classes principais e subclasses.” (CAMPOS, 2001, p.47)<br />

5


significante/significado) e o princípio <strong>da</strong> monorreferenciali<strong>da</strong>de (um significante<br />

terminológico, mesmo complexo, representa um conjunto conceitual único).<br />

O trabalho terminológico na TGT tem por base o conceito (uni<strong>da</strong>de de pensamento), o termo<br />

(uni<strong>da</strong>de de comunicação do conceito), a definição (forma de descrição do conceito) e as<br />

relações entre os conceitos (relações lógicas ou ontológicas) formando, assim, um sistema de<br />

conceitos.<br />

3.3 Teoria do Conceito<br />

A Teoria do Conceito foi desenvolvi<strong>da</strong> por Ingetraut Dahlberg, na déca<strong>da</strong> de 70 e aplica<strong>da</strong><br />

especificamente na elaboração de tesauros.<br />

A Teoria do Conceito possibilitou uma base mais sóli<strong>da</strong> para a determinação<br />

e o entendimento do que consideramos conceito, para fins de<br />

representação/recuperação <strong>da</strong> informação. [...]<br />

Os princípios <strong>da</strong> Teoria do Conceito têm-se mostrado úteis para a elaboração<br />

de tesauros porque fornecem bases seguras, tanto para o estabelecimento de<br />

relações, como para sua realização no plano verbal, ou seja, a determinação<br />

do que se denomina termo. (CAMPOS, 2001, p.87)<br />

A Teoria do Conceito possibilitou um método para a fixação do conteúdo do conceito e para<br />

seu posicionamento em um sistema de conceitos. O conceito não é mais apenas um elemento<br />

de significação do termo. É uma uni<strong>da</strong>de do conhecimento 3 , pois conhecimento pressupõe um<br />

entendimento objetivo de algo observável, aceitável e reconhecido, por indivíduos de uma<br />

mesma área de interesse/profissão/especiali<strong>da</strong>de, de proposições ver<strong>da</strong>deiras e passíveis de<br />

serem comunica<strong>da</strong>s através de uma forma verbal (DAHLBERG apud CAMPOS, 2001,<br />

p.102). Os elementos formadores de uma uni<strong>da</strong>de do conhecimento são: o referente, a forma<br />

verbal e suas características (que podem ser características essenciais explícitas e implícitas,<br />

características acidentais ou características individualizantes) e que poderão ter relações de<br />

gênero/espécie, relações partitivas, relações de oposição, relações funcionais (coisa-processo,<br />

material-produto) e relações de equivalência (sinônimos e homônimos).<br />

O conceito pode ser expresso por uma ou mais palavras. A palavra, neste contexto, é a<br />

uni<strong>da</strong>de de significação e o assunto de um documento se dá pela reunião de conceitos.<br />

4. A gênese do <strong>Vocabulário</strong> e sua estrutura<br />

Como já abor<strong>da</strong>mos, os estudos terminológicos e metodológicos efetuados pelo GT, em sua<br />

trajetória, apontaram o <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong> como a ferramenta mais adequa<strong>da</strong> às<br />

necessi<strong>da</strong>des do Sistema <strong>da</strong> UFF que congrega 25 bibliotecas distribuí<strong>da</strong>s pelas seguintes<br />

3 Na TGT o conceito corresponde a uma uni<strong>da</strong>de de pensamento.<br />

6


áreas: uma de Ciências Agrárias; uma de Ciências Biológicas; cinco de Ciências <strong>da</strong> Saúde;<br />

cinco de Ciências Exatas e <strong>da</strong> Terra; duas de Ciências Humanas, Lingüística, Letras e Artes;<br />

cinco de Ciências Sociais Aplica<strong>da</strong>s; duas de Engenharias além de duas escolares e duas<br />

multidisciplinares.<br />

Com base nestes parâmetros procurou-se estabelecer um vocabulário-padrão onde os termos<br />

fossem atribuídos segundo critérios previamente estabelecidos, para assegurar consistência no<br />

tratamento e recuperação dos <strong>da</strong>dos (mesmo que a entra<strong>da</strong> se dê em diferentes locais, como é<br />

o caso do Sistema NDC) e que se enquadrassem às características do software utilizado no<br />

Sistema.<br />

Sendo assim, foram defini<strong>da</strong>s diretrizes gerais para a execução de uma Política de Indexação<br />

comum a todo Sistema NDC, respeitando as peculiari<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong> biblioteca e possibilitando<br />

que as uni<strong>da</strong>des sejam capazes de criar rotinas e fluxos de trabalho apropriados ao seu<br />

contexto.<br />

Buscando esta padronização, o processo de indexação no Sistema NDC, sob seu aspecto<br />

intelectual, desenvolve-se em duas etapas: a análise conceitual (que envolve a compreensão<br />

do conteúdo, identificação e seleção dos conceitos dos documentos) e a tradução (conversão<br />

<strong>da</strong> análise conceitual para a linguagem do sistema). No entanto, a existência de instrumentos<br />

normativos não garante, por si só, a coerência do sistema e deve estar associa<strong>da</strong> a uma<br />

compreensão clara dos objetivos e <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des do usuário, à familiarização com os<br />

conceitos <strong>da</strong> área de atuação do serviço e ao domínio <strong>da</strong>s técnicas e dos instrumentos de<br />

indexação como requisitos de quali<strong>da</strong>de.<br />

A Política de Indexação para o NDC é composta de um conjunto de medi<strong>da</strong>s que auxiliam o<br />

indexador em seu trabalho de análise de conteúdo tendo por base o princípio <strong>da</strong> especifici<strong>da</strong>de<br />

(LANCASTER, 2004, p.27) que possibilita uma recuperação pós-coordena<strong>da</strong> <strong>da</strong> informação.<br />

O <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong> do NDC, portanto, constitui um instrumento de controle<br />

terminológico que tem por função traduzir a linguagem natural dos documentos, dos usuários<br />

e dos indexadores numa linguagem controla<strong>da</strong> que possibilite uma recuperação rápi<strong>da</strong> e de<br />

quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação. Sua área de abrangência engloba to<strong>da</strong>s as áreas do conhecimento<br />

(campos de atuação <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de) o que evidencia seu caráter interdisciplinar. A estrutura<br />

geral do vocabulário é forma<strong>da</strong> por uma lista alfabética de termos tópicos, de termos<br />

modificadores e de tabelas auxiliares.<br />

7


Os termos tópicos são os termos gerais que englobam to<strong>da</strong>s as áreas do conhecimento e que<br />

melhor representam o conteúdo dos documentos. Em sua forma de apresentação é possível<br />

observar a nota de aplicação (NA) 4 , as relações entre os descritores 5 e o número de<br />

classificação adotado.<br />

Os termos modificadores e as tabelas auxiliares são categorias de termos que, geralmente não<br />

possuem significado definido quando usados isola<strong>da</strong>mente, mas que combinados a outros<br />

termos servem para esclarecer, aprofun<strong>da</strong>r ou limitar o significado dos mesmos. São<br />

representados pelas seguintes tabelas: Perspectiva, que diz respeito à abor<strong>da</strong>gem ou ao ponto<br />

de vista sob o qual o termo está sendo tratado; Forma, que diz respeito ao tratamento físico e<br />

editorial do documento; Autori<strong>da</strong>de, que inclui os nomes de pessoas e enti<strong>da</strong>des quando<br />

tratados com assunto; Geográfica, que inclui categoria de termos que indicam os nomes de<br />

locali<strong>da</strong>des e regiões em geral; Cronológica, usa<strong>da</strong> para limitar um termo em um período<br />

específico de tempo e a tabela de Área Médica cujos termos representam disciplinas <strong>da</strong> área<br />

de Saúde adota<strong>da</strong>s, no <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong>, como termos independentes. (COUTO, 2005)<br />

A Política de Indexação apresenta ain<strong>da</strong> orientações sobre os tipos de conceitos e etapas para<br />

organização e uso do vocabulário (coleta, controle, determinação e forma de apresentação dos<br />

termos).<br />

5. Considerações Finais<br />

Hoje, a base do Sistema NDC conta com 56.901 termos, dos quais cerca de 40% já foram<br />

tratados 6 . Ca<strong>da</strong> termo do Sistema está associado a pelo menos uma obra do acervo de<br />

bibliotecas <strong>da</strong> UFF o que confere o caráter singular na aplicabili<strong>da</strong>de do <strong>Vocabulário</strong>.<br />

O <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong> desde sua criação busca reunir o que há de mais avançado em<br />

termo de Terminologia e o que melhor se aplique à reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s bibliotecas. Vislumbra, com<br />

isto, no futuro, um <strong>Vocabulário</strong> Sistematizado, que hoje ain<strong>da</strong> não é possível de ser realizado<br />

<strong>da</strong>do à deman<strong>da</strong>, principalmente, de recursos humanos especializados, que se envolvam num<br />

trabalho tão abrangente, minucioso e detalhado.<br />

Desta forma uma <strong>da</strong>s futuras direções deste estudo é o de analisar o papel <strong>da</strong>s diversas<br />

bibliotecas <strong>da</strong> UFF no sentido de aprimorar os meios de acesso às informações e acompanhar<br />

4<br />

Notas explicativas que tem por finali<strong>da</strong>de: definir o termo e explicar suas formas de pré-coordenação.<br />

5<br />

Relações de equivalência representa<strong>da</strong>s pelo USE e USADO PARA (UP) e relações hierárquicas e associativas<br />

representa<strong>da</strong>s pelo VER TAMBÉM (VT).<br />

6<br />

São considerados termos tratados os novos assuntos inseridos de acordo com as orientações <strong>da</strong> Política de<br />

Indexação e os termos que migraram dos cabeçalhos de assuntos e precisaram ser modificados para atender às<br />

normas do <strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong>.<br />

8


os avanços científicos e tecnológicos <strong>da</strong>ndo, assim, continui<strong>da</strong>de a este projeto de criação e<br />

manutenção deste <strong>Vocabulário</strong>.<br />

As bibliotecas, ca<strong>da</strong> uma no seu próprio ritmo, buscariam a criação de uma estrutura eficiente<br />

de acesso às informações relevantes não só <strong>da</strong> terminologia geral de sua área de atuação, mas<br />

também de um determinado domínio do conhecimento, podendo assim evoluir no sentido de<br />

criar ou desenvolver ferramentas mais sofistica<strong>da</strong>s de recuperação <strong>da</strong> informação como<br />

taxonomias, ontologias e mesmo vocabulários sistematizados para atender ao público mais<br />

especializado de algum microdomínio e fornecendo suporte aos projetos desenvolvidos pelos<br />

três pilares de sustento <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de pública que são: o ensino, a pesquisa e a extensão.<br />

To<strong>da</strong>via, ain<strong>da</strong> cabe ao GT a manutenção e o controle do vocabulário, além <strong>da</strong> coordenação<br />

dos fluxos de trabalho nas bibliotecas; pois afinal, assim como o conhecimento, o<br />

<strong>Vocabulário</strong> <strong>Controlado</strong> é um organismo vivo em constante expansão.<br />

6. Referências<br />

CAMPOS, M. Luiza de Almei<strong>da</strong>. Linguagem documentária: teorias que fun<strong>da</strong>mentam sua elaboração. Niterói:<br />

EDUFF, 2001.<br />

CAMPOS, M. Luiza de Almei<strong>da</strong>, GOMES, Hagar Espanha. Taxonomia e classificação: a categorização como<br />

princípio. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 8., 2007,<br />

Salvador. Anais... Salvador, 2007.<br />

COUTO, Ana Maria H. C. de Sá et al Diretrizes para a política de indexação e o controle do vocabulário<br />

sistematizado do NDC. Niterói, 2005.<br />

LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2.ed. rev. e ampl. e atual. Brasília: Briquet de<br />

Lemos/Livros, 2004.<br />

SWATOUT, W.; TATE, A. Ontologies. IEEE Intelligent Systems & their applications. v. 14, n.1, p.18-19,<br />

jan./fev. 1999.<br />

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