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Mediunidade - GE Fabiano de Cristo

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Iniciação mediúnica<br />

Curso sobre<br />

<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong><br />

Francisco Cajazeiras.


Introdução<br />

SUMÁRIO<br />

1. <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> - Histórico e Princípios Básicos<br />

2. Animismo, Mediunismo e <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong><br />

3. Classificação e Tipos <strong>de</strong> <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong><br />

4. Fenômeno Mediúnico<br />

5. Desenvolvimento e Educação Mediúnicos<br />

6. Perigos, Inconvenientes e Escolhos da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong><br />

7. Desobsessão<br />

8. Transcomunicação Instrumental<br />

9. <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Cura<br />

Apêndice - Regulamento do Departamento Med. do Instituto <strong>de</strong> Cultura Espírita do Ceará<br />

Bibliografia<br />

Obras do mesmo autor<br />

Este livro foi separado por lições, para ser estudado no<br />

Grupo Espírita <strong>Fabiano</strong> <strong>de</strong> <strong>Cristo</strong>.


INTRODUÇÃO<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c, no livro “Obras Póstumas” 1 ressalta a importância do Ensino Espírita, para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento dos princípios da Ciência Espírita e para estimular o gosto pelos estudos sérios.<br />

Tenho constatado, infelizmente, ao longo da minha caminhada pelas searas espíritas, não apenas em<br />

minha cida<strong>de</strong> natal 2 , mas também em outras localida<strong>de</strong>s brasileiras, uma marcante carência <strong>de</strong><br />

estudos doutrinários espíritas. Isso torna vulnerável o Movimento Espírita, favorecendo a infiltração<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e práticas estranhas ao espiritismo.<br />

Se todos os núcleos espiritistas priorizassem o estudo doutrinário, iniciando pela Codificação<br />

Espírita, não tenho dúvida <strong>de</strong> que muito mais já teríamos logrado crescer e <strong>de</strong> que não se teria aceito<br />

a miscigenação na prática, em tantas Casas Espíritas.<br />

A prática mediúnica, então, é das que mais sofrem com essa situação <strong>de</strong> carência <strong>de</strong> conhecimentos.<br />

É fato que a mediunida<strong>de</strong> como faculda<strong>de</strong> existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o homem assim se enten<strong>de</strong>, mas sempre<br />

foi subutilizada ou mal utilizada, por força do empirismo e da escassa compreensão das suas bases.<br />

Ainda hoje, é fácil i<strong>de</strong>ntificarmos grupos que, embora se intitulando espíritas, apresentam um<br />

comportamento bizarro na vivência da faculda<strong>de</strong> medianímica. Isso se <strong>de</strong>ve, em geral, ao<br />

<strong>de</strong>sconhecimento acerca do maravilhoso conteúdo <strong>de</strong> "O Livro dos Médiuns", obra <strong>de</strong>stinada ao<br />

estudo sério e profundo para médiuns e doutrinadores (evocadores).<br />

O pior mesmo é que muitos daqueles companheiros que se iniciam <strong>de</strong>ssa maneira na prática<br />

mediúnica costumam fechar-se ao esclarecimento, mesmo diante da oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtê-lo,<br />

simplesmente alegando "anos e anos" <strong>de</strong> vivência mediúnica que "vem dando certo", sem se darem<br />

conta <strong>de</strong> quanto a prática sob orientação doutrinária facilitaria o trabalho da espiritualida<strong>de</strong> que se<br />

<strong>de</strong>sdobra, sempre que existem sincerida<strong>de</strong> e bons propósitos, humilda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sinteresse dos tarefeiros<br />

encarnados. 3<br />

Diante <strong>de</strong> tudo isso, mais uma vez se patenteia a imensa capacida<strong>de</strong> do Codificador <strong>de</strong> vislumbrar o<br />

futuro, naquela sua idéia <strong>de</strong> se implantarem cursos regulares <strong>de</strong> Espiritismo.<br />

Para a prática mediúnica, não há dúvida sobre ser imprescindível o estudo meticuloso e constante <strong>de</strong><br />

"O Livro dos Médiuns", por todos os seus componentes: médiuns, esclarecedores etc.<br />

médiuns, esclarecedores etc.<br />

Aliás, em vários momentos, na Codificação, Allan Kar<strong>de</strong>c ressalta, como condição primordial para o<br />

exercício da práxis mediúnica, o seu estudo teórico prévio.<br />

Entretanto, para o iniciante, sou da opinião <strong>de</strong> que a participação em um curso teórico sobre<br />

mediunida<strong>de</strong> facilitará substancialmente aquele estudo, na medida que po<strong>de</strong> dar uma visão <strong>de</strong><br />

conjunto e <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> para o aprendizado a se fazer em "O Livro dos Médiuns", além <strong>de</strong> fomentar o<br />

gosto pelos estudos.<br />

Foi com essa intenção que, em 1991, criamos o nosso "Curso Sobre <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>", mantido até hoje<br />

com ótimo resultado. Ele se constitui - juntamente com o "Curso Básico <strong>de</strong> Espiritismo" e o "Curso<br />

Sobre o Passe" - no pró-requisito teórico para admissão <strong>de</strong> postulantes à Educação Mediúnica, no<br />

Instituto <strong>de</strong> Cultura Espírita do Ceara.<br />

A partir da atenção <strong>de</strong>spertada pela aplicação anual <strong>de</strong>sse curso, como também pela insistência dos<br />

cursandos em ter o seu material para rever as aulas é que resolvemos elaborar uma apostila com o seu<br />

conteúdo.<br />

Essa apostila foi agora revisada, tendo vários dos seus textos e capítulos refeitos, visando enriquecer<br />

um pouco mais o seu conteúdo e dar-lhe urna formatação mais compatível com a <strong>de</strong> um livro.<br />

Espero que ele possa ser utilizado com proveito por todos os amigos leitores. Mas já me darei por<br />

muito feliz, se o seu objetivo <strong>de</strong> facilitar e estimular o estudo <strong>de</strong> "O Livro dos Médiuns" for<br />

alcançado.<br />

Francisco Cajazeiras - Julho <strong>de</strong> 2003


1 KARDEC, Allan. Obras Póstumas.<br />

2 Fortaleza, capital do Ceará.<br />

3 É interessante ressaltar que, <strong>de</strong> acordo com o preceito evangélico: “Mais se cobrará a quem mais foi dado”, até certo ponto<br />

aceitável e compreensível que os confra<strong>de</strong>s dos primeiros tempos <strong>de</strong> prática mediúnica – pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudos e até<br />

mesmo pela indisponibilida<strong>de</strong> em adquirir obras <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c – possam ser justificados em suas discrepâncias. Hoje me<br />

dia, porém, com a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter os conhecimentos <strong>de</strong>vidos, a responsabilida<strong>de</strong> aumenta consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

_______________________________________________________________________________<br />

Lição: 1<br />

Capítulo 1<br />

<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong><br />

(histórico e princípios básicos)<br />

À semelhança dos vocábulos Espiritismo, espírita, espiritista e reencarnação, as palavras<br />

mediunida<strong>de</strong> e médium não existiam antes do Espiritismo, sendo, portanto neologismos, novos<br />

termos criados por Allan Kar<strong>de</strong>c, com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar bem claro o seu significado.<br />

Médium é vocábulo <strong>de</strong> origem latina que significa meio, intermediário: é termo empregado para<br />

<strong>de</strong>signar as pessoas que servem <strong>de</strong> meio <strong>de</strong> comunicação entre os homens e os Espíritos.<br />

Já <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> é a <strong>de</strong>nominação espírita para a faculda<strong>de</strong>, inerente a todo ser humano, que permite o<br />

intercâmbio entre o mundo espiritual e a nossa dimensão material.<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c, em “O Livro dos Médiuns” 1 , assim se reporta à faculda<strong>de</strong> mediúnica:<br />

"Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é médium. Essa faculda<strong>de</strong> é<br />

inerente ao homem. Po<strong>de</strong>-se dizer; pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém,<br />

essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculda<strong>de</strong> mediúnica bem<br />

caracterizada, que se traduz por efeitos patentes <strong>de</strong> certa intensida<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

organização mais ou menos sensitiva." (grifo meu).<br />

I. OS PRECURSORES DA DOUTRINA ESPÍRITA<br />

(O Intercâmbio Mediúnico Através do Tempo)<br />

As manifestações dos Espíritos remontam a mais recuada antiguida<strong>de</strong>. Tendo, na Terra, a ida<strong>de</strong> da<br />

espécie humana, com a instalação da razão, po<strong>de</strong>mos afirmar que sua ocorrência vem fazendo ao<br />

longo do tempo e entre todos os povos.<br />

Sempre houve médiuns. O que muda é a terminologia usada para <strong>de</strong>signá-los, bem como o método e<br />

os objetivos que dirigem a ativida<strong>de</strong>. Assim, temos os hierofantes (na Grécia e em Roma), as<br />

pitonisas (adivinhas na antiguida<strong>de</strong>), os xamãs (na Ásia), as sibilas (profetisas na antiguida<strong>de</strong>) e os<br />

profetas (entre os hebreus).<br />

A história, a propósito disso, está pontilhada <strong>de</strong>sses fenômenos <strong>de</strong> comunicação mediúnica. Muitas<br />

foram as personalida<strong>de</strong>s conhecidas que <strong>de</strong>screveram experiências <strong>de</strong>sse tipo.<br />

Sócrates, por exemplo, afirmava que o seu Espírito protetor (daimon) com ele conversava e o<br />

aconselhava. Conta-se que, em certa ocasião, o eminente filósofo dirigia-se com amigos a<br />

<strong>de</strong>terminado lugar e pára <strong>de</strong> súbito, sob a orientação do seu daimon 2 para mudar <strong>de</strong> estrada, pois<br />

havia perigo mais à frente. Alguns dos seus companheiros não acreditaram e foram atacados por um<br />

animal selvagem.<br />

Júlio César foi cercado por maus presságios antes do seu assassinato e sua esposa teve um sonho que<br />

<strong>de</strong>saconselhava o seu comparecimento ao senado. Não acatando os rogos da esposa, foi ali<br />

assassinado.


Dante Alighieri escreveu a sua famosa obra – “A Divina Comédia” 3 – a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobramentos<br />

para as regiões espirituais que interpretava, compreensivelmente, <strong>de</strong> acordo com suas crenças e<br />

educação religiosa.<br />

Abraham Lincoln, ex-presi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos da América, sonhou que havia um velório na<br />

Casa Branca e, ao perguntar quem falecera, teve como resposta: o presi<strong>de</strong>nte. Algum tempo <strong>de</strong>pois,<br />

foi assassinado.<br />

E tantos foram os casos ocorridos com personalida<strong>de</strong>s conhecidas que se po<strong>de</strong>riam encher páginas e<br />

mais páginas. Ora, se entre pessoas <strong>de</strong>stacáveis na socieda<strong>de</strong> encontramos tantos casos, imaginem no<br />

cotidiano das pessoas anônimas às culminâncias intelectuais e sociais.<br />

Bibliografia<br />

1 ALLAN Kar<strong>de</strong>c. O Livro dos Médiuns.<br />

2 Palavra grega que significa gênio, Espírito. Com o tempo, passou a ser usada para <strong>de</strong>signar um “mau espírito” ou o “Espírito<br />

do Mal”.<br />

3 ALIGHIERI, Dante. “A Divina Comédia”.<br />

Glossário:<br />

Hierofante = 1. O sacerdote que presidia aos mistérios <strong>de</strong> Elêusis, na Grécia antiga.<br />

Pitonisa = sacerdotisa do templo <strong>de</strong> Apolo, em Delfos, Antiga Grécia.<br />

Xamã = espécie <strong>de</strong> sacerdote ou médico feiticeiro, que atua como curan<strong>de</strong>iro e adivinho.<br />

Sibila = 1. Entre os antigos, profetisa: 2.bruxa, feiticeira.<br />

_______________________________________________________________________________<br />

Lição: 2<br />

PRECURSORES DO ESPIRITISMO<br />

A. NA IDADE MÉDIA<br />

No século XV da nossa era, vemos <strong>de</strong>stacar-se a figura polêmica e <strong>de</strong>terminada da Virgem <strong>de</strong><br />

Domrèmy: Joana D'arc.<br />

Joana era médium audiente, vi<strong>de</strong>nte e profética. Afirmava que os Espíritos conhecidos como São<br />

Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida informaram-lhe <strong>de</strong> sua missão para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a França<br />

contra a fúria inglesa.<br />

A frente do exército francês conseguiu muitas vitórias que a tornaram consagrada, contribuindo<br />

<strong>de</strong>cisivamente para a preservação <strong>de</strong> sua pátria.<br />

Traída, foi aprisionada e encaminhada para terreno inimigo. Acusada <strong>de</strong> heresia preferiu ser<br />

con<strong>de</strong>nada à pena capital a ter que abjurar suas "vozes".<br />

Joana D’Arc foi enviada para ajudar a manter a França livre, em função dos acontecimentos futuros<br />

marcantes para a Humanida<strong>de</strong> inteira, aos quais ela serviria <strong>de</strong> palco, <strong>de</strong>ntre os quais <strong>de</strong>staca-se a<br />

Revelação Espírita.<br />

B. NA IDADE MODERNA<br />

A partir da Era Mo<strong>de</strong>rna, muitos são os médiuns que, <strong>de</strong> certa forma vêm fincar na cultura terrena os<br />

referenciais imperecíveis da faculda<strong>de</strong> mediúnica, constituindo fase precursora ao advento do<br />

Espiritismo, o "Consolador" da promessa <strong>de</strong> Jesus.<br />

Dentre todos merecem <strong>de</strong>staque o sueco Emmanuel Swe<strong>de</strong>nborg, o escocês Edward Irving e o norte-<br />

americano Andrew Jackson Davis.<br />

Arthur Conan Doyle, médico e escritor inglês, autor <strong>de</strong> "History of Spiritualism" 1 , diferencia, neste


livro, a fase precursora daquela em que surge a Doutrina Espírita, pelo caráter metódico, abrangente<br />

e usual <strong>de</strong>sta última, sentenciando:<br />

“Estes últimos episódios têm a característica <strong>de</strong> uma invasão organizada” 2<br />

a) Emmanuel Swe<strong>de</strong>nborg<br />

Nascido na Suécia, engenheiro militar, teólogo, homem <strong>de</strong> inquestionável valor, Swe<strong>de</strong>nborg era<br />

dotado <strong>de</strong> largo potencial psíquico.<br />

Suas visões se iniciaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância e se prolongaram até o seu <strong>de</strong>cesso. Mas seus potenciais<br />

psíquicos eclodiram <strong>de</strong> maneira insofismável, a partir <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1744, em Londres. Des<strong>de</strong> então,<br />

afirma Swe<strong>de</strong>nborg:<br />

“(...) O Senhor abria os olhos <strong>de</strong> meu espírito para ver, perfeitamente <strong>de</strong>sperto, o que se passava no<br />

outro mundo e para conversar, em plena consciência, com os Anjos e os Espíritos.” 3<br />

A respeito da comunicação <strong>de</strong> um amigo <strong>de</strong>sencarnado, o médium sueco <strong>de</strong>screve este contato<br />

obtido três dias após a sua morte:<br />

"Ele viu o coche fúnebre presenciou quando o féretro baixou à sepultura. Entretanto, conversando<br />

comigo, perguntou por que o haviam enterrado, se estava vivo. Quando o sacerdote disse que ele se<br />

ergueria no Dia do Juízo, perguntou por que isso, se ele já estava <strong>de</strong> pé. Admirou-se <strong>de</strong> uma tal<br />

coisa, ao consi<strong>de</strong>rar que, mesmo agora, estava vivo.” 4<br />

Suas <strong>de</strong>scrições da morte e da vida no Mundo dos Espíritos, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> todo o seu simbolismo<br />

teológico, guardam muita semelhança com as <strong>de</strong>scritas pelos Espíritos Reveladores.<br />

b) Andrew Jackson Davis<br />

Fatos precursores dignos <strong>de</strong> registros ocorreram com Andrew Jackson Davis. magnífico sensitivo<br />

que viveu nos Estados Unidos, entre 1826 e 1910, sendo consi<strong>de</strong>rado por Arthur Conan Doyle como<br />

o profeta da Nova Revelação. Os po<strong>de</strong>res psíquicos <strong>de</strong> Davis <strong>de</strong>sabrocharam nos últimos anos da<br />

infância, quando passou a ouvir as vozes <strong>de</strong> Espíritos que lhe davam conselhos. À faculda<strong>de</strong> da<br />

vidência seguiu-se-lhe a da audiência. Na tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> 06 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1884, Davis foi tomado por uma<br />

força que o fez voar, em Espírito 5 , da pequena cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> residia e fazer uma viagem até às<br />

Montanhas <strong>de</strong> Castskill, a cerca <strong>de</strong> 40 milhas <strong>de</strong> sua casa. Swe<strong>de</strong>nborg foi um dos mentores<br />

espirituais <strong>de</strong> Davis.<br />

O surgimento do Espiritismo foi predito por Davis no livro "Princípio da Natureza".<br />

Sobre isso, Conan Doyle faz o seguinte comentário:<br />

"Para nós, o que é importante é o papel representado por Davis no começo da Revelação Espírita.<br />

Ele começou a preparar o terreno, antes que se iniciasse a Revelação. Estava claramente fadado a<br />

associar-se intimamente, com ela, <strong>de</strong> vez que conhecia a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> Hy<strong>de</strong>sville” 6<br />

Bibliografia<br />

1<br />

O livro "History of Spiritualism" foi traduzido, no Brasil, pelo cearense Júlio Abreu Filho e editado pela Editora Pensamento,<br />

<strong>de</strong> São Paulo, com o título: “História do Espiritismo”.<br />

2<br />

DOYLE, Arthur C. –“História do Espiritismo”, pág. 33. Tradução <strong>de</strong> Júlio <strong>de</strong> Abreu Filho. São Paulo.<br />

3 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, pág. 37.


4<br />

Apud DOYLE, Arthur Conan. –“História do Espiritismo”, pág. 33. Tradução <strong>de</strong> Júlio <strong>de</strong> Abreu Filho. São Paulo.<br />

5<br />

Processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobramento.<br />

6<br />

Arthur Conan Doyle, op. cit. pág 69.<br />

_______________________________________________________________________________<br />

Lição: 3<br />

II. RELIGIÕES E MEDIUNIDADE<br />

Despontando, <strong>de</strong> maneira relevante, na origem das religiões, a fenomenologia mediúnica é <strong>de</strong>scrita<br />

fartamente nos “livros santos” e tratados religiosos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais antigos - tais como o Código dos<br />

Vedas 1 e o Código <strong>de</strong> Manu 2 - até ao Antigo Testamento, ao Novo Testamento e ao Alcorão! 3<br />

Observamos, assim, que o intercâmbio com o Mundo Invisível tem acontecido em todas as latitu<strong>de</strong>s<br />

e longitu<strong>de</strong>s, sejam quais forem os costumes e as civilizações, no Oci<strong>de</strong>nte como no Oriente.<br />

Paulo, o Apóstolo dos Gentios, em algumas <strong>de</strong> suas epístolas, não apenas assinalava como orientava<br />

a prática mediúnica entre os cristãos primitivos, ao sugerir:<br />

“Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais 4 , mas principalmente que profetizeis.” 5<br />

(Grifo meu).<br />

“Não apagueis o Espírito; não <strong>de</strong>sprezeis as profecias; discerni tudo e ficai com o que é bom.” 6<br />

João o evangelista, assim aconselhava acerca das relações com o Mundo Extra-físico, em<br />

indiscutível alerta sobre o cuidado a tomar quanto à sua procedência:<br />

“Caríssimos! Não acrediteis em todos os Espíritos; antes examinai-os para ver se são <strong>de</strong> Deus, pois<br />

muitos falsos profetas vieram ao mundo. (...) Nisto reconhecereis o espírito <strong>de</strong> Deus: todo Espírito<br />

que confessa que Jesus <strong>Cristo</strong> veio na carne é <strong>de</strong> Deus; e todo Espírito que não confessa Jesus não é<br />

<strong>de</strong> Deus (...)” 7<br />

Se João alerta-nos para “examinarmos os Espíritos”, é fácil <strong>de</strong>duzir que, àquela época, entre os<br />

protocristãos 8 , era usual a relação com os Espíritos <strong>de</strong>sencarnados, a prática da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>; isto<br />

também é confirmado por Paulo <strong>de</strong> Tarso nos propalados “cultos pneumáticos 9 ”,<br />

Não <strong>de</strong>ve ser, pois, sem motivos que os Espíritos Erasto e Timóteo - ambos discípulos <strong>de</strong> Paulo, o<br />

<strong>de</strong>stemido e intrépido apóstolo <strong>de</strong> Jesus - têm relevante papel na concatenação e or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> “O<br />

Livro dos Médiuns”.<br />

Des<strong>de</strong> o século X1X, os cristãos tradicionalistas vêm retomando, voluntária e abertamente, a<br />

ativida<strong>de</strong> mediúnica, sem, no entanto aceitar que toda reunião on<strong>de</strong> ocorrem comunicações<br />

espirituais - sejam quais forem os Espíritos - é, por esta razão, uma reunião mediúnica. Então, o que<br />

muda é a terminologia, o método, o sentido e os objetivos, mas não o fenômeno em si!<br />

Os pentecostalistas 10 estão, pois, realizando reuniões mediúnicas! Desor<strong>de</strong>nadas, é bem verda<strong>de</strong>, se<br />

analisadas sob uma visão científica, mas ainda assim reuniões mediúnicas, levando-se em conta a<br />

comunicação dos Espíritos ("Espírito Santo" 11 - conjunto dos Espíritos Superiores -, santos,<br />

<strong>de</strong>mônios etc.).<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Livro sagrado dos hindus. A palavra “vedas” é originada do sânscrito e significa “saber”. O “Rig-veda” é o mais antigo dos<br />

livros sagrados.<br />

2<br />

Um dos livros sagrados da Índia que contém a doutrina do Bramanismo.<br />

3<br />

Livro sagrado dos muçulmanos. Tem, em árabe, o mesmo significado que biblion, em grego, que quer dizer “livro”. O<br />

Alcorão é um livro mediúnico, recebido por Maomé através da psicografia intuitiva, sendo sua autoria atribuída, pelo<br />

médium, ao próprio Deus, assim como ocorreu com a Bíblia dos ju<strong>de</strong>us e, por conseguinte, a dos cristãos.


4<br />

O mesmo que dons mediúnicos.<br />

5<br />

Coríntios 14:1<br />

6<br />

I Tessalonicenses 5:19-21<br />

7<br />

I João 4:1,2<br />

8<br />

Os cristãos dos tempos iniciais do Cristianismo (até o IV século da nossa Era).<br />

9<br />

Pneuma, do grego, espírito.<br />

10<br />

Igrejas ou a alas da Igreja Católica que restabelece o culto pneumático, os chamado carismas. O movimento<br />

pentecostalista iniciou-se já no século XIX, entre representantes das Igrejas Reformadas.<br />

11<br />

O "Espírito Santo" seria, na visão espírita, todo o conjunto dos Espíritos Puros e Superiores.<br />

_______________________________________________________________________________<br />

Lição: 4<br />

A. AS IRMÃS FOX<br />

III. FENÔMENOS DE HYDESVILLE<br />

E comum que os <strong>de</strong>tratores da Doutrina Espírita e mesmo alguns dos seus a<strong>de</strong>ptos afirmem que o<br />

Espiritismo se inicia com os fenômenos <strong>de</strong> efeitos físicos (pancadas nas pare<strong>de</strong>s e outros ruídos)<br />

ocorridos nos Estados Unidos, nos anos <strong>de</strong> 1848, na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Hy<strong>de</strong>sville condado <strong>de</strong> Wayne, estado<br />

<strong>de</strong> New York. Mas veremos que, na verda<strong>de</strong>, foram esses episódios as primeiras manifestações<br />

mediúnicas a repercutirem na socieda<strong>de</strong> e no mundo. Sendo assim, embora Allan Kar<strong>de</strong>c tenha se<br />

utilizado <strong>de</strong> mensagens mediúnicas provindas <strong>de</strong> várias origens, inclusive em diferentes países, não<br />

se <strong>de</strong>ve afirmar que aí se <strong>de</strong>u o nascimento do Espiritismo ocorrido somente a 18 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1857,<br />

com a publicação <strong>de</strong> “O Livro dos Espíritos”, após exaustivo trabalho do Codificador. Po<strong>de</strong>-se<br />

afirmar que com a fenomenologia hy<strong>de</strong>svilleana tem início uma corrente espiritualista <strong>de</strong>nominada<br />

<strong>de</strong> Neo-espiritualismo ou Mo<strong>de</strong>rno Espiritualismo.<br />

Os fatos se iniciaram no dia 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1848, em uma humil<strong>de</strong> casa on<strong>de</strong> residia a família Fox,<br />

em Hy<strong>de</strong>sville, com ruídos, pancadas e manifestações semelhantes.<br />

A família Fox era evangélica, pertencente à Igreja Metodista, e constituída pelo pai, pela mãe e por<br />

duas adolescentes possuidoras <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong>: Margareth e Katherine.<br />

Os fenômenos passaram a se repetir com freqüência e insistência inigualáveis, ao ponto <strong>de</strong> toda a<br />

localida<strong>de</strong> saber e procurar encontrar-lhes a causa.<br />

As médiuns imaginaram tratar-se do próprio “satanás” (crença <strong>de</strong> sua Igreja) e tentaram dialogar,<br />

convencionando um número específico <strong>de</strong> pancadas para “sim” e “não”.<br />

Depois, o Sr. Isaac Post, um seu vizinho, sugeriu usar esses números diferenciados <strong>de</strong> pancadas para<br />

as letras do alfabeto, iniciando-se, a partir daí, uma comunicação mais complexa. Inaugurava-se,<br />

assim, a “telegrafia espiritual”, também utilizada nos fenômenos das “mesas girantes” ou “mesas<br />

dançantes”.<br />

A partir <strong>de</strong> então, a entida<strong>de</strong> comunicante explicou tratar-se <strong>de</strong> um ex-viajante assassinado naquela<br />

casa, anos antes, por seus antigos moradores, i<strong>de</strong>ntificando-se como Charles B. Rosma.<br />

Várias foram as personalida<strong>de</strong>s americanas da época que investigaram os fatos mediúnicos,<br />

tornando-se, a partir <strong>de</strong> então, a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>sse espiritualismo neo-nascente. Um dos <strong>de</strong>staques foi o<br />

juiz Edmonds que <strong>de</strong> materialista convicto tornou-se espiritualista a partir da constatação dos fatos<br />

ocorrido sob a intermediação das adolescentes.<br />

As irmãs Fox, após o alarido e o interesse <strong>de</strong>spertado pelos fatos mediúnicos, passaram a se<br />

apresentar publicamente em Rochester, no Corinthians Hall.<br />

Alias, essas apresentações públicas e a cobrança pelos shows medianímicos findaram por levá-las à


queda e inclusive uma <strong>de</strong>las ao alcoolismo, sendo posteriormente motivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escândalo.<br />

Não é sem motivo que Allan Kar<strong>de</strong>c, O Codificador da Doutrina Espírita, após suas avaliações,<br />

mostrou-se terminantemente contrário ao uso mercantilista da mediunida<strong>de</strong> ou do qual <strong>de</strong>corra<br />

qualquer proveito material próprio para o sensitivo.<br />

O certo é que, já a essa época, era gran<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> curiosos, interessados e seguidores do<br />

neo-espiritualismo que se esboçava a partir da constatação dos fenômenos em Hy<strong>de</strong>sville, assim<br />

como também não fez sem <strong>de</strong>mora a reação contraria partindo <strong>de</strong> vários segmentos da socieda<strong>de</strong><br />

americana.<br />

B. AS MESAS GIRANTES<br />

Os acontecimentos <strong>de</strong> Hy<strong>de</strong>sville ultrapassaram as fronteiras ecoando fortemente na Europa,<br />

aguçando a curiosida<strong>de</strong> popular e rapidamente se tornando o passatempo mais difundido, a principal<br />

diversão da socieda<strong>de</strong> daquela época; pelo menos, entre os anos <strong>de</strong> 1853 a 1855, quando o Prof.<br />

Denizard Rivail (Allan Kar<strong>de</strong>c) começou as suas pesquisas e as observações da fenomenologia<br />

mediúnica.<br />

Estes eram os tempos das “mesas girantes”, tempo <strong>de</strong> preparo imediato ao advento do Espiritismo.<br />

Aqui em Fortaleza, também são registrados fatos semelhantes, como o que publicou o jornal “O<br />

Cearense”, em sua edição <strong>de</strong> dois <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1853, na residência <strong>de</strong> um comerciante local, quando<br />

por ocasião <strong>de</strong> uma experiência para testar a veracida<strong>de</strong> dos fatos, aconteceram os movimentos da<br />

mesa, inicialmente lentos e <strong>de</strong>pois enérgicos. 1<br />

Paris assistia esses fenômenos entre intrigada e curiosa e não tardou a adotar a novida<strong>de</strong> em seu<br />

dia-a-dia. Logo essa prática tornou-se moda, a diversão habitual das famílias parisienses que se<br />

reuniam em torno das mesas para entretenimento com as “mesas girantes”.<br />

Ao Prof. Denizard Hippolyte Léon Rivail, mais tar<strong>de</strong> conhecido sob o pseudônimo <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c,<br />

não passou <strong>de</strong>sapercebida a serieda<strong>de</strong> e profun<strong>de</strong>z subjacente daqueles acontecimentos. Sua atitu<strong>de</strong><br />

científica, <strong>de</strong>spreconceituosa e não dogmática diante <strong>de</strong>sses fatos resultou no advento da Doutrina<br />

Espírita. O Codificador não os contestou nem os reconheceu <strong>de</strong> pronto aos primeiros contatos.<br />

Constatando, <strong>de</strong>pois, a sua realida<strong>de</strong> fenomênica, estabeleceu-se, a fase inicial do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da Ciência Espírita e tais fatos, incipientes e rudimentares, serviram <strong>de</strong> alicerce para o que mais tar<strong>de</strong><br />

seria o edifício da Doutrina Consoladora.<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c refere-se aos fenômenos físicos como manifestações <strong>de</strong> forças inteligentes que<br />

utilizaram <strong>de</strong> início, as mesas segundo os sinais previamente convencionados, mas proclama que este<br />

meio ainda grosseiro “era <strong>de</strong>morado e incômodo”.<br />

Os próprios Espíritos, com o progredir dos ensinamentos, trataram <strong>de</strong> sugerir métodos que<br />

facilitassem o intercâmbio mediúnico, como foi o caso das pranchetas e, por fim, da psicografia<br />

direta (usando a mão do medianeiro).<br />

Assim visto, as; “mesas girantes” representam indiscutivelmente o ponto <strong>de</strong> partida, o precursor<br />

imediato ao surgimento da Doutrina dos Espíritos.<br />

A relevância <strong>de</strong>sses acontecimentos po<strong>de</strong> ser assinalada, ainda, pela ressonância na esfera científica,<br />

motivando as mais diversas investigações por pesquisadores <strong>de</strong> alto nível científico e cultural como<br />

Dale Owen, William Crookes, Charles Richet, Ernesto Bozzano, Crawford , Zöllner, Gustave Geley,<br />

<strong>de</strong>ntre tantos outros.<br />

Quase todos esses pesquisadores, via <strong>de</strong> regra, iniciaram suas investigações com a idéia<br />

preestabelecida <strong>de</strong> <strong>de</strong>smascarar a “frau<strong>de</strong>” dos fatos espíritas e, quando dotados <strong>de</strong> total<br />

imparcialida<strong>de</strong>, culminaram rotineiramente por concluir pela sua veracida<strong>de</strong>.<br />

Mesmo em nossos dias, com a fabulosa evolução da ciência, os ensinamentos trazidos pelos Espíritos<br />

ainda continuam atuais e, muitos <strong>de</strong>les, já comprovados por aquela, embora rotulados os fatos com<br />

uma terminologia mais pomposa e dissimuladora do componente espiritual, aliás, também tão ao<br />

gosto dos próprios espiritistas <strong>de</strong> nosso tempo!


Bibliografia<br />

1 KLEIN FILHO, Luciano in “O Espiritismo na Terra da Luz”, na Revista “Fortaleza Espírita”, nº1, Ed. ICE-CE.<br />

Glossário<br />

Dale Owen – Robert Dale Owen nasceu em 7 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1801 em Glasgow na Escócia e <strong>de</strong>sencarnou em 24 <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 1877. Dedicou-se ao Estudo do Espiritismo visando provar a seu pai o grave erro em que ele incorria ao se interessar<br />

pelos fenômenos supranormais. E o resultado <strong>de</strong> suas investigações foi ren<strong>de</strong>r-se à evidência dos fatos por ele verificados.<br />

William Crookes - Sir William Crookes nasceu em Londres, 17 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1832, <strong>de</strong>sencarnou em 4 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1919. Entre os<br />

médiuns que ele estudou estavam Kate Fox, Florence Cook, e Daniel Dunglas Home (Doyle, 1926: volume 1, 230-251). Os<br />

fenômenos que ele testemunhou incluíram movimento <strong>de</strong> corpos à distância, tiptologia, alteração <strong>de</strong> peso dos corpos,<br />

levitação, aparência <strong>de</strong> objetos luminosos, aparência <strong>de</strong> figuras fantasmagóricas, aparência <strong>de</strong> escrita sem intervenção<br />

humana e circunstâncias que "sugerem a atuação <strong>de</strong> uma inteligência externa" (Crookes, 1874).<br />

Charles Richet - Conhecido como o fundador da Metapsíquica, Charles Richet (1850-1935) <strong>de</strong>sempenhou um papel<br />

fundamental no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svendar o <strong>de</strong>sconhecido mundo dos fenômenos anímicos. Em 1905, então presi<strong>de</strong>nte da<br />

Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Investigações Psíquicas - Londres, propôs o nome <strong>de</strong> Metapsíquica a este conjunto <strong>de</strong> conhecimentos. Aos<br />

fenômenos que no Espiritismo conhecemos como fenômenos inteligentes, Richet chamou Fenômenos Subjetivos. São os que<br />

se caracterizam por terem lugar unicamente na esfera psíquica, sem qualquer ação dinâmica sobre os objetos materiais.<br />

Àqueles que o Espiritismo <strong>de</strong>nomina fenômenos <strong>de</strong> efeitos físicos, e que se caracterizam pela ação física sobre os objetos<br />

materiais, Richet chamou Fenômenos Objetivos.<br />

Embora não fosse Espírita, Charles Richet achava importante que os Espíritas reconhecessem a sua tentativa <strong>de</strong> fazer entrar<br />

na or<strong>de</strong>m dos fatos científicos todos os fenômenos que constituem a base da sua fé.<br />

O Espiritismo muito <strong>de</strong>ve a homens <strong>de</strong>ste quilate, pois dotado <strong>de</strong> forte espírito investigativo aprofundou o estudo dos<br />

fenômenos mediúnicos em diversas facetas.<br />

Ernesto Bozzano – Nasceu em 9/01/1862, em Gênova, Itália e <strong>de</strong>sencarnou em 24/06/1943, na mesma localida<strong>de</strong>. Professor<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Turim.<br />

Ernesto Bozzano foi um dos mais eruditos sábios dos últimos tempos e dado o seu inusitado interesse pelo estudo do<br />

Espiritismo em cujo afã <strong>de</strong>dicou meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua profícua existência <strong>de</strong> 81 anos e merece o cognome <strong>de</strong> "O Gran<strong>de</strong> Mestre da<br />

Ciência da Alma".<br />

Este gran<strong>de</strong> Gigante do Espiritismo se aprofundou na Codificação Kar<strong>de</strong>quiana trazendo um gran<strong>de</strong> avanço no conhecimento<br />

da vida espiritual.<br />

Ernesto Bozzano expôs, em uma centena <strong>de</strong> monografias, com cada tipo específico <strong>de</strong> fenômeno mediúnico, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo<br />

sempre a teoria espírita como a mais simples e natural explicação dos fenômenos.<br />

Crawford – O Professor W. J. Crawford que foi catedrático <strong>de</strong> Engenharia Mecânica na Queen’s University, em Belfast,<br />

conduziu longos e meticulosos estudos sobre o ectoplasma.<br />

Ele <strong>de</strong>scobriu que, durante a materialização, o peso do médium baixava <strong>de</strong> 73kgs para 30kgs. Noutros casos <strong>de</strong>scritos na<br />

literatura da especialida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>scobriu-se que o médium sofria perdas <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> 7kgs a 18kgs (Meek 1987:69). O professor<br />

Crawford <strong>de</strong>scobriu que todas as manifestações_físicas dos seus médiums – levitação_<strong>de</strong>_mesas, movimentação <strong>de</strong><br />

objectos, etc., eram conseguidos através da construção ectoplásmica. No seu livro Psychic Strutures ele apresenta<br />

fotografias do ectoplasma a ser utilizado para levantar mesas.<br />

Zöllner – Friedrich Zöllner foi um gran<strong>de</strong> batalhador da Causa Espírita nasceu no ano <strong>de</strong> 1834, em uma província da<br />

Alemanha e se notabilizou por suas experiências físicas aon<strong>de</strong> a atuação dos espíritos não <strong>de</strong>ixaram dúvidas nem incertezas.<br />

Sendo físico, utilizou esta ciência para <strong>de</strong>monstrar a imortalida<strong>de</strong> e divulgar a interferência dos <strong>de</strong>sencarnados no cotidiano<br />

dos encarnados.<br />

Ao propor a teoria da 4ª dimensão para explicar os fenômenos observados antecipou-se aos físicos atuais e <strong>de</strong>monstrou<br />

como a ciência po<strong>de</strong> auxiliar a religião e quanto a religião po<strong>de</strong> ser científica.<br />

Gustave Geley - Gustave Geley foi dos principais filósofos e cientistas <strong>de</strong> tendência claramente Espírita do século 20, sendo<br />

doutor em medicina por Lyon, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> jovem se viu atraído pelo inquietante problema da sobrevivência e da evolução<br />

humana.<br />

Gustave Geley nasceu em Nancy, na França em 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1865. Formado em Medicina pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lyon, clinicou<br />

até 1918 em Annecy, on<strong>de</strong> alcançou gran<strong>de</strong> reputação. Interessando-se pelos fenômenos paranormais, realizou muitos<br />

estudos que ficaram registrados em anais científicos da época.<br />

_______________________________________________________________________________


Lição: 5<br />

Capítulo 2<br />

Animismo, Mediunismo e <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong><br />

A fenomenologia psíquica foi móvel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s polêmicas e, se por um lado, inúmeros eram os<br />

pesquisadores sérios a acumular provas da sua realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> outro, também os havia em gran<strong>de</strong><br />

número inconformados com as verda<strong>de</strong>s que os fenômenos mediúnicos iam estabelecendo. Dentre<br />

esses últimos, havia os negadores contumazes, que se batiam até ao <strong>de</strong>sespero para <strong>de</strong>monstrar-lhe a<br />

frau<strong>de</strong>.<br />

I. COMUNICAÇÃO DOS MORTOS<br />

Os próprios comunicantes, no entanto, afirmavam-se homens que haviam passado pelo fenômeno da<br />

“morte”.<br />

As provas e observações sobre o fenômeno medianímico se avolumaram, a tal ponto, que já não era<br />

possível, <strong>de</strong> sã consciência, negar-lhe a existência. Por isso, ao invés <strong>de</strong> não aceitá-lo, passou-se a<br />

atribuí-lo unicamente à manifestação do inconsciente do sensitivo, o que ganhou maior consistência<br />

após o inteligente trabalho do filósofo alemão Eduard Von Hartmann, intitulado “O Espiritismo”,<br />

on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>fendia esta tese (anímica), procurando refutar a Teoria Espírita.<br />

O trabalho foi muito festejado então pelos opositores à Teoria da Comunicação dos Espíritos, até<br />

porque expressava, em si, verda<strong>de</strong> parcial <strong>de</strong> sua origem.<br />

O Espiritismo, através <strong>de</strong> Alexan<strong>de</strong>r Aksakof - insigne professor da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Leipzig e<br />

Conselheiro do Estado da Rússia, à época -, respon<strong>de</strong>, após quatro anos <strong>de</strong> pesquisa, em seu livro<br />

“Animismo e Espiritismo” 1 , mostrando que o admirável filósofo germânico tinha razão parcial, haja<br />

vista ser o próprio sensitivo, também, um Espírito e que, por isso, po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> intermediário para<br />

as inteligências extracorpóreas.<br />

Há, entretanto, vários fenômenos que não se a<strong>de</strong>quam a essa teoria da manifestação exclusiva da<br />

mente do sensitivo, do seu inconsciente,<br />

Como explicar, satisfatória e lucidamente, as manifestações acima das capacida<strong>de</strong>s intelectual e<br />

moral do medianeiro ou em oposição às suas próprias convicções: e, especialmente, como encarar as<br />

aparições tangíveis <strong>de</strong> familiares, inclusive <strong>de</strong> diversos pesquisadores <strong>de</strong> renome e probida<strong>de</strong><br />

inatacáveis, senão pela existência e comunicabilida<strong>de</strong> dos Espíritos.<br />

Aliás, o vocábulo animismo não é encontrado na Codificação Espírita, posto haver sido um<br />

neologismo criado por Aksakof para traduzir o fenômeno psíquico, passível <strong>de</strong> ser explicado<br />

unicamente pela manifestação do Espírito do próprio médium.<br />

No entanto, embora não utilizando o vocábulo animismo, Kar<strong>de</strong>c reporta-se, <strong>de</strong> maneira sumária à<br />

questão anímica em “O Livro dos Médiuns”, como se po<strong>de</strong> perceber nos seguintes trechos, pinçados<br />

do seu capítulo XIX, intitulado “Papel dos Médiuns nas Comunicações”:<br />

“A alma do médium po<strong>de</strong> comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza <strong>de</strong> um certo grau <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong> 2 , recobra então as suas qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Espírito” 3<br />

“É certo que o Espírito do médium po<strong>de</strong> agir por si, mas isso não é razão para que outros Espíritos<br />

não possam agir, também, por seu intermédio”. 4<br />

“O Espírito do médium é o interprete porque está ligado ao corpo que serve para comunicação e<br />

porque é necessária essa ca<strong>de</strong>ia entre vós e os Espíritos comunicantes, como é necessário um fio<br />

elétrico para transmitir uma notícia à distância, e na ponta do fio uma pessoa inteligente que a


eceba e comunique”. 5<br />

“O Espírito do médium po<strong>de</strong> alterar as respostas, adaptando-as às suas próprias i<strong>de</strong>ias e às suas<br />

tendências”. 6<br />

Também, o Professor Ernesto Bozzano, cientista italiano, que durante toda sua vida <strong>de</strong>dicou-se ao<br />

estudo da fenomenologia psíquica, sumariou as suas experiências, por ocasião do Congresso<br />

Internacional <strong>de</strong> Espiritismo, realizado em 1937, em Glasgow, com seu livro intitulado: “Animismo<br />

ou Espiritismo?” Nesta obra, o renomado escritor afirma categórico, em resposta à pergunta sobre<br />

“qual das explicações é a que exprime a verda<strong>de</strong>, se a espiritista, se a anímica (do próprio<br />

sensitivo)”:<br />

“Nem um, nem outro logra, separadamente, explicar o conjunto <strong>de</strong> fenômenos supranormais.<br />

Ambos são indispensáveis a tal fim e não po<strong>de</strong>m separar-se, pois que são efeitos <strong>de</strong> uma causa única,<br />

é essa causa é o Espírito humano que, quando se manifesta, em momentos fugazes durante a<br />

encarnação, <strong>de</strong>termina fenômenos anímicos e, quando se manifesta mediunicamente, durante a<br />

existência „<strong>de</strong>sencarnada‟, <strong>de</strong>termina os fenômenos espiríticos”. 7<br />

A verda<strong>de</strong> é que o médium tem <strong>de</strong>cisiva participação na Comunicação Mediúnica, participação<br />

esta que varia em intensida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com inúmeros fatores (notadamente com a Educação<br />

Mediúnica).<br />

Faz-se mister entendamos, porém, que a Manifestação Espírita sem participação anímica (da alma<br />

do medianeiro) é, apenas, uma tendência, ou seja, jamais encontraremos tal fenômeno totalmente<br />

<strong>de</strong>stituído do componente anímico, pois o médium constitui-se invariavelmente em intérprete para o<br />

Espírito comunicante e os Espíritos se utilizam dos substratos cerebrais - físicos ou extrafísicos - do<br />

sensitivo.<br />

Há, infelizmente, ainda, no meio espiritista, fruto da ignorância, estranho preconceito no que<br />

concerne ao animismo. 8<br />

É natural que trabalhemos por otimizar o fenômeno mediúnico, tornando-o, mais e mais, a fiel<br />

expressão do pensamento do <strong>de</strong>sencarnado. Isso, porém, não impe<strong>de</strong> tratemos o medianeiro com<br />

aquela problemática, <strong>de</strong> forma indulgente e compreensiva.<br />

Não confundir, nunca, animismo com frau<strong>de</strong> ou mistificação. Aquele não objetiva enganar a<br />

ninguém; estas visam, propositadamente, veicular falsa i<strong>de</strong>ologia. O primeiro se processa sem que o<br />

médium se dê conta <strong>de</strong> que o conteúdo da mensagem é exclusivamente seu (ou prepon<strong>de</strong>rantemente<br />

seu); nas últimas há sempre a intenção dolosa <strong>de</strong> enganar.<br />

Po<strong>de</strong>mos, é certo, pelo menos do ponto <strong>de</strong> vista teórico, observar fenômenos anímicos plenamente<br />

puros, não acontecendo o mesmo com o fenômeno mediúnico.<br />

Na fenomenologia paranormal (dita anímica pura) encontramos uma gama <strong>de</strong> expressões <strong>de</strong>sses dons<br />

psíquicos, mas, muitas vezes (eu diria no mais das vezes), há a participação velada dos<br />

<strong>de</strong>sencarnados.<br />

Vejamos, para maior esclarecimento sobre a participação dos Espíritos nesses fenômenos, o que nos<br />

ensinam os Espíritos Reveladores 9 , à pergunta <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c sobre, as curas processadas pelos<br />

magnetizadores (fenômeno anímico) <strong>de</strong>screntes da ação do Mundo Invisível:<br />

“Pensas então que os Espíritos só agem sobre os que crêem neles? Os que magnetizam para o bem<br />

são auxiliados pelos Espíritos Bons. Todo homem que aspira ao bem os chama sem o perceber, da<br />

mesma maneira que, pelo <strong>de</strong>sejo do mal e pelas más intenções chamará os maus”.<br />

Oportunamente, estabeleceremos uma separação didática entre os fenômenos anímicos e os<br />

fenômenos mediúnicos.


Bibliografia<br />

1 Editado pela FEB em dois volumes.<br />

2 Durante o estado <strong>de</strong> transe o Espírito encontra-se mais livre, os laços fluídicos que o pren<strong>de</strong>m ao corpo físico encontram-se<br />

momentaneamente afrouxados.<br />

3 KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Tradução J. Herculano Pires. Cap. XIX, item 223:1. Ed. EME: Capivari-SP<br />

4 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m: item 223:2<br />

5 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m: item 223:6<br />

6 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m: 223:7.<br />

7 BOZZANO, Ernesto. – “Animismo ou Espiritismo?”. Trad. Guillon Ribeiro. Prefácio. pág. 09 Brasília. FEB. 1987.<br />

8 O animismo puro é a manifestação do Espírito do próprio médium, a partir <strong>de</strong> elementos do seu inconsciente, assumindo<br />

personalida<strong>de</strong>s já vividas. Apesar disso, ele acredita estar dando passivida<strong>de</strong>, a um <strong>de</strong>sencarnado. Há, porém, as situações<br />

em que um Espírito se apresenta, mas o médium não consegue expressar-lhe <strong>de</strong>vidamente o pensamento, modificando-o,<br />

<strong>de</strong> forma involuntária, sob a ação das próprias idéias.<br />

9 KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. 2ª Parte, cap. XIV, item 176, questão 3. EME Editora.<br />

Capivari-SP<br />

Glossário:<br />

Alexandre Aksakof (Ripievka, 27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1832 — São Petersburgo, 4 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1903) foi um diplomata russo,<br />

conselheiro <strong>de</strong> Alexandre III. Doutorou-se em filosofia e se notabilizou na investigação e na análise dos fenômenos espíritas<br />

durante o século XIX.<br />

Criou a<strong>de</strong>ptos entre cientistas e filósofos <strong>de</strong> seu tempo, que, através <strong>de</strong> experiências feitas com médiuns famosos como<br />

Daniel Dunglas Home, levou a Rússia a formar a primeira comissão <strong>de</strong> caráter puramente científico para o estudo dos<br />

fenômenos espíritas.<br />

Sustentou longa polêmica e refutou as explicações materialistas do filósofo alemão Von Hartmann, discípulo <strong>de</strong><br />

Schopenhauer, que atribuía todos os fenômenos espíritas a manifestações do inconsciente ou a charlatanismos.<br />

Efetivou numerosas experiências e observações científicas com o concurso da médium italiana Eusapia Palladino, que<br />

serviram <strong>de</strong> fundamentação para sua obra mais importante: Animismo e Espiritismo assim como, ao estudar a mediunida<strong>de</strong><br />

da médium inglêsa conhecida como Elizabeth d'Espérance, testemunhou um evento sobre o qual escreveu a obra "Um Caso<br />

<strong>de</strong> Desmaterialização".<br />

Lição: 6<br />

A) TELEPATIA<br />

II. FENÔMENOS ANÍMICOS<br />

É a percepção do pensamento <strong>de</strong> outrem. Durante muito tempo não foi aceita pela Ciência Ortodoxa,<br />

Hoje, já está comprovada estatisticamente pela Parapsicologia. 1<br />

B) CLARIVIDÊNCIA 2<br />

Diz-se da percepção visual ou objetiva sem o uso dos sentidos físicos. O sensitivo tem a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> “visualizar” quadros e acontecimentos à distância, seja física ou temporal (no passado,<br />

retrocognição; no futuro, precognição).<br />

C) PSICOMETRIA<br />

É o fenômeno pelo qual se estabelece o conhecimento do passado, do presente e <strong>de</strong> traços da


personalida<strong>de</strong> humana, através do contato do sensitivo com objetos. Acredita-se que os objetos<br />

impregnam-se da energia mental dos que lhe contataram ou permitem ao sensitivo i<strong>de</strong>ntificar e<br />

perscrutar esta inteligência, on<strong>de</strong> ela se encontre. É fenômeno ainda muito pouco esclarecido.<br />

D) DESDOBRAMENTO<br />

É o afastamento da alma <strong>de</strong> seu corpo físico, em momento <strong>de</strong> relaxação ou sono. Po<strong>de</strong> ser<br />

inconsciente, como sói ocorrer durante o sono, ou consciente, com a realida<strong>de</strong> espiritual do indivíduo<br />

retendo a impressão do plano espiritual e conduzindo-a ao cérebro material.<br />

O <strong>de</strong>sdobramento inconsciente ocorre rotineiramente com todas as pessoas quando dormem<br />

ou assumem estado <strong>de</strong> relaxação.<br />

Nos casos conscientes, o sensitivo reconhece-se fora do corpo, po<strong>de</strong>ndo acompanhar todo o processo<br />

<strong>de</strong> saída e retorno, bem como reter as lembranças, ao voltar do ocorrido em sua peregrinação<br />

extrafísica.<br />

Nos países <strong>de</strong> língua inglesa o <strong>de</strong>sdobramento é conhecido pela sigla OOBE (Out of the body<br />

experiencies).<br />

No Brasil, há um grupo não espírita que se <strong>de</strong>dica especificamente ao estudo <strong>de</strong>ste fenômeno e que o<br />

intitula “Projeções da Consciência”.<br />

E) BICORPOREIDADE<br />

É o <strong>de</strong>sdobramento com tangibilida<strong>de</strong>. Neste caso, ocorre um <strong>de</strong>sdobramento com posterior<br />

materialização. É fenômeno também conhecido como “Aparição <strong>de</strong> „vivos‟”.<br />

F) TELECINESIA<br />

É a movimentação <strong>de</strong> corpos materiais, sem o contato ou a ação direta <strong>de</strong> agentes físicos.<br />

III. MEDIUNISMO, MEDIUNIDADE E MEDIUNATO<br />

A faculda<strong>de</strong> mediúnica, em nosso estágio evolutivo, costuma ser fruto da Misericórdia Divina a nos<br />

conduzir ao resgate das ações <strong>de</strong> um passado ignominioso. Assim, saber utilizá-la em prol do Bem e<br />

sob a égi<strong>de</strong> do <strong>Cristo</strong> é <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cada medianeiro.<br />

Em sua potencialida<strong>de</strong> e manifestação primitiva, sem lapidação, exercitada empiricamente,<br />

<strong>de</strong>nominamo-la Mediunismo, para diferençá-la daquela trabalhada e evangelizada – a<br />

<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>.<br />

A palavra Mediunismo, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> alguns confra<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>rarem-na criada por Emmanuel,<br />

mentor espiritual <strong>de</strong> Francisco Cândido Xavier, no ano <strong>de</strong> 1937, foi na realida<strong>de</strong> usada pela primeira<br />

vez, no afirmar <strong>de</strong> João Teixeira <strong>de</strong> Paula, pelo sábio russo Alexan<strong>de</strong>r Aksakof (do alemão<br />

Mediumismus), em 1890. 3<br />

A <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Natural, aquela que todos possuem, em gérmen, virtualmente, diferencia-se do<br />

Mediunato que é o mandato mediúnico outorgado, temporariamente, por Deus a nosso benefício, o<br />

qual, por sua vez, <strong>de</strong>ve invariavelmente ser posto a benefício do próximo.<br />

Então, embora todos sejamos médiuns, no momento evolutivo em que nos encontramos, a<br />

“mediunida<strong>de</strong>-conquista” está ainda em seus primeiros passos e os médiuns ostensivos<br />

contemporâneos têm a faculda<strong>de</strong> neste ponto como empréstimo, instrumento <strong>de</strong> trabalho para a atual<br />

encarnação, do qual terão <strong>de</strong> prestar contas após o <strong>de</strong>cesso físico. 4


Bibliografia<br />

1<br />

RHINE, Joseph B. – “O Alcance da Mente”. Trad. E. Jacy Monteiro. Bestseller: São Paulo-SP.<br />

2<br />

Apesar <strong>de</strong> frequentemente se utilizarem, no geral, os vocábulos clarividência e vidência sem diferenciação alguma, por<br />

razões didáticas, rotularemos, neste estudo, os fenômenos preferencialmente anímicos <strong>de</strong> clarividência os <strong>de</strong> caráter<br />

mediúnico <strong>de</strong> vidência.<br />

3<br />

PAULA, João Teixeira <strong>de</strong>. – “Dicionário <strong>de</strong> Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo”. Vol. 2. Banco Cultural Brasileiro<br />

Editora Ltda: São Paulo-SP.<br />

4<br />

Lembrar a “Parábola dos Talentos” tão bem explicada em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.<br />

Glossário:<br />

1.Parapsicologia, vem do grego "para" [além <strong>de</strong>], "psique" [alma, espírito, mente, essência] e "logos" [estudo, ciência,<br />

essência cósmica] e sugere o significado etimológico <strong>de</strong> tudo que está "além da psique", "além da psicologia" ou mais<br />

especifiamente, o que está além e, portanto inclui a psique e a psicologia. Neste sentido, po<strong>de</strong>mos dizer que a Parapsicologia<br />

é uma Transpsicologia ou se correlaciona diretamente com sua irmã gêmea, a Psicologia Transpessoal e outras áreas das<br />

investigações mais avançadas, como a Psicobiofísica, Psicotrônica, Projeciologia e afins.<br />

É também conhecida como Pesquisa Psi e ainda Metapsíquica [nomenclatura mais antiga], po<strong>de</strong> ser compreendida, a partir<br />

<strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista estrito senso, como o estudo <strong>de</strong> alegações paranormais e associados à experiência humana, ou seja, as<br />

interações aparentemente extra-sensório-motoras entre seres humanos e o meio ambiente. Esses fenômenos também são<br />

conhecidos como fenômenos paranormais ou fenômenos Psi.<br />

A posição da parapsicologia como um ramo da ciência é constestada [1] sendo que os cientistas, incluindo psicólogos,<br />

classificam-na predominantemente como pseudociência <strong>de</strong>vido ao fracasso em mostrar resultados através do método<br />

científico em mais <strong>de</strong> um século <strong>de</strong> pesquisas. [2][3][4]<br />

Por outro lado, diante das evidências temos que duas correntes gerais habitam os corredores da Parapsicologia:<br />

1. Cerebrocêntrica ou Corpocêntrica: esta linha <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> estarem os fenômenos psi que sugerem a sobrevivência no<br />

território da hipótese, o que modifica completamente a classificação fenomenológica <strong>de</strong> psi. As pesquisas aqui reduzem-se a<br />

neurociência, ao cérebro, a comprovação laboratorial <strong>de</strong>ntro dos critérios ontognoseológicos da ciência centrada na matéria.<br />

2. Psicocêntrica ou Conscienciocêntrica: esta, por outro lado, consi<strong>de</strong>ra comprovada a sobrevivência <strong>de</strong> psi e fenômenos<br />

como retrocognição, experiência fora do corpo e quase morte (por exemplo). Neste sentido, estamos a<strong>de</strong>ntrando nas<br />

pesquisas dos parapsicólogos Hernani Guimarães Andra<strong>de</strong>, Geraldo Sarti, Carlos Tinoco, Fernando Salvino e outros antigos<br />

pesquisadores, como Sylvan Muldoon, Hereward Carrignton, Oliver Lodge, Zelst, Malta e outros. A comprovação se dá pelo<br />

entrelaçamento das evidências quantitativas com as qualitativas, conjuntamente com a pesquisa participativa<br />

auto-experimentativa, fundada por Muldoon.<br />

2.Parapsicologia – Ciência <strong>de</strong> investigação que se ocupa dos fenômenos paranormais ou anímicos, tendo o professor Joseph<br />

Banks Rhine (1895-1980) e sua esposa Louisa Ella Rhine (1891-1983), fundadores do Laboratório <strong>de</strong> Parapsicologia, na<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Duke, nos Estados Unidos, em 1935, os seus gran<strong>de</strong>s expoentes.<br />

Lição: 7<br />

I. CLASSIFICAÇÃO<br />

Capítulo 3<br />

Classificação e tipos <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong><br />

<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> é uma faculda<strong>de</strong> extremamente rica em nuanças e aspectos no que concerne à sua<br />

manifestação, variando na forma corno no tipo <strong>de</strong> expressão e sendo obviamente peculiar a cada<br />

criatura, como costumam ser as <strong>de</strong>mais faculda<strong>de</strong>s do Espírito.<br />

Entretanto, para uma melhor compreensão e apreensão das suas características gerais, faz-se<br />

necessário observá-la nessas suas múltiplas possibilida<strong>de</strong>s, seja em relação ao fenômeno em si, seja<br />

no que respeita às peculiarida<strong>de</strong>s dos médiuns.


Assim sendo, estruturados especialmente no conteúdo <strong>de</strong> “O Livro dos Médiuns”, po<strong>de</strong>mos<br />

classificá-la como sugerido abaixo:<br />

A. QUANTO À NATUREZA<br />

a) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Natural 1 - aquela que já se constitui patrimônio anímico, ou seja, é o resultado da<br />

experiência e do <strong>de</strong>senvolvimento espiritual. Em plenitu<strong>de</strong>, é uma qualida<strong>de</strong> do Espírito já evoluído,<br />

que tem uma sensibilida<strong>de</strong> apurada, permitindo-lhe vibrar normalmente em planos superiores, sendo<br />

faculda<strong>de</strong> puramente espiritual (conquista individual).<br />

Todos, porém, a possuímos em gérmen, em potencialida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma rudimentar, embrionária. 2<br />

b) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Tarefeira (<strong>de</strong> Prova) - faculda<strong>de</strong> concedida pela misericórdia <strong>de</strong> Deus. Não<br />

exatamente conquistada, mas dádiva divina temporária. Outorga feita em certas circunstâncias e<br />

ocasiões, para que, no seu gozo e uso, tenha o Espírito encarnado a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resgatar dívidas,<br />

<strong>de</strong>senvolver potenciais, favorecer terceiros e <strong>de</strong>spertar consciências.<br />

O médium tarefeiro, portanto, <strong>de</strong>ve ser visto como uma pessoa comum, favorecida <strong>de</strong> um dom<br />

mediúnico, como outras pessoas o são <strong>de</strong> outros dons.<br />

B) QUANTO AO MÉDIUM<br />

a) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Consciente - aquela em que a comunicação espiritual se dá estando o sensitivo em<br />

plena consciência, guardando-lhe a lembrança.<br />

b) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Inconsciente - aquela em que existe uma maior exteriorização perispirítica do<br />

médium (<strong>de</strong>sdobramento), dificultando-lhe a fixação da mensagem no cérebro físico e,<br />

consequentemente, a lembrança após o estado <strong>de</strong> transe mediúnico. Entenda-se, porém, que, na<br />

condição <strong>de</strong> Espírito, o médium sempre acompanha a comunicação e, por conseguinte, é sempre<br />

responsável pelas repercussões da interação mediúnica.<br />

c) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Involuntária - é quando a comunicação mediúnica se efetua <strong>de</strong> forma compulsória,<br />

sem que o médium tome conhecimento <strong>de</strong>la. É frequente acontecer em medianeiros <strong>de</strong>seducados em<br />

sua faculda<strong>de</strong> e que, muitas vezes, nem mesmo sabem que são <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong>sta faculda<strong>de</strong>.<br />

d) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Facultativa ou Voluntária - diz-se daquela em que o medianeiro é dotado <strong>de</strong> plena<br />

consciência da sua capacida<strong>de</strong> mediúnica e dos fenômenos que po<strong>de</strong> intermediar, permitindo, por sua<br />

livre vonta<strong>de</strong>, que os Espíritos venham a se utilizar dos recursos medianímicos.<br />

C) QUANTO AO FENÔMENO<br />

a) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Efeitos Físicos - expressa pelos fenômenos objetivos, po<strong>de</strong>ndo envolver até<br />

mesmo elementos materiais pesados. Permite exame direto, do ponto <strong>de</strong> vista científico. Assim<br />

chamada porque a participação do intelecto do médium é pequena ou pouco relevante. Ex.:<br />

Levitação, Transporte, Tiptologia etc.<br />

b) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Efeitos Inteligentes – a manifestação se dá <strong>de</strong> forma subjetiva, atestando a<br />

presença <strong>de</strong> uma inteligência extracorpórea e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da inteligência do médium. O Espírito<br />

busca, nos arquivos e escaninhos cerebromentais do medianeiro, sua forma <strong>de</strong> expressão. São<br />

exemplos <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong>: Psicografia. Psicofonia, Psicopictografia etc.<br />

Bibliografia


1 Raríssima em nosso mundo. Conquista do Espírito <strong>de</strong> elevada hierarquia.<br />

2 Para que se possa fazer melhor i<strong>de</strong>ia disso, po<strong>de</strong>mos afirmar que o momento evolutivo em que se encontra a Humanida<strong>de</strong><br />

hoje, no que respeita à faculda<strong>de</strong> mediúnica, po<strong>de</strong> ser comparado ao estágio da inteligência, à época dos homens das<br />

cavernas.<br />

Glossário:<br />

Levitação = [do latim levitu] - Ato ou efeito <strong>de</strong> erguer objetos ou pessoas acima do solo, sem esforço corporal.<br />

Transporte = [do latim trans + portare] - 1. Ato ou efeito <strong>de</strong> transportar, <strong>de</strong>slocar, conduzir. 2. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeito físico pela<br />

qual os Espíritos po<strong>de</strong>m transportar objetos <strong>de</strong> um lugar para outro.<br />

Tiptologia = [do grego tuptó + logos + -ia] - Linguagem por pancadas; modo <strong>de</strong> comunicação dos Espíritos. Tiptologia<br />

alfabética. Ver: Sematologia.<br />

Psicopictografia = Pictografia [do latim pictu, particípio <strong>de</strong> pingere + graf(o) + -ia] - Pintura ou <strong>de</strong>senho feito por Espírito<br />

através <strong>de</strong> médium.<br />

Lição: 8<br />

A. EFEITOS INTELI<strong>GE</strong>NTES<br />

II. TIPOS DE MEDIUNIDADE<br />

a) Psicografia - fenômeno mediúnico em que os Espíritos utilizam-se do ato <strong>de</strong> escrever do<br />

sensitivo. Po<strong>de</strong> ser mecânica (o médium não tem consciência do escrito), semimecânica (o médium<br />

toma conhecimento do conteúdo da escrita no momento em que ela se dá) e intuitiva (a mensagem<br />

alcança, inicialmente, a esfera consciencial do medianeiro e, a partir daí, é repassada para o papel).<br />

É, no dizer dos Espíritos Reveladores, em “O Livro dos Médiuns”:<br />

“De todas as formas <strong>de</strong> comunicação, a maia simples, a mais cômoda e, sobretudo, a mais completa<br />

(...) porque permite estabelecer relações tão permanentes e regulares com os Espíritos, como as que<br />

mantemos entre nós”. 1<br />

b) <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Falante ou Psicofonia – os Espíritos utilizam-se do aparelho fonador do<br />

medianeiro, isto é, falam através <strong>de</strong>le. Po<strong>de</strong> ser consciente (lembrança integral), semiconsciente<br />

(lembrança parcial) ou inconsciente (nenhuma lembrança).<br />

Ainda uma vez, alertamos: toda comunicação mediúnica é da total responsabilida<strong>de</strong> do médium,<br />

porque, embora esteja ele inconsciente no físico, em espírito - apesar <strong>de</strong> exteriorizado (eu diria<br />

especialmente por isso!) -, encontra-se perfeitamente lúcido.<br />

c) Vidência - faculda<strong>de</strong> mediúnica em que o sensitivo vislumbra seres e paisagens da dimensão<br />

espiritual, sob a ação <strong>de</strong> um ou mais Espíritos. A intervenção se dá em nível perispirítico, com<br />

repercussão no cérebro físico (diencéfalo). Diferencia-se do fenômeno anímico pela ação indutiva do<br />

Espírito sobre o sensitivo, levando-o a ver o que aquele <strong>de</strong>seja, segundo a sua vonta<strong>de</strong> e intenção.<br />

No caso, a ação do Espírito se faz, através do perispírito, sobre os centros visuais no diencéfalo 2<br />

(visão diencefálica).<br />

Po<strong>de</strong>mos classificar o fenômeno em:<br />

Vidência ambiental ou local – quando se opera no ambiente em que se encontra o médium,<br />

atingindo fatos que ali mesmo se <strong>de</strong>senrolam.<br />

Vidência espacial – é aquela em que o medianeiro vê cenas, quadros, sinais ou símbolos, em


pontos distantes do local em que encontra.<br />

Vidência temporal – quando o vi<strong>de</strong>nte presencia cenas representativas <strong>de</strong> fatos por ocorrer ou<br />

já ocorridos anteriormente.<br />

d) Audiência – é a faculda<strong>de</strong> mediúnica que capacita o medianeiro para ouvir as vozes do plano<br />

espiritual. À semelhança da vidência, na audiência os Espíritos atuam no perispírito do sensitivo,<br />

com repercussão nas áreas auditivas do cérebro físico e da cóclea 3 . Alguns medianeiros têm a<br />

impressão <strong>de</strong> ouvir com o aparelho auditivo, enquanto outros ouvem as palavras como se ecoassem<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua cabeça. Essas são características especificas e pessoais, mas também po<strong>de</strong>m<br />

modificar-se <strong>de</strong> acordo com os Espíritos comunicantes.<br />

Bibliografia<br />

1 KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. Cap. XV, item 178.<br />

2 A parte mais interna e inferior do cérebro.<br />

3 Situada no ouvido interno.<br />

Glossário:<br />

Diencéfalo = 1. Anat. Porção posterior do prosencéfalo, e que compreen<strong>de</strong> o tálamo, o hipotálamo e, para alguns autores, o<br />

subtálamo, este como setor in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Cóclea = 1. Anat. Parte anterior do labirinto, ou orelha interna; caracol.<br />

Lição: 9<br />

B . EFEITOS FÍSICOS<br />

a) Tiptologia – comunicação espírita realizada por meio <strong>de</strong> pancadas na "mesa mediúnica 1 ou em<br />

outros locais do ambiente, Também conhecida como "raps"<br />

b) Sematologia – manifestação espiritual efetuada por meio <strong>de</strong> símbolos. Também conhecida como<br />

“mímica dos Espíritos” e "linguagem dos símbolos".<br />

c) Pneumatografia (escrita direta) – escrita direta dos Espíritos, isto é, sem a intervenção do<br />

sistema osteomuscular do medianeiro. Neste caso, o Espírito retira do fluido cósmico e do fluido<br />

magnético <strong>de</strong> um médium a substância necessária à impressão <strong>de</strong> caracteres e/ou letras, “o mais<br />

frequentemente com uma substância acinzentada, análoga à aparência do chumbo; <strong>de</strong> outras vezes<br />

com lápis vermelho, tinta comum e mesmo tinta <strong>de</strong> imprensa”. 2<br />

d) Pneumatofonia (voz direta) – comunicação mediúnica em que se ouve a voz espiritual, sem a<br />

participação das corda vocais do sensitivo. Há utilização por parte das Entida<strong>de</strong>s Espirituais, das<br />

energias psicofísicas (fluido animalizado, ectoplasma) do médium e fluidos espirituais, na<br />

construção <strong>de</strong> um aparelho fonador fluídico.<br />

e) Deslocamento <strong>de</strong> Corpos Sólidos – movimentação <strong>de</strong> objetos vários, pela ação dos Espíritos,<br />

que associam seus fluidos aos do medianeiro, sem os quais não po<strong>de</strong>riam agir sobre a matéria.


f) Transporte – passagem <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong> uma ambiência externa para uma interna ou vice-versa,<br />

estando um dos recintos hermeticamente fechado.<br />

O professor Zöllner, astrônomo e físico alemão, acreditava que os objetos seriam transportados<br />

através <strong>de</strong> uma quarta dimensão.<br />

Em “O Livro dos Médiuns” 3 encontramos, a este respeito:<br />

“– Como transportais os objetos; os pren<strong>de</strong>is com as mãos? – indaga Kar<strong>de</strong>c.<br />

“– Não, nós o envolvemos em nós”. – respon<strong>de</strong> o Espírito trazido por Erasto para ser entrevistado.<br />

Vê-se que o Espírito tenta explicar o fenômeno na forma e possibilida<strong>de</strong> do seu entendimento, mas<br />

isso está perfeitamente em consonância com a hipótese do cientista alemão acima citado, pois o<br />

Espírito empiricamente envolve o objeto em seus fluidos, encontrados em uma outra dimensão,<br />

associando-os aos fluidos animalizados capazes <strong>de</strong> patrocinarem o <strong>de</strong>slocamento daquele objeto.<br />

Quando o transporte se dá <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro, <strong>de</strong>nominamo-lo <strong>de</strong> apporte e em sentido contrário <strong>de</strong><br />

asporte.<br />

Po<strong>de</strong> ocorrer que certos objetos (pregos, por exemplo) sejam introduzidos na intimida<strong>de</strong> dos tecidos<br />

orgânicos. A este tipo <strong>de</strong> transporte chamamos <strong>de</strong> endopporte. 4<br />

g) Transfiguração – fenômeno pelo qual ocorre mudança temporária no aspecto <strong>de</strong> um corpo vivo,<br />

<strong>de</strong> maneira parcial ou completa. A fisionomia do médium passa a se assemelhar à do Espírito que se<br />

manifesta por seu intermédio. Po<strong>de</strong> ser causado simplesmente por contrações musculares ou por<br />

envolvimento fluídico com energias do próprio médium e do Espírito que se comunica, <strong>de</strong>rivadas dos<br />

seus perispíritos.<br />

Acontecem, às vezes, mudanças <strong>de</strong> aspecto radicais, como o caso <strong>de</strong>scrito por Allan Kar<strong>de</strong>c, em “O<br />

Livro dos Médiuns”, on<strong>de</strong> uma garota envolvida por seu irmão falecido, assume, a forma corporal do<br />

rapaz, que era bem mais alto que ela.<br />

h) Materialização <strong>de</strong> Espíritos (Ectoplasmias) – fenômeno pelo qual um Espírito, utilizando-se<br />

das energias psicofísicas <strong>de</strong> um médium <strong>de</strong> efeitos físicos e associando-as às suas, po<strong>de</strong> tornar-se<br />

visível e até tangível aos circunstantes.<br />

Aqui, há como que um revestimento <strong>de</strong>sta "matéria ectoplasmática" – formada a partir do fluido<br />

magnético do medianeiro – sobre o perispírito do comunicante.<br />

Essa aparições são conhecidas pelo nome <strong>de</strong> agêneres.<br />

i) "Poltergeist" – palavra originada do alemão e que significa "Espírito Batedor". Sob esta<br />

<strong>de</strong>nominação estão enquadrados fenômenos diversos, em freqüente associação, como: ruídos<br />

insólitos, queda <strong>de</strong> pedras e outros objetos, utensílios que saem <strong>de</strong> seus lugares espatifando-se<br />

alguns, móveis que são arrastados, parapirogenia 5 etc.<br />

Costumam estar relacionados, frequentemente com a presença <strong>de</strong> crianças em ida<strong>de</strong> pré-púbere ou <strong>de</strong><br />

adolescentes encontrados no local das manifestações, o que faz com que alguns parapsicólogos<br />

procurem explicar o fenômeno pela ação “psicodinâmica inconsciente” do próprio jovem. No<br />

entanto, são assinalados casos <strong>de</strong> "Poltergeist" sem a presença <strong>de</strong> jovens ou <strong>de</strong> qualquer pessoa em tal<br />

situação.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Não se entenda com essa <strong>de</strong>signação que a mesa possua alguma virtu<strong>de</strong> para efetivar-se a comunicação mediúnica. Por<br />

“mesa mediúnica” <strong>de</strong>ve-se enten<strong>de</strong>r apenas o móvel que é utilizado nas reuniões mediúnicas.<br />

2<br />

KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. Cap. VIII, item 127.<br />

3<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, 2ª Parte, Cap. V, item 13.<br />

4<br />

Ver o livro “Vampirismo”, da autoria do Prof. J. Herculano Pires, cap. VI, Ed.Paidéia SP-SP.


5 Termo criado pelo Prof. Hernani Guimarães Andra<strong>de</strong> para a combustão espontânea (Para, <strong>de</strong> paranormal; pyr, pyros, do<br />

grego = fogo; gígnomai, do grego = gerar). Ver seu livro “Parapirogenia – Algumas <strong>de</strong> Suas Ocorrências no Brasil”, Ed.<br />

Pensamento: São Paulo – SP.<br />

Glossário:<br />

Osteomuscular = O sistema muscular dos animais é o conjunto <strong>de</strong> órgãos (músculos) que lhes permite moverem-se, tanto<br />

externa, como internamente.<br />

O sistema muscular dos vertebrados é formado por três tipos <strong>de</strong> músculo: cardíaco, estriado e liso. Os músculos estriados<br />

são controlados pela vonta<strong>de</strong> do homem, e por serem ligados aos ossos permitem a movimentação do corpo. Os músculos<br />

lisos são involuntários e trabalham para movimentar os órgãos internos (exemplo: movimentos do esôfago). O músculo<br />

cardíaco é um músculo estriado, que move o coração; no entanto, possui como característica não estar sob qualquer<br />

controle voluntário, sendo por isso colocado a parte.<br />

Ectoplasma = [do grego e do latim, respectivamente: ektós + plasma]- 1. Biologia: parte periférica do citoplasma. 2.<br />

Parapsicologia: termo criado por Charles Richet para <strong>de</strong>signar a substância visível que emana do corpo <strong>de</strong> certos médiuns. 3.<br />

Para a ciência espírita, <strong>de</strong>signa a substância viscosa, esbranquiçada, quase transparente, com reflexos leitosos, evanescente<br />

sob a luz, e que tem proprieda<strong>de</strong>s químicas semelhantes às do corpo físico do médium, don<strong>de</strong> provém. É consi<strong>de</strong>rada a base<br />

dos efeitos mediúnicos chamados físicos, como a materialização, pois através <strong>de</strong>la os Espíritos po<strong>de</strong>m atuar sobre a matéria.<br />

Agênere = Agênere [do grego: a + géiné, geinomai] - 1. Varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparição tangível. 2. Estado <strong>de</strong> certos Espíritos que<br />

po<strong>de</strong>m revestir, temporariamente, as formas <strong>de</strong> uma pessoa encarnada, ao ponto <strong>de</strong> produzirem completa ilusão.<br />

Lição: 10<br />

A. HISTÓRICO<br />

Capítulo 4<br />

O Fenômeno Mediúnico<br />

I. A MATÉRIA<br />

Des<strong>de</strong> a Antiga Grécia que se especula a estrutura íntima da matéria. No século VI a.C. Leucipo,<br />

filósofo grego, lançava as bases da Teoria Atomística, pregando o conceito da "partículas eternas";<br />

mais ou menos em sua época, também outro filósofo grego, <strong>de</strong> nome Demócrito, retomava sua<br />

Teoria afirmando que a matéria seria formada por “partículas indivisíveis”.<br />

Só no século XIX d.C, mais precisamente em 1803, um cientista inglês, John Dalton, recorreria a tais<br />

postulados, criando a Teoria Atômica das “partículas esféricas e maciças”. Era o <strong>de</strong>lírio do<br />

Materialismo.<br />

Mais mo<strong>de</strong>rnamente, no recém-concluso século passado, exatamente no ano <strong>de</strong> 1911, o físico inglês<br />

Ernest Rutherford, ao realizar experiências com a radiativida<strong>de</strong>, concluiu que “que a matéria é<br />

formada por imensos vazios”, levando em conta que a massa do átomo está concentrada no seu<br />

núcleo e que este, por sua vez, é em torno <strong>de</strong> <strong>de</strong>z a cem mil vezes menor que o seu diâmetro total.<br />

Em 1923, Louis <strong>de</strong> Broglie, físico francês, <strong>de</strong>scobria que “a cada partícula em movimento,<br />

correspon<strong>de</strong> uma onda”, quer dizer, a partícula, a matéria, apresenta um comportamento ondulatório.<br />

Ainda no século XX, Albert Einstein, cientista alemão, <strong>de</strong>pois naturalizado americano - por conta <strong>de</strong><br />

sua <strong>de</strong>scendência judia e da perseguição nazista -, formulava a Teoria da Relativida<strong>de</strong> e provava<br />

matematicamente que a matéria po<strong>de</strong> ser transformada em energia e vire-versa, através da sua<br />

célebre fórmula: 1<br />

E = mc 2<br />

Imaginem agora, em que se apegará o Materialismo, após as proposições da Ciência contemporânea,


se o que há é uma gradação <strong>de</strong> matéria <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais sutilizada às suas mais grosseiras formas, como<br />

<strong>de</strong> resto já havia sido ensinado pelos Espíritos, por ocasião da Codificação Kar<strong>de</strong>ciana, com a<br />

introdução do conceito <strong>de</strong> “Fluido Cósmico Universal” como matéria elementar, primordial e sutil, a<br />

partir da qual todas as <strong>de</strong>mais se formam por transformações sucessivas: formas energéticas (semi-<br />

materiais) e matéria <strong>de</strong>nsa.<br />

B. COMPORTAMENTO ONDULATÓRIO<br />

Vimos, anteriormente, que a matéria em movimento tem comportamento ondulatório, ou seja, tem<br />

semelhanças com a propagação da energia (ondas).<br />

A onda é formada por uma “crista” - seu ponto mais alto (A) - e uma “<strong>de</strong>pressão” - seu ponto mais<br />

baixo (C).<br />

O “comprimento <strong>de</strong> onda” (O) é a distância entre duas cristas.<br />

O "ciclo" (D) é a propagação in totum da onda (crista e <strong>de</strong>pressão).<br />

O que diferencia as mais variadas formas <strong>de</strong> energia existentes são os seus diferentes comprimentos<br />

<strong>de</strong> onda (O) 2 e a freqüência com que se propagam (ciclos/segundo ou Hertz).<br />

C. LIMITAÇÃO PERCEPTIVA DO SER HUMANO<br />

Encarnados, envergando a vestimenta grosseira da carne, encontramo-nos limitados em nossa<br />

percepção. Só não somos cegos, nem surdos, para uma pequeníssima faixa <strong>de</strong> freqüência (faixa<br />

vibratória).<br />

Senão vejamos:<br />

Somente enxergamos na estreita freqüência das sete cores do prisma; somente apreen<strong>de</strong>mos os sons,<br />

como nos orienta Léon Denis 3 , na faixa compreendida entre 20 a 20.000 ciclos/segundo.<br />

Se somos assim tão limitados em nossas percepções, como é possível se cultive a idéia materialista<br />

<strong>de</strong> que “como não é visto, não existe”?<br />

As coisas não existem na <strong>de</strong>pendência do nosso sentir ou da nossa vonta<strong>de</strong>, mas sim porque existem,<br />

simplesmente existem!<br />

Bibliografia<br />

1 E = energia; m = massa; c = velocida<strong>de</strong> da luz.<br />

2 Distância entre duas cristas.<br />

3 DENIS, Leon. – “No Invisível”. Trad. Leopoldo Cirne. 12ª Parte, item IV. Brasília. FEB.<br />

Lição: 11<br />

O PERISPÍRITO<br />

II. O SER HUMANO<br />

O homem é um Espírito encarnado, quer dizer, que anima um corpo material.<br />

Interligando sua essência - o Espírito - ao substrato anatômico, temos um segundo corpo (o “corpo da<br />

ressurreição” 1 , <strong>de</strong> Paulo <strong>de</strong> Tarso), semelhante ao da vida orgânica, em aparência, mas<br />

semi-material, <strong>de</strong> consistência sutil, <strong>de</strong>nominado por Kar<strong>de</strong>c <strong>de</strong> perispírito.


a) Funções do Perispírito<br />

Individualida<strong>de</strong> - permite-nos manter a individualida<strong>de</strong>, no retorno ao Mundo dos Espíritos, pela<br />

sua semelhança morfológica à estrutura somática.<br />

Mo<strong>de</strong>lo Organizador Biológico (MOB) – age como cópia, por ocasião do momento reencarnatório,<br />

na constituição da nova roupagem biológica.<br />

Ligação com o Corpo - liga o Espírito ao corpo, no dizer <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c 2 , molécula-a-molécula e,<br />

conseqüentemente, célula-a-célula, por ser constituído <strong>de</strong> estruturas análogas a estas, as<br />

“psi-células”. Dessa forma, é responsável pela manutenção das funções da vida vegetativa.<br />

Veículo da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> - através <strong>de</strong>le efetua-se o intercâmbio com o Além.<br />

b) A Atmosfera Fluídica<br />

Irradiando-se do corpo físico e notadamente do perispírito, as energias originam um campo<br />

magnético uma atmosfera fluídica que envolve o indivíduo, conhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos mais remotos<br />

por Aura, a Aura Humana. Por intermédio <strong>de</strong>la, influenciamos e somos influenciados. A aparência da<br />

Aura é atributo do Espírito, retratando-lhe a evolução. Por isso mesmo, costuma apresentar-se em<br />

modalida<strong>de</strong>s as mais diversificadas conforme o padrão moral e os sentimentos <strong>de</strong> seu produtor, indo<br />

<strong>de</strong> opaca e enegrecida nos menos evoluídos, a translúcida, colorida e resplen<strong>de</strong>nte, naqueles que já<br />

galgaram estágios superiores <strong>de</strong> evolução. Além disso, po<strong>de</strong> ela modificar-se com o estado<br />

emocional e psíquico da criatura.<br />

c) Plexos Nervosos 4 e Centros <strong>de</strong> Força 5<br />

O perispírito mantém ligações com o corpo somático através <strong>de</strong> múltiplos pontos que funcionam<br />

como vórtices energéticos, verda<strong>de</strong>iros discos vibráteis e condutores dos fluidos interagindo com o<br />

sistema neuro-endócrino (glândulas <strong>de</strong> secreção interna e plexos nervosos).<br />

Isso se dá na extensão <strong>de</strong> todo o perispírito, <strong>de</strong>stacando-se, no entanto, os seguintes Centros <strong>de</strong> Força<br />

- que vamos consi<strong>de</strong>rar como primários 6 - vinculados às respectivas estruturas orgânicas:<br />

Coronário - situado na projeção do alto da cabeça, associa-se à glândula pineal 7 , sendo<br />

responsável pelas relações com o plano espiritual, especialmente em nível intuitivo. As<br />

relações que se fazem com o plano espiritual mais superior dão-se a partir <strong>de</strong>ssa área.<br />

Frontal - projetado, aproximadamente, em região localizada entre as sobrancelhas, mantém<br />

relação com a hipófise 8 (glândula pituitária) e, <strong>de</strong>ntre outras funções, participa do mecanismo<br />

da vidência, da psicografia intuitiva e da psicofonia consciente.<br />

Laríngeo - encontrado à face anterior do pescoço, relaciona-se com o plexo laríngeo e está<br />

envolvido com a audiência e a utilização do aparelho fonador pelos Espíritos, por ocasião da<br />

psicofonia semiconsciente e inconsciente.<br />

Cardíaco - projetado no corpo ao nível do precórdio (peito esquerdo), relaciona-se com o<br />

plexo cardíaco e está associado aos sentimentos e emoções superiores. Esse conhecimento<br />

po<strong>de</strong> ser bastante útil para o esclarecedor (doutrinador) nas reuniões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobsessão, ao dirigir<br />

pensamentos e vibrações amorosos na direção <strong>de</strong>sse centro <strong>de</strong> força, no caso daqueles<br />

Espíritos mais endurecidos e áridos. Não se <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r com isso, no entanto, que este<br />

recurso seja dotado <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res mágicos. O que ocorre é que as expressões dos sentimentos <strong>de</strong><br />

cada um se faz através do corpo; no caso do <strong>de</strong>sencarnado, através do seu perispírito. Então,<br />

assim corno se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar uma <strong>de</strong>terminada sensação, seguida a estímulo em<br />

<strong>de</strong>terminado ponto do cérebro com um eletrodo, ao se estimular o centro <strong>de</strong> força cardíaco,


também se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar uma certa reação compatível com a sua função.<br />

Gástrico - situado em um ponto projetado entre o epigástrio ("boca do estômago") e a região<br />

umbilical, goza <strong>de</strong> estreita relação com o plexo solar e - afirmam vários Espíritos por diversos<br />

médiuns - é, frequentemente, "assediado" por entida<strong>de</strong>s espirituais sofredoras, especialmente<br />

aquelas muito ligadas à matéria. Costuma levar a disfunções neurovegetativas.<br />

Esplênico - projetado na região do baço (parte superior esquerda do abdômen, sob o músculo<br />

diafragma), relaciona-se com o plexo mesentérico e é local on<strong>de</strong> - ainda segundo a opinião <strong>de</strong><br />

muitas entida<strong>de</strong>s espirituais - os Espíritos obsessores costumam "plugar-se" para espoliar<br />

energias do hospe<strong>de</strong>iro.<br />

Genésico - localizado no baixo ventre, está associado ao plexo hipogástrico e po<strong>de</strong> ser<br />

manipulado, sendo-o comumente, por Espíritos vingativos e vampirizadores <strong>de</strong> energias<br />

genésicas e na aplicação <strong>de</strong> vinganças pela produção <strong>de</strong> distúrbios variados na esfera sexual.<br />

Bibliografia<br />

1 I Coríntios, 15:44.<br />

2 KARDEC, Allan, - “A Gênese”. Trad. Salvador Gentile. Cap. XI, item 18. IDE: Araras-SP.<br />

3 Terminologia utilizada, pelo Prof. Hernani Guimarães Andra<strong>de</strong>.<br />

4 O sistema nervoso tem o neurônio por unida<strong>de</strong> funcional. Esse é uma célula especializada que, além da estrutura ordinária<br />

a toda célula, apresenta prolongamentos curtos e longos (fibras nervosas). Ao conjunto <strong>de</strong> fibras nervosas no sistema<br />

nervoso periférico, <strong>de</strong>nomina-se nervo. Os plexos nervosos são conjuntos <strong>de</strong> nervos. Exemplo: o plexo braquial (conjunto <strong>de</strong><br />

nervos que conduzem os impulsos nervosos nos membros superiores).<br />

5 Os, “Centros <strong>de</strong> Força” e suas relações funcionais com o sistema neuro-endócrino, conquanto já propalados pelos vi<strong>de</strong>ntes<br />

e aceitos por várias filosofias e religiões, são bem analisados e <strong>de</strong>scritos<br />

na obra do espírito André Luiz, através do médium Francisco Cândido Xavier, conhecida como "Coleção Nosso Lar", editada<br />

pela FEB. Como são aceitos sem maiores polêmicas pelo Movimento Espírita, não chocam com os princípios espíritas<br />

contidos na Codificação Espírita e aprofundam o estudo dos mecanismos da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> (a partir do conceito básico <strong>de</strong><br />

básico <strong>de</strong> perispírito) incluímos o seu estudo neste livro.<br />

6 Os fluidos espirituais (as energias não físicas) circulam por todo o perispírito, mantendo relação com todas as áreas do<br />

sistema neuro-endócrino. Existem, portanto, centros <strong>de</strong> força em diferentes níveis <strong>de</strong> importância, que po<strong>de</strong>remos<br />

consi<strong>de</strong>rar como primários, secundários terciários...<br />

7 A glândula pineal ou epífise está situada no interior do cérebro, em situação mais posterior.<br />

8 A hipófise, coor<strong>de</strong>nadora da função endócrina, localiza-se no interior do cérebro em posição mais anterior.<br />

Glossário:<br />

Aura = Aura [do latim aura] - Emanação fluídica do corpo humano e dos <strong>de</strong>mais corpos.<br />

Auragrafia – Processo <strong>de</strong> fotografia da aura pelo método Kirlian. O casal Simyon e Valentina Kirlian, na Rússia, fotografou a<br />

aura dos seres vivos, usando máquina fotográfica aperfeiçoada para tal, com técnica própria, utilizando corrente <strong>de</strong> alta<br />

freqüência.<br />

Eletrodo = 1. Fís. Condutor metálico por on<strong>de</strong> uma corrente elétrica entra num sistema ou sai <strong>de</strong>le.<br />

Neurovegetativo = 1. Pertencente ou relativo ao sistema nervoso vegetativo.<br />

Lição: 12<br />

III. MECANISMOS DA MEDIUNIDADE<br />

A mediunida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> apresentar-se consi<strong>de</strong>ravelmente multiforme, quanto à apresentação e


ao tipo, tem no perispírito a sua base.<br />

Com objetivos didáticos, estu<strong>de</strong>mos-lhes as fases para a viabilização fenomênica, facilitando, assim,<br />

ao médium em educação trabalhar o seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Sigamos, então, os seus passos:<br />

A. PREPARO<br />

O medianeiro <strong>de</strong>ve procurar seguir os seguintes passos para mais facilmente colocar-se em condições<br />

para a recepção mediúnica (em estado alterado da consciência) :<br />

a) Concentração: convergência <strong>de</strong> pensamentos para <strong>de</strong>terminado fim. Po<strong>de</strong>mos, visando facilitar a<br />

aprendizagem, dividi-la em três etapas:<br />

Relaxamento -liberação muscular e psíquica.<br />

Abstração - <strong>de</strong>sligamento <strong>de</strong> todo problema não relacionado ao labor mediúnico.<br />

Elevação - buscar bons sentimentos e pensamentos.<br />

b) Vibração - é o direcionamento com modulação <strong>de</strong> energias através da vonta<strong>de</strong>.<br />

c) Sintonia - consiste na manutenção do status vibratório.<br />

B. TRANSE MÉDIÚNICO<br />

Estado psicofisiológico em que o médium, alterando seu próprio teor vibratório, torna possível o<br />

contato com a dimensão espiritual. Traduz-se, em verda<strong>de</strong>, por um estado alterado da consciência.<br />

Diferindo em intensida<strong>de</strong> e aprofundamento, ocorre exteriorização perispirítica, em gradações<br />

variáveis; daí po<strong>de</strong>r-se observá-lo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquele em que a consciência é integralmente mantida -<br />

transe ativo -, até o <strong>de</strong> completa passivida<strong>de</strong> e inconsciência - transe passivo ou sonambúlico.<br />

C. MEDIUNIDADE DE EFEITOS INTELI<strong>GE</strong>NTES<br />

É o fenômeno em que prevalece a subjetivida<strong>de</strong>, ou seja, em que é indispensável a utilização massiva<br />

dos potenciais intelectivos do medianeiro. Tem por base a ação da mente <strong>de</strong>sencarnada sobre a<br />

encarnada, através do contato interperispiritual, após acomodação vibratória, promovendo o<br />

intercâmbio fluídico e a transmissão da mensagem <strong>de</strong> um para outro plano.<br />

Fundamentalmente, dá-se como se mostra no quadro a seguir:<br />

PERISPÍRITO DO ESPÍRITO COMUNICANTE<br />

PERISPÍRITO DO ESPÍRITO DO MÉDIUM<br />

CORPO FÍSICO (ÓRGÃOS ESPECÍFICOS)<br />

Na <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Intuitiva existe leve exteriorização perispirítica; na <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Semiconsciente<br />

produz-se exteriorização parcial e na <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Inconsciente a exteriorização se faz <strong>de</strong> forma<br />

completa.<br />

É freqüente que algumas pessoas menos informadas usem o termo "incorporação", no sentido <strong>de</strong><br />

"entrada" do Espírito comunicante no corpo do médium. Isso não correspon<strong>de</strong> à realida<strong>de</strong> dos fatos,


posto que a comunicação, como já referido, se dá pela aproximação e interação perispiríticas.<br />

Na Psicografia Mecânica há utilização mais ostensiva do membro superior do medianeiro (sempre a<br />

partir dos centros localizados no perispírito; no caso, um centro <strong>de</strong> força secundário, o umeral,<br />

relacionado com o plexo braquial 1 ), o que não impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem utilizados os recursos cerebrais do<br />

encarnado pelo Espírito. Por isso mesmo, a responsabilida<strong>de</strong> pela mensagem recepcionada é sempre<br />

da alçada do sensitivo.<br />

Bibliografia<br />

1 Plexo nervoso responsável pela condução dos impulsos nervosos dos membros superiores.<br />

Glossário:<br />

Psicofisiologia = 1. Estudo científico das relações entre a ativida<strong>de</strong> fisiológica e o psiquismo.<br />

Umeral = Relativo ou pertencente ao úmero = 1. Anat. Osso único do esqueleto <strong>de</strong> cada braço.<br />

Lição: 13<br />

D. MEDIUNIDADE DE EFEITOS FÍSICOS<br />

Diversos pesquisadores do século <strong>de</strong>zenove e início do século vinte, tais como Charles Richet,<br />

Schrenck-Nötzing, Gabriel Delanne, Alexan<strong>de</strong>r Aksakof (v. lição 5), William Crookes(v. lição 4),<br />

<strong>de</strong>ntre outros, ao estudarem os fenômenos, classificados por Kar<strong>de</strong>c como "<strong>de</strong> Efeitos Físicos",<br />

observaram que emanava dos sensitivos uma substância amorfa, variando <strong>de</strong> rarefeita e invisível a<br />

sólida e tangível; esbranquiçada ou acinzentada; às vezes floculosa, às vezes filamentosa: sendo a<br />

sensação táctil <strong>de</strong> quem nela toca, também, variável: untuosa, viscosa, úmida, fria e reptiliana.<br />

Esta substância é o fluido animalizado, fluido perispirítico ou fluido vital da nomenclatura<br />

espirítica, nominada por Charles Richet(v. lição 4) como ectoplasma (do grego - ektós = fora,<br />

exterior; plasma = dar urna forma), <strong>de</strong>signação pela qual é amplamente conhecida, inclusive pelos<br />

espíritas.<br />

“... Eu chamo <strong>de</strong> ectoplasmas, porque elas parecem sair do próprio corpo <strong>de</strong> Eusápia, a sensitiva.” 2<br />

O ectoplasma ou fluido perispirítico é, portanto, a substância da qual os Espíritos se utilizam para<br />

agir sobre a matéria, parecendo fluir das cavida<strong>de</strong>s naturais dos médiuns.<br />

Conquanto todas as criaturas humanas encerrem-na por natureza, encontramo-la, em abundância, nos<br />

médiuns <strong>de</strong> efeitos físicos.<br />

Ainda se conhece muito pouco a seu respeito. Parece, no entanto, que o ectoplasma possui uma parte<br />

mais biológica - formada por gorduras e células (leucócitos) - e uma parte mais sutil.<br />

Nos fenômenos <strong>de</strong> efeitos físicos (mediúnicos), o medianeiro entra em transe sonambúlico, em geral,<br />

e doa gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s do fluido animal que são, assim utilizadas pelos Espíritos.<br />

Alavancas Psíquicas <strong>de</strong> Crawford (v. lição 4) - os <strong>de</strong>sencarnados, utilizando-se do fluido<br />

perispirítico doado pelo medianeiro, po<strong>de</strong>m formar verda<strong>de</strong>iras "alavancas espirituais" para erguer<br />

os corpos e movimentar objetos, como observado pelo cientista J. W. Crawford.<br />

Como este tipo <strong>de</strong> fenômeno é, no comum, produzido por Espíritos pouco evoluídos, normalmente<br />

eles não enten<strong>de</strong>m o seu real mecanismo, produzindo-o empiricamente pela simples utilização


da vonta<strong>de</strong>.<br />

Materializações <strong>de</strong> Espíritos - neste caso, há o revestimento do perispírito do <strong>de</strong>sencarnado pela<br />

emanação ectoplásmica do sensitivo associada aos fluidos do Espírito materializado e <strong>de</strong> fluidos<br />

encontrados na natureza.<br />

Atualmente, já não são encontrados os gran<strong>de</strong>s médiuns <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong>, como no passado. Tudo<br />

nos leva a crer que, <strong>de</strong> início, preciso era estremecer fortemente as estruturas acomodatícias da<br />

Humanida<strong>de</strong> para que esta, acordada pelo choque, pu<strong>de</strong>sse voltar-se para a razão maior da vinda do<br />

Consolador Prometido: os ensinamentos morais trazidos pelos Semeadores da Luz, sob o abrigo<br />

do Evangelho <strong>de</strong> Jesus.<br />

Bibliografia<br />

1 RICHET, Charles. - "Traité <strong>de</strong> Métapsychique”. Paris. Félix Alcan. 1923<br />

2 CRAWFORD, J. W.- "Mecânica Psíquica", Trad. <strong>de</strong> Haydée Magalhães. SP-SP. LAKE.1975.<br />

Glossário:<br />

Schrenck-Nötzing = O barão Albert von Schrenck-Notzing (Ol<strong>de</strong>nburg, 18 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1862 - Munique, 12 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong><br />

1929) foi um médico alemão. Notabilizou-se por <strong>de</strong>votar muito <strong>de</strong> seu tempo ao estudo dos fenómenos paranormais, o<br />

hipnotismo e a telepatia. Investigou médiuns famosos <strong>de</strong> seu tempo como Willi Schnei<strong>de</strong>r, Rudi Schnei<strong>de</strong>r e Eva C..<br />

Gabriel Delanne = (Paris, França, 23 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1857 - 15 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1926), foi um espírita francês e importante<br />

<strong>de</strong>fensor da cientificida<strong>de</strong> do Espiritismo durante a transição do século XIX para o século XX, particularmente após o<br />

falecimento <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c.<br />

Lição: 14<br />

I. DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO<br />

A) FIRMANDO CONCEITO<br />

Capítulo 5<br />

Desenvolvimento e Educação Mediúnicos<br />

A palavra <strong>de</strong>senvolvimento tem várias significações, tais como: ampliação, progresso,<br />

crescimento etc.<br />

Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar o <strong>de</strong>senvolvimento da mediunida<strong>de</strong> sob dois aspectos:<br />

<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Natural – acontece a partir das experiências nas múltiplas reencarnações do<br />

Espírito imortal em busca da Perfeição. Aqui se dá o <strong>de</strong>senvolvimento da faculda<strong>de</strong> que lhe é<br />

própria.<br />

<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Prova - a ampliação da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> empréstimo, recebida pelo Espírito<br />

encarnado corno instrumento <strong>de</strong> trabalho. Transcorre durante os estágios percorridos pela<br />

personalida<strong>de</strong> humana, no período que me<strong>de</strong>ia entre o berço e o túmulo.


B) MEDIUNIDADE E ESPÍRITO<br />

A faculda<strong>de</strong> mediúnica é um dos dons naturais do Espírito como também o são o instinto, a<br />

inteligência e a razão.<br />

Por causa da nossa acanhada condição espiritual; característica do nosso momento evolutivo<br />

prevalece em nosso meio - do ponto <strong>de</strong> vista da ostensivida<strong>de</strong> - a <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Prova.<br />

A <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Natural, entre nós, é via <strong>de</strong> regra encontrada em gérmen, com manifestações isoladas<br />

aqui e a li (ocasionalmente), no <strong>de</strong>correr da existência corporal.<br />

II. EDUCAÇÃO MEDIÚNICA<br />

A. CONCEITUANDO<br />

Educar a <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> significa discipliná-la, controlá-la, otimizá-la, torná-la produtiva. Pressupõe,<br />

portanto, a preexistência <strong>de</strong> <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> Tarefeira (v. lição 7).<br />

A Educação Mediúnica <strong>de</strong>ve ser entendida como um conjunto <strong>de</strong> métodos específicos para que o<br />

médium se discipline e domine seus impulsos, quando sob influência espiritual, assumindo<br />

consciência e responsabilida<strong>de</strong> sobre os fenômenos que viabiliza.<br />

Seu objetivo primário é o próprio médium, pois faculta-lhe possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio e<br />

autocontrole, visto que o Espírito encarnado <strong>de</strong>ve ter domínio completo sobre o seu corpo, não<br />

permitindo que os <strong>de</strong>sencarnados o utilizem a todo instante, à sua revelia, sem a <strong>de</strong>vida permissão.<br />

Infelizmente, ainda pululam, entre nós, os que encaram a <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> com os olhos do misticismo e<br />

da ignorância, não se preocupando com a sua análise continuada e acurada, embarcando na<br />

locomotiva cega do empirismo, sem que se apercebam da responsabilida<strong>de</strong> superlativa que pesa<br />

sobre os ombros daqueles que se colocam na condição <strong>de</strong> orientadores nesse terreno. Desconsi<strong>de</strong>ram<br />

o estudo metódico <strong>de</strong> "O Livro dos Espíritos", <strong>de</strong> "O Livro dos Médiuns" e das obras subsidiárias.<br />

O resultado disso é frequentemente dramático, sendo comum o encontro <strong>de</strong> obsidiados, enfermos da<br />

mente e pessoas sem compromisso e sem responsabilida<strong>de</strong> prejudicando o Serviço Mediúnico e<br />

sendo prejudicado por ele, por não se encontrarem em condições <strong>de</strong> participar <strong>de</strong>le.<br />

B. MÉDIUNS E EDUCAÇÃO MEDÚNICA<br />

A Casa Espírita não po<strong>de</strong> se furtar ao <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> conduzir os obreiros que se compromissaram na<br />

Espiritualida<strong>de</strong> com a tarefa mediúnica, pelos caminhos esclarecedores da Codificação. Não <strong>de</strong>vem<br />

os seus coor<strong>de</strong>nadores e dirigentes olvidar a importância <strong>de</strong> bem recebê-los e bem orientá-los na<br />

escalada da Educação Mediúnica.<br />

Muito comumente, os médiuns chegam à Casa Espírita amargando processos obsessivos, às vezes<br />

sérios, <strong>de</strong>sconhecedores da sua condição, espoliados do ponto <strong>de</strong> vista fluídico c necessitando do<br />

<strong>de</strong>vido amparo; orientação e reposição energética.<br />

Não há emergência em levar médiuns à "mesa mediúnica", mas <strong>de</strong> proporcionar-lhes as<br />

condições básicas para que eles possam conscientemente assumir os seus <strong>de</strong>veres e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s!<br />

E esse estado somente é alcançado através do processo <strong>de</strong> Educação Mediúnica. que se inicia<br />

invariavelmente pelo estudo doutrinário geral e específico da mediunida<strong>de</strong>.


Lição: 15<br />

III. EVOLUÇÃO DA MEDIUNIDADE NA<br />

PERSONALIDADE HUMANA (DA MEDIUNIDADE TAREFEIRA – v. lição 4)<br />

Conceituemos <strong>de</strong> pronto a personalida<strong>de</strong> humana como sendo o conjunto dos caracteres<br />

morfológicos, fisiológicos, sociais, psíquicos e espirituais do ser encarnado em uma <strong>de</strong>terminada<br />

experiência física.<br />

A faculda<strong>de</strong> mediúnica não é um po<strong>de</strong>r oculto que se consiga "<strong>de</strong>senvolver" a partir <strong>de</strong> práticas<br />

ritualísticas ou pelo po<strong>de</strong>r misterioso <strong>de</strong> um iniciado ou guru.<br />

Ela pertence ao campo da comunicação e aflora naturalmente nas pessoas que a possuem por<br />

instrumento <strong>de</strong> trabalho. Esse aparecimento costuma se fazer <strong>de</strong> forma cíclica, em espiral, ao longo<br />

dos ciclos da vida corpórea.<br />

CICLOS MEDIÚNICOS<br />

O professor J. Herculano Pires, em seu livro "<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>" 1 , didatiza o <strong>de</strong>senvolvimento mediúnico<br />

da personalida<strong>de</strong> em agrupamentos etários:<br />

1° Ciclo - ocorre nas primeira e segunda infância (até por volta dos sete a oito anos). Neste<br />

período, a reencarnação ainda está se processando, o que faz com que a criança vivencie os<br />

dois mundos, "projetando sua alma nas coisas e seres do plano espiritual" 2 , po<strong>de</strong>ndo ver,<br />

sentir e conversar com os habitantes <strong>de</strong>sta esfera. No caso <strong>de</strong> se tornarem mais exaltadas essas<br />

manifestações, aconselha-se o tratamento pela prece e pelos passes. É também uma excelente<br />

medida - no caso <strong>de</strong> pais espiritistas - matricular-se a criança na Educação Espírita Infantil<br />

(Evangelização Infantil).<br />

Quando se dá o afloramento mediúnico ostensivo nessa fase da vida, conquanto não se <strong>de</strong>va<br />

agir <strong>de</strong> maneira intempestiva no sentido <strong>de</strong> abafá-la, não é aconselhável introduzir a criança<br />

em reuniões mediúnicas, pela sua imaturida<strong>de</strong> psicológica e conseqüentes riscos da prática<br />

mediúnica.<br />

O melhor é agir <strong>de</strong> maneira natural, sem cerceamento nem estimulações, ambos<br />

<strong>de</strong>snecessários e mesmo nocivos à criança.<br />

b) 2° Ciclo - geralmente comporta o estágio da adolescência, período que<br />

compreen<strong>de</strong>,aproximadamente, a faixa etária dos 12 a 18 anos.<br />

Aqui, as manifestações po<strong>de</strong>m ocorrer <strong>de</strong> forma mais ostensiva, em <strong>de</strong>corrência do maior<br />

amadurecimento orgânico.<br />

Instruções gerais sobre a <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>, fazendo o indivíduo enxergá-la como faculda<strong>de</strong> usual,<br />

levando-o ao engajamento no estudo doutrinário e evangélico, tudo isso associado ao<br />

tratamento <strong>de</strong> passes, são as recomendações pertinentes a esta situação. Não se <strong>de</strong>ve, porém,<br />

encaminhá-lo ainda à prática mediúnica.<br />

Não forçá-lo; orientá-lo.<br />

b) 3° Ciclo - dá-se na juventu<strong>de</strong>, mais ou menos dos 18 aos 25 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

É o momento dos estudos sérios da Doutrina Espírita e, especialmente sobre <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>.<br />

Com a <strong>de</strong>finição plena da faculda<strong>de</strong>, é perfeitamente possível dar-se início, ao processo <strong>de</strong><br />

Educação Mediúnica.


c) 4° Ciclo - na terceira ida<strong>de</strong>, o afrouxamento dos laços perispiríticos e a maior introspecção -<br />

fruto da <strong>de</strong>saceleração das ativida<strong>de</strong>s da vida <strong>de</strong> relação - facilitam o aparecimento <strong>de</strong> contato<br />

com o Mundo Extra-físico, a prepará-lo para a <strong>de</strong>sencarnação. Isto não significa, no entanto,<br />

que o <strong>de</strong>senlace venha necessariamente a ocorrer em breve. Muitos e muitos anos po<strong>de</strong>m ainda<br />

se passar e ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> o exercício da faculda<strong>de</strong> em questão. 3<br />

Obviamente, encontraremos casos que não se enquadram nessa esquematização, por inumeráveis<br />

fatores, inclusive aqueles em que se puseram as energias à disposição <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s<br />

dignificantes. Chama-se a isso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento tardio da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>.<br />

IV. APTIDÃO PARA O INÍCIO NAS ATIVIDADES MEDIÚNICAS<br />

Para que alguém possa integrar-se na prática mediúnica <strong>de</strong>vem ser adotados critérios, com vistas ao<br />

melhor funcionamento dos trabalhos ali <strong>de</strong>senvolvidos, à maior proteção dos componentes, ao<br />

aproveitamento para aprendizado pessoal e à consolidação da harmonia do grupo, como um todo.<br />

Infelizmente, muitos são os Núcleos Espíritas on<strong>de</strong> as pessoas são introduzidas no trabalho<br />

mediúnico sem uma avaliação judiciosa.<br />

Enten<strong>de</strong>mos que, muito embora os sinais evi<strong>de</strong>nciem ou sugiram compromisso <strong>de</strong> natureza<br />

mediúnica, o neófito <strong>de</strong>verá ser encaminhado à Terapêutica Espírita - Evangelhoterapia e<br />

Fluidoterapia -, ao estudo doutrinário e à integração na Casa Espírita, envolvendo-se com as tarefas<br />

que lhe sejam afins, on<strong>de</strong> buscará maior lastro para o trabalho mediúnico.<br />

O importante é que os postulantes à tarefa mediúnica estejam engajados no trabalho como um todo.<br />

Com a sua participação intensiva nas ativida<strong>de</strong>s da Casa Espírita e a compreensão das noções básicas<br />

da faculda<strong>de</strong> 4 que <strong>de</strong>tém, o candidato será encaminhado à Educação Mediúnica Prática.<br />

O Grupo <strong>de</strong> Educação Mediúnica muito lucrará com a participação dos medianeiros realmente<br />

dispostos a colaborar com os irmãos espirituais e os que assim se dispuserem serão auxiliados e<br />

orientados <strong>de</strong> maneira correta.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

PIRES, J. Herculano. - "<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>", Editora Paidéia. São Paulo-SP.<br />

2<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />

3<br />

Especialmente porque as expectativas <strong>de</strong> vida no mundo estão sempre em crescendo.<br />

4<br />

Após a indispensável assimilação dos conteúdos teóricos da Doutrina Espírita.<br />

Lição: 16<br />

V. PREPARAÇÃO DO MÉDIUM<br />

É certo que ninguém se torna "santo" da noite para o dia, pois a evolução não se efetua aos saltos.<br />

Também, <strong>de</strong> nada adianta a encenação <strong>de</strong> santida<strong>de</strong> com voz mansa, gestos ensaiados e maneira<br />

<strong>de</strong>licada, já que contará o que realmente se é <strong>de</strong> fato.<br />

Aos encarnados é possível ludibriar com esses modos, mas os <strong>de</strong>sencarnados, que percebem os<br />

nossos pensamentos, facilmente saberão da farsa que se processa. Entretanto, a tentativa e o esforço<br />

continuados <strong>de</strong> se automoralizar, <strong>de</strong> permutar os sentimentos mais grosseiros por outros mais


elevados <strong>de</strong>certo serão levados em conta e nos farão ganhar a simpatia dos Espíritos Amigos, bem<br />

como provar, aos menos esclarecidos, as nossas verda<strong>de</strong>iras intenções.<br />

Assim sendo, <strong>de</strong>ve-se investir em esforços para se preparar <strong>de</strong>vidamente para o labor mediúnico,<br />

assegurando a presença daquelas Entida<strong>de</strong>s Amigas, para a coor<strong>de</strong>nação dos trabalhos do lado extra-<br />

corpóreo.<br />

Importante, então, estar a tento às recomendações que se seguem:<br />

A. PREPARO FÍSICO<br />

Inegavelmente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, tendo em vista o <strong>de</strong>sgaste energético sofrido no <strong>de</strong>correr da<br />

tarefa mediúnica, notadamente quando na área da <strong>de</strong>sobsessão.<br />

a) Alimentação - procurar ter uma alimentação leve e natural no dia do exercício mediúnico para que<br />

não haja interferência dos órgãos digestivos sobrecarregados geradores <strong>de</strong> sintomas digestivos e<br />

mal-estar por ocasião do andamento da tarefa.<br />

A polêmica questão da ingestão ou não <strong>de</strong> carnes 1 no dia do trabalho mediúnico, parece-me, não<br />

estar universalmente elucidada. Pessoalmente, não acredito que o simples fato <strong>de</strong> se utilizar <strong>de</strong> uma<br />

alimentação carnívora venha a dificultar ou influenciar negativamente a prática mediúnica. Se isto<br />

fosse realmente relevante, penso, teria sido ventilado em “O Livro dos Médiuns”<br />

É <strong>de</strong> bom senso, contudo, que a alimentação copiosa - notadamente momentos antes do exercício<br />

mediúnico - po<strong>de</strong>rá dificultar a concentração mediúnica pelo <strong>de</strong>sconforto que provoca e, <strong>de</strong>sse modo,<br />

interferir <strong>de</strong> alguma maneira na performance mediúnica.<br />

b) Higiene - primar pela limpeza do corpo e das vestes. A higiene corporal reflete a responsabilida<strong>de</strong><br />

e a valorização do veículo físico, por ser este um instrumento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção na matéria. Além disso,<br />

por se tratar o trabalho mediúnico <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> coletiva, há que se preocupar com o bem-estar<br />

dos companheiros <strong>de</strong> labuta.<br />

c) Repouso - é i<strong>de</strong>al que o médium, pelo menos no dia da ativida<strong>de</strong>, busque manter um clima <strong>de</strong><br />

serenida<strong>de</strong> e calmaria, evitando, <strong>de</strong>ntro do possível, esforços físicos exagerados, que venham a<br />

interferir no seu <strong>de</strong>sempenho, pelo cansaço e esgotamento energético.<br />

d) Abolição dos Vícios Químicos - cabe ao tarefeiro da mediunida<strong>de</strong> libertar-se das viciações<br />

químicas, inclusive dos vícios do tabagismo e do alcoolismo, em <strong>de</strong>monstração patente da ação do<br />

Espiritismo sobre a sua vida e, ao mesmo tempo, como forma <strong>de</strong> "fechar" as frestas por on<strong>de</strong> se<br />

insinuam os processos obsessivos. Todos sabemos que o uso <strong>de</strong> todas essas substâncias além <strong>de</strong><br />

caracterizarem um suicídio indireto e inconsciente (nem sempre), predispõem frequentemente a<br />

associações com Espíritos, no mínimo, <strong>de</strong>sgovernados em vampirismo espoliador. Por isso,<br />

sugerimos o seu abandono ao médium que se vai iniciar na tarefa.<br />

B. PREPARO INTELECTUAL<br />

O medianeiro <strong>de</strong>ve procurar acrescentar e aprofundar os seus conhecimentos doutrinários, bem<br />

como os conhecimentos gerais, pois, assim, os Espíritos Superiores encontrarão maior facilida<strong>de</strong> na<br />

consecução da mensagem.<br />

Inquestionavelmente, os Mensageiros do Alto procurarão os que estejam em melhor condição <strong>de</strong><br />

filtrar-lhes os pensamentos.<br />

C. PREPARO MORAL


A transformação moral é condição primordial para a proteção dos que se propõem a intermediar o<br />

Além <strong>de</strong> vez que neste intercâmbio, somente a hierarquia moral po<strong>de</strong>rá se sobrepor a toda e qualquer<br />

tentativa, por parte dos <strong>de</strong>sencarnados menos esclarecidos, <strong>de</strong> nos envolver em suas teias.<br />

Aliás, a esse respeito é salutar o estudo e a reflexão do medianeiro sobre o capítulo XX, <strong>de</strong> "O Livro<br />

dos Médiuns", intitulado "Influência Moral dos Médiuns", <strong>de</strong> on<strong>de</strong> pinçamos o seguinte trecho:<br />

"Se o médium é <strong>de</strong> baixa moral, os Espíritos inferiores se agrupam em torno <strong>de</strong>le e estão sempre<br />

prontos a tomar o lugar dos bons Espíritos a que ele apelou. As qualida<strong>de</strong>s que atraem <strong>de</strong><br />

preferência os Espíritos bons são: a bonda<strong>de</strong>, a benevolência, a simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coração, o amor<br />

ao próximo, o <strong>de</strong>sprendimento das coisas materiais. Os <strong>de</strong>feitos que os afastam são: o orgulho, o<br />

egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupi<strong>de</strong>z, a sensualida<strong>de</strong> e todas as paixões pelas quais o homem<br />

se apega à matéria." (Grifos meus).<br />

VI. DINÂMICA OPERACIONAL<br />

As reuniões práticas para a Educação Mediúnica <strong>de</strong>vem ter método e disciplina para que se tornem<br />

produtivas, alcançando os seus objetivos. Vejamos alguns <strong>de</strong>talhes relevantes ao seu funcionamento:<br />

A. AMBIÊNCIA<br />

A ambiência correspon<strong>de</strong> ao espaço físico on<strong>de</strong> acontece o labor mediúnico, bem como ao material<br />

utilizado (mesa, ca<strong>de</strong>iras, iluminação, ventiladores, material didático etc.). Interessa que se possa<br />

utilizar um espaço limpo, sem barulhos externos e com clima ameno, além do material necessário a<br />

proporcionar um mínimo <strong>de</strong> conforto para os participantes. Evitem-se quadros e quaisquer outros<br />

elementos simbólicos.<br />

B. PARTICIPANTES<br />

O número <strong>de</strong> integrantes <strong>de</strong> uma reunião mediúnica não <strong>de</strong>verá ultrapassar a casa das 14 pessoas,<br />

pois, sabemos que, assim, tornar-se-ia muito mais difícil o seu controle e a integração. 2<br />

Deve cada equipe buscar a homogeneida<strong>de</strong>. O grupo <strong>de</strong>verá compor-se <strong>de</strong> uma coor<strong>de</strong>nação, do<br />

doutrinador (esclarecedor), dos auxiliares r passistas e médiuns em educação. Cada um <strong>de</strong>verá tratar<br />

<strong>de</strong> realizar sua função da melhor forma possível.<br />

Alguns grupos preferem treinar, em separado, os diferentes tipos <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong>, (Ex.: um<br />

<strong>de</strong>terminado tempo, para a psicografia, outro para a psicofonia etc.). Isso, porém, não <strong>de</strong>ve ser<br />

encarado como regra geral, pois o trabalho ganhará mais em autenticida<strong>de</strong> quanto mais se evitar<br />

forçar a eclosão da faculda<strong>de</strong> mediúnica. Com a experiência é que o médium irá verificar qual a<br />

faculda<strong>de</strong> psíquica para a qual ele está melhor aparelhado.<br />

Bibliografia<br />

1 N. E. - A Editora EM E em suas publicações tem seguido o preceito <strong>de</strong> que os médiuns, sempre que possível, <strong>de</strong>vem se<br />

abster da ingestão <strong>de</strong> carnes, especialmente no dia da prática mediúnica.<br />

2 Embora não se <strong>de</strong>termine o número dos participantes <strong>de</strong> uma reunião <strong>de</strong> Educação Mediúnica, mostra-nos a lógica, o bom<br />

senso e o dia-a-dia uma tendência a maior dificulda<strong>de</strong>, nos mais diversos sentidos, quando há gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

participantes. Ao estabelecer o número <strong>de</strong> quatorze, como o seu máximo, oriento-me pelos esclarecimentos do Espírito<br />

André Luiz, no que respeita às reuniões <strong>de</strong> Desobsessão. Naturalmente não há <strong>de</strong> minha parte, a pretensão <strong>de</strong> fazer disso<br />

uma lei. Ver o livro "Desobsessão", do Espírito André Luiz, através do médium Francisco Cândido Xavier, editado pela FEB.


Lição: 17<br />

Capítulo 6<br />

Perigos, inconvenientes e escolhos da mediunida<strong>de</strong><br />

Quando Moisés proibiu o povo hebreu <strong>de</strong> praticar a mediunida<strong>de</strong> (consulta aos mortos) 1 . estava ele<br />

preservando aquele povo ignorante <strong>de</strong> então dos problemas secundários a essa prática <strong>de</strong> forma<br />

indiscriminada, em <strong>de</strong>corrência dos objetivos exclusivamente materiais e fúteis que os levavam ao<br />

seu uso.<br />

Sem dúvida alguma que o exercício empírico da mediunida<strong>de</strong> tem um risco consi<strong>de</strong>rável e aqueles<br />

que se dispõem a esta tarefa necessitam <strong>de</strong> conhecimento, cuidados e postura compatíveis com a<br />

segurança.<br />

Por outro lado, os inimigos da Doutrina Espírita, por ignorância ou dolo, apegam-se a <strong>de</strong>terminados<br />

aspectos da comunicação mediúnica para negar a sua legitimida<strong>de</strong>, generalizando os distúrbios<br />

resultantes do seu mau uso, seja no que tange ao <strong>de</strong>spreparo dos envolvidos no processo, seja na<br />

<strong>de</strong>stinação que se lhe dá.<br />

Também, aproveitam a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicações e as dificulda<strong>de</strong>s interpretativas do médium<br />

para sumariamente negar a serieda<strong>de</strong> ou a realida<strong>de</strong> da fenomenologia mediúnica.<br />

Aliás. O fato mesmo <strong>de</strong> Moisés haver proibido a prática mediúnica pelo povo sob seu comando<br />

político e espiritual, <strong>de</strong>monstra indiscutivelmente estar ele convicto da realida<strong>de</strong> e da exequibilida<strong>de</strong><br />

da comunicação com os Espíritos. É que o próprio legislador hebreu era dotado da faculda<strong>de</strong><br />

mediúnica ostensiva, como se po<strong>de</strong> constatar na própria Bíblia pelos fenômenos que me<strong>de</strong>ia e pelo<br />

contato com Javé. Espírito protetor do povo ju<strong>de</strong>u.<br />

Quem procurar, no entanto, com isenção <strong>de</strong> ânimo, encontrará no livro “Números” uma sua<br />

afirmativa, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa claro ser sua vonta<strong>de</strong> que todo o povo fosse dotado da faculda<strong>de</strong> em questão.<br />

Pelo menos, esta é sua assertiva a Josué, quando este, não compreen<strong>de</strong>ndo muito bem as razões da<br />

proibição do uso da mediunida<strong>de</strong> pelo legislador hebreu, queixa-se <strong>de</strong> dois médiuns (Meda<strong>de</strong> e<br />

Eldad) que estavam a "profetizar":<br />

“Que zelos são estes que mostras por mim, Josué?! Quem me <strong>de</strong>ra que todo o povo <strong>de</strong> Israel<br />

profetizasse!” 2 (Grifo meu).<br />

Ora, profetizar era o termo utilizado à época para referir-se à praxis mediúnica. Logo, Moisés não<br />

apenas usava como concordava e até estimulava a prática mediúnica entre os seus contemporâneos,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que com critérios santificantes.<br />

Analisaremos no presente capítulo alguns aspectos da crítica feita pelos adversários e dos problemas<br />

e dificulda<strong>de</strong>s advindos do relacionamento voluntário com os "mortos".<br />

I. CONTRADIÇÕES<br />

Não se necessita <strong>de</strong> maiores dificulda<strong>de</strong>s para a compreensão das aparentes contradições resultantes<br />

da vivência mediúnica. É bastante estudar <strong>de</strong>tidamente a Codificação Espírita, em especial "O Livro<br />

dos Médiuns".<br />

No que respeita às contradições, Allan Kar<strong>de</strong>c explica as razões <strong>de</strong>ssa aparente problemática,<br />

fazendo-o <strong>de</strong> maneira irrepreensível na obra acima citada, em seu capítulo XXVII.<br />

Ora, sabemos que não basta a<strong>de</strong>ntrar-se a Pátria Espiritual para tornar-se sábio em todos os assuntos,<br />

em todos os planos da existência.<br />

Assim como nem todos os encarnados po<strong>de</strong>m ou estão capacitados a respon<strong>de</strong>r a todas as questões do


conhecimento humano, também os Espíritos não o conseguem todos.<br />

Tal como entre os encarnados, há Espíritos que são levianos, mentirosos, pseudo-sábios e que tornam<br />

sua opinião como a mais completa expressão da verda<strong>de</strong>, não se pejando <strong>de</strong> anunciá-la - nem mesmo<br />

impô-la - a quem lhe quiser emprestar ouvidos mansos.<br />

Sendo assim, po<strong>de</strong>-se obter uma <strong>de</strong>terminada opinião <strong>de</strong> um Espírito ou grupo <strong>de</strong> Espíritos, em total<br />

<strong>de</strong>sarmonia com outras opiniões <strong>de</strong> outros Espíritos, obtidas em outros lugares ou no mesmo lugar,<br />

através <strong>de</strong> médiuns diferentes ou até pelo mesmo médium.<br />

A verda<strong>de</strong> é que nem todo o conteúdo mediado pelos correios do Além, correspon<strong>de</strong> expressamente<br />

à realida<strong>de</strong> dos fatos.<br />

Se proce<strong>de</strong>rmos a uma enquete entre o povo ele uma cida<strong>de</strong> qualquer, na rua, sobre <strong>de</strong>terminado<br />

assunto do dia-a-dia, haveremos <strong>de</strong> encontrar gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> respostas: algumas corretas, outras<br />

parcialmente corretas, outras bastante distorcidas e outras completamente equivocadas.<br />

Se com menores dificulda<strong>de</strong>s para efetivar-se a comunicação na nossa própria dimensão é possível<br />

toda essa distorção, quanto mais acrescentando as dificulda<strong>de</strong>s bem maiores, relativas aos diferentes<br />

planos.<br />

Por isso, não <strong>de</strong>vemos aceitar cegamente tudo o que nos falam os Espíritos, mas analisar-lhes o<br />

conteúdo cuidadosamente.<br />

A conselho <strong>de</strong> Kar<strong>de</strong>c, 2 <strong>de</strong>vemos passar toda e qualquer informação oriunda do Plano Invisível pelo<br />

crivo da razão, da lógica e do bom senso.<br />

Quaisquer sugestões <strong>de</strong> rituais ou práticas bizarras ou induções a polêmicas que possam gerar a<br />

cizânia ou a dissensão entre os membros do grupo ou do movimento espírita, como um todo, <strong>de</strong>vem<br />

ser <strong>de</strong>ixadas <strong>de</strong> lado e contra todo Espírito que as inspire ou as imponha <strong>de</strong>vemos pôr-nos em guarda,<br />

não importando o nome com que ele se dê a conhecer.<br />

Observemos o conselho do Espírito São Luís, Mentor Espiritual da Socieda<strong>de</strong> Parisiense <strong>de</strong> Estudos<br />

Espíritas - o primeiro Centro Espírita do mundo, fundado por Allan Kar<strong>de</strong>c -, inserido em "O Livro<br />

dos Médiuns":<br />

“Por mais legítima confiança que vos inspirem os Espíritos dirigentes <strong>de</strong> vossos trabalhos, há uma<br />

recomendação que nunca seria <strong>de</strong>mais repetir e que <strong>de</strong>veis ter sempre em mente ao vos entregar aos<br />

estudos: a <strong>de</strong> pesar e analisar, submetendo ao mais rigoroso controle da razão, todas as<br />

comunicações que receber<strong>de</strong>s; a <strong>de</strong> não negligenciar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que algo vos pareça suspeito,<br />

duvidoso ou obscuro, <strong>de</strong> pedir as explicações necessárias para formar a vossa opinião”. (Grifos<br />

meus).<br />

Não é outra, aliás, a lição do Espírito Erasto:<br />

“Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Ao aparecer uma nova opinião, por<br />

menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom<br />

senso reprovam, rejeitai corajosamente.<br />

Mais vale rejeitar <strong>de</strong>z verda<strong>de</strong>s do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa” 4 (grifos<br />

meus).<br />

Isso significa que toda comunicação mediúnica <strong>de</strong>ve ser analisada <strong>de</strong>tidamente até que se a aceite<br />

como verda<strong>de</strong>ira, ao ponto mesmo <strong>de</strong> se sacrificar momentaneamente certas verda<strong>de</strong>s. Qualquer<br />

dúvida no que respeita ao conteúdo, à lógica e ao bom senso, melhor é <strong>de</strong>sprezar a mensagem<br />

mediúnica ou pelo menos entendê-la simplesmente como a opinião <strong>de</strong> um Espírito. 5<br />

Por não levar em consi<strong>de</strong>ração esse importante conselho <strong>de</strong> Erasto é que muitos médiuns, muitos<br />

grupos mediúnicos e até mesmo muitos Centros Espíritas se <strong>de</strong>ixaram conduzir por mistificações<br />

grosseiras, enredando-se em graves obsessões 6 do tipo fascinação.<br />

Os Espíritos Superiores dão suas comunicações visando à compreensão máxima por parte daqueles


aos quais se dirigem. Isso po<strong>de</strong> ser um fator gerador <strong>de</strong> contradição, para alguns, caso não seja<br />

observado, criteriosamente, o conteúdo da mensagem. A forma po<strong>de</strong> ser aparentemente<br />

contraditória, visto serem extremamente contraditórias as bases <strong>de</strong> raciocínio adotadas pelos<br />

homens.<br />

O professor costuma usar <strong>de</strong> diferentes formas, ao dirigir-se a uma assembléia <strong>de</strong> colegas ou à sua<br />

classe <strong>de</strong> estudantes. Muito embora a sua mensagem costume ser a mesma, quanto ao fundo, variará<br />

quanto à forma e à profundida<strong>de</strong> na abordagem.<br />

Os Espíritos po<strong>de</strong>m usar <strong>de</strong> variadas formas para passar os seus ensinamentos, <strong>de</strong> tal maneira que<br />

po<strong>de</strong>m até contradizer-se, em aparência, mas que, após investigação profunda, se chega a um<br />

mesmo contexto moral.<br />

De outra forma as contradições po<strong>de</strong>m ser simplesmente as respostas <strong>de</strong> Espíritos em diferentes<br />

condições <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> evolução.<br />

Daí, po<strong>de</strong>remos concluir que as contradições nas comunicações espíritas são apenas aparentes,<br />

tendo, no geral, as seguintes causas:<br />

a) ignorância ou embuste, por parte dos Espíritos;<br />

b) insuficiência da linguagem humana;<br />

c) <strong>de</strong>spreparo intelectual do médium;<br />

d) interpretação ina<strong>de</strong>quada.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Deuteronômio, 18: 11.<br />

2<br />

Números, 11: 26-29.<br />

2<br />

KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad J Herculano Pires. Cap. XXIV, item 266 Editora EME: Capivari-SP.<br />

3<br />

I<strong>de</strong>m, Ibi<strong>de</strong>m.<br />

4<br />

I<strong>de</strong>m. Cap. XX, item 230, antepenúltimo parágrafo.<br />

5<br />

Infelizmente muitos companheiros <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong>ixam-se entusiasmar por opiniões <strong>de</strong> alguns Espíritos, tornando-se<br />

facilmente mistificados. Esquecem-se <strong>de</strong> estudar Kar<strong>de</strong>c e não levam em conta a “Universalida<strong>de</strong> do Ensino dos Espíritos”,<br />

que confere soli<strong>de</strong>z à Codificação, constituindo-se na pedra <strong>de</strong> toque da verda<strong>de</strong>.<br />

6<br />

Ver item 4 do presente capítulo.<br />

Glossário:<br />

Praxis = 1. Ativida<strong>de</strong> prática; ação, exercício, uso.<br />

Lição: 18<br />

II. FRAUDES<br />

O vocábulo frau<strong>de</strong> significa logro, adulteração, engano, embuste, falsificação 1 .<br />

Embora o embuste possa ocorrer tanto da parte do Espírito comunicante como do sensitivo,<br />

convencionarei por frau<strong>de</strong> as situações em que uma pessoa, tendo ou não mediunida<strong>de</strong> tarefeira,<br />

simula uma comunicação mediúnica. Assim, o fraudador age intencionalmente; ele tem perfeita<br />

consciência <strong>de</strong> que não há nenhum Espírito a trazer-lhe uma mensagem.<br />

Quando se iniciou o retumbar mediúnico, os pesquisadores imaginaram tratar-se <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s. Mas é<br />

indiscutível que o embusteiro não o faz sem uma razão. Há sempre para ele um interesse.<br />

Ainda é bom lembrar, que frau<strong>de</strong>s existem em todas as ativida<strong>de</strong>s humanas. Quantos já não se têm


feito passar por médicos, psicólogos, professores, odontólogos, policiais etc.? Isso naturalmente não<br />

nos leva a concluir pela inexistência <strong>de</strong> profissionais verda<strong>de</strong>iros nessas áreas!..<br />

Assim, ao se <strong>de</strong>sconfiar <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> fraudulenta, no campo da mediunida<strong>de</strong>, vale tentar-se<br />

i<strong>de</strong>ntificar um interesse gerando a ação em <strong>de</strong>salinho.<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c assim se reporta ao assunto:<br />

“On<strong>de</strong> nada há a ganhar, nenhum interesse há em enganar. 2 ”<br />

Há quem se baseie nas frau<strong>de</strong>s que inegavelmente acontecem para generalizar com relação aos<br />

fenômenos mediúnicos. Tais pessoas não levam em consi<strong>de</strong>ração a honorabilida<strong>de</strong> dos médiuns<br />

sinceros nem procuram <strong>de</strong>scobrir o que estariam "lucrando" com sua "habilida<strong>de</strong>".<br />

Como então admitir enganadores <strong>de</strong>stituídos do objetivo <strong>de</strong> um ganho qualquer, a justificar-lhe o<br />

<strong>de</strong>sonroso título. Visando dinheiro, concessão <strong>de</strong> favores ou tendo por base qualquer outra<br />

especulação eminentemente interesseira é que os charlatães se esforçam por <strong>de</strong>senvolver seus<br />

truques.<br />

Sobre isso busquemos a palavra sempre lúcida do Codificador:<br />

“Acaso os imitadores dos fenômenos da Física ou da Química diminuíram ou diminuem o justo<br />

crédito <strong>de</strong> que uma e outra gozam no campo das investigações científicas? Da prática ilegal da<br />

Medicina, por impostores ou médicos que traíram a confiança que se lhes <strong>de</strong>positou, advém,<br />

necessariamente, uma prevenção irrevogável contra todos os médicos? Advém daí que toda classe<br />

caia no <strong>de</strong>scrédito da comunida<strong>de</strong>, mesmo quando se sabe que a gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>stes profissionais<br />

honra as suas responsabilida<strong>de</strong>s? Do fato <strong>de</strong> alguns mercadores falsificarem os artigos que ven<strong>de</strong>m,<br />

temos <strong>de</strong> concluir, peremptoriamente, que todos os mercadores são falsários e que não há à venda<br />

artigos legítimos?” 3<br />

Não vimos ainda algum falsificador que não tivesse interesse como os citados acima. Então, eu<br />

pergunto: não seria digna, pelo menos, <strong>de</strong> uma observação menos superficial a atuação <strong>de</strong> pessoas<br />

que se abstêm <strong>de</strong> todo e qualquer interesse material? Que <strong>de</strong>vemos pensar <strong>de</strong> pessoas cuja honra<strong>de</strong>z<br />

paira acima <strong>de</strong> qualquer suspeita?<br />

Se, pois, o conteúdo da comunicação é formado por um conjunto <strong>de</strong> ensinamentos calcados na mais<br />

pura moral cristã e não há, nenhum interesse material, visto que “paga-se melhor ao que distrai do<br />

que ao que instrui” 4 será sensato manter-se preso ainda à idéia <strong>de</strong> ver frau<strong>de</strong>s, muito embora se<br />

observe o mais completo <strong>de</strong>sinteresse?!<br />

A<strong>de</strong>mais, abstraindo-se o campo da fenomenologia <strong>de</strong> efeitos físicos - mais facilmente imitável pela<br />

<strong>de</strong>streza do charlatanismo -, <strong>de</strong>paramo-nos com as comunicações inteligentes, a <strong>de</strong>safiarem os<br />

fraudadores com o dom da improvisação que lhes falta.<br />

“A melhor garantia está na moralida<strong>de</strong> notória dos médiuns e na ausência <strong>de</strong> todas as causas <strong>de</strong><br />

interesse material ou <strong>de</strong> amor-próprio, que po<strong>de</strong>ria estimular neles o exercício das faculda<strong>de</strong>s<br />

medianímicas que possuem, porque essas mesmas causas po<strong>de</strong>m animá-la a simular as que não<br />

têm.” 5<br />

Aliás, alertamos para que não se venha a confundir frau<strong>de</strong> com animismo. Na primeira existe má-fé,<br />

dolo, <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> enganar; neste último o que se dá é a participação do médium no processo <strong>de</strong><br />

filtragem mediúnica ou, na pior das hipóteses, a sua comunicação como Espírito, em <strong>de</strong>corrência da<br />

sua necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento espiritual, na busca <strong>de</strong> socorro, embora <strong>de</strong> forma inconsciente à sua<br />

personalida<strong>de</strong> atual.<br />

Se não é <strong>de</strong>sejável dê sempre o médium comunicações anímicas, igualmente não o é que o tenhamos<br />

como enganador.


É verda<strong>de</strong> que vários médiuns renomados do século XIX e início do século XX, foram flagrados em<br />

embustes, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> haverem antes viabilizados fenômenos maravilhosos, pesquisados por<br />

estudiosos sérios. Isso se <strong>de</strong>ve, com freqüência, ao uso da faculda<strong>de</strong> com objetivos <strong>de</strong> ganho. Mas,<br />

como a comunicação mediúnica não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> unicamente do médium, mas principalmente do<br />

Espírito, quando este não <strong>de</strong>seja se comunicar não acontece o fenômeno. Se o médium esta sendo<br />

pago <strong>de</strong> alguma forma para fazer o "show mediúnico" e não logra realizá-lo, ver-se-á tentado à ação<br />

fraudulenta 6 ...<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c aconselha que os médiuns não interponham nenhum outro interesse à ativida<strong>de</strong><br />

fenomênica, senão o <strong>de</strong> servir ao próximo, <strong>de</strong>saconselhando qualquer ativida<strong>de</strong> mediúnica na<br />

forma <strong>de</strong> show.<br />

III. MISTIFICAÇÃO<br />

Situação em que há logro promovido por Espíritos inescrupulosos. Isso acontece, comumente, em<br />

função da invigilância e do <strong>de</strong>scuido, no que respeita à aceitação sem exame daquilo que é<br />

intermediado pela via mediúnica. A mistificação se faz principalmente quando não se leva em conta<br />

a finalida<strong>de</strong> primeira do intercâmbio entre os planos da vida, que é conduzir o ser humano à melhor<br />

disposição moral diante do bem a realizar.<br />

Submete-se a mistificações, quando se passa a pedir aos Espíritos orientações <strong>de</strong>snecessárias quanto<br />

ao cotidiano, a coisas restritas à própria responsabilida<strong>de</strong>, dando-lhes crédito ilimitado; e quando não<br />

se tem uma vonta<strong>de</strong> firme para rechaçar certas sugestões trazidas pelos Espíritos, no que tange a<br />

assuntos que estão fora da função moralizadora.<br />

Além disso, po<strong>de</strong> haver mistificação para provar o medianeiro em sua fé, em sua humilda<strong>de</strong> e em sua<br />

perseverança.<br />

“Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verda<strong>de</strong>iros a<strong>de</strong>ptos do Espiritismo<br />

e punir os que <strong>de</strong>le fazem um objeto <strong>de</strong> diversão.” 7<br />

Detectando a nossa fragilida<strong>de</strong>, os Espíritos mistificadores lançam mão <strong>de</strong> vários ardis, explorando-<br />

nos ora a cupi<strong>de</strong>z, ora a curiosida<strong>de</strong> inútil, predizendo-nos acontecimentos com data fixa. Procuram<br />

ludibriar-nos imiscuindo-se em nossas necessida<strong>de</strong>s materiais e levando-nos a crê-los guias<br />

"<strong>de</strong>sinteressados".<br />

Deve-se, assim, suspeitar invariavelmente das intenções e da elevação dos Espíritos sempre que<br />

veiculem conselhos ou prescrições cujo objetivo se afaste da racionalida<strong>de</strong>, da mo<strong>de</strong>ração no<br />

uso <strong>de</strong> nomes veneráveis e da moralização em que os fenômenos espíritas <strong>de</strong>vem resultar.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

HOLANDA, Aurélio Buarque. "Novo Dicionário da Língua Portuguesa".<br />

2<br />

KARDEC Allan. -"O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires. Cap. XXVIII, item 314. EME Editora: Capivari-SP.<br />

3<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />

4<br />

I<strong>de</strong>m, Cap. XXVIII, item 315. I<strong>de</strong>m<br />

5<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, item 323.<br />

6<br />

Muitas vezes, esta influenciação é realizada por Espíritos que querem vê-lo per<strong>de</strong>r-se ou <strong>de</strong>sacreditar o fenômeno.<br />

7<br />

KARDEC Allan. -"O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires. Item 302. EME Editora: Capivari-SP.


Lição: 19<br />

IV. OBSESSÃO<br />

A. CONCEITO<br />

Obsessão é o termo genérico que sugere influenciação, aproximação perniciosa e persistente <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>sencarnado sobre uma pessoa. Esse fenômeno <strong>de</strong>staca-se como o mais freqüente <strong>de</strong>ntre os<br />

escolhos da prática mediúnica, sobretudo quando, no início do Mediunato (v. lição 6), é escassa a<br />

experiência capaz <strong>de</strong> mais facilmente facilitar o discernimento entre o falso e o verda<strong>de</strong>iro.<br />

A obsessão, entretanto, conquanto se produza a expensas do dom mediúnico 1 , não atinge unicamente<br />

os médiuns tarefeiros, mas também os médiuns naturais, ainda que apresentem, no comum, uma<br />

faculda<strong>de</strong> embrionária.<br />

B. CLASSIFICAÇÃO<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c, objetivando didatizar o estudo do mal obsessivo, <strong>de</strong>screve três formas <strong>de</strong> sua<br />

manifestação (quanto à intensida<strong>de</strong> do domínio do Espírito obsessor sobre o encarnado), passíveis ou<br />

não <strong>de</strong> evoluir sequencialmente.<br />

São elas: obsessão simples, fascinação e subjugação.<br />

Nesse nosso estudo, em função <strong>de</strong> sua especificida<strong>de</strong>, enfocaremos as nuanças do quadro<br />

obsessivo incidindo sobre os médiuns tarefeiros (v. lição 7).<br />

Antes, porém, <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver os diferentes patamares obsessivos, tratarei das situações on<strong>de</strong> existe<br />

uma influenciação espiritual negativa, muito embora não venha , a se enquadrar nos parâmetros<br />

obsessivos propriamente ditos. É o caso do assédio espiritual.<br />

Assédio Espiritual - É bastante comum que o médium tarefeiro sofra assédios espirituais.<br />

Estes consistem em um envolvimento perceptível e momentâneo feito por um Espírito<br />

mal-intencionado ou sofredor, diferenciado da obsessão pelo simples fato <strong>de</strong> não revestir-se <strong>de</strong><br />

cronicida<strong>de</strong>, por se <strong>de</strong>sfazer em tempo breve. No geral, o médium consegue <strong>de</strong>sfazer os<br />

plugues espirituais nocivos, libertando-se prontamente daquela influência perturbadora. De<br />

outras vezes, no entanto, o assédio é o preâmbulo para a obsessão simples.<br />

Obsessão Simples - neste tipo, o Espírito malévolo se impõe tenazmente a um médium,<br />

interferindo nas comunicações que recebe e impedindo-o <strong>de</strong> manter contatos com o Mundo<br />

Invisível, pondo-se em oposição à manifestação <strong>de</strong> outros Espíritos, substituindo-os.<br />

A ação obsessiva apresenta basicamente duas características: a persistência e a malda<strong>de</strong>.<br />

A obsessão simples é assim <strong>de</strong>signada porque, a <strong>de</strong>speito da <strong>de</strong>sagradável sensação <strong>de</strong><br />

constrangimento, o médium tarefeiro sabe exatamente a natureza do Espírito que o aflige, pois<br />

este não dissimula suas más intenções. Não <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>duzir, entretanto, que as suas<br />

repercussões não se possam fazer a ponto <strong>de</strong> atrapalhar o <strong>de</strong>senvolvimento anímico do<br />

obsidiado e inclusive o seu mediunato.<br />

Se o incômodo psíquico é perturbador, maior ainda o é quando acontecem manifestações<br />

ruidosas e obstinadas (pancadas e outros ruídos), nos casos que se costumam <strong>de</strong>signar<br />

"Obsessão Simples Física".<br />

b) Fascinação - muito mais grave que a obsessão simples, a fascinação é o fenômeno em que<br />

o Espírito atuante neutraliza, <strong>de</strong> alguma sorte, o julgamento da sua vítima, quanto às<br />

comunicações. Afirmo mais grave, porque o médium fascinado não acredita ser vítima <strong>de</strong><br />

engano; tal é a sorte do obsessor a inspirar-lhe confiança cega, que chega a afastá-lo <strong>de</strong> todos


os que po<strong>de</strong>riam abrir-lhe os olhos e chamar-lhe, à razão. Mesmo entre pessoas mais<br />

intelectualizadas, encontram-se as vítimas da fascinação, que aceitam, sem resistência, as mais<br />

absurdas teorias e as mais bizarras doutrinas, alem <strong>de</strong> se permitirem a atitu<strong>de</strong>s ridículas e<br />

comprometedoras, quando não perigosas.<br />

É forma relativamente freqüente entre os médiuns tarefeiros que, assim, distanciam-se<br />

sobremaneira dos objetivos alimentados para o uso da faculda<strong>de</strong> recebida por empréstimo<br />

divino. Aliás, para o médium, talvez seja essa a forma mais perigosa <strong>de</strong> obsessão, em virtu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ter alterada a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> julgamento, <strong>de</strong> discernimento e <strong>de</strong> aceitar prazerosamente a<br />

ação do Espírito obsessor.<br />

c) Subjugação - acontece quando o obsidiado está literalmente "sob o jugo" do obsessor, o<br />

qual paralisa-lhe a vonta<strong>de</strong> e o faz agir a seu malgrado. Po<strong>de</strong> ser moral ou corporal. A<br />

subjugação moral é uma espécie <strong>de</strong> fascinação em que o comportamento moral se <strong>de</strong>teriora,<br />

segundo a ação do Espírito obsessor. Na subjugação corporal o obsessor como que se<br />

assenhoreia dos órgãos materiais da "vítima" e chega, às vezes, a impeli-la aos atos mais<br />

ridículos e perigosos, fazendo-a frequentemente ser rotulada como louca. Em épocas mais<br />

remotas, chamava-se possessão ao domínio exercido por Espíritos maus, quando essa<br />

influência ia até a aberração das faculda<strong>de</strong>s. A Codificação não adota este termo,<br />

primeiramente porque ele po<strong>de</strong>ria fazer presumir que há seres criados para o mal e ao mal<br />

perpetuamente voltados; <strong>de</strong>pois, porque po<strong>de</strong>ria sugerir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dois Espíritos<br />

virem a coabitar um mesmo corpo, quando o que se dá unicamente é o constrangimento do<br />

obsessor sobre o obsidiado. O Espírito obsessor domina indiretamente o corpo da vítima, pelo<br />

domínio que <strong>de</strong>senvolve sobre o seu perispírito. O termo subjugação consegue traduzir mais<br />

fi<strong>de</strong>dignamente o que se passa nessa interação mórbida.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Po<strong>de</strong> parecer-lhe, caro leitor, estranho eu falar que a "obsessão se faz a expensas dos dons mediúnicos". Mas é possível<br />

dizer, sim, em tese, que a obsessão é uma "relação mediúnica<br />

patológica, enfermada", pois dá-se uma intenção entre os perispíritos do Espírito obsessor com o do obsidiado, e aquele se<br />

expressa pelo comportamento, às atitu<strong>de</strong>s e/ou as palavras do perseguido. Já vimos que todos somos mais ou menos<br />

médiuns, variando no que respeita ao grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das faculda<strong>de</strong>s, portanto mesmo as pessoas que não<br />

possuem mediunida<strong>de</strong> ostensiva, são utilizadas mediunicamente, com objetivos negativos pelos obsessores. Isso, em última<br />

instância, correspon<strong>de</strong> a uma relação mediúnica, embora que doente.<br />

Lição: 20<br />

C. CARACTERES DA OBSESSÃO<br />

OS sinais e sintomas do quadro obsessivo po<strong>de</strong>m ser mais ou menos ostensivos e mais ou menos<br />

multiforme. Atente-se, no entanto, para as seguintes características, encontradas frequentemente:<br />

a) persistência <strong>de</strong> um Espírito em se comunicar, opondo-se a que outros possam fazê-lo;<br />

b) ilusão que impe<strong>de</strong> o médium <strong>de</strong> notar a falsida<strong>de</strong> e o ridículo <strong>de</strong> suas comunicações;<br />

c) isolamento do sensitivo;<br />

d) crença na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e na infalibilida<strong>de</strong> absolutas do Espírito comunicante;<br />

e) disposição para afastar-se dos que lhe po<strong>de</strong>riam dar avisos úteis;


f) suscetibilida<strong>de</strong> quanto à crítica sobre suas comunicações;<br />

g) necessida<strong>de</strong> incessante e inoportuna <strong>de</strong> escrever ou falar, chegando mesmo a uma verda<strong>de</strong>ira<br />

compulsão psicográfica ou psicofônica;<br />

h) qualquer constrangimento físico;<br />

i) ruídos e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns, ao redor <strong>de</strong> si e dos quais é a causa e o objeto.<br />

D. É, POIS, LAMENTÁVEL SER MÉDIUM?<br />

Diante <strong>de</strong> tantos empeços e dificulda<strong>de</strong>s, alguém po<strong>de</strong>rá questionar se não seria lastimável ser dotado<br />

<strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> tarefeira.<br />

Passemos a palavra a Allan Kar<strong>de</strong>c:<br />

“Regra geral: quem quer que tenha más comunicações espíritas, escritas ou verbais, está sob má<br />

influência; essa influência se exerce sobre ele, escreva ou não, quer dizer, seja ou não médium 1 ,<br />

creia ou não creia.” 2 (Grifos meus).<br />

O Espiritismo possibilita a i<strong>de</strong>ntificação, o tratamento e a prevenção às investidas dos maus<br />

Espíritos, que, não fosse assim, dariam livre curso à sua hipocrisia e crueza. O perigo está no orgulho<br />

<strong>de</strong> certos médiuns por enten<strong>de</strong>rem-se aptos a serem instrumentos exclusivos dos Espíritos<br />

Superiores. Estes se afastam do médium orgulhoso e os outros vêm em seu lugar, a obsidiar-lhcs,<br />

fascinar-lhes e subjugar-lhes.<br />

E. CAUSAS DA OBSESSÃO<br />

a) Decorrentes do Espírito obsessor:<br />

vingança<br />

<strong>de</strong>sejo do mal<br />

prazer <strong>de</strong> afligir<br />

ódio e inveja<br />

covardia moral<br />

orgulho<br />

b) Relacionadas com o encarnado:<br />

dívidas do passado<br />

credulida<strong>de</strong> excessiva<br />

ignorância<br />

invigilância<br />

<strong>de</strong>sleixo<br />

uso in<strong>de</strong>vido da faculda<strong>de</strong><br />

vaida<strong>de</strong><br />

orgulho<br />

Ninguém é obsidiado sem motivos, os quais po<strong>de</strong>m ser encontrados no passado ou no presente.<br />

Muitas vezes, inclusive, dá-se uma relação sadomasoquista, em que ambos se comprazem em sofrer<br />

e fazer sofrer, ainda que inconscientemente. Nesses casos, a ruptura dos laços enfermados entre os<br />

dois <strong>de</strong>ve se fazer <strong>de</strong> maneira paulatina, sendo uma das razões para a <strong>de</strong>mora da cura <strong>de</strong> uma<br />

obsessão. Recor<strong>de</strong>mos o ensinamento do Mestre maior <strong>de</strong> todos nós:<br />

“Não basta arrancar o joio. É preciso saber até que ponto a sua raiz se encontra entranhada no solo,


com a raiz do trigo, para que não venhamos a esmagar um e outro.” 3<br />

Repetimos:<br />

Não há sofrimento sem propósito ou motivos.<br />

V. FRAUDE x MISTIFICAÇÃO x OBSESSÃO<br />

Diante do exposto, logo se percebe a íntima relação entre frau<strong>de</strong>, mistificação e obsessão, sendo cada<br />

um e todos ao mesmo tempo escolhos que po<strong>de</strong>m interagir, necessitando <strong>de</strong> toda prudência e cautela,<br />

<strong>de</strong> toda a perspicácia para i<strong>de</strong>ntificar-lhes a presença e neutralizar-lhes a ação nefasta.<br />

De fato, se alguém se inicia na equivocada e nefanda prática <strong>de</strong> fraudar os fenômenos que, por<br />

qualquer razão, não se encontra capaz <strong>de</strong> viabilizar, põe-se sobre o dorido jugo <strong>de</strong> Espíritos<br />

malévolos que o mistificarão, aproveitando-se <strong>de</strong> suas intenções escusas; e ele, que antes enganava,<br />

po<strong>de</strong> ser realmente guindado à condição <strong>de</strong> intermediário entre os dois planos 4 , mas, para sua<br />

infelicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> enganador passa a enganado.<br />

Daí, à obsessão plenamente caracterizada, com todo o conjunto <strong>de</strong> implicações <strong>de</strong>la <strong>de</strong>correntes, é<br />

um pequeno passo.<br />

VI. ABUSOS NO EXERCÍCIO DA MEDIUNIDADE<br />

Comete-se abuso <strong>de</strong> toda e qualquer faculda<strong>de</strong> medianímica sempre que não se levam em<br />

consi<strong>de</strong>ração as finalida<strong>de</strong>s enobrecedoras, caritativas e espiritualizantes do intercâmbio.<br />

Assim, o médium que se julga no direito <strong>de</strong> cobrar pelos "seus" préstimos, pelos "seus dons", pelos<br />

fenômenos que interme<strong>de</strong>ia; o médium que, <strong>de</strong> alguma forma, lucra, no sentido <strong>de</strong> ganho material;<br />

que se autopromove; que pratica o mediunismo (o fenômeno pelo fenômeno, sem reflexão e<br />

profundida<strong>de</strong> cristãs); que usa da práticas esdrúxulas, atitu<strong>de</strong>s "teatrais", exibicionistas, com o fim<br />

<strong>de</strong> atrair a atenção do público sobre a sua pessoa; tal médium afasta-se, <strong>de</strong>clarada e patentemente, <strong>de</strong><br />

toda a orientação espírita e abusa dos dons que lhe foram concedidos por Deus, para o seu progresso<br />

espiritual, através da ação promotora do adiantamento dos outros.<br />

Constitui conduta segura para o médium a sua integração no Grupo Espírita em que milita<br />

mediunicamente, para o bem do trabalho como um todo, assim como para si mesmo.<br />

O Prof. J. Herculano Pires 5 , em seu livro “<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>”, alerta para o perigo do médium que<br />

participa exclusivamente do trabalho mediúnico (médium solitário); pois, passa a viver apenas em<br />

duas dimensões: a do Espírito comunicante e a sua própria.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Aqui Allan Kar<strong>de</strong>c se refere à mediunida<strong>de</strong> tarefeira.<br />

2<br />

KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. Cap. XXIII, item 244. EME Editora: Capivari-SP.<br />

3<br />

Mateus, 13: 29-30.<br />

4<br />

Lembrar que mesmo não se apresentando a faculda<strong>de</strong> mediúnica ostensiva, po<strong>de</strong>-se ser utilizado pelos Espíritos que<br />

induzem telepaticamente. Além disso, recor<strong>de</strong>mos que a obsessão é uma relação mediúnica doente!...<br />

5<br />

PIRES, J Herculano. - "<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>". Cap. X, pg. 81 e 82,1ª ed. Editora Paidéia: S.Paulo-SP.<br />

Glossário:<br />

Sadomasoquismo = 1. Psiq. Parafilia que consiste na conjugação do sadismo e do masoquismo.<br />

Parafilia = 1. Psiq. Cada um <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> distúrbios psicossexuais em que a excitação sexual é alcançada fora dos padrões<br />

sociais aceitos como normais, em que se incluem, por vezes, fantasias com objeto não humano, autossofrimento ou<br />

auto-humilhação, ou sofrimento ou humilhação, consentidos ou não, <strong>de</strong> parceiro, etc. [Deste grupo fazem parte o<br />

exibicionismo, o fetichismo, o frottage, a pedofilia, o masoquismo sexual, o sadismo sexual, o voyeurismo, etc.]<br />

Sadismo = 1. Psiq. Parafilia em que a satisfação erótica advém <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> violência ou cruelda<strong>de</strong> física ou moral infligidos ao<br />

parceiro sexual; algolagnia ativa. 2. P. ext. Prazer com o sofrimento alheio.


Masoquismo = 1. Psiq. Parafilia em que o indivíduo tem prazer ao ser maltratada física ou moralmente; algolagnia passiva:<br />

Lição: 21<br />

VII. SUSPENSÃO DA FACULDADE MEDIÚNICA<br />

A faculda<strong>de</strong> mediúnica tarefeira ou provacional está sujeita a intermitências resultantes <strong>de</strong> variados<br />

fatores. É fato notório estar a mediunida<strong>de</strong> sujeita a interrupções e a suspensões momentâneas ou<br />

<strong>de</strong>finitivas 1 . Isso, inclusive, é mais uma comprovação <strong>de</strong> que ela, em nosso estágio evolutivo, não é<br />

patrimônio do Espírito que a usa por instrumento, mas dádiva momentânea oferecida pela<br />

providência Divina, para o progresso anímico.<br />

Frequentemente se imagina que os lapsos <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> são <strong>de</strong>vidos ao esgotamento dos recursos<br />

fluídicos ou, quando não, a estados <strong>de</strong> carência fisiopsicossomática.<br />

É fato que os Espíritos responsáveis pelo acompanhamento e orientação mediúnicos aos sensitivos<br />

velam também por sua saú<strong>de</strong> e, em situações <strong>de</strong>ssa natureza, tratam <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r momentaneamente<br />

o exercício mediúnico até que ele reencontre a sua saú<strong>de</strong>. Nem sempre, porém, esta é a causa <strong>de</strong> tais<br />

ocorrências.<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c esclarece-nos, em "O Livro dos Médiuns", sobre a suspensão que se dá em <strong>de</strong>corrência<br />

do mau uso imprimido aos recursos medianímicos:<br />

“O médium <strong>de</strong> efeitos físicos, como o <strong>de</strong> comunicações intelectuais, recebeu a faculda<strong>de</strong> para bem<br />

empregá-la e não para a sua satisfação pessoal. Se abusar <strong>de</strong>la, po<strong>de</strong>rá perdê-la ou torná-la<br />

prejudicial a si próprio (...)" 2 .<br />

A suspensão do exercício mediúnico po<strong>de</strong> dar-se em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> variadas causas, com diferentes<br />

objetivos e intenções.<br />

A. CAUSAS DA SUSPENSÃO<br />

a) Pausa para reflexão<br />

Todo o conteúdo transmitido através do médium pela Espiritualida<strong>de</strong> Superior objetiva um alcance<br />

<strong>de</strong> bem maior amplitu<strong>de</strong> que o imaginado; entretanto, o primeiro a tirar-lhe proveito <strong>de</strong>ve ser o<br />

próprio médium. É comum imagine-se ter a mensagem <strong>de</strong>stino exclusivo, mas mesmo que assim o<br />

seja da sempre po<strong>de</strong>rá ser útil a outras pessoas. Sendo assim, toda mensagem mediúnica <strong>de</strong>ve sofrer<br />

a análise e uma reflexão do próprio médium que serviu-lhe <strong>de</strong> canal como também a todos os que<br />

logrem a ter-lhe acesso.<br />

Logo, a intermitência mediúnica po<strong>de</strong> ter por intuito dar ao médium o necessário tempo para a sua<br />

apreciação, através do seu estudo paciente e reflexão mais profunda.<br />

b) Proteção espiritual<br />

Há médiuns que se <strong>de</strong>sviam profundamente dos objetivos sadios que <strong>de</strong>veriam nortear a utilização <strong>de</strong><br />

seus recursos medianímicos, não atentando para os malefícios que lhe advirão em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sse<br />

<strong>de</strong>svirtuamento.<br />

Em "O Livro dos Médiuns", encontramos a seguinte advertência quanto ao seu uso:


“Esse dom <strong>de</strong> Deus não é concedido ao homem para o seu bel-prazer e muito menos ainda, para<br />

servir às suas ambições, mas para servir ao seu progresso e paras dar a conhecer a Verda<strong>de</strong> aos<br />

homens.” 3<br />

Nos casos em que o medianeiro é <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> algum crédito - seja adquirido na atual ou em pretérita<br />

experiência reencarnatória - e se <strong>de</strong>svia perigosamente da senda do Bem, o orientador espiritual<br />

po<strong>de</strong>rá optar por suspen<strong>de</strong>r-lhe a faculda<strong>de</strong> ostensiva, a fim <strong>de</strong> proteger-lhe da ação maldosa,<br />

truculenta e <strong>de</strong>struidora dos Espíritos inferiores, maldosos e maliciosos que lhe não perdoariam o<br />

passo mal dado e aproveitariam <strong>de</strong> pronto a oportunida<strong>de</strong> para entretecê-lo perniciosamente. Com<br />

essa suspensão, o Mentor espiritual confere ao médium um precioso tempo para repensar o <strong>de</strong>stino<br />

que está dando ao talento <strong>de</strong>positado em suas mãos.<br />

A suspensão age, por conseguinte, nesta situação, como medida profilática à obsessão, notadamente<br />

do tipo <strong>de</strong> fascinação, a mais comum entre os tarefeiros da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>.<br />

De outra forma, a suspensão po<strong>de</strong> objetivar dar ao medianeiro o necessário repouso, pois<br />

indiscutivelmente a intensida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> mediúnica -, especialmente quando se trata <strong>de</strong> relações<br />

com Espíritos mais necessitados e grosseiros (reuniões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobsessão) - po<strong>de</strong> levar a um <strong>de</strong>sgaste da<br />

organização somatopsíquica do sensitivo.<br />

c) Comprovação da liberda<strong>de</strong> dos Espíritos<br />

Existem situações em que o médium, à medida que se lhe <strong>de</strong>senvolve a possibilida<strong>de</strong> mediúnica,<br />

torna-se vaidoso até ao ponto <strong>de</strong> acreditar-se <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> um "po<strong>de</strong>r especial" sobre os Espíritos e as<br />

suas comunicações. Nesse caso, a suspensão da faculda<strong>de</strong> tem por fito dar-lhe a comprovação <strong>de</strong> que,<br />

sem a vonta<strong>de</strong> e sem a aquiescência dos Espíritos em se comunicar, ele nada consegue realizar.<br />

Isso serve, <strong>de</strong> forma especial, para treinar-lhe a humilda<strong>de</strong>. Há casos, em que um Espírito menos<br />

escrupuloso dá ao médium a impressão <strong>de</strong> que se avassala à sua vonta<strong>de</strong>, que está dócil às suas<br />

or<strong>de</strong>ns, para <strong>de</strong>pois capturar-lhe nas teias obsessivas, o que é facilitado pelo acendramento <strong>de</strong> sua<br />

vaida<strong>de</strong> e do seu orgulho.<br />

d) Estimulo a outras ativida<strong>de</strong>s<br />

O médium na Casa Espírita constitui um dos seus elementos humanos, um dos seus trabalhadores, e<br />

<strong>de</strong>ve por isso mesmo contribuir em outras das ocupações do núcleo espiritista.<br />

Não é <strong>de</strong>sejável que se torne um "profissional" do setor Mediúnico. Primeiro, porque não se dá vazão<br />

à faculda<strong>de</strong> mediúnica diariamente; <strong>de</strong>pois, porque, participando do trabalho como um todo, mais<br />

facilmente ele se integra ao grupo, vislumbrando-lhe melhor as particularida<strong>de</strong>s e necessida<strong>de</strong>s, ao<br />

mesmo tempo, em que acompanha a evolução do trabalho geral <strong>de</strong>senvolvido na Casa, quanto ao<br />

esclarecimento e ao consolo <strong>de</strong>spendidos aos que a procuram.<br />

e) Esgotamento psíquico e/ou físico<br />

A utilização <strong>de</strong>sregrada e sem cuidados dos dons psíquicos po<strong>de</strong>m promover <strong>de</strong>sgastes energéticos<br />

relevantes. Nesses casos o Espírito responsável pela orientação ao médium po<strong>de</strong> resolver suspen<strong>de</strong>r<br />

temporariamente a sua faculda<strong>de</strong>, ate que o medianeiro reencontre suas condições para o trabalho.<br />

Determinadas patologias consumptivas 4 ou <strong>de</strong>bilitantes po<strong>de</strong>m resultar na suspensão dos dons<br />

mediúnicos.<br />

B. RETORNO DA FACULDADE - TREINAMENTO<br />

Quando diante da suspensão da mediunida<strong>de</strong>, o medianeiro não <strong>de</strong>verá per<strong>de</strong>r seu tempo em<br />

treinamentos impróprios. Bastam, no máximo, alguns minutos, <strong>de</strong> cada vez, para saber se já lhe<br />

cessou o período <strong>de</strong> abstinência.<br />

Também, não <strong>de</strong>ve ele, por essa razão, enten<strong>de</strong>r-se <strong>de</strong>samparado pelos seus mentores e amigos, pois


po<strong>de</strong> tratar-se unicamente <strong>de</strong> uma impossibilida<strong>de</strong> material para o exercício <strong>de</strong> sua faculda<strong>de</strong>.<br />

Que ore, vigie e resigne-se, acostumando-se com o cuidar <strong>de</strong> si mesmo e <strong>de</strong> suas atribuições, sem<br />

solicitar para tudo o concurso dos Espíritos.<br />

Deve ele também manter-se informado <strong>de</strong> que, sob o efeito da referida suspensão - se esta lhe é<br />

imposta como advertência -, não <strong>de</strong>ve procurar obter, através <strong>de</strong> outros médiuns, as comunicações<br />

que lhe são interditas através <strong>de</strong> si próprio, o que mais assegura-lhe a in<strong>de</strong>pendência dos Espíritos, os<br />

quais não se po<strong>de</strong> fazer agir unicamente pelo <strong>de</strong>sejo e a <strong>de</strong>terminação próprios. Em tal caso, não se<br />

<strong>de</strong>ve insistir nas tentativas, para não cair sob influência perniciosa.<br />

Mas a suspensão da faculda<strong>de</strong> mediúnica não significa somente censura. Para ter uma melhor idéia,<br />

basta ao medianeiro, em tais circunstâncias, fazer um exame <strong>de</strong> consciência e verá, claramente, se o<br />

incômodo sofrido resulta <strong>de</strong> alguma atitu<strong>de</strong> digna <strong>de</strong> advertência.<br />

VIII. O MÉDIUM E A POPULARIDADE<br />

Alguns mandatos mediúnicos expõem <strong>de</strong> tal maneira os sensitivos ao público que eles passam a<br />

sofrer um verda<strong>de</strong>iro assédio e admiração exacerbada da parte da socieda<strong>de</strong>. São as esperanças, os<br />

anseios, a curiosida<strong>de</strong>, a busca <strong>de</strong> milagres dos circundantes que, patrocinando a "divinização" do<br />

médium, estimulando-lhe a vaida<strong>de</strong> e o orgulho, põem a per<strong>de</strong>r as mais belas e ricas possibilida<strong>de</strong>s<br />

medianímicas.<br />

A aceitação <strong>de</strong> honrarias, o culto ao amor-próprio, a troca <strong>de</strong> "favores", a autopromoção, o lucro etc.<br />

são atitu<strong>de</strong>s capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar perigosos <strong>de</strong>svios na direção da perda do medianeiro.<br />

São exemplos <strong>de</strong> fenômenos mediúnicos com maior tendência a pôr em evidência a pessoa do<br />

médium:<br />

"Correio do Além" (comunicações <strong>de</strong> consolo familiar);<br />

a mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos físicos;<br />

a mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura.<br />

Esta última é muito confundida, em nossos dias, pelo modismo das "cirurgias espirituais”. 5<br />

IX. POPULARIDADE E ABNEGAÇÃO<br />

Por tudo o que dissemos nos parágrafos anteriores, concluímos que o anonimato é sempre preferível<br />

à popularida<strong>de</strong>, no que tange à preservação da integrida<strong>de</strong> moral, espiritual (e, às vezes, até física)<br />

dos médiuns. O anonimato <strong>de</strong>sperta no médium o <strong>de</strong>senvolvimento da humilda<strong>de</strong>, da abnegação e do<br />

<strong>de</strong>sprendimento dos valores mundanos; enquanto a popularida<strong>de</strong> costuma exacerbar-lhe o orgulho e<br />

a vaida<strong>de</strong>, predispondo-o à queda.<br />

A esse respeito ouçamos o Codificador:<br />

“(...) O orgulho é quase sempre excitado no médium pelos que <strong>de</strong>le se servem. Se possui faculda<strong>de</strong>s<br />

um pouco além do comum, é procurado e elogiado, julgando-se indispensável e logo afetando ares<br />

<strong>de</strong> importância e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdém, quando presta o seu concurso. Já tivemos <strong>de</strong> lamentar, várias vezes, os<br />

elogios feitos a alguns médiuns, com a intenção <strong>de</strong> encorajá-los.” 6<br />

É bem verda<strong>de</strong>, porém, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do medianeiro, resistir ou não ao envolvimento patrocinado<br />

pela lisonja e pelo aparato dirigidos à sua pessoa. Em outras palavras: É possível manter-se incólume,<br />

mesmo em meio à popularida<strong>de</strong>; é perfeitamente possível manter-se a humilda<strong>de</strong> e a serenida<strong>de</strong>.<br />

Veja-se o exemplo <strong>de</strong> Francisco Cândido Xavier. Quando os elogios e as reverências atingiam-no,<br />

invariavelmente recorria à humilda<strong>de</strong> com afirmações do tipo:<br />

- Quem sou eu, meu filho? Eu sou qual uma mo<strong>de</strong>sta minhoca etc...


E Emmanuel, seu mentor, ainda arremata:<br />

- Que é isso, Chico? !! ... A minhoca tem um trabalho muito importante! ...<br />

Frequentemente, porém, cabe ao médium, <strong>de</strong>ntro do possível, usar do anonimato, preservando-se <strong>de</strong><br />

mais um óbice - o da popularida<strong>de</strong> - à boa condução da faculda<strong>de</strong> recebida por instrumento <strong>de</strong><br />

trabalho.<br />

Vale sempre, recorrendo ao Evangelho <strong>de</strong> Jesus, <strong>de</strong>ixar-se envolver pelo seu alerta:<br />

“Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado.” 7<br />

Bibliografia<br />

1 KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires, 2ª Parte, item 220, perg.<br />

nº 1. EME Editora: Capivari-SP.<br />

2 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m. Cap. XXVIII, item 307. EME Editora: Capivari-SP.<br />

3 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m. Cap. XXVIII, item 220. EME Editora: Capivari-SP.<br />

4 Consumptivas = 1.Que consome; consumidor. (AURÉLIO)<br />

5 Ver capítulo 9.<br />

6 KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires, 2ª Parte, Cap. XX, item 228, EME Editora: Capivari-SP.<br />

7 Lucas, 14:11.<br />

Glossário:<br />

Fisio = 1. = ‘natureza física ou moral’: fisiogenia, fisioterapia, fisiostigmina.<br />

Psico = 1. = ‘alma’, ‘espírito’, ‘intelecto’: psicanálise, psicologia, psicometria.<br />

Somático = 1. Biol. Referente ao corpo.<br />

Psicossomático = 1. Pertencente ou relativo, simultaneamente, aos domínios orgânico e psíquico.<br />

Somatopsíquica = o mesmo que psicossomático.<br />

Lição: 22<br />

Capítulo 7<br />

Desobsessão<br />

I. OBSESSÃO<br />

Vimos anteriormente que existe obsessão sempre que um mau Espírito se insinua <strong>de</strong> forma<br />

continuada sobre um encarnado, constrangendo-o a captar-lhe inexorável o pensamento negativo<br />

(obsessão simples), <strong>de</strong>teriorando-lhe a capacida<strong>de</strong> discernitiva (fascinação) ou tomando-lhe o<br />

controle corporal e/ ou psíquico (subjugação).<br />

A obsessão é uma relação mórbida <strong>de</strong> encarnado e <strong>de</strong>sencarnado, bastante freqüente em nosso<br />

mundo, constituindo-se em verda<strong>de</strong>ira pan<strong>de</strong>mia. 1<br />

A partir <strong>de</strong>ssa interação, aparecem as figuras do obsessor (o que persegue) e do obsidiado (o que é<br />

(perseguido).<br />

Pelo fato <strong>de</strong> encontrar-se invisível, é comum que o Espírito (<strong>de</strong>sencarnado) seja o perseguidor.<br />

Entretanto, há múltipla possibilida<strong>de</strong> relacional, seja invertendo essas posições, seja em relação <strong>de</strong><br />

reciprocida<strong>de</strong>, em que ambos agem ora como obsessor, ora como obsidiado.<br />

Além disso, embora seja costume ter pelo obsidiado gran<strong>de</strong> pieda<strong>de</strong>, ele nunca é completamente


vítima, pois carrega consigo os elementos conducentes à eclosão do processo obsessivo. Em outras<br />

palavras: Ninguém nessa relação se encontra inteiramente inocente, sendo ambos responsáveis pelo<br />

quadro doloroso <strong>de</strong> ódio, <strong>de</strong> humilhação e <strong>de</strong> exploração.<br />

A esse respeito, atentemos para as palavras sábias do Espírito Manoel Philomeno <strong>de</strong> Miranda,<br />

através do médium baiano Divaldo Pereira Franco:<br />

“Em toda obsessão, mesmo nos casos mais simples, o encarnado conduz em si mesmo os fatores<br />

predisponentes e prepon<strong>de</strong>rantes – os débitos morais a resgatar – que facultam a alienação.” 2<br />

11. DESOBSESSÃO<br />

A. CONCEITO<br />

Etimologicamente, o vocábulo <strong>de</strong>sobsessão significa o ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazer-se a constrição do obsessor<br />

sobre o obsidiado. Po<strong>de</strong>mos ainda conceituar como sendo o processo <strong>de</strong> regeneração do indivíduo,<br />

auxiliando-o a <strong>de</strong>sfazer-se dos vínculos do passado sombrio e a vencer a si mesmo. Consiste <strong>de</strong> urna<br />

terapêutica espiritual complexa, pois tem suas repercussões para além da matéria grosseira, haja vista<br />

objetivar o restabelecimento da saú<strong>de</strong> tanto do obsidiado quanto do obsessor, ambos<br />

indiscutivelmente enfermados em seus sentimentos e em seus padrões ético-espirituais.<br />

Conquanto possam outras condutas mostrarem resultados positivos, é fato que somente com a<br />

Doutrina Espírita a terapêutica foge ao empirismo, pelo conhecimento das bases do problema e da<br />

ação direta tanto sobre encarnado como sobre <strong>de</strong>sencarnado, levando-os à reflexão e estimulando-os<br />

à transformação íntima, sob a luz dos ensinamentos evangélicos, facilitados pela lente espírita.<br />

B. OBJETIVOS<br />

a) Pronto-socorro - com ampla ação sobre os que se encontram transtornados pela dor moral,<br />

torturados pelos sentimentos <strong>de</strong> ódio e <strong>de</strong> vingança, perturbados pela inconsciência da <strong>de</strong>sencarnação<br />

e escravizados às mais variadas viciações;<br />

b) Laboratório Espiritual - on<strong>de</strong> se promove a regeneração e o tratamento das múltiplas e<br />

frequentes <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s perispiríticas, a partir da associação dos fluidos, animalizados doados pelos<br />

participantes encarnados com os fluidos espirituais geridos pelos Espíritos responsáveis pela<br />

ativida<strong>de</strong> em benefício dos <strong>de</strong>sencarnados;<br />

c) Resposta do amor - sob o amparo <strong>de</strong> Jesus, a repercutir <strong>de</strong> maneira favorável à harmonia, ao<br />

equilíbrio em ambos os planos da existência, em indiscutível exercício <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e<br />

fraternida<strong>de</strong>, com ação balsamizante sobre as aflições e os sofrimentos humanos.<br />

C. COMPOSIÇÃO DO GRUPO DE TRABALHO<br />

Não há referência na Codificação Espírita a respeito <strong>de</strong> um número específico e i<strong>de</strong>al para os<br />

componentes <strong>de</strong> uma Reunião Mediúnica e muito menos <strong>de</strong> uma reunião específica <strong>de</strong> Desobsessão.<br />

Léon Denis 3 sugere um mínimo <strong>de</strong> quatro elementos, enquanto que o Espírito André Luiz 4 orienta<br />

para que não se ultrapasse o número <strong>de</strong> quatorze componentes.<br />

Salienta, ainda, André Luiz que o grupo, na sua formação, tenha <strong>de</strong> dois a quatro médiuns<br />

esclarecedores 5 dois ou quatro médiuns passistas 6 e quatro a seis médiuns psicofônicos.<br />

Cada grupo, no entanto, dada a sua necessida<strong>de</strong> e experiência <strong>de</strong>verá constituir-se da maneira mais<br />

racional e compatível com as suas características.<br />

Sem dúvida, quanto maior o número <strong>de</strong> participantes <strong>de</strong> uma reunião mediúnica <strong>de</strong>sobsessiva,<br />

tanto mais difícil a manutenção da harmonia e da homogeneida<strong>de</strong> - condições fundamentais para a<br />

constituição <strong>de</strong> um ser coletivo 7 - e, por conseguinte, maior a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s e


<strong>de</strong>sequilíbrios.<br />

A mediunida<strong>de</strong> psicofônica é a faculda<strong>de</strong> prioritária no atendimento aos Espíritos sofredores, em<br />

função <strong>de</strong> permitir um contato mais fácil e mais direto, além <strong>de</strong> um diálogo mais completo,<br />

facilitando o seu envolvimento psicoemocional com o esclarecedor encarnado.<br />

Bibliografia<br />

1 Termo utilizado em Medicina social para os casos <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mia com abrangência mundial.<br />

2 MIRANDA, Manoel Philomeno (Esp.)/FRANCO, Divaldo Pereira. – “Nas Fronteiras da Loucura”. LEAL: Salvador-BA.<br />

3 DENIS, Léon. – “No Invisível”. Trad. Leopoldo Cirne. 1ª Parte, cap. X, pg. 115 - FEB.<br />

4 LUIZ, André/XAVIER & WALDO – “Desobsessão” Cap.20, pg. 85 – FEB.<br />

5 Dá-se a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> médium esclarecedor ao encarregado pelo diálogo com os Espíritos, também chamado doutrinador.<br />

Embora o nome médium, prece ser consenso no meio espiritista que é preferível ele não apresentar mediunida<strong>de</strong> ostensiva,<br />

pois assim, em momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio seu, po<strong>de</strong>ria ter suas faculda<strong>de</strong>s assaltadas por algum Espírito obsessor,<br />

<strong>de</strong>terminando gran<strong>de</strong> transtorno à reunião. Por isso, não me agrada o termo médium esclarecedor, assim como há muitos<br />

não agrada o termo doutrinador, sendo, talvez, o termo esclarecedor a melhor <strong>de</strong>signação. Ressalte-se, no entanto, não<br />

tratar-se <strong>de</strong> proibição, mas unicamente <strong>de</strong> prevenção. De mais a mais, o médium já tem o seu campo específico <strong>de</strong> ação.<br />

6 Em nosso serviço mediúnico, não utilizamos especificamente a figura do médium passista por enten<strong>de</strong>rmos <strong>de</strong>snecessária.<br />

Primeiro porque não há uma incidência elevada da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> passes; <strong>de</strong>pois porque os esclarecedores<br />

po<strong>de</strong>m perfeitamente suprir essa função, pelo fato <strong>de</strong> normalmente já terem experiência na fluidoterapia pela imposição<br />

das mãos.<br />

7 “Uma reunião é um ser coletivo cujas qualida<strong>de</strong>s e proprieda<strong>de</strong>s são a soma <strong>de</strong> todas as dos seus membros, formando uma<br />

espécie <strong>de</strong> feixe. Ora, esse feixe será tanto mais forte quanto mais homogêneo.” (Allan Kar<strong>de</strong>c em “O Livro dos Médiuns”, 2ª<br />

Parte, cap. XXIX, item 331)<br />

Lição: 23<br />

D) ONDE REALIZAR AS REUNIÕES DE DESOBSESSÃO<br />

As Reuniões <strong>de</strong> Desobsessão, como <strong>de</strong> resto todas as sessões mediúnica s, <strong>de</strong>vem ser realizadas<br />

preferencialmente em salas previamente estabelecidas na Casa Espírita, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> contar com<br />

todo o respaldo do labor aí realizado em favor do próximo. Até porque, esse é um trabalho cuja<br />

coor<strong>de</strong>nação e consecução são na verda<strong>de</strong>, em instância maior, da competência da Espiritualida<strong>de</strong><br />

Superior, que conta com a participação <strong>de</strong> um vasto número <strong>de</strong> obreiros para o seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

André Luiz, através da mediunida<strong>de</strong> do querido médium Francisco Cândido Xavier, aconselha que o<br />

trabalho <strong>de</strong>sobsessivo faça-se nas condições <strong>de</strong> “absoluto isolamento hospitalar” 1 .<br />

Então, sempre que possível, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>stinar urna sala exclusivamente ao trabalho mediúnico 2 .<br />

Aos encarnados, cabe não dificultar a realização da tarefa mediúnica, a partir <strong>de</strong> uma postura <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> preparo satisfatório e boa vonta<strong>de</strong> para com o serviço, com o qual são os primeiros<br />

beneficiados.<br />

E) PESSOAS ESTRANHAS À TAREFA DESOBSESSIVA<br />

Desaconselha-se a presença <strong>de</strong> pessoas estranhas e <strong>de</strong>spreparadas por ocasião da prática<br />

<strong>de</strong>sobsessiva, porquanto seus <strong>de</strong>sequilíbrios psíquicos e emocionais, sua curiosida<strong>de</strong>, assim como<br />

sua <strong>de</strong>sarrazoada interferência mental po<strong>de</strong>m ser capazes <strong>de</strong> atingir a sensibilida<strong>de</strong> mediúnica 3<br />

causando indiscutível transtorno e dificulda<strong>de</strong> na comunicação dos Espíritos.


Sobre isso, esclarece o experiente e respeitado confra<strong>de</strong> Hermínio Correia <strong>de</strong> Miranda:<br />

“Na minha opinião, somente em casos excepcionais se justifica a presença <strong>de</strong> pessoas estranhas ao<br />

grupo, nos trabalhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobsessão. (...) Sei que alguns dirigentes <strong>de</strong> grupo objetarão a esse<br />

radicalismo; julgo, porém, que, como regra geral, <strong>de</strong>ve ser preservada a intimida<strong>de</strong> do trabalho<br />

mediúnico. É preferível pecar por excesso <strong>de</strong> rigor, do que arriscar-se a pôr em xeque a harmonia e<br />

a segurança das tarefas. 4 (Grifo meu).<br />

Anotemos, também, a resposta do acatado médium e tribuno espírita baiano, Divaldo Pereira Franco,<br />

a pergunta inserida no livro “Diretrizes <strong>de</strong> Segurança” 4 :<br />

“As reuniões mediúnicas <strong>de</strong>vem ser públicas? Por quê?<br />

DIVALDO: - O Codificador recomenda pequenos grupos, graças às dificulda<strong>de</strong>s que há nos gran<strong>de</strong>s<br />

grupos, <strong>de</strong> sintonia vibratória e harmonia <strong>de</strong> pensamento.<br />

Uma reunião <strong>de</strong> caráter público é um risco <strong>de</strong>snecessário porque vêm pessoas portadoras <strong>de</strong><br />

sentimentos os mais diversos, que irão perturbar, invariavelmente, a operação da mediunida<strong>de</strong>.<br />

(...) A reunião mediúnica não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> caráter público.<br />

O êxito <strong>de</strong> uma reunião mediúnica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da equipe que ali comparece e não apenas do<br />

médium.” (Grifos meus).<br />

"Na terapia da <strong>de</strong>sobsessão, é bom que o obsidiado frequente os trabalhos mediúnicos?"<br />

Ao argumento <strong>de</strong> que Allan Kar<strong>de</strong>c fazia reuniões em residências (ao tempo das mesas girantes),<br />

quero ressaltar que não era o Codificador quem as realizava nem as reuniões eram especificamente<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sobsessão;<br />

ele estudava os fenômenos ali acontecidos. De outra forma, é bom <strong>de</strong>stacar que, até então, não se<br />

haviam estabelecido os riscos e cuidados a tomar na condução da ativida<strong>de</strong> mediúnica. Após a sua<br />

compreensão, as reuniões passaram a se dar na Socieda<strong>de</strong> Parisiense <strong>de</strong> Estudos Espíritas e interditas<br />

ao público 6 como se po<strong>de</strong> encontrar no seu Regulamento:<br />

“Art. 17- As sessões são particulares ou gerais e jamais serão públicas.” (Grifo meu)<br />

F) OBSIDIADO E REUNIÃO DE DESOBSESSÃO<br />

Há quem preconize a presença do obsidiado no trabalho mediúnico <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobsessão e até mesmo<br />

compreenda natural o fato <strong>de</strong> vir a mediar a comunicação do seu obsessor. Não há, porém, vantagem<br />

nessa conduta.<br />

Em primeiro lugar, porque o obsessor é conduzido pela Espiritualida<strong>de</strong>, não havendo a necessida<strong>de</strong><br />

da presença do enfermo encarnado para assegurar-se a sua ida à reunião; <strong>de</strong>pois, porque o obsidiado,<br />

além <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontrolado (ou potencialmente <strong>de</strong>scontrolável) – e por isso mesmo com risco <strong>de</strong><br />

tumultuar a ativida<strong>de</strong> -, po<strong>de</strong> vir a se perturbar mais ainda pelas "revelações" e impropérios verbais<br />

assacados contra ele por seu antagonista <strong>de</strong>sencarnado.<br />

Sendo assim, é perfeitamente <strong>de</strong>saconselhável a participação do obsidiado na tarefa <strong>de</strong>sobsessiva,<br />

qualquer que seja o grau <strong>de</strong> obsessão.<br />

Recorramos, ainda uma vez, ao respeitado confra<strong>de</strong> Hermínio C. Miranda sobre a questão:<br />

“Mais do que <strong>de</strong>snecessária, a presença <strong>de</strong> pessoas perturbadas, no ambiente on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senrola o


trabalho mediúnico, po<strong>de</strong> provocar inci<strong>de</strong>ntes e dificulda<strong>de</strong>s insuperáveis” 7<br />

E mais:<br />

“Não é a presença física <strong>de</strong>les (obsidiados), junto ao grupo, que vai facultar ou facilitar a tarefa; ao<br />

contrário, essa presença po<strong>de</strong> causar consi<strong>de</strong>ráveis transtornos”. 8<br />

Busquemos outra vez o esclarecimento do notável tribuno baiano, o médium Divaldo P. Franco. 9<br />

DIVALDO: - “O i<strong>de</strong>al será que ele não participe dos trabalhos mediúnicos. Se estiver no estado em<br />

que registra as idéias sadias e as perturbadoras, o trabalho mediúnico po<strong>de</strong> ser-lhe seriamente<br />

pernicioso. Porque, se o obsessor incorporar, po<strong>de</strong>rá ameaçá-lo diretamente, criando nele<br />

condicionamento, que <strong>de</strong>pois vai explorar <strong>de</strong> Espírito a Espírito. Como a necessida<strong>de</strong> não é do corpo<br />

físico do enfermo, ele po<strong>de</strong> estar em qualquer lugar e os Mentores trarão as entida<strong>de</strong>s perturbadoras.”<br />

E o Espírito André Luiz, através do médium Waldo Vieira - embora admitindo a presença <strong>de</strong><br />

obsidiados graves no trabalho <strong>de</strong>sobsessivo, quando chegam inesperadamente - esclarece quanto à<br />

presença dos <strong>de</strong>mais pacientes sob perseguição obsessiva. 10<br />

“Na maioria dos acontecimentos <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m, o doente e os acompanhantes po<strong>de</strong>m ser admitidos por<br />

momentos rápidos, na fase preparatória dos serviços programados, recebendo passes e orientação<br />

para que se dirijam a órgãos <strong>de</strong> assistência ou doutrinação competentes (...).”<br />

“Nesses casos se enquadram igualmente os obsidiados apenas influenciados ou fixados em fase<br />

inicial <strong>de</strong> perturbação, para os quais o contacto com os comunicantes menos felizes ou francamente<br />

conturbados, sem a <strong>de</strong>vida preparação, é sempre inconveniente ou prejudicial, pela suscetibilida<strong>de</strong> e<br />

pelas sugestões negativas que apresentam na semiluci<strong>de</strong>z em que se encontram.”<br />

Há quem tente justificar a sua presença sob, a alegação <strong>de</strong> ser o obsidiado um médium necessitado <strong>de</strong><br />

"<strong>de</strong>senvolvimento mediúnico". No entanto, como já discutido anteriormente, o obsidiado nem<br />

sempre é um médium tarefeiro (v. lição 7). E além disso, ainda que o seja, é somente após seu<br />

equilíbrio e preparo, após a evangelhoterapia e a fluidoterapia, seguidas dos estudos doutrinários e<br />

mediúnicos teóricos, que ele estará habilitado ao <strong>de</strong>vido encaminhamento à Educação Mediúnica.<br />

Bibliografia<br />

1 LUIZ, André/XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. – “Desobsessão”. 2ª Ed. Cap. 18, pg. 77 – FEB.<br />

2 Contudo, nos casos <strong>de</strong> instituição que sofra <strong>de</strong> carência <strong>de</strong> espaço físico, a utilização do bom senso conduz-nos à utilização<br />

dos recursos disponíveis para o <strong>de</strong>senvolvimento das tarefas da Casa.<br />

3 Há quem imagine que isso não po<strong>de</strong>ria afetar a comunicação mediúnica, quando o médium for <strong>de</strong>vidamente educado. Isso,<br />

no entanto, parece-me uma sonhadora visão <strong>de</strong> "médium intocável", muito perigosa. A verda<strong>de</strong> é que temos visto médiuns<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> e controle, referir dificulda<strong>de</strong>s vibratórias a dificultar-lhe a ativida<strong>de</strong>, em algumas ocasiões. Por essa<br />

razão, quanto mais pu<strong>de</strong>rmos facilitar-lhes a tarefa, penso é <strong>de</strong>ver do dirigente do Serviço Mediúnico.<br />

4 MIRANDA, Hermínio C. - "Diálogo com as Sombras", Cap. II, pg, 86 – FEB.<br />

5 FRANCO, Divaldo Pereira & TEIXEIRA, J. Raul. - "Diretrizes <strong>de</strong> Segurança". 2ª ed. Cap.II pg. 39/40. Ed. Frater: Niteroi-RJ.<br />

6 KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. Cap. XXX. EME Editora: Capivari-SP.<br />

7 MIRANDA, Hermínio C. – “Diálogo com as Sombras”. Cap. II, pg. 86, 5ª Ed. FEB – Brasília-DF.<br />

8 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, pg. 87.<br />

9 FRANCO, Divaldo Pereira & TEIXEIRA, J. Raul. - "Diretrizes <strong>de</strong> Segurança". 2ª ed. Cap.X pg. 87/88. Ed. Frater: Niteroi-RJ.<br />

10 LUIZ, André/XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. – “Desobsessão”. – FEB.


Lição: 24<br />

G) ADMISSÃO DO MÉDIUM NA TAREFA DESOBSESSIVA<br />

Sendo o Labor Desobsessivo ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e usualmente o termômetro da<br />

Casa Espírita, obviamente que a admissão <strong>de</strong> seus componentes <strong>de</strong>ve ser regida com muita prudência<br />

e cuidado.<br />

O médium <strong>de</strong>ve ter bem treinada a sua faculda<strong>de</strong> com satisfatório <strong>de</strong>sempenho e controle, além <strong>de</strong><br />

estar compromissado com a própria reforma íntima; <strong>de</strong>ve estar bem integrado no núcleo espírita e<br />

mostrar amor pela tarefa.<br />

Sendo assim, reputamos como condições básicas para a sua admissão:<br />

a) Ter passado pela Educação Mediúnica.<br />

b) Buscar similitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamentos, i<strong>de</strong>ais e sentimentos com o grupo.<br />

c) Trabalhar a autorida<strong>de</strong> moral, tendo como alicerce o Evangelho <strong>de</strong> Jesus.<br />

d) Cuidar da auto-instrução, tendo como apoio insubstituível as obras da Codificação Kar<strong>de</strong>ciana.<br />

e) Fé e amor.<br />

H) O MÉDIUM E A PRÁTICA DA CARIDADE<br />

Vivenciar a Carida<strong>de</strong> no dia-a-dia é necessida<strong>de</strong> óbvia <strong>de</strong> todo aquele que busca a iluminação e agir<br />

em consonância com os preceitos espíritas, que são os contidos no Evangelho <strong>de</strong> Jesus.<br />

O medianeiro, entretanto, pela sua maior vulnerabilida<strong>de</strong> à ação dos Espíritos imperfeitos, <strong>de</strong>ve<br />

envidar todos os esforços para a prática da Carida<strong>de</strong>.<br />

Não se <strong>de</strong>ve, porém, esquecer, que a Carida<strong>de</strong> não consiste apenas na doação material pura e simples,<br />

mas especialmente na carida<strong>de</strong> moral que se fundamenta em respeitar o próximo, procurar<br />

compreendê-lo, ser tolerante e amável. Para tanto é imprescindível o treinamento da humilda<strong>de</strong>.<br />

Assistir ao aflito, oferecendo-lhe o apoio amigo, a dádiva generosa, o conselho fraterno, o ombro<br />

reconfortante e a palavra <strong>de</strong> estímulo, <strong>de</strong> esperança e confiança, eis o caminho a seguir pelo<br />

medianeiro no que respeita à Carida<strong>de</strong>.<br />

II) O MÉDIUM E O "PROFISSIONALISMO" MEDIÚNICO<br />

O medianeiro estará melhor e mais bem protegido dos inconvenientes e riscos inerentes à ativida<strong>de</strong><br />

mediúnica, sempre que se mantenha integrado na Casa Espírita e no Grupo mediúnico , Assim,<br />

po<strong>de</strong>rá compartilhar com os companheiros <strong>de</strong> labuta o conteúdo mediúnico e, ao mesmo tempo,<br />

contar com a opinião mais abalizada do dirigente da Reunião.<br />

Nos casos em que não lhe for possível, por um ou por outro motivo, sua participação em outras<br />

ativida<strong>de</strong>s do núcleo espiritista <strong>de</strong> que participa, enten<strong>de</strong>mos ser preferível, diante <strong>de</strong> uma única<br />

opção, o médium buscar outra tarefa, que não seja a mediúnica, para não se fixar em in<strong>de</strong>vido<br />

“profissionalismo” (exclusivismo) mediúnico.<br />

J) BOM MÉDIUM E MÉDIUM BOM<br />

Ocorre com frequência julgar-se o médium pela performance <strong>de</strong> seus dons psíquicos, não raro<br />

<strong>de</strong>spreocupando-se com o seu comportamento e a sua conduta moral.<br />

Ser simplesmente “médium” é condição relativamente corriqueira e não necessariamente relacionada<br />

com a postura ética diante da vida e do próximo; agora ser “médium espírita” 1 é fazer uso da<br />

faculda<strong>de</strong> com bases na Ciência Espírita e orientação invariável da sua Filosofia e da sua Moral.


Sendo assim, na tentativa didática <strong>de</strong> fazer-se a diferença entre os médiuns, quanto à técnica e à<br />

moral, proponho a utilização dos termos: Bom Médium e Médium Bom.<br />

a) Bom Médium - aquele cuja faculda<strong>de</strong> permite sentir <strong>de</strong> maneira patente a influência do plano<br />

espiritual; daquele que consegue viabilizar <strong>de</strong> maneira frequente e intensa a fenomenologia psíquica;<br />

do que tem fluência mediúnica. Diz respeito à faculda<strong>de</strong> em si. Entretanto, visando-se tão somente<br />

essa faceta, sem vigilância, sem esforço <strong>de</strong> moralização, o medianeiro far-se-á presa fácil dos<br />

Espíritos inferiores, enredando-se em obsessões pertinazes.<br />

b) Médium Bom - <strong>de</strong>nominemos <strong>de</strong>sta forma o tarefeiro que exerce a sua faculda<strong>de</strong> em função <strong>de</strong><br />

objetivos superiores (diz respeito à personalida<strong>de</strong> e à moralização do médium).<br />

Assim <strong>de</strong>finidos, um Médium Bom po<strong>de</strong>rá ser um Bom Médium, mas nem sempre um Bom Médium<br />

será um Médium Bom.<br />

Bibliografia<br />

1 Utilizamos o termo “médium espírita” para o sensitivo compromissado com a mensagem espírita e que, por conseguinte, é<br />

um “espírita verda<strong>de</strong>iro”, da classificação <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c, em "O Livro dos Médiuns" (Primeira Parte, cap. III, item 28) e não<br />

apenas o que se rotula "espírita".<br />

Lição: 25<br />

III. DINÂMICA DO TRABALHO DESOBSESSIVO<br />

A tarefa <strong>de</strong>sobsessiva não se efetua única e exclusivamente nos dias da Reunião Mediúnica<br />

específica, na Casa Espírita. Haja vista que a equipe espiritual, responsável por ela, movimenta-se<br />

em ativida<strong>de</strong>s múltiplas, <strong>de</strong> forma ininterrupta, objetivando o bom êxito da tarefa no momento<br />

específico em que se formalizam e se efetivam as comunicações mediúnicas.<br />

Mesmo os trabalhadores encarnados (médiuns, doutrinadores e outros) são frequentemente<br />

convocados a participar <strong>de</strong>ssas incursões no "Mundo dos Espíritos", em geral durante o<br />

<strong>de</strong>sdobramento onírico, para maior conhecimento da problemática dos enfermos <strong>de</strong>sencarnados a<br />

serem conduzidos à Desobsessão, para o seu próprio aprendizado e também com o fito <strong>de</strong> servirem<br />

<strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> auxílio no atendimento inicial aos Espíritos mais <strong>de</strong>nsificados em seu perispírito.<br />

Enten<strong>de</strong>ndo assim a dinâmica do trabalho <strong>de</strong>sobsessivo, compreen<strong>de</strong>-se a imensa responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cada componente do grupo, assim como da indiscutível e inadiável necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pautar sua vida<br />

nos princípios cristãos, em preparo contínuo para <strong>de</strong>senvolver o labor <strong>de</strong>sobsessivo.<br />

AS FASES DO TRABALHO<br />

O i<strong>de</strong>al é que o grupo se abstenha do estudo específico sobre a <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong>, por ocasião das<br />

Reuniões. Mas <strong>de</strong>verá, nos quinze minutos que antece<strong>de</strong>m o início dos trabalhos, ser feita uma leitura<br />

preparatória e uma reflexão rápida e sem polemizações, em torno <strong>de</strong> "O Evangelho Segundo o<br />

Espiritismo", "O Livro dos Espíritos" ou uma obra subsidiária idônea e <strong>de</strong> conteúdo exclusivamente<br />

doutrinário.<br />

É imprescindível, no entanto, que os lidadores encarnados estu<strong>de</strong>m Espiritismo. Para isso, o grupo<br />

<strong>de</strong>verá fixar dia e hora diferentes dos prefixados para a Desobsessão. Nessas reuniões específicas


para o estudo, não se <strong>de</strong>scurem os participantes <strong>de</strong> levar suas dúvidas no que concerne à prática<br />

mediúnica. A própria necessida<strong>de</strong> do grupo, no entanto, po<strong>de</strong>rá empreen<strong>de</strong>r algumas modificações,<br />

sem que com isso venha, a comprometer a tarefa, no que tange à sua essência.<br />

A nossa metodologia nessa ativida<strong>de</strong> é abaixo <strong>de</strong>scrita, em suas fases sequenciadas:<br />

A) PRECE INICIAL<br />

Deve ser simples, concisa e uma expressão do sentimento, produzindo vibrações <strong>de</strong> paz e serenida<strong>de</strong>.<br />

A prece sincera e sentida transforma a psicosfera ambiente, auxiliando os enfermos espirituais nele<br />

presentes e predispondo-os à comunicação; ao mesmo tempo, fortalece e motiva o obreiro encarnado<br />

para a ativida<strong>de</strong>, favorecendo o controle e o equilíbrio.<br />

B) A PRÁTICA MEDIÚNICA<br />

a) Comunicação dos Mentores Espirituais<br />

Sempre que se fizer necessário, os orientadores espirituais apresentar-se-ão para consi<strong>de</strong>rações e<br />

orientações iniciais. Isso, no entanto, não <strong>de</strong>ve ser uma regra, pela qual se <strong>de</strong>va obstinar o grupo, a<br />

ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar mal-estar aos medianeiros ou induzir ao animismo. Deve-se respeitar a<br />

espontaneida<strong>de</strong> como norma, ou seja, como regra, aguardar naturalmente e sem ansieda<strong>de</strong>s a sua<br />

participação ostensiva.<br />

Essa espontaneida<strong>de</strong>, entretanto, não nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong>, quando nos parecer necessário, evocar os<br />

Espíritos responsáveis para os esclarecimentos indispensáveis. Assim como não <strong>de</strong>ve transformar-se<br />

em obstáculo às necessárias reflexões, quando da ausência prolongada daquelas manifestações<br />

amigas.<br />

O já antes citado médium e orador espírita baiano Divaldo Pereira Franco salienta que o baixo padrão<br />

vibratório do ambiente po<strong>de</strong>rá dificultar as comunicações dos bons Espíritos.<br />

O fato é que se <strong>de</strong>ve reservar um breve espaço <strong>de</strong> tempo no princípio do trabalho <strong>de</strong>sobsessivo, para<br />

aquela possível intervenção dos trabalhadores do plano invisível, após o que se franqueia o tempo<br />

para a manifestação dos Espíritos carentes, tempo este que po<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> quarenta e cinco a<br />

noventa minutos, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do número <strong>de</strong> médiuns disponíveis para a tarefa.<br />

É também <strong>de</strong> bom alvitre a reserva <strong>de</strong> um breve tempo ao final da reunião para oportuna<br />

manifestação da Espiritualida<strong>de</strong> Amiga.<br />

b) Comunicações Psicofônicas Simultâneas<br />

Preferencialmente <strong>de</strong>ve-se permitir a comunicação <strong>de</strong> apenas um Espírito <strong>de</strong> cada vez, evitando-se a<br />

simultaneida<strong>de</strong>. Todavia, sem que venha a comprometer a harmonia da reunião, é aceitável se<br />

efetuem até duas comunicações simultâneas 1 , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se disponibilizem dois esclarecedores, e a<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da postura corporal 2 adotada pelos esclarecedores em relação ao médium em transe, ou<br />

seja, a sua distância do médium.<br />

Faz-se imprescindível, porém, o preestabelecimento da metodologia, evitando-se, sempre que<br />

possível, os improvisos.<br />

c) Postura Corporal do Esclarecedor<br />

Como se <strong>de</strong>ve posicionar fisicamente o esclarecedor em relação ao médium, no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> sua<br />

função, por ocasião da manifestação psicofônica? De pé, sentado, próximo ao médium etc.?<br />

Essa é uma questão aparentemente irrelevante, mas que suscita dúvidas notadamente nos grupos que<br />

se iniciam na tarefa.<br />

Por esse motivo, parece-me interessante comentar as possibilida<strong>de</strong>s "posturais" do esclarecedor<br />

durante o ato da "doutrinação".


Usualmente, o doutrinador permanece sentado à mesa, passando a dialogar naturalmente com a<br />

entida<strong>de</strong> comunicante. Entretanto, nos grupos em que se admitem comunicações simultâneas, há<br />

indiscutível interferência entre esses diálogos, causando uma certa <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, potencialmente<br />

negativa para o equilíbrio.<br />

Isso <strong>de</strong>termina a aproximação física do esclarecedor em relação ao médium, <strong>de</strong> maneira a preservar o<br />

entendimento e a or<strong>de</strong>m.<br />

Como em tudo, há vantagens e <strong>de</strong>svantagens para ambos os métodos.<br />

Como vimos, a doutrinação ao longe (sem <strong>de</strong>slocamento físico do doutrinador) inviabiliza as<br />

manifestações simultâneas e, para alguns confra<strong>de</strong>s espíritas, “impediria maior envolvimento<br />

fluídico da parte do esclarecedor sobre o Espírito comunicante” 3<br />

Por outro lado, a sua aproximação em relação ao médium po<strong>de</strong> causar a este último um mal-estar e<br />

um constrangimento <strong>de</strong>snecessários, bem como gerar mal-entendidos ou atitu<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>vidas. 4<br />

Já experimentamos ambos os métodos. No momento, adotamos em nossa ativida<strong>de</strong>, a doutrinação<br />

ao longe, até porque apenas uma entida<strong>de</strong> comunica-se, por vez, em nosso Serviço Desobsessivo.<br />

Cabe, entretanto, ao grupo a <strong>de</strong>cisão para utiliza-se em suas ativida<strong>de</strong>s um dos métodos.<br />

d) Número <strong>de</strong> Comunicações por Médium<br />

O labor <strong>de</strong>sobsessivo, muito embora a solicitu<strong>de</strong> e o empenho dos trabalhadores do plano invisível é<br />

tarefa que leva a <strong>de</strong>sgaste 5 psíquico e físico para o medianeiro, exigindo, por conseguinte, disciplina<br />

e bom senso.<br />

Em <strong>de</strong>corrência disso, é <strong>de</strong> bom alvitre sejam admitidas até duas comunicações <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s<br />

sofredoras por médium, afora a possibilida<strong>de</strong> da manifestação do mentor espiritual.<br />

Sobre o assunto, assim se posiciona o Espírito André Luiz: 5<br />

“Só se <strong>de</strong>vem permitir, a cada médium, duas passivida<strong>de</strong>s por reunião, eliminando com isso maiores<br />

dispêndios <strong>de</strong> energia e manifestações sucessivas ou enca<strong>de</strong>adas, inconvenientes sob vários<br />

aspectos.”<br />

Também esta é a opinião <strong>de</strong> Divaldo Franco: que no <strong>de</strong>correr dos trabalhos po<strong>de</strong>remos permitir até<br />

duas comunicações <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s sofredoras por um mesmo médium.<br />

e) Espíritos Relacionados à Umbanda<br />

Em alguns trabalhos po<strong>de</strong>remos surpreen<strong>de</strong>r-nos com a comunicação <strong>de</strong> índios, caboclos ou "pretos-<br />

velhos" seja na condição <strong>de</strong> enfermos ou afirmando-se integrantes do grupo invisível <strong>de</strong> obreiros da<br />

Casa.<br />

O fato <strong>de</strong> estarem esses Espíritos comumente relacionados à Umbanda e outras manifestações<br />

religiosas afro-brasileiras suscita em algumas pessoas certa dúvida <strong>de</strong> como proce<strong>de</strong>r ante tais<br />

manifestações.<br />

Lembremos, para a compreensão exata da conduta a ser adotada, que o Espiritismo não tem<br />

compromisso <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar ou preterir do seu atendimento essa ou aquela entida<strong>de</strong>, em particular.<br />

Logo, tais Espíritos, naturalmente, po<strong>de</strong>rão se comunicar.<br />

O que se <strong>de</strong>ve cuidar é que aqueles Espíritos - como <strong>de</strong> resto todos os comunicantes, sem exceção -,<br />

ajustem-se às disciplinas e metodologia aplicadas pelo Espiritismo em sua praxis (v. lição 17)<br />

mediúnica.<br />

Em outras palavras, o critério avaliativo <strong>de</strong> qualquer comunicação é o mesmo para todos os Espíritos,<br />

o que significa: diz respeito ao alcance moral da mensagem. Por essa razão, sob aquelas<br />

indumentárias psíquicas ou perispirituais, po<strong>de</strong>rão surgir Espíritos necessitados, bem como Espíritos<br />

profundamente evoluídos, que po<strong>de</strong>m veicular, através do linguajar simples e pitoresco, mensagens<br />

<strong>de</strong> elevado conteúdo moral.<br />

Tornar qualquer outra conduta em relação a qualquer comunicação não passa <strong>de</strong> preconceito que


<strong>de</strong>ve ser superado e extinto.<br />

f) Encerramento do período prático<br />

Como já foi <strong>de</strong>scrito anteriormente, ao final das tarefas, abre-se um espaço <strong>de</strong> alguns minutos para<br />

eventual manifestação <strong>de</strong> um ou mais amigos espirituais, através da psicofonia e/ou psicografia<br />

(quando - embora pouco comum - ocorrerem comunicações concomitantes).<br />

Os médiuns que se acharem necessitados <strong>de</strong> passes <strong>de</strong>verão solicitar ao coor<strong>de</strong>nador da tarefa<br />

providências neste sentido, mas é <strong>de</strong> bom alvitre que o médium não passe a buscar os recursos<br />

fluidoterápicos <strong>de</strong> maneira rotineira, ritualística e indiscriminada.<br />

C. PRECE DE ENCERRAMENTO<br />

A prece <strong>de</strong> encerramento será proferida pelo dirigente ou alguém a seu pedido e expressar o<br />

sentimento <strong>de</strong> gratidão ao Alto e aos obreiros <strong>de</strong>sencarnados pelo amparo recebido e pela<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho.<br />

D. AVALIAÇÃO DA TAREFA<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> inteirar-se melhor do trabalho acontecido, cruzar informações mediúnicas,<br />

observar o <strong>de</strong>sempenho do grupo, <strong>de</strong>sfazer dúvidas e discutir o conteúdo das mensagens<br />

recepcionadas é imprescindível realizar uma avaliação final, logo após a prece <strong>de</strong> encerramento.<br />

Assim, sob a coor<strong>de</strong>nação do dirigente, cada participante é instado a falar sobre as suas impressões,<br />

bem como dar informações pessoais a respeito da tarefa do dia, passando-se or<strong>de</strong>nadamente, a<br />

palavra a cada um <strong>de</strong>les.<br />

Essa troca <strong>de</strong> idéias e comentários coloca o grupo bem mais entrosado e à vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo o<br />

sentido <strong>de</strong> autocrítica.<br />

Nesse momento, proce<strong>de</strong>r-se-á à leitura, avaliação e comentários das mensagens psicografadas.<br />

Após a <strong>de</strong>finição do tempo, ao grupo cabe obe<strong>de</strong>cer, disciplinadamente, o horário fixado.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Mais <strong>de</strong> duas comunicações simultâneas, além <strong>de</strong> causar uma maior algazarra, dificulta a noção <strong>de</strong> conjunto e a<br />

coor<strong>de</strong>nação da tarefa<br />

2<br />

O esclarecedor po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong> pé ou sentado, locomover-se até o médium ou permanecer sentado em seu lugar à mesa.<br />

3<br />

Em minha opinião, não há tanta diferença em relação a esse envolvimento, posto enten<strong>de</strong>r que o estado <strong>de</strong> espírito que o<br />

<strong>de</strong>termina está relacionado diretamente com a intencionalida<strong>de</strong> do esclarecedor, o seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ajudar, assim como o<br />

amor e o compromisso que o levam ao diálogo fraterno com o Espírito.<br />

4<br />

Não há aqui nenhuma idéia preconceituosa <strong>de</strong> minha parte, pois <strong>de</strong> fato, já presenciei, no passado, queixas <strong>de</strong> uma<br />

médium sobre um discutível assédio sexual do esclarecedor.<br />

Por outro lado, já tive também a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar médiuns que somente aceitavam a doutrinação por <strong>de</strong>terminado<br />

esclarecedor. Essas são <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> realce para a utilização <strong>de</strong>ssa postura no momento do diálogo esclarecedor.<br />

5<br />

Ver cap. 6, item VII.<br />

6<br />

LUIZ, André/XAVIER, F.C. & VIEIRA, Waldo – “Desobsessão” – Cap. 40. FEB. Brasília-DF.<br />

Glossário:<br />

Onírico = 1. Relativo a, ou próprio <strong>de</strong> sonhos:<br />

Psicosfera = por extensão: atmosfera mental ao redor dos médiuns.


Lição: 26<br />

IV. DIFERENTES TIPOS DE COMUNICAÇÕES<br />

Diversas são as condições encontradas entre os Espíritos que se apresentam em uma Reunião<br />

Desobsessiva e, mesmo quando suas situações e histórias se assemelhem, cada uma possui caráter<br />

particular, sendo cada dia rico em aprendizado para todos.<br />

Há, entretanto tipos <strong>de</strong> manifestação que se repetem e, conquanto não se <strong>de</strong>va querer aplicar fórmula<br />

única para todo diálogo fraternal com as Entida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>-se tirar bastante proveito com a<br />

experiência.<br />

É com a intenção <strong>de</strong> facilitar o <strong>de</strong>sempenho do esclarecedor, que apresentamos abaixo vários tipos <strong>de</strong><br />

comunicações, ricamente discutidos na obra já citada do confra<strong>de</strong> Hermínio C. Miranda. 1<br />

A) ESPÍRITOS EMUDECIDOS<br />

São aqueles que se apresentam incapazes <strong>de</strong> articular as palavras através do medianeiro ou mesmo<br />

simplesmente não o querem. Mostra a experiência que as principais razões que levam o Espírito a<br />

não verbalizar através do medianeiro são as seguintes:<br />

a) ódio profundo;<br />

b) repercussão psíquica <strong>de</strong> doenças <strong>de</strong> que foi portador antes da <strong>de</strong>sencarnação;<br />

c) tentativa <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar transparecer o que pensa.<br />

Com bastante tato, o Doutrinador <strong>de</strong>verá analisar e sentir cada situação e, ao mesmo tempo, procurar<br />

captar os sentimentos que animam o Espírito, estimulando-o a expressar-se, com base em uma<br />

recepção simpática e fraterna, bem utilizando-se <strong>de</strong> palavras inspiradoras <strong>de</strong> confiança e segurança.<br />

B) ESPÍRITOS IGNORANTES DE SUA SITUAÇÃO<br />

São os que não têm consciência da <strong>de</strong>sencarnação.<br />

O esclarecedor, priorizando o amor, <strong>de</strong>verá dosar a verda<strong>de</strong> para cada situação, sendo que, em certos<br />

casos, <strong>de</strong> modo algum <strong>de</strong>verá informá-los <strong>de</strong> sua morte física, procurando orientá-los para o socorro<br />

que se lhe achega no mundo invisível, muitas vezes mostrando indumentária semelhante à dos<br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das nossas instituições hospitalares (médicos, enfermeiros etc.).<br />

O esclarecedor - além do bom senso e da intuição- po<strong>de</strong>rá optar por não revelar ao Espírito a sua<br />

condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencarnado, levando sempre em consi<strong>de</strong>ração a disposição íntima da entida<strong>de</strong> que se<br />

manifesta para a aceitação da própria morte física e, as repercussões psíquicas imediatas promovida<br />

por essa informação abrupta.<br />

É certo que todos os Espíritos, sabem intimamente <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>, mas nem todos estão em<br />

condições psíquicas para assumir a nova situação, utilizando-se do mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa psíquica do<br />

esquecimento momentâneo.<br />

C) ESPÍRITOS SUICIDAS<br />

Em geral, são comunicações bem difíceis e dramáticas, requerendo dos trabalhadores do grupo<br />

elevada dose <strong>de</strong> equilíbrio íntimo, benevolência, pieda<strong>de</strong> e amor, capazes <strong>de</strong> minimizar-lhes o<br />

sofrimento. Cabe ao responsável pelo dialogo com a Entida<strong>de</strong>, fortalecer-lhe a fé, estimular-lhe o<br />

autoperdão e administrar-lhe passes. Po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve também utilizar-se ela prece como recurso<br />

balsamizante para aquele coração aflito e <strong>de</strong>sesperado.<br />

Atente-se, ainda, para o fato <strong>de</strong> serem frequentemente profundos os laços que os pren<strong>de</strong>m à


matéria.<br />

D) ESPÍRITOS ALCOÓLATRAS E TOXICÔMANOS<br />

Não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> compor uma varieda<strong>de</strong> do grupo anteriormente <strong>de</strong>scrito. No comum, enfrentam<br />

<strong>de</strong>lírios profundos resultantes dos condicionamentos tecidos pela viciação. Os recursos fluídicos,<br />

seguidos <strong>de</strong> palavras indutoras <strong>de</strong> confiança e força para resistirem ao apelo do vício, serão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

valia para eles. Não se <strong>de</strong>ve, nessa ocasião - salvo algumas exceções -, comentar-lhes <strong>de</strong> maneira<br />

incisiva os inconvenientes do vício, senão da sua <strong>de</strong>snecessida<strong>de</strong> no momento.<br />

E) ESPÍRITOS VINGATIVOS<br />

Vingança é o carro-chefe dos distúrbios espirituais encontrados nos serviços <strong>de</strong> Desobsessão, haja<br />

vista constituir-se no principal motivo para as induções obsessivas. Via <strong>de</strong> regra a vingança<br />

<strong>de</strong>sdobra-se a partir <strong>de</strong> um caso pessoal, embora encontremos os casos do vingador impessoal,<br />

aquele que trabalha para uma organização opressora, que é "assalariado" para o cumprimento da<br />

tarefa.<br />

Um dos gran<strong>de</strong>s trunfos para o êxito ansiado a partir do diálogo e esclarecimento fraternos é a busca<br />

da compreensão sincera dos motivos que impulsionam o Espírito vingador e aceitá-lo como se<br />

apresenta, pois, ele tem o seu ato como um direito supremo.<br />

Espíritos assim sequer admitem o perdão. É importante ouvir-lhes as queixas e os impropérios,<br />

concordar parcialmente com os seus pretensos motivos mas esclarecer-lhes o quanto <strong>de</strong> sofrimento<br />

advém-lhes do seu obstinado <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> vingança, da manutenção perniciosa do "ciclo da culpa" <strong>de</strong><br />

encarnação para encarnação.<br />

Convencer o vingador a se permitir raciocinar e usar da lógica, em termos <strong>de</strong> projeção futura;<br />

envolver-lhe com vibrações <strong>de</strong> amor e paz, bem como orar insistentemente por ele compõem o<br />

verda<strong>de</strong>iro caminho para a doutrinação.<br />

Bibliografia<br />

1 MIRANDA, Hermínio C. - "Diálogo com as Sombras ", FEB: Brasília-DF.<br />

Lição: 27<br />

F) O DIRI<strong>GE</strong>NTE DE REGIÕES TREVOSAS<br />

Quando se apresentam pela via mediúnica, esses Espíritos imaginam-se os "donos da situação". Por<br />

isso, com freqüência, mantêm a voz em diapasão controlado, mas prepotente. Habituados a conviver<br />

com outros Espíritos que se lhe submetem à vonta<strong>de</strong> e ao po<strong>de</strong>r, costumam mostrar-se po<strong>de</strong>rosos,<br />

arrogantes, frios, calculistas, experientes, inteligentes, cínicos e envolventes. São usualmente<br />

sarcásticos, violentos e venenosos em suas observações e palavras e crêem-se infalíveis e<br />

impermeáveis à ação doutrinária (esclarecedora).<br />

Não costumam <strong>de</strong>ixar-se enveredar pelo lado dos sentimentos e se acham no direito e no po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

exigir, or<strong>de</strong>nar, ameaçar e intimidar.


Têm a seu serviço e sob suas or<strong>de</strong>ns Espíritos vários, especializados nos diversos meandros dos<br />

mecanismos obsessivos, seja em nível psíquico, fluídico e perispiritual: planejadores, executores em<br />

equipe, rastreadores, soldados e mercenários etc.<br />

Entretanto, a sua presença po<strong>de</strong> sugerir-nos uma pequena luz no túnel da sua modificação <strong>de</strong> vida.<br />

O esclarecedor, mais que com qualquer Espírito comunicante, terá que associar a dignida<strong>de</strong> e a<br />

firmeza na condução do diálogo à paciência, à serenida<strong>de</strong>, à pieda<strong>de</strong> e, acima <strong>de</strong> tudo, ao amor.<br />

Deve sempre cuidar para não se permitir resvalar para a polêmica e a discussão estéril, a fim <strong>de</strong><br />

manter preservados o equilíbrio e a sua sensibilida<strong>de</strong>, não permitindo - embora amorosamente - que a<br />

entida<strong>de</strong> li<strong>de</strong>re o <strong>de</strong>bate.<br />

G) ESPÍRITOS DESCRENTES (MATERIALISTAS)<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c, em "O Livro dos Médiuns", classifica os materialistas em vários grupos: os<br />

sistemáticos, os indiferentes, os interesseiros, os <strong>de</strong> má fé, os <strong>de</strong>cepcionados etc.<br />

Os sistemáticos <strong>de</strong>moram-se assim por longo tempo após a <strong>de</strong>sencarnação, não sendo incomum que<br />

reencarnem compulsoriamente ainda nesta posição mental.<br />

Certa vez, um Espírito <strong>de</strong>ssa natureza comunicou-se em nosso grupo, negando Deus e a imortalida<strong>de</strong><br />

da alma, <strong>de</strong> maneira veemente. Ao ser interrogado pelo esclarecedor sobre como se efetuava a sua<br />

comunicação conosco e se compreendia a sua condição <strong>de</strong> "morto", afirmou-se cientificado disto.<br />

Ante a surpresa <strong>de</strong> como enten<strong>de</strong>r-se vivo após a morte orgânica e não aceitar a imortalida<strong>de</strong>,<br />

explicou-se para nossa perplexida<strong>de</strong>:<br />

“É que ainda me resta um tanto <strong>de</strong> energia que, em breve, se dissipará para o nada...” (!?)<br />

Deparamo-nos também com os que viveram como materialistas preocupados unicamente com os<br />

fenômenos e as vivências materiais e que se vêem aflitos e confusos, esvaziados <strong>de</strong> suas posses e<br />

pertences, frustrados na busca <strong>de</strong> reter o que se lhes esvai pelas mãos e sentidos semimateriais.<br />

Encontramos também os narcisistas, adoradores do próprio corpo e que, em vida, se extasiavam com<br />

a própria beleza corporal, aprisionados mentalmente ao corpo e perplexos ante a <strong>de</strong>composição<br />

cadavérica, que não querem crer ou não enten<strong>de</strong>m, mantendo-se em intenso sofrimento.<br />

Muitos <strong>de</strong>sses irmãos <strong>de</strong>vem ser conduzidos com gran<strong>de</strong> cautela, haja vista a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

intensificar-se-lhes o estado <strong>de</strong> perturbação, caso lhes seja revelado “ex abrupto” a sua condição <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sencarnado.<br />

H) ESPÍRITOS DEMENTADOS<br />

Relativamente frequentes nas reuniões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sobsessão, não têm consciência <strong>de</strong> coisa alguma. No<br />

geral, chegam a esta situação <strong>de</strong>vido ao gran<strong>de</strong> sofrimento a que foram submetidos, seja por<br />

enfermida<strong>de</strong> mental crônica durante sua vida, seja pela forma trágica do seu ato <strong>de</strong>sencarnatório, seja<br />

pelas perseguições <strong>de</strong> que se fizeram alvo após a morte física. Devem ser socorridos com passes,<br />

recepção amorosa e amenida<strong>de</strong>s, após o que são reavaliados <strong>de</strong> acordo com a sua problemática.<br />

I) ESPÍRITOS AMEDRONTADOS<br />

Por vezes, chegam-nos <strong>de</strong>sconfiados, atormentados e mesmo em verda<strong>de</strong>iro estado <strong>de</strong> pânico. O<br />

medo <strong>de</strong> serem aprisionados, a dúvida quanto ao ambiente on<strong>de</strong> se encontram, a vulnerabilida<strong>de</strong> em<br />

relação aos Espíritos grosseiros da erraticida<strong>de</strong> compõem o seu perfil. É preciso infundir-lhes<br />

confiança no po<strong>de</strong>r supremo <strong>de</strong> Deus.<br />

Frequentemente são vítimas <strong>de</strong> obsessões perpetuadas e amplificadas pelo medo; embora os clichês


<strong>de</strong> culpa que consigo carregam, são mais vítimas que cúmplices; são manietados pelos Espíritos<br />

obsessores como serviçais para a consecução <strong>de</strong> seus intentos malévolos junto aos encarnados<br />

pa<strong>de</strong>centes <strong>de</strong> obsessões.<br />

J) ESPÍRITOS MISTIFICADORES<br />

São os que procuram dissimular suas reais intenções, tornando, às vezes, nomes ilustres ou ares <strong>de</strong><br />

importância. De vezes, apresentam-se como sofredores, na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar o ritmo das tarefas,<br />

gastando o tempo <strong>de</strong>stinado ao socorro <strong>de</strong> outras entida<strong>de</strong>s.<br />

Sem se aperceberem, funcionam tais Espíritos, como pontos <strong>de</strong> aferição na avaliação da real<br />

capacida<strong>de</strong> do Grupo Mediúnico. Claro, que em uma reunião bem orientada, caso ocorra a<br />

comunicação <strong>de</strong> um “mistificador”, o comum (embora não obrigatório) é que o médium capte as suas<br />

intenções e, posteriormente, o auxilie.<br />

De qualquer modo, em um grupo bem preparado e harmonizado, não <strong>de</strong>ixam esses Espíritos <strong>de</strong><br />

receber os fluidos mais sutilizados e a freqüência <strong>de</strong> pensamento no Bem, dos componentes<br />

encarnados e <strong>de</strong>sencarnados do conjunto mediúnico e especialmente em <strong>de</strong>corrência da sua interação<br />

perispiritual com o médium, pois, da mesma maneira que o médium capta suas vibrações, ele se<br />

envolve com o padrão vibratório do binômio “médium/doutrinador".<br />

L) ESPÍRITOS SOFREDORES<br />

São os que ainda apresentam os sofrimentos do trespasse ou do mal que os vitimou. Muitas vezes,<br />

queixam-se <strong>de</strong> dores físicas, como consequência <strong>de</strong> sua fixação mental no corpo físico. Por isso,<br />

conquanto se saiba da origem psíquica <strong>de</strong> seu sofrimento, não se <strong>de</strong>ve menosprezar suas queixas<br />

dolorosas imaginando-as irreais, posto serem bastante vívidas as suas sensações, anotadas pelo corpo<br />

perispiritual em reflexos <strong>de</strong> suas experiências no corpo somático. Há, pois, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aliviá-los através do esclarecimento e do encorajamento, da prece e do passe. A maioria adormece e<br />

é conduzida pelos trabalhadores espirituais, para hospitais espirituais; quando não, permanecem<br />

esses Espíritos, ainda por um período <strong>de</strong> tempo, na própria ambiência do Centro Espírita. 1<br />

Bibliografia<br />

1 Pela organização e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um trabalho responsável, sério e compromissado com o Bem, os Centros Espírita<br />

são dotados, em geral, <strong>de</strong> regiões extra-físicas em sua ambiência, tipo ambulatórios espirituais, criadas e administradas pelos<br />

obreiros <strong>de</strong>sencarnados vinculados às instituições, para tratamento mais imediato, esclarecimento doutrinário e proteção<br />

aos Espíritos atendidos ou a serem atendidos nos trabalhos da Casa (evangélicos, doutrinários e mediúnicos).<br />

Glossário:<br />

ex abrupto = 1. De súbito; sem preparação; intempestivamente.<br />

Lição: 28<br />

V. A PONTUALIDADE E A DISCIPLINA<br />

Conta-se que o Espírito Emmanuel, quando do início das ativida<strong>de</strong>s medianímicas do querido<br />

medianeiro Francisco Cândido Xavier, aconselhou-o a dirigir os seus passos levando sempre em


conta três pilares <strong>de</strong> orientação:<br />

“Disciplina... disciplina... disciplina.”<br />

Não foi sem maior justificativa que esse conhecido Espírito do Movimento Espírita Brasileiro assim<br />

se posicionou, pois é bastante usual, em nosso momento evolutivo a indisciplina, a rebeldia, a<br />

displicência e o <strong>de</strong>scompromisso: comportamentos totalmente incompatíveis com qualquer que seja<br />

a tarefa mediúnica.<br />

Os Espíritos orientadores, muito embora não adotem a inflexibilida<strong>de</strong> em suas atitu<strong>de</strong>s,<br />

habitualmente adotam, a pontualida<strong>de</strong> e a disciplina em suas ativida<strong>de</strong>s. Em primeiro lugar, pelo fato<br />

<strong>de</strong> serem muitíssimo ocupados, <strong>de</strong>pois pela simples razão <strong>de</strong> necessitarem arrebanhar os Espíritos<br />

carentes do amparo através da incursão mediúnica, como forma <strong>de</strong> abrandar-lhes os corações e a<br />

amenizar-lhes os sofrimentos.<br />

Se a pontualida<strong>de</strong> já é, por si só, um <strong>de</strong>ver estabelecido pela disciplina da vida, na Desobsessão<br />

assume um caráter vital, sendo o fracasso no alcançar dos objetivos almejados pelo grupo, na maioria<br />

das vezes, produto infeliz dos retardatários e ausentes.<br />

Há, entretanto, que se compreen<strong>de</strong>r: a disciplina não justifica a adoção <strong>de</strong> um regime arrogante e<br />

autoritário, senão a preocupação com a gênese das melhores condições para o trabalho e o<br />

convencimento para todos da importância em se primar pela disciplina e a pontualida<strong>de</strong> no exercício<br />

das tarefas <strong>de</strong>sse gênero.<br />

VI. AS TÉCNICAS DE DOUTRINAÇÃO<br />

As técnicas e os procedimentos a serem utilizados na chamada doutrinação <strong>de</strong>vem antes <strong>de</strong> tudo estar<br />

assentadas na luminosa advertência do Espírito <strong>de</strong> Verda<strong>de</strong>:<br />

“Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”. 1<br />

É <strong>de</strong> bom alvitre que o esclarecedor tenha sólido conhecimento doutrinário, vislumbre o<br />

diversificado panorama da vida na erraticida<strong>de</strong>, empreenda sincero esforço na direção <strong>de</strong> sua<br />

renovação espiritual e que associe tudo isso ao que é <strong>de</strong> todo indispensável para o bom <strong>de</strong>sempenho<br />

nesse campo: o amor. Somem-se agora as técnicas <strong>de</strong> doutrinação e se estará, tecendo um clima<br />

favorável, seguro, fraterno e compassivo para o diálogo com os irmãos do plano invisível.<br />

Quanto às técnicas, entendamos que não as encontramos inflexíveis, rígidas. mas passíveis <strong>de</strong><br />

flutuações ao sabor das circunstâncias. Apesar disso, não se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>scuidar da observância dos<br />

seguintes pontos:<br />

a) Entendimento e respeito.<br />

b) Ouvir, observar c sentir o Espírito que se comunica, antes <strong>de</strong> fazer comentários, evitando-se as<br />

rotulações intempestivas e impulsivas.<br />

c) Vigilância, prudência e paciência no esclarecimento.<br />

d) Consolo e orientação, embalados pela carida<strong>de</strong> e pela humilda<strong>de</strong>.<br />

e) Diálogo esclarecedor, sóbrio, consistente, pru<strong>de</strong>nte, amistoso e pon<strong>de</strong>rado.<br />

f) Amor - o gran<strong>de</strong> segredo da doutrinação, como ressalta o anteriormente citado confra<strong>de</strong> Hermínio<br />

C. Miranda 2 , em obra também já citada.<br />

VII. OS CUIDADOS<br />

Os resultados materiais do labor <strong>de</strong>sobsessivo, passíveis <strong>de</strong> observação pelo perspicaz<br />

acompanhamento dos casos <strong>de</strong> obsessão em pacientes frequentadores do Núcleo Espírita, muito


embora sejam animadores, não po<strong>de</strong>m ser comparados aos acontecidos no Mundo Invisível.<br />

Os Espíritos responsáveis e participantes <strong>de</strong>sse trabalho trazem-nos informações da profunda<br />

repercussão em estâncias espirituais, iluminando consciências, balsamizando corações doridos,<br />

<strong>de</strong>sfazendo as labaredas das paixões e os vícios agrilhoantes <strong>de</strong> Espíritos que se encontram em<br />

estados <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação e sofrimento.<br />

Tudo isso naturalmente que não é bem aceito por aquela horda <strong>de</strong> Espíritos que se organizam em<br />

instituições malevolentes e se comprazem nas sombras. Os que se auto<strong>de</strong>nominam justiceiros e<br />

comandantes arrogam-se <strong>de</strong> direitos e prerrogativas que impõem aos endividados morais, aos<br />

pusilânimes no Bem, aos <strong>de</strong>screntes do amor divino e aos atormentados pelo causticante sentimento<br />

<strong>de</strong> culpa, incapazes que são <strong>de</strong> se autoperdoarem.<br />

Engendram esses irmãos empe<strong>de</strong>rnidos vigilância severa sobre os componentes encarnados do<br />

Grupo Desobsessivo, fazendo-os alvo <strong>de</strong> suas perseguições e vibrações negativas. Aguardam as<br />

falhas e as fragilida<strong>de</strong>s para agirem. Planejam a sua perda, fomentam o seu <strong>de</strong>sequilíbrio, testam-lhes<br />

os pontos mais vulneráveis.<br />

Somos todos nós por eles observados e vezes muitas assediados, notadamente os que se empenham<br />

na tarefa <strong>de</strong> esclarecimento.<br />

Sua intenção <strong>de</strong>clarada é a <strong>de</strong> nos alijar do caminho, empregando, para atingir tal intento, todas as<br />

armas disponíveis.<br />

Todo trabalho frutuoso, fecundo e promissor, será implacavelmente assediado.<br />

Esse quadro, porém, longe <strong>de</strong> nos <strong>de</strong>sestimular, <strong>de</strong>ve fortalecer-nos o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mantermo-nos na<br />

tarefa, haja vista que se nos perseguem é porque se sentem incomodados em seus intentos. E porque<br />

o trabalho está no caminho certo. O tarefeiro da Desobsessão <strong>de</strong>ve estar, pois, preparado e consciente<br />

<strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>.<br />

Deve, por isso mesmo, adotar uma proposta <strong>de</strong> vida alicerçada no amor, na carida<strong>de</strong>, na paciência, no<br />

Bem, para assegurar o necessário equilíbrio e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> erguer-se <strong>de</strong> pronto sempre que se<br />

permitir ser atingido.<br />

Não esquecer, no entanto, que se por um lado somos perseguidos, por outro contamos com o<br />

incansável amparo e o auxílio provi<strong>de</strong>ncial dos Espíritos amoráveis e dispostos a expandir a paz e a<br />

fraternida<strong>de</strong> em nosso mundo, a estabelecer o "Reino dos Céus" na Terra.<br />

Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós, então, reconhecendo nossa dificulda<strong>de</strong> e carência anímicas, a busca pela sintonia<br />

com esses companheiros bondosos, mensageiros <strong>de</strong> Jesus.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

KARDEC, Allan. - "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Trad. J. Herculano Pires. Espírito <strong>de</strong> Verda<strong>de</strong>, capítulo VI, item 5.<br />

EME Editora. Capivari-SP.<br />

2<br />

MIRANDA, Hermínio C. -"Diálogo com as Sombras". FEB: Brasília-DF.<br />

Lição: 29<br />

capítulo 8<br />

TCI - Transcomunicação Instrumental<br />

Como já vimos, o século XIX a<strong>de</strong>quou-se para ser o marco da comprovação científica da vida após a<br />

morte, i<strong>de</strong>ia intuída pelo ser humano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros passos ensaiados na face terrena.<br />

As comunicações já aconteciam com frequência, mas aqueles que mostravam esses dons psíquicos<br />

eram ridicularizados ou tidos como indivíduos especiais, sendo o fenômeno ora negado, ora


entendido <strong>de</strong> maneira mística e sobrenatural.<br />

No momento mais propício, então, a Espiritualida<strong>de</strong> Superior, dirigente dos <strong>de</strong>stinos do nosso<br />

planeta, iniciou trabalho <strong>de</strong> exacerbação <strong>de</strong>ssas potencialida<strong>de</strong>s mediúnicas e, no primeiro momento,<br />

fez prevalecer os fenômenos objetivos, capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a atenção da Humanida<strong>de</strong>, através da<br />

percepção sensorial, conquanto os objetivos maiores encontrassem terreno mais a<strong>de</strong>quado pelas vias<br />

subjetivas, mais em consonância com a função mental, a intelectualização e a moralida<strong>de</strong>.<br />

Foi assim que, nos primórdios da constituição da Doutrina dos Espíritos, prevaleceu a objetivida<strong>de</strong><br />

fenomênica.<br />

A <strong>de</strong>speito das comprovações do fato mediúnico - através da metodologia científica sem mácula<br />

empregada por Allan Kar<strong>de</strong>c e das inumeráveis pesquisas realizadas por sábios reconhecidos no<br />

mundo inteiro, como por exemplo Sir William Crookes (v. lição 4) -, a comunida<strong>de</strong> científica<br />

materialista manteve-se fechada em seu cepticismo, preferindo atacar a moral e a sanida<strong>de</strong> mental<br />

das pessoas dignas e honestas a aceitar-se voltar para o estudo meticuloso dos fenômenos<br />

mediúnicos, até mesmo porque os cientistas ridicularizados foram, na sua maioria, exatamente os<br />

que se haviam <strong>de</strong>terminado a comprovar a frau<strong>de</strong> dos resultados da experimentação espiritista e<br />

metapsiquista.<br />

O ser humano, porém, continuava a sua busca aflita por comprovar a vida após a morte e a<br />

conseqüente possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamento com os "mortos".<br />

Com o progresso tecnológico, o homem passou a sonhar e a conjecturar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empregar<br />

estes mesmos recursos tecnológicos para viabilização do contato com o Além.<br />

Ante as novas circunstâncias apresentadas pelo conhecimento no planeta Terra, os Espíritos<br />

Superiores passaram também, à semelhança do que já ocorrera no século XIX, a orquestrar projeto<br />

redimensionador daqueles fenômenos objetivos.<br />

É assim, que se vai consolidando a Transcomunicação Instrumental (TCI).<br />

Dá-se o nome <strong>de</strong> Transcomunicação (Transcen<strong>de</strong>ntal Comunicação) Instrumental à comunicação<br />

efetuada com os Espíritos, através <strong>de</strong> aparelhos eletroeletrônicos. O vocábulo <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong><br />

(Transcomunicação Medial) é terminologia espírita e, por isso, os experimentadores, inicialmente<br />

não espíritas 1 , criaram uma nova terminologia. Essa terminologia lograria mais facilmente penetrar<br />

nos meios científicos e, inclusive, religiosos (que se posicionam, muitas vezes, como opositores do<br />

Espiritismo). 2<br />

I. REFERÊNCIA À TCI E SUA PRECOGNIÇÃO FEITA PELOS ESPÍRITOS<br />

O Espírito André Luiz, através da psicografia <strong>de</strong> Francisco Cândido Xavier, na cognominada<br />

"Coleção Nosso Lar", reafirma a existência <strong>de</strong> vários planos existenciais no Mundo dos Espíritos e o<br />

uso da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> na comunicação entre os Espíritos habitantes <strong>de</strong>sses diferentes planos.<br />

No livro "Obreiros da Vida Eterna", o conhecido Espírito faz referência a um aparelho empregado na<br />

Colônia Espiritual Nosso Lar para o intercâmbio interdimensional, através do qual um Ser Espiritual<br />

<strong>de</strong> maior nível evolutivo é visto por todos. O autor espiritual <strong>de</strong>screve o aparelho como sendo:<br />

“Uma reduzida câmara estruturada em substância análoga ao vidro puro e transparente.” 3<br />

Já Yvonne do Amaral Pereira 4 , notável médium brasileira, relata-nos em seu livro “Devassando o<br />

Invisível”, comunicação do Espírito Bezerra <strong>de</strong> Menezes, através da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Silvestre<br />

Lobato, conceituado médium àquela época, on<strong>de</strong> o Espírito previa o advento do rádio e da televisão e<br />

inclusive que esses aparelhos seriam utilizados para mostrar os Espíritos e regiões espirituais,<br />

antecipando os fenômenos ora viabilizados através da TCI.<br />

Observemos o relato da médium:


“Em 1915, no correr <strong>de</strong> memorável sessão a que assistiram nossos pais, (... ) o Espírito Dr. Bezerra<br />

<strong>de</strong> Menezes anunciou o advento do Rádio e da Televisão, asseverando que este último invento (ou<br />

<strong>de</strong>scoberta) facultaria ao homem mais tar<strong>de</strong>, captar panoramas e <strong>de</strong>talhes da própria vida no<br />

Mundo Invisível, antecipando, assim, que a Ciência, mais que a própria Religião, levaria os<br />

espíritos muito positivos a admitir o mundo dos Espíritos,encaminhando-os para Deus." 5<br />

Aliás, por conta <strong>de</strong>ssa comunicação, o médium foi convidado a orar e a vigiar-se mais e o Espírito foi<br />

doutrinado como mistificador.<br />

É compreensível que os integrantes daquele grupo não aceitassem placidamente como uma verda<strong>de</strong> o<br />

relato do Espírito, mas houve um certo exagero no tratamento dispensado a médium e ao<br />

comunicante, tendo em vista que não se po<strong>de</strong>ria enten<strong>de</strong>r o fato como impossível, apenas não<br />

comprovado. Seria o caso <strong>de</strong> guardar-se o teor ministrado para futura comprovação, não lhe dando<br />

notorieda<strong>de</strong> naquele momento.<br />

II. PRECURSORES DA TCI<br />

A. A BATERIA ELETROMAGNÉTICA<br />

A primeira tentativa <strong>de</strong> comunicação com o Além, através <strong>de</strong> aparelhagem, <strong>de</strong> que se tem notícia,<br />

ocorreu ainda no século XIX. Trata-se da "Bateria Eletromagnética", construída por Jonathan<br />

Koons, um fazen<strong>de</strong>iro norte-americano, orientado mediunicamente por Entida<strong>de</strong>s espirituais. A<br />

ocorrência é citada pelo pesquisador italiano Ernesto Bozzano (v. lição 4) 6 , em relatório publicado<br />

na "Revue Spirite", <strong>de</strong> agosto a outubro <strong>de</strong> 1925.<br />

B. O TELÉGRAFO VOCATIVO<br />

Consta que, em 1911, um brasileiro chamado Roberto Cambraia requereu patente para um invento<br />

<strong>de</strong> sua autoria, o "Telégrafo Vocativo", com o intuito <strong>de</strong> comunicar-se com o Além. Não se sabe,<br />

porém, se ele chegou a construir o aparelho e, muito menos, se logrou efetuar o contato.<br />

C. O DINAMISTÓGRAFO<br />

Na Holanda, dois físicos holan<strong>de</strong>ses - Matla e Zaalberg Van Zelst - <strong>de</strong>screveram os resultados<br />

obtidos na comunicação entre os planos físico e invisível, utilizando aparelho por eles inventado, o<br />

"Dinamistógrafo", Esses relatos foram publicados em sua obra "O Mistério da Morte".<br />

D. "VOZES DO ALÉM PELO TELEFONE"<br />

No livro "Vozes do Além pelo telefone", Oscar D'Argonell discorre sobre registros <strong>de</strong> comunicações<br />

obtidas por ele, no período <strong>de</strong> 1917 a 1925, via telefone, utilizando-se da mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um parente<br />

seu. 7<br />

E. GRAVAÇÃO EM FONÓGRAFO<br />

Em 1936, Atila Von Szalay conseguiu registrar vozes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencarnados, nos Estados Unidos da<br />

América, em fonógrafo, utilizando-se <strong>de</strong> um gravador a agulha, embora essas gravações fossem<br />

<strong>de</strong>ficientes quanto à clareza sonora.<br />

Em 1947, teve êxito novamente a partir do uso <strong>de</strong> um gravador a fio <strong>de</strong> aço, obtendo vozes <strong>de</strong> melhor<br />

qualida<strong>de</strong>.<br />

Em 1956, juntamente com outro pesquisador, Raymons Bayless, já experimentando com fita


magnética, continuou a obter resultados satisfatórios.<br />

F. APARELHOS E PESQUISADORES DIVERSOS<br />

Vários foram os pesquisadores que, no passado, tentaram ou pensaram em construir aparelhos com o<br />

fito <strong>de</strong> conseguir o intercâmbio com o Mundo dos Espíritos.<br />

Nesse grupo temos nomes como o do italiano Goglielmo Marconi 8 , os dos brasileiros Cornélio Pires,<br />

Próspero Lapagesse e Roberto <strong>de</strong> Lan<strong>de</strong>ll Moura, e o do gran<strong>de</strong> inventor norte-americano Thomas A.<br />

Edison. 9 Sobre este último, sabe-se ter ele se utilizado <strong>de</strong> um aparelho, que funcionava às expensas<br />

das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma substância química <strong>de</strong>nominada permanganato <strong>de</strong> potássio. Não são<br />

conhecidos, porém, os resultados da sua pesquisa nem as especificações do aparelho.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Ainda, em nossos dias, a maioria dos investigadores da TCI não é espírita.<br />

2<br />

O comportamento contendor <strong>de</strong> vários segmentos religiosos para com a Doutrina Espírita <strong>de</strong>monstra a pouca compreensão<br />

que têm dos postulados e objetivos espiritistas, que na verda<strong>de</strong><br />

traz o sustentáculo científico às suas teses filosóficas da imortalida<strong>de</strong> da alma.<br />

3<br />

LUIZ, André / XAVIER, Francisco C. – “Obreiros da Vida Eterna”, Cap. 3. FEB: Brasília-DF.<br />

4<br />

(1906-1984) Médium carioca com larga folha <strong>de</strong> serviços prestados à Doutrina Espírita, Autora <strong>de</strong> vários livros<br />

(psicografados e <strong>de</strong> sua autoria), dos quais se <strong>de</strong>staca "Memórias <strong>de</strong> um Suicida", da autoria espiritual do escritor português<br />

Camilo Castelo Branco.<br />

5<br />

PEREIRA, Yvonne do A. - "Devassando o Invisível". Capo VIII, pg. 177 FEB: Brasília-DF.<br />

6<br />

Apud GOLDSTEIN, Karl W. - "Transcomunicação Instrumental". FE: São Paulo-SP.<br />

7<br />

Apud RINALDI, Sonia. - "Breve História da Transcomunicação Instrumental".<br />

8<br />

(1874-1937) Cientista italiano que realizou as primeira ligações por meio <strong>de</strong> ondas hertzianas. Prêmio Nobel em 1909.<br />

9<br />

Físico norte-americano, inventor <strong>de</strong> numerosos aparelhos elétricos, entre outros o fonógrafo e a lâmpada incan<strong>de</strong>scente.<br />

Glossário:<br />

Metapsíquica - <strong>de</strong>finida pelo criador Charles Robert Richet professor da Sorbonne e cientista - "(...)ciência que tem por<br />

objeto a produção <strong>de</strong> fenômenos, mecânicos ou psicológicos, <strong>de</strong>vidos a forças que parece serem inteligentes ou a po<strong>de</strong>res<br />

<strong>de</strong>sconhecidos, latentes na inteligência humana".<br />

Richet, estudando a mediunida<strong>de</strong> dividiu a Metapsíquica em dois grupos: "Metapsíquica Subjetiva" e "Metapsíquica<br />

Objetiva", classificando-os com base na sua divisão em <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Efeitos Físicos e <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Efeitos Psíquicos,<br />

compreen<strong>de</strong>ndo a primeira os telecinésicos; e a segunda, os criptestésicos<br />

Precognição = Conhecimento do que ainda vai acontecer; previsão do futuro.<br />

Cornélio Pires (Tietê, 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1884 — São Paulo, 17 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1958) foi um jornalista, escritor, folclorista e<br />

espírita brasileiro. Foi um importante etnógrafo da cultura caipira e do dialeto caipira. Tornou-se espírita e procurou<br />

<strong>de</strong>senvolver a transcomunicação por meios eletrônicos. Consta que tentou construir um aparelho para a TCI. Não chegou a<br />

terminá-lo <strong>de</strong>vido a dificulda<strong>de</strong>s técnicas e também em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> apoio e estímulo por parte dos próprios espíritas<br />

contemporâneos, que o criticaram intensamente na ocasião.<br />

Próspero Lapagesse planejou um sistema eletrônico cujo esquema foi publicado na Revista Internacional do Espiritismo, no<br />

número <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1933. Pelo que fomos informado, tal aparelho não chegou a ser construído.<br />

Roberto Lan<strong>de</strong>ll <strong>de</strong> Moura (Porto Alegre, 21 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1861 — Porto Alegre, 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1928) foi um padre católico<br />

e inventor brasileiro. É consi<strong>de</strong>rado um dos vários "pais" do rádio, no caso o pai brasileiro do Rádio. Foi pioneiro na<br />

transmissão da voz humana sem fio (radioemissão e telefonia por radio) antes mesmo que outros inventores, como o<br />

cana<strong>de</strong>nse Reginald Fessen<strong>de</strong>n (<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1900). Marconi se notabilizou por transmitir sinais <strong>de</strong> telegrafia por rádio; e só<br />

transmitiu a voz humana em 1914. Pelo seu pioneirismo, o Padre Lan<strong>de</strong>ll é o patrono dos radioamadores do Brasil. A<br />

Fundação Educacional Padre Lan<strong>de</strong>ll <strong>de</strong> Moura foi assim batizada em sua homenagem, assim como o CPqD (Centro <strong>de</strong><br />

Pesquisas e Desenvolvimento) criado pela Telebrás em 1976, foi batizado <strong>de</strong> "Roberto Lan<strong>de</strong>ll <strong>de</strong> Moura".


Lição: 30<br />

III. O FENÔMENO DAS VOZES ELETRÔNICAS - EVP<br />

A. PIONEIROS E PESQUISADORES<br />

1. FRIEDRICH JÜR<strong>GE</strong>NSON - O INICIADOR<br />

Em uma manhã <strong>de</strong> junho do ano ele 1959, Friedrich Jürgenson (1903-1987), artista e ornitólogo<br />

ucraniano, encontrava-se em seu sítio afastado da cida<strong>de</strong> e resolveu, como era seu costume, gravar o<br />

canto dos pássaros. Seu interesse era gravar o canto <strong>de</strong> um Tentilhão. 10<br />

Assim, dispôs um gravador comum na janela e, após algum tempo, pôs-se a ouvir os sons gravados.<br />

Para sua surpresa, <strong>de</strong>parou-se com um gran<strong>de</strong> ruído <strong>de</strong> fundo, o canto abafado <strong>de</strong> um outro pássaro e<br />

uma voz masculina que se expressava em norueguês, afirmando:<br />

"Canto <strong>de</strong> ave noturna".<br />

Inicialmente, Jürgenson imaginou tratar-se <strong>de</strong> interferência <strong>de</strong> alguma rádio, mas repetindo as<br />

gravações, repetiam-se as tais interferências, frequentemente utilizando palavras <strong>de</strong> diversos idiomas<br />

em uma mesma frase e <strong>de</strong> outras tantas vezes dirigindo-se pessoalmente a ele.<br />

Durante quatro anos Jürgenson estudou aquelas vozes, recorrendo a especialistas em sons e<br />

gravações, até convencer-se do que as próprias vozes já lhe haviam afirmado, ou seja, <strong>de</strong> que se<br />

tratava <strong>de</strong> vozes <strong>de</strong> Espíritos.<br />

Assim, em 1963, reuniu a Imprensa e <strong>de</strong>u início à divulgação daquele fenômeno, que passou a ser<br />

conhecido como o Fenômeno das Vozes Eletrônicas (EVP - Eletronic Voice Phenomenon).<br />

Em 1967, fazia publicar o seu livro "Sprechfung mit Verstorbenen" ("Comunicações Radiofônicas<br />

com Mortos").<br />

Dessa forma, as comunicações ficavam <strong>de</strong>finitivamente registradas em fitas magnéticas (fitas<br />

cassete) para fácil análise.<br />

Friedrich Jürgenson, a partir <strong>de</strong> então, <strong>de</strong>dicou sua vida à divulgação da imortalida<strong>de</strong> da alma,<br />

provada pela EVP.<br />

É justamente, por isso, consi<strong>de</strong>rado como o "pai" das pesquisas da TCI.<br />

2. DR. KONSTANTIN RAUDIVE - DESTAQUE<br />

Um dos mais respeitados pesquisadores da EVP foi sem nenhuma dúvida o Dr. Konstantin Raudive<br />

(1909-1974), filósofo e escritor letão.<br />

Influenciado pelos resultados obtidos por Jürgenson, o Dr. Raudive <strong>de</strong>dicou-se a esse estudo <strong>de</strong><br />

corpo e alma.<br />

Desses experimentos catalogou 72.000 vozes eletrônicas que o levou à publicação do seu primeiro<br />

livro sobre EVP, intitulado "Unhörbares Wird Hörbar" - 1968 ("O Inaudível Torna-se Audível"),<br />

<strong>de</strong>pois traduzido para o inglês e para o italiano.<br />

Publicaria, ainda, mais dois livros: "Überleben Wir <strong>de</strong>n Tod?" - 1973 ("Sobrevivemos à Morte" ) e<br />

"Der Fall <strong>de</strong>n Wellensittich" - 1975 ("O Caso do Passarinho"), este último veio a lume<br />

postumamente.<br />

O Dr. Raudive <strong>de</strong>ixou também um magnífico acervo <strong>de</strong> filas e anotações, encontradas parte na<br />

Inglaterra e parte no Ginásio Letoniano em Münster, Vestfália, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser visto e ouvido.<br />

Após a sua <strong>de</strong>sencarnação, o aclamado pesquisador tem dado o seu <strong>de</strong>poimento corno Espírito,<br />

respon<strong>de</strong>ndo a perguntas através das fitas magnéticas, esclarecendo em uma das gravações:


"Vivo muito bem!" 2<br />

3. OUTROS PESQUISADORES<br />

Outros nomes que não <strong>de</strong>vem ser esquecidos pela contribuição oferecida ao estudo do EVP são os <strong>de</strong><br />

Hanna Buschbeck (1906-1984), Franz Seidl (1912-1982) e o Pastor Leo Schmid (1916-1976).<br />

B. CARACTERÍSTICAS DA EVP<br />

As pesquisas com as gravações em fitas magnéticas requerem do experimentador gran<strong>de</strong> dose <strong>de</strong><br />

paciência e perseverança, assim também a educação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber os sons captados pela<br />

fita. Deve-se também guardar todas as fitas gravadas porque, às vezes, as vozes são percebidas em<br />

um segundo momento.<br />

1. MÉTODOS EMPREGADOS<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa, foram se aprimorando os métodos, permitindo melhores<br />

resultados. São os seguintes os métodos e passíveis <strong>de</strong> serem utilizados:<br />

a) Método do Microfone<br />

Forma original da pesquisa, consiste em simplesmente gravar-se uma pergunta ou uma mensagem<br />

geral para os Espíritos, em fita virgem inserida no tape <strong>de</strong>ck, e, em seguida, <strong>de</strong>ixar correr a fita<br />

em função <strong>de</strong> gravação, durante cinco a <strong>de</strong>z minutos.<br />

Depois, busca-se ouvir o seu conteúdo.<br />

b) Método do Rádio<br />

Por este método, utilizam-se, além do tape <strong>de</strong>ck, um aparelho <strong>de</strong> rádio que po<strong>de</strong> estar a ele ligado.<br />

Aqui se oferecem aos Espíritos ora os ruídos chamados "sussuros brancos", em faixa localizada entre<br />

duas estações, ora a gravação <strong>de</strong> um programa falado ou musicado em uma estação <strong>de</strong> rádio.<br />

c) Outros Métodos 3<br />

Mais complexos para os leigos, foram criados outros métodos que permitiram maiores possibilida<strong>de</strong>s<br />

nas gravações e que citaremos a título <strong>de</strong> informação, mas que fogem ao escopo do nosso estudo. São<br />

eles:<br />

Método da Gravação com Diodos<br />

Gravação com o Psicofone<br />

Método da Faixa Larga<br />

2. CARACTERÍSTICAS <strong>GE</strong>RAIS DA EVP<br />

a) Vozes muito débeis.<br />

b) Poucas palavras.<br />

c) Enunciados rápidos.<br />

d) Muito ruído <strong>de</strong> fundo.<br />

e) Possibilida<strong>de</strong> rudimentar <strong>de</strong> conversação.<br />

Naturalmente que o progresso no método da gravação vai melhorando a qualida<strong>de</strong> da gravação.<br />

Apesar disso, para o principiante, os métodos mais simples são bastante satisfatórios.


3. ESPIRITISMO E EVP<br />

É mais ou menos consensual a participação <strong>de</strong> médiuns para a obtenção das gravações com as vozes<br />

dos espíritos na fita magnética. Seria um fato análogo ao que acontece no fenômeno <strong>de</strong><br />

pneumatografia, quando o Espírito associando os seus próprios fluidos aos fluidos animalizados do<br />

medianeiro (ectoplasma em linguagem metapsiquista [v. lição 29]) grafa caracteres em <strong>de</strong>terminado<br />

material.<br />

No fenômeno das vozes eletrônicas, aconteceria algo semelhante, com o Espírito impressionando a<br />

fita magnética virgem associando as suas próprias energias às do médium, muitas vezes modulando<br />

os ruídos existentes durante a gravação.<br />

A esse respeito, assim se posiciona o Prof. J. Herculano Pires, em seu livro "Parapsicologia Hoje e<br />

Amanhã":<br />

“A fita magnética não exerce nenhuma influência especial. Sua função é a mesma do papel ou da<br />

lousa: receber passivamente a influência da voz que nela se grava como a <strong>de</strong> qualquer pessoa viva.<br />

A aparelhagem técnica mo<strong>de</strong>rna substitui o papel e a lousa. Po<strong>de</strong>-se alegar que a voz gravada é<br />

inaudível. Ninguém a ouve no momento da gravação. Mas o mesmo se dá com a escrita direta.<br />

Usa-se o papel ou a lousa sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lápis ou caneta. Ninguém vê os elementos invisíveis<br />

que vão grafar as palavras.” 4<br />

IV - DIÁLOGO COM O ALÉM<br />

Como se viu até agora, os métodos <strong>de</strong> gravação das chamadas vozes eletrônicas, embora <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância para a comprovação eletrônica da imortalida<strong>de</strong> da alma, apresentavam limitações, das<br />

quais se <strong>de</strong>stacava a dificulda<strong>de</strong> em se manter um diálogo efetivo e consistente entre os mundo físico<br />

e invisível.<br />

O passo seguinte no <strong>de</strong>senvolvimento da TCI foi exatamente o <strong>de</strong> se tentar conseguir êxito em tal<br />

objetivo.<br />

A. O SPIRICOM DE <strong>GE</strong>OR<strong>GE</strong> W. MEEK<br />

No início da década <strong>de</strong> 1970, o engenheiro norte-americano George W. Meek, juntamente com Paul<br />

Jones e Hans Heckman, montou um laboratório, sob o efeito das experiências <strong>de</strong> Jürgenson, cujo<br />

objetivo central era o <strong>de</strong> manter um diálogo consistente com os Espíritos, através <strong>de</strong> aparelhagem que<br />

<strong>de</strong>signou como Spiricom (Spiritual Comunication = comunicação espiritual).<br />

De início, cercou-se <strong>de</strong> médiuns e <strong>de</strong> um técnico em eletrônica (também médium), William John<br />

O'Neil, passando a receber orientações <strong>de</strong> técnicos e engenheiros já falecidos.<br />

George W. Meek imaginava que, se criasse um aparelho on<strong>de</strong> se empregassem altas frequências,<br />

estaria solucionado o problema, premissa hoje compreendida como inconsistente.<br />

Dos Espíritos participantes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do projeto, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>stacar o <strong>de</strong> um médico apelidado <strong>de</strong><br />

Doc Nick, antigo radioamador.<br />

A partir <strong>de</strong>ssas orientações, construíram um aparelho <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Mark. Os dois primeiros não<br />

foram exitosos, o que só se <strong>de</strong>u com o Mark III, em 1977, ocasião em que se conseguiu o diálogo com<br />

o Espírito Doc Nick, que até então vinha se comunicando mediunicamente.<br />

Em 1978, sob a orientação mediúnica <strong>de</strong> Georges Jeffries Müller, um físico <strong>de</strong>sencarnado,<br />

aprimora-se o invento, agora <strong>de</strong>nominado Marh IV, com o qual se obtém amplo sucesso, com<br />

diálogos bastante <strong>de</strong>morados e bem audíveis através dos alto-falantes, conquanto mantivessem o<br />

ruído <strong>de</strong> fundo, foram gravados diálogos perfazendo cerca <strong>de</strong> vinte horas.<br />

O Projeto Spiricom passou a ser conhecido no mundo inteiro, no início da década <strong>de</strong> 1980, em<br />

Congresso nos Estados Unidos.


Infelizmente, porém, o Espírito Georges Jeffries Müller teve que se afastar - segundo ele porque<br />

necessitava ascen<strong>de</strong>r vibratoriamente para dimensões mais elevadas - e os <strong>de</strong>mais Marks (até o X)<br />

não apresentaram o mesmo sucesso das versões III e IV.<br />

B. DIÁLOGO COM O ALÉM "AO VIVO" EM PROGRAMA DE AUDITÓRIO TELEVISIVO<br />

Ao iniciar suas pesquisas no campo da EVP, o técnico em eletrônica, <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> alemã, Hans<br />

Otto Könnig imaginava provar a irrealida<strong>de</strong> das vozes gravadas, explicando-as <strong>de</strong> outra forma.<br />

Aos primeiros experimentos, no entanto, sua mãe, então falecida, comunicou-se. Em seguida, foi a<br />

vez <strong>de</strong> amigos e conhecidos.<br />

Semelhantemente ao que já ocorrera no campo da <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> com tantas celebrida<strong>de</strong>s científicas,<br />

Hans Otto Könnig, ao invés <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a inveracida<strong>de</strong> do fenômeno, comprovou-lhe a realida<strong>de</strong> e<br />

tornou-se um importante pesquisador da área.<br />

Também, como George W. Meek, procurou <strong>de</strong>scobrir outras formas instrumentais <strong>de</strong> comunicação<br />

com o Além, <strong>de</strong> modo a permitir um diálogo mais fácil e mais compreensível.<br />

Foi com essa linha <strong>de</strong> raciocínio que criou o "Generator" (Gerador), on<strong>de</strong> permutava os<br />

ruídos-<strong>de</strong>-fundo utilizados no Spiricom, pelo ultra-som, inaudível para o ouvido humano.<br />

Com isso, viabilizou diálogos claros, on<strong>de</strong> as vozes estavam isentas da estática.<br />

Em 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1983, Hans Otto Könnig apresentou o seu Generator em um programa televisivo<br />

da Rádio <strong>de</strong> Luxemburgo 5 , com gran<strong>de</strong> repercussão, superada, no entanto, por sua segunda<br />

participação no mesmo programa, no dia 24 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1986. Neste último programa, <strong>de</strong>u-se o<br />

diálogo entre uma senhora da platéia e o Espírito <strong>de</strong> seu filho, através do aparelho construído por<br />

Könnig.<br />

É <strong>de</strong>snecessário lembrar que os técnicos da televisão analisaram o aparelho, na tentativa <strong>de</strong><br />

encontrar, à luz do conhecimento técnico, explicação para o fato, sem contudo obterem explicação<br />

plausível no seu campo <strong>de</strong> atuação.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Pássaro <strong>de</strong> hábitos diurnos.<br />

2<br />

Apud SCHÄFER, HILDEGARD. - "Ponte Entre o Aqui e o Além". Trad. Gunter Altmann, Ed. Pensamento: São Paulo-SP.<br />

3<br />

Para maiores informações sobre esses métodos, o leitor <strong>de</strong>ve procurar a literatura especializada, assinalada na bibliografia<br />

ao final do livro.<br />

4<br />

PIRES, J. Herculano. - "Parapsicologia Hoje e Amanhã". 9ª Ed., Out/87. EDICEL: São Paulo-SP.<br />

5<br />

“Unglaubliche Geschichitten”, redigido e apresentado por Rainer Holbe.<br />

Glossário:<br />

Ornitologia = 1. Parte da zoologia que trata das aves. 2. Tratado acerca das aves.<br />

Pneumatografia [do grego pneuma + graf(o) + -ia] - Escrita direta dos Espíritos sem o concurso da mão do médium.


Lição: 31<br />

V. IMA<strong>GE</strong>NS DOS ESPÍRITOS E DO ALÉM<br />

Nas múltiplas comunicações através da TCI, em diversos lugares, os Espíritos prometiam trazer, um<br />

dia, imagens suas e do Além, o que, no geral, era tido como uma improbabilida<strong>de</strong>. Hil<strong>de</strong>gard Schäfer,<br />

por exemplo, narra-nos, a esse respeito, em seu livro “Ponte entre o Aqui e Além”:<br />

“Lembro-me muito bem da minha reação <strong>de</strong> incredulida<strong>de</strong>, quando um <strong>de</strong>les me disse, „estou<br />

trabalhando na televisão‟ ou respon<strong>de</strong>u à minha pergunta, „o que você está fazendo no Além?‟, com<br />

„estou lidando com a televisão‟. Senti-me lograda e pensei: „Este <strong>de</strong>ve ser daqueles que passou a<br />

vida sentado diante da TV e que ainda não conseguiu libertar-se dos hábitos terrenos‟”.<br />

A. KLAUS SCHREIBER E O VIDICOM<br />

No dia 30 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1985, finalmente, os Espíritos cumpriram a promessa, viabilizando<br />

imagens pelo aparelho <strong>de</strong> televisão. Assim, iniciava-se o chamado Vidicom.<br />

O feito foi conseguido, através das pesquisas <strong>de</strong> um transcomunicador alemão, Klaus Schreiber<br />

(1914-1988), já acostumado com o EVP.<br />

Klaus Schreiber, técnico em segurança contra incêndio, era um homem <strong>de</strong> in<strong>de</strong>scritível bom humor,<br />

a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua vida trágica.<br />

De fato, a vida do transcomunicador germânico é pontilhada <strong>de</strong> momentos dolorosos e difíceis,<br />

requisitando-lhe muito <strong>de</strong> paciência, serenida<strong>de</strong> e resignação.<br />

Casa-se, aos 22 anos com Gertrud, nascendo-lhe o primeiro filho, Robert, pouco tempo <strong>de</strong>pois.<br />

Quatorze anos após, sua esposa dá à luz sua filha Karin, <strong>de</strong>sencarnando, em seguida, <strong>de</strong> embolia.<br />

Em 1967, sua filha Karin vem a falecer <strong>de</strong> uma infecção, aos 17 anos. No ano seguinte, seu filho mais<br />

velho <strong>de</strong>sencarna, aos 32 anos, em circunstâncias trágicas.<br />

Em 1986, parte para o Além, a sua segunda esposa, Agnes.<br />

Sua primeira experiência no campo da EVP, <strong>de</strong>u-se por uma brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> amigo, o que o levou a<br />

<strong>de</strong>senvolver sérios experimentos, até porque, através <strong>de</strong>les, passou a se comunicar com os seus<br />

familiares <strong>de</strong>sencarnados e outras pessoas conhecidas e <strong>de</strong>sconhecidas, conforme documentação em<br />

seu enorme acervo <strong>de</strong> gravações.<br />

A idéia <strong>de</strong> utilizar um aparelho <strong>de</strong> televisão antigo, em preto e branco, uma filmadora, para registro<br />

da imagem "em chuvisco", <strong>de</strong> uma televisão sintonizada em um canal vazio e um amplificador, para<br />

captação das imagens do Mundo Invisível, chegou-lhe através da EVP, tendo sua filha <strong>de</strong>sencarnada<br />

Karin como a principal articuladora dos seus contatos no Além.<br />

O método foi melhorado pelo próprio mundo espiritual e também com o auxílio <strong>de</strong> Martin Wenzel,<br />

também <strong>de</strong> Aachen, na Alemanha, que, após um certo ceticismo, ao comprovar a veracida<strong>de</strong> do<br />

fenômeno e a serieda<strong>de</strong> do pesquisador, ofereceu o seu auxílio técnico.<br />

Além dos seus familiares, Schreiber obteve imagens da atriz Romy Schnei<strong>de</strong>r, do rei Ludwig (da<br />

Bavária) e do pesquisador <strong>de</strong> EVP Konstantin Raudive.<br />

As pesquisas em vidicom realizadas por Klaus Schreiber estão retratadas em um livro escrito por<br />

Rainer Holbe, intitulado "Bil<strong>de</strong>r Aus <strong>de</strong> Reich <strong>de</strong>r Toten" ("Imagens do Reino dos Mortos").<br />

B. VIDICOM ANIMADO - GRUPO DE LUXEMBURGO<br />

O conhecido Grupo <strong>de</strong> Luxemburgo, tendo à frente o casal Jules e Maggy Harsch-Fischbach vem se<br />

<strong>de</strong>stacando pelos estudos realizados na área da TCI, utilizando-se <strong>de</strong> vários métodos e formas <strong>de</strong>


comunicações.<br />

Usando metodologia diferente daquela utilizada por Klaus Schreiber, mas como este também sob a<br />

orientação dos técnicos <strong>de</strong>sencarnados, conseguiu obter transimagens, 1 em 4 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1986, a<br />

partir da filmagem com gravador <strong>de</strong> Ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> VHS feita sobre a tela <strong>de</strong> um aparelho <strong>de</strong> televisor sem<br />

antena e fora <strong>de</strong> funcionamento quanto à captação normal dos sinais televisivos.<br />

Além da composição da aparelhagem, os Espíritos avisam com antecedência as datas em que vão<br />

acontecer as comunicações visuais.<br />

Como aprimoramento da técnica, foi sugerido pelo Além o uso <strong>de</strong> duas lâmpadas <strong>de</strong> ultravioleta a<br />

incidirem sobre a tela da TV. Com isso, foram obtidas imagens melhores e com movimentos.<br />

Entre as imagens obtidas pelo casal Harsch-Fischbach, po<strong>de</strong>mos citar as transfotos <strong>de</strong> Hanna<br />

Buschbeck (pesquisadora <strong>de</strong> EVP já falecida), <strong>de</strong> Henry Etienne Saint Claire Deville (conhecido<br />

químico que viveu no século XIX), <strong>de</strong> Swejen Salter (cientista <strong>de</strong>sencarnada, à frente dos trabalhos<br />

<strong>de</strong> TCI, no plano invisível), <strong>de</strong> Albert Einstein (o conhecido cientista <strong>de</strong>scobridor da Lei da<br />

Relativida<strong>de</strong>) e <strong>de</strong> Mario Curie (cientista que pesquisou a radiativida<strong>de</strong>).<br />

Na seqüência das pesquisas, pô<strong>de</strong>-se obter som e imagem concomitantes, fato ocorrido, pela primeira<br />

vez, no dia 6 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1988, com duração <strong>de</strong> dois minutos, on<strong>de</strong> aparece a transfoto e ouve-se<br />

a voz do famoso pesquisador da TCI Konstantin Raudive, que assim se expressou: 2<br />

“Boa tar<strong>de</strong>, caros amigos - aqui fala Konstantin Raudive.<br />

Meus amigos, cara Maggy, caro Jules, caro colega Determeyer!<br />

Fico contente com a sua presença aqui nesta tar<strong>de</strong>.<br />

Isto que estão presenciando é um momento histórico, tanto para o seu lado como para o nosso:<br />

É a primeira vez que ocorre uma transmissão simultânea <strong>de</strong> imagem e <strong>de</strong> som.<br />

Resolvi transmitir um retrato meu, que me mostra aqui, nesta margem do Rio da Eternida<strong>de</strong>, para<br />

ensinar não apenas a alguns que ainda duvidam, mas também às pessoas <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong> que temiam<br />

que eu não pertencesse mais ao Grupo <strong>de</strong> Zeitstrom.<br />

Caro colega Determeyer! Acontecimentos como este que está presenciando agora, realizam-se não<br />

apenas pelos esforços do nosso lado, mas também porque no seu lado há pessoas <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>, que<br />

se empenham pela transcomunicação.<br />

Você mesmo esforçou-se <strong>de</strong> modo exemplar pela „união‟ ... (pela) constituição <strong>de</strong> uma organização<br />

<strong>de</strong> âmbito mundial.”<br />

VI. COMUNICAÇÕES PELO COMPUTADOR<br />

A. COMPUTADOR ASSOMBRADO<br />

Manfred Bo<strong>de</strong>n, estatístico autônomo e perito em processamento <strong>de</strong> dados, 53 anos, vivendo na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bühl, na Alemanha, não estava atento para qualquer fenômeno paranormal, quando passou<br />

a ter problemas como alterações nas fitas magnéticas (frases alteradas, apagadas ou afirmações<br />

adicionais), <strong>de</strong> maneira, para ele, incompreensível.<br />

Ele mantinha um programa <strong>de</strong> biorritmo em seu computador e no dia 21 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1980,<br />

repassou este programa para um colega que possuía um computador semelhante ao seu.<br />

Logo após, o amigo telefonou-lhe afirmando haver alterações no programa, inexplicáveis para<br />

Bo<strong>de</strong>n.<br />

Durante o período <strong>de</strong> um ano Manfred Bo<strong>de</strong>n foi alvo <strong>de</strong> alterações em seus programas <strong>de</strong><br />

computador, sem que nenhuma explicação técnica, elucidasse a questão. Aliás, as mensagens<br />

apresentavam indícios <strong>de</strong> partirem <strong>de</strong> um amigo <strong>de</strong>sencarnado - Klaus Günter-, mas informava que<br />

Bo<strong>de</strong>n iria falecer <strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte em 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1982.<br />

Tratava-se - até on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos avaliar - <strong>de</strong> um assédio espiritual, haja vista o próprio paciente não


crer fosse o amigo falecido, levando em conta a forma <strong>de</strong> expressão.<br />

Então, a primeira transcomunicação através <strong>de</strong> um computador <strong>de</strong>u-se com Manfred Bo<strong>de</strong>n e em<br />

caráter obsessivo. Depois ele próprio concluiria ser <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> dons mediúnicos, pois outros<br />

fenômenos aconteceram sequencialmente com ele.<br />

B. CONTATOS COM PESQUISADORES DE TCI PELO COMPUTADOR<br />

Outros conta tos do Além, via computador, vêm ocorrendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1980, inclusive aqui no<br />

Brasil.<br />

Interessantes fenômenos têm acontecido com o <strong>de</strong>nominado casal <strong>de</strong> Luxemburgo. 3<br />

Vários transtextos passaram a ser encontrados no computador <strong>de</strong> sua residência, por ocasião <strong>de</strong> sua<br />

ausência no lar. Mesmo <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong>sligado o computador, ele era aberto e as comunicações se<br />

efetivavam.<br />

Com o tempo, ficou evi<strong>de</strong>nciado que os Espíritos técnicos do Além <strong>de</strong>sejavam o contato e a<br />

colaboração do casal. A cientista Swejen Salter (do Além) passou a utilizá-los como ponte em seu<br />

contato com o cientista encarnado Ernst Senkowsky (pesquisador da TCI).<br />

VII. COMUNICAÇÕES VIA TELEFONE E FAX<br />

Já <strong>de</strong> algum tempo, vêm sendo obtidas comunicações através <strong>de</strong> aparelhos telefônicos,<br />

secretárias eletrônicas e mesmo por fax.<br />

Os telefonemas são mais freqüentes do que se imagina, segundo os investigadores da TCI não sendo<br />

propalados pelas pessoas por causa do receio <strong>de</strong> serem tachadas <strong>de</strong> loucas ou visionárias.<br />

Bibliografia<br />

1 São assim chamadas as imagens obtidas através da TCI.<br />

2 Apud SCHÄFER, Hil<strong>de</strong>gard. - "Ponte Entre o Aqui e o Além". Trad. Gunter Altmann. Cap.28. Ed. Pensamento: São Paulo-SP.<br />

3 Jules e Maggy Harsch-Fischbach, citados no cap. V, item 2.<br />

Lição: 32<br />

VIII. ESPIRITISMO E TRANSCOMUNICAÇAO<br />

A. MEDIUNIDADE E TCI<br />

Anteriormente, tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reportar-me à TCI, como sendo uma reedição do fenômeno<br />

das mesas girantes em versão contemporânea (tecnológica).<br />

Todos sabemos que a Doutrina Espírita veio firmar-se no Brasil, após um período <strong>de</strong> florescência na<br />

Europa. Sem dúvida alguma, após a <strong>de</strong>sencarnação <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c, o Movimento Espírita<br />

ressentiu-se da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aglutinação <strong>de</strong> idéias, assim como <strong>de</strong> organização administrativa.<br />

Seus seguidores imediatos muito fizeram pela divulgação dos seus postulados, mas não parece<br />

haverem se preocupado com o fortalecimento e a unida<strong>de</strong> do Movimento Espírita.<br />

Tudo isso, associado às arapucas armadas pelos adversários do Espiritismo (Processo dos Espíritas,<br />

por exemplo 1 ) e pelos acontecimentos políticos e econômicos 2 ocorridos no mundo, a partir da


Europa, concorreu para o <strong>de</strong>sinteresse e o afastamento das pessoas em relação ao Espiritismo.<br />

A TCI tem, pois, objetivo semelhante, ao das suas pre<strong>de</strong>cessoras - as mesas girantes: a <strong>de</strong>monstração<br />

cabal da sobrevivência após a morte. A partir <strong>de</strong>ssa comprovação, abrem-se os caminhos para a<br />

moralização da Humanida<strong>de</strong> nesses tempos apocalipticos.<br />

De alguns anos para cá, o Espiritismo está retornando à Europa, a partir <strong>de</strong> espíritas brasileiros que<br />

para lá emigram. Esses fenômenos objetivam, pois, facilitar a semeadura dos postulados espíritas, a<br />

reinstalação do Espiritismo na Europa e a sua instalação em outras partes do mundo. Obviamente que<br />

a Doutrina não tem propósitos proselitistas, mas sim esclarecedores e consoladores. É nesse sentido<br />

que <strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r a sua disseminação entre todos os povos.<br />

Tudo isso me leva a crer, tendo por base os ensinamentos espiritistas, que a TCI - à semelhança dos<br />

fenômenos das mesas girantes - <strong>de</strong>ve ser enquadrada no grupo dos fenômenos <strong>de</strong> efeitos físicos, em<br />

que os técnicos <strong>de</strong>sencarnados aproveitam o potencial fluídico animalizado dos envolvidos no<br />

trabalho <strong>de</strong> pesquisa (ou mesmo <strong>de</strong> outras fontes, tal como ocorre com os fenômenos físicos<br />

espontâneos, em que po<strong>de</strong> não ser <strong>de</strong>tectada a presença <strong>de</strong> um medianeiro).<br />

É certo que os transcomunicadores, no geral, ten<strong>de</strong>m a negar a participação da faculda<strong>de</strong><br />

medianímica para a sua viabilização (aceitando-a, quando muito, para o EVP); é, porém, um fato<br />

incontestável a presença <strong>de</strong>sses dons psíquicos naqueles pesquisadores que conseguiram obter os<br />

melhores resultados na história da TCI.<br />

O próprio Friedrich Jürgenson - embora negasse veemente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um medianeiro - doando<br />

seus recursos fluídicos para a realização da TCI, era, ele mesmo médium. Pelo menos é assim que<br />

pensa Hil<strong>de</strong>gard Schäfer, pesquisadora <strong>de</strong> TCI e autora dos livros “Stimmen aus einer an<strong>de</strong>ren Welt”<br />

(“Vozes <strong>de</strong> um Outro Mundo”) e “Brücke Zwischen Diesseits und Jenseits – Theorie und Praxis <strong>de</strong>r<br />

Transkommunikation” (“Ponte Entre o Aqui e o Além – Teoria e Prática da Transcomunicação”).<br />

Hanns Otto Könnig, o i<strong>de</strong>alizador do Gerador, que apresentou seu invento com êxito em programa<br />

televisivo da Rádio <strong>de</strong> Luxemburgo, certa vez indagou <strong>de</strong> um Espírito que se comunicava, se a<br />

mediunida<strong>de</strong> seria necessária para os contatos instrumentais com o Além e obteve como resposta: 3<br />

“Ouça bem, Marlene Dohrmann é médium para Hans König.” 4<br />

Nas transcomunicações via telefone, obtidas por Manfred Bo<strong>de</strong>n - a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> suas características<br />

obsessivas -, os Espíritos comunicantes explicam-lhe, ao serem inquiridos, que o fenômeno se dá em<br />

função da sua sensibilida<strong>de</strong>, dos seus dons psíquicos. Vejamos trecho <strong>de</strong> um diálogo <strong>de</strong> Bo<strong>de</strong>n com<br />

os Espíritos, realizado via telefone, on<strong>de</strong> as perguntas daquele são respondidas por estes: 5<br />

- "Qual é o seu nome?<br />

- Sou um Espírito.<br />

- Como chegam a mim, como conseguem discar o meu número?<br />

- Pela transmissão <strong>de</strong> força.<br />

- Vocês estão vendo o que faço neste momento?<br />

- Você está fumando.<br />

- Para isso é preciso que as pessoas tenham tendência mediúnica?<br />

- Sim, sim, sim.<br />

- Por que tenho contato com vocês?<br />

- Porque você tem força espiritual."<br />

B. TCI E OBSESSÃO<br />

Da mesma forma que os Espíritos compromissados com o Bem <strong>de</strong>sejam o intercâmbio com a nossa<br />

dimensão com o objetivo <strong>de</strong> consolo e esclarecimento, também existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Espíritos<br />

obsessores utilizarem-se <strong>de</strong>sses recursos para consumarem sua perseguição e sua vingança.


Vimos anteriormente obsessões em que os Espíritos utilizam-se dos recursos da TCI para<br />

perturbarem suas vítimas, como ocorreu com Manfred Bo<strong>de</strong>n, na Alemanha, fazendo-se passar por<br />

um seu amigo e até prevendo-lhe um aci<strong>de</strong>nte fatal, que não aconteceu.<br />

Também se tem notícias <strong>de</strong> pesquisadores envolvidos pelos laços obsessivos, a partir <strong>de</strong> sua<br />

ativida<strong>de</strong> pesquisadora, pelo simples fato <strong>de</strong>, por essa ou aquela razão, não se preocuparem com a<br />

indispensável vigilância íntima.<br />

O Dr. Hernani Guimarães Andra<strong>de</strong>, sob o pseudônimo <strong>de</strong> Karl W. Goldstein, no livro<br />

"Transcomunicação Instrumental", apresenta-nos um capítulo intitulado “As forças das Trevas e as<br />

Transcomunicações” em que confirma o raciocínio anterior.<br />

Reportando-se a uma interferência ocorrida em comunicações com o grupo <strong>de</strong> Darmstadt, em 26 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 1987, dificultando a comunicação <strong>de</strong> uma Entida<strong>de</strong> amiga, conhecida como ABX Juno, o<br />

consagrado cientista espírita conclui:<br />

“Os transcomunicadores terrenos também estão sujeitos às influências negativas <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s<br />

trevosas.” 6<br />

E mais na frente, após <strong>de</strong>screver interferência em uma outra tentativa <strong>de</strong> comunicação daquele<br />

Espírito, na mesma cida<strong>de</strong>, arremata:<br />

“Portanto, o procedimento ético <strong>de</strong> cada um irá refletir na qualida<strong>de</strong> da comunicação e, até mesmo<br />

no êxito das operações.” 7<br />

George W. Meek, criador do Spiricom, em publicação da Metascience Foundation, Inc., no ano <strong>de</strong><br />

1990, também relata dificulda<strong>de</strong>s e escolhos, na prática da TCI (dificulda<strong>de</strong>s essas tão bem estudadas<br />

por Allan Kar<strong>de</strong>c e analisadas em "O Livro dos Médiuns").<br />

São pareceres do cientista norte-americano:<br />

“Aqueles, <strong>de</strong>ntre os nossos membros, que por muito tempo acompanharam as nossas pesquisas <strong>de</strong><br />

comunicação instrumental com habitantes <strong>de</strong> outros mundos <strong>de</strong> consciência, foram por vezes<br />

iludidos. Sucessos via rádio, tela <strong>de</strong> TV, computadores e mesmo equipamento <strong>de</strong> telefonia,<br />

acabaram, em muitos casos, cedo ou tar<strong>de</strong>, entravados.<br />

Os entraves têm variado: doença do pesquisador, recursos financeiros, a morte <strong>de</strong> um pesquisador na<br />

Áustria e morte <strong>de</strong> dois pesquisadores na Alemanha, violento <strong>de</strong>sentendimento entre colaboradores<br />

etc.”<br />

“As forças das trevas acharam facilida<strong>de</strong> em inflar os egos dos pesquisadores individualmente e<br />

causar <strong>de</strong>sacordos.<br />

Exemplo 1 - Depois <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> trabalho para formar uma associação <strong>de</strong> pesquisadores na<br />

Alemanha, tantos conflitos ocorreram entre os mais <strong>de</strong> 200 pesquisadores, que os planos <strong>de</strong><br />

cooperação, por ora, foram suspensos.<br />

Exemplo 2 - Descobriu-se que os comunicantes, em muitos casos, eram impostores. Espíritos<br />

galhofeiros divertindo-se em enganar os pesquisadores e freando o progresso que iluminará a<br />

raça humana e elevará o nível da Consciência.” 8 (Grifo meu).<br />

Quanto não se beneficiariam os pesquisadores da TCI com o conhecimento emanado e con<strong>de</strong>nsado<br />

na Codificação Espírita!<br />

C. TCI E OS POSTULADOS ESPÍRITAS<br />

Os Bons Espíritos que se utilizam da TCI costumam, além <strong>de</strong> auxiliar no seu entendimento técnico,<br />

trazer mensagens em tudo semelhantes àquelas presentes na Codificação Espírita. Analisemos alguns


<strong>de</strong>sses ensinamentos via TCI, comparando-os aos princípios e ensinamentos espiritistas: 9<br />

a) Existência <strong>de</strong> Deus<br />

"Deus existe para tudo o que vive. Cada um traz Deus <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si - isto é uma força do amor" (GK).<br />

b) Imortalida<strong>de</strong> da Alma<br />

“A morte não existe - tudo é pensado para a eternida<strong>de</strong>.” (GK).<br />

“Vocês precisam apren<strong>de</strong>r a apren<strong>de</strong>r que a vida é inestinguível.” (GK).<br />

c) Reencarnação<br />

“Não existe espírito que não tivesse passado pela teia <strong>de</strong> existências.” (GK).<br />

“A continuação da vida humana <strong>de</strong>pois da morte física é um fato. Só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter se libertado dos<br />

últimos resquícios <strong>de</strong> mesquinhas emoções e hostilida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> o espírito conhecer e compreen<strong>de</strong>r os<br />

planos cósmicos. Isso exige um prolongado processo <strong>de</strong> mortes e renascimentos. 10 (HF).<br />

“Mesmo que não lhes agra<strong>de</strong>, é assim como estou dizendo: a reencarnação existe. (...)<br />

Reencarnação significa evolução para frente, nunca para trás. (...) O homem nunca reencarna no<br />

corpo <strong>de</strong> um animal 11. ” 12<br />

d) Esquecimento do Passado<br />

“Caso os homens se recordassem das permanências no mundo espiritual, esta lembrança po<strong>de</strong>ria<br />

levá-los a profundas <strong>de</strong>pressões, visto que a beleza que lá viveram é impossível <strong>de</strong> ser alcançada na<br />

terra 13 . E a intensa recordação <strong>de</strong> erros cometidos no passado também os <strong>de</strong>primiria. 14 ” (HF).<br />

e)Lei do Progresso<br />

“Todas as pessoas estão sujeitas a uma evolução, que começa com a substância original até<br />

alcançar o plano cósmico.” (GK).<br />

“Os humanos evoluem na roda da vida, em evolução permanente. Também os animais estão sujeitos<br />

ao ciclo evolutivo.” 14<br />

f) Escolha das Provas<br />

“Há leis que regem as possibilida<strong>de</strong>s da reencarnação. (...) Vocês mesmos escolhem seus pais – os<br />

pais lhes proporcionam o necessário para realizar essa reencarnação.” (GK).<br />

g) Lei <strong>de</strong> Ação e Reação<br />

“Não tentem julgar por que esta ou aquela pessoa teria sofrido um azar ou uma dor. Tudo tem um<br />

sentido profundo. O que não significa que o homem <strong>de</strong>va <strong>de</strong>ixar-se levar simplesmente pela<br />

correnteza. Cada um <strong>de</strong>ve seguir o caminho escolhido.” (HF).<br />

“(...) Personagens importantes na Terra po<strong>de</strong>m renascer como pessoas humil<strong>de</strong>s, caso tiverem<br />

utilizado a vida anterior apenas para dominar outras pessoas. Doenças e <strong>de</strong>feitos tem seu sentido no<br />

processo evolutivo dos homens.” 16<br />

h) Pluralida<strong>de</strong> dos Mundos Habitados<br />

“Existe vida em outros planetas, em outros sistemas solares.” (GK).<br />

i) Causas das Aflições<br />

“O sofrimento que o homem <strong>de</strong>ve ou <strong>de</strong>veria suportar e sentir é parte do seu próprio si-mesmo, em<br />

parte causado por seus próprios atos ou <strong>de</strong>terminado por um Po<strong>de</strong>r superior, para impulsionar o<br />

processo do aprendizado rumo à melhor compreensão e à perfeição.” (HF)


j) O Mal e o Bem<br />

“O mal, meus amigos, é superável; ele nada mais é que a ausência do bem, como a escuridão é<br />

apenas a falta <strong>de</strong> luz.” (HF).<br />

l) Sobre Jesus<br />

“Jesus <strong>Cristo</strong> foi um ente espiritual altamente evoluído, um lí<strong>de</strong>r da humanida<strong>de</strong>, que ocupou uma<br />

posição importante também nos nossos planos. Ele é uma luz que é erguida na escuridão, um barco<br />

salva-vidas em alto-mar.” (HF).<br />

m) Lei <strong>de</strong> Amor<br />

“O amor é o po<strong>de</strong>r máximo, ele é mais forte que qualquer outra força do mundo.” (GK).<br />

Encerro este capítulo com a comunicação obtida através do Spiricom, trazida pelo antigo e <strong>de</strong>dicado<br />

pesquisador da TCI, Konstantin Raudive, após a sua <strong>de</strong>sencarnação:<br />

“Um substrato imaterial, ou qualquer que seja o nome que se lhe dê, 'princípio', 'alma', 'Espírito', uma<br />

parcela da Eternida<strong>de</strong> escapa à <strong>de</strong>struição... A infelicida<strong>de</strong> dos homens, hoje é o medo da morte...” 17<br />

Bibliografia<br />

1 Ver livro publicado pela Fe<strong>de</strong>ração Espírita Brasileira com esse título.<br />

2 Especialmente as duas Gran<strong>de</strong>s Guerras Mundiais.<br />

3 Apud SCHÄFER, Hil<strong>de</strong>gard. – “Ponte Entre o Aqui e o Além”. Trad. Gunter Altmann. Cap. 19. Ed. Pensamento: São Paulo-SP<br />

4 Marlene Dohermann colaborava com Könnig em suas pesquisas.<br />

5 Apud SCHÄFER, Hil<strong>de</strong>gard. – “Ponte Entre o Aqui e o Além”. Trad. Gunter Altmann. Cap. 26, pg. 198/199. Ed. Pensamento:<br />

São Paulo-SP<br />

6 GOLDSTEIN, Karl W. –“Transcomunicação Instrumental.” Coleção Folha Espírita, vol. 1, pg. 124. FE: São Paulo-SP.<br />

7 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, pg. 125.<br />

8 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, pg. 127.<br />

9 Todas as citações assinalados por GK são comunicações recebidas por Hans Otto Könning, através <strong>de</strong> seu aparelho, o<br />

Gerador. As que estiverem assinaladas por HF, foram gravadas em fita magnética pelo casal <strong>de</strong> Harsch-Fischbach.<br />

10 O vocábulo renascimento foi muito usado antes da criação da palavra reencarnação para <strong>de</strong>signar tal processo.<br />

11 Comparar com as respostas dos Espíritos às questões <strong>de</strong> nº193/194A, <strong>de</strong> “O Livro dos Espíritos”.<br />

12 Comunicação assinada por uma Entida<strong>de</strong> que se intitula “Técnico” ,através <strong>de</strong> computador, pelo casal <strong>de</strong> Luxemburgo.<br />

13 Comparar com a mensagem presente no “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, intitulada “Melancolia”, cap. V, item 25.<br />

14 Comparar com as respostas dos Espíritos, em "O Livro dos Espíritos", Segundo Livro, cap. VII, item VIII; e com o item 11, do<br />

cap. V, <strong>de</strong> "O Evangelho Segundo o Espiritismo".<br />

15<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, nota 109.<br />

16<br />

I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, nota 109.<br />

17<br />

Apud GOLDSTEIN, Karl W. – “Transcomunicação. Coleção Folha Espírita, vol. 1. FE: São Paulo-SP.


Lição: 33<br />

Capítulo 9<br />

<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Cura<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se como portador <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura o sensitivo dotado <strong>de</strong> fluidos específicos,<br />

passíveis <strong>de</strong> serem utilizados pelos Espíritos em favor dos enfermos, corrigindo-lhes os distúrbios <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>.<br />

No geral, a simples imposição <strong>de</strong> mãos ou mesmo o forte <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> auxiliar o próximo po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminar os resultados almejados.<br />

Há, no entanto, uma variação da potência fluídica curadora <strong>de</strong> médium para médium, o que resulta<br />

em curas ora mais ora menos <strong>de</strong>moradas. Na verda<strong>de</strong>, os médiuns capacitados a operarem curas<br />

instantâneas são muito raros.<br />

Allan Kar<strong>de</strong>c, em “O Livro dos Médiuns”, 1 ressalta que, mesmo pessoas não consi<strong>de</strong>radas como<br />

médiuns po<strong>de</strong>m servir nesta seara, o que justifica plenamente o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> obreiros espíritas<br />

que <strong>de</strong>sempenham a ativida<strong>de</strong> fluidoterápica, na condição <strong>de</strong> passista.<br />

Vejamos as observações do Mestre <strong>de</strong> Lyon:<br />

“Médiuns curadores - Os que têm o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> curar ou <strong>de</strong> aliviar os males pela imposição das mãos ou<br />

pela prece.<br />

Essa faculda<strong>de</strong> não é essencialmente mediúnica 2 pois todos os verda<strong>de</strong>iros crentes a possuem, quer<br />

sejam médiuns ou não. Frequentemente não é mais do que a exaltação da força magnética,<br />

fortalecida em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> pelo concurso dos bons Espíritos.” (Grifo meu).<br />

A <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Cura é, pois, a capacida<strong>de</strong> que possuem certos sensitivos <strong>de</strong>, sob a ação dos<br />

Espíritos, curarem moléstias, promovendo reparação dos tecidos e órgãos do corpo físico, assim<br />

como distúrbios perispirituais, a expensas dos fluidos curadores.<br />

Sobre a mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura o Codificador <strong>de</strong>fine:<br />

“Consiste no dom <strong>de</strong> curar por simples toques, pelo olhar ou mesmo por um gesto, sem nenhuma<br />

medicação”.<br />

Nessa modalida<strong>de</strong> mediúnica, os Bons Espíritos, notando a boa vonta<strong>de</strong> do medianeiro e o seu <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> fazer o bem - assim como o merecimento e a necessida<strong>de</strong> do paciente -, associam os seus fluidos<br />

espirituais e os fluidos do laboratório do mundo invisível 3 aos fluidos do médium, dinamizando-os e<br />

ampliando-lhes os potenciais.<br />

I. ENFERMIDADES - CAUSAS E OBJETIVOS<br />

Na antiguida<strong>de</strong>, o exercício da Medicina era da responsabilida<strong>de</strong> dos místicos e sacerdotes.<br />

Os mecanismos do aparecimento das enfermida<strong>de</strong>s, bem como suas causas intrínsecas e extrínsecas<br />

eram <strong>de</strong>sconhecidos, por isso todas as doenças eram entendidas como o resultado da ação das forças<br />

espirituais (os <strong>de</strong>uses ou Espíritos), por castigo, ira ou como conseqüência das atitu<strong>de</strong>s negativas do<br />

paciente.<br />

Alguns <strong>de</strong>sses males eram consi<strong>de</strong>rados como o resultado da possessão imposta por bons ou maus<br />

Espíritos.<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa e a aplicação do método científico, assim também com o fim do<br />

exercício exclusivo da Medicina pelos sacerdotes, passou-se a enten<strong>de</strong>r como base das múltiplas


doenças unicamente os distúrbios originados na estrutura anatômica. Passou-se, então, a tentar<br />

explicar tudo a partir <strong>de</strong> mecanismos unicamente materiais. Mesmo as doenças psiquiátricas eram<br />

tidas como tendo origem em alterações da anatomia cerebral.<br />

Com o tempo, surgiu a necessida<strong>de</strong> e foi se <strong>de</strong>finindo o conceito <strong>de</strong> mente, como algo não<br />

exatamente físico no ser humano e, o mais importante, que essa mente "não-física" tinha a<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>, em várias situações, provocar lesões no corpo físico. Surgia <strong>de</strong>sse modo a Medicina<br />

Psicossomática (v. lição 21).<br />

A cada dia, se po<strong>de</strong> ver ampliar o leque das chamadas doenças orgânicas com bases no psiquismo<br />

enfermado.<br />

Recentemente surgiu um novo ramo da Ciência Médica, <strong>de</strong>nominado Psiconeuroimunologia, que<br />

po<strong>de</strong> explicar como a atitu<strong>de</strong> mental negativa e o <strong>de</strong>sregramento das emoções po<strong>de</strong> interferir<br />

nas funções <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do organismo somático.<br />

Então, é perfeitamente aceitável afirmar-se que toda doença tem suas origens primárias na<br />

imperfeição do Espírito. Em outras palavras, tem causas espirituais profundas.<br />

Mesmo aqueles distúrbios imediatamente <strong>de</strong>terminados pela presença <strong>de</strong> microorganismos<br />

(viroses e infecções, em geral), têm o seu aparecimento favorecido pela queda funcional do sistema<br />

imunológico, consequente a posturas nocivas do pensamento e da conduta do indivíduo.<br />

Sendo assim, as doenças são sofrimentos e aflições resultantes e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong> um modo geral, da<br />

imperfeição do Espírito e po<strong>de</strong>m ser compreendidas na conta <strong>de</strong>:<br />

a) Expiações - quando têm por objetivo fazer-nos resgatar erros, levando-nos à reparação e ao<br />

aprendizado da lição. Têm, na verda<strong>de</strong>, conotação educativa, permitindo ao Espírito informar-se<br />

sobre a sua própria ação e performance. Po<strong>de</strong>m ser voluntárias ou involuntárias, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da<br />

conscientização do próprio erro.<br />

b) Provas - quando têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprovar e reafirmar aprendizado pretérito. São vivências<br />

invariavelmente voluntárias, se analisadas do ponto <strong>de</strong> vista do Espírito. 4<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista das causas espirituais primárias, elas po<strong>de</strong>m ser classificadas como sendo <strong>de</strong><br />

origem:<br />

a) Anímica (conseqüência reativa da ação do próprio enfermo);<br />

b) Obsessiva (quando precipitadas pela ação extrínseca <strong>de</strong> um mau Espírito).<br />

A ação do Espírito é fluídica sobre o perispírito que, como sabemos, também é <strong>de</strong> essência fluídica.<br />

Por isso mesmo, sob esse prisma, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar os agentes causadores das enfermida<strong>de</strong>s como<br />

sendo:<br />

a) Orgânicos (causas materiais)<br />

b) Fluídicos (causas espirituais)<br />

c) Mistos (associação somato-espiritual).<br />

Usualmente, as doenças são o resultado da associação <strong>de</strong> elementos orgânicos e espirituais<br />

(fluídicos). Por isso mesmo, há nos processos patológicos <strong>de</strong> toda or<strong>de</strong>m sempre um <strong>de</strong>sajuste<br />

fluídico, passível <strong>de</strong> correção ou atenuação por uma ação fluídica extrínseca benévola.<br />

Bibliografia<br />

1 KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns” Trad. J. Herculano Pires. 2ª Parte, cap. XVI, item 189.<br />

2 Ao afirmar que essa faculda<strong>de</strong> não é essencialmente mediúnica, o Codificador esclarece que não necessariamente ela se<br />

apresenta na forma ostensiva da mediunida<strong>de</strong> (tarefeira), o que significa<br />

ser possível (e frequente) intermediar a ação dos Espíritos nas curas, através da mediunida<strong>de</strong> natural, que é, como sabemos,<br />

inerente a todas as pessoas. Ver capo 3, item I-A.<br />

3 KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires. 2ª Parte, cap. VIII.


4 Obviamente que, na condição <strong>de</strong> encarnado, o Espírito esquece as suas <strong>de</strong>liberações, para que possa agir com maior<br />

espontaneida<strong>de</strong>.<br />

Glossário:<br />

Somato = Somat(o) 1. = ‘corpo’, ‘matéria’; ‘corpo humano’; ‘soma’; ‘cromossomo’: somático (< gr.), somatologia,<br />

somatópago, somatopleura.<br />

Lição: 34<br />

II. TERAPIAS ESPÍRITAS<br />

É costume afirmar-se nos meios espíritas que muitos dos que procuram o Centro Espírita (na verda<strong>de</strong><br />

a imensa maioria) fazem-no impelidos pela dor, após percorrer inúmeros caminhos e credos.<br />

Então, em sua feição hospitalar, o Núcleo Espírita disponibiliza uma opção terapêutica para tratar os<br />

males da alma.<br />

Como as doenças da alma exteriorizam-se no corpo somático, à semelhança <strong>de</strong> icebergs, ao<br />

aplicar-se o tratamento espiritual, po<strong>de</strong>-se secundariamente conseguir a cura dos males físicos.<br />

Entretanto, é imprescindível levar-se em conta que o Espiritismo objetiva a cura dos processos<br />

mórbido da alma.<br />

No Centro Espírita, a terapêutica empregada apresenta duas vertentes maiores: a Evangelhoterapia<br />

e a Fluidoterapia.<br />

A) EVAN<strong>GE</strong>LHOTERAPIA (TRATAMENTO CURATIVO)<br />

O Evangelho <strong>de</strong> Jesus é o roteiro maior para a saú<strong>de</strong> espiritual. Estudando-o, refletindo sobre suas<br />

passagens, compreen<strong>de</strong>ndo-o e assimilando-lhe os ditames luminosos; <strong>de</strong>ixando-se enlevar ante a<br />

figura meiga e sublime do Nazareno e o magnífico exemplo <strong>de</strong> amor que <strong>de</strong>le ressalta é que<br />

lograremos libertar-nos das máculas, da grosseria e do mal que nos agri<strong>de</strong>, mercê da nossa indolência<br />

e do nosso comprazimento.<br />

O Espiritismo amplia-nos a lente perceptiva aos princípios ensinados por Jesus, com os recursos da<br />

razão e do bom senso, iluminado pela revelação promovida pelo Espírito <strong>de</strong> Verda<strong>de</strong> e sua falange<br />

luminosa. Dessa maneira, o Evangelho sob a óptica espírita enternece-nos o coração, edificando<br />

entendimento mais consistente pela aplicação da razão.<br />

O estudo metódico <strong>de</strong> "O Evangelho Segundo o Espiritismo" oferecido aos pacientes e necessitados<br />

que buscam a terapêutica espírita, funciona em prazo dilatado para a cura <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> todos os<br />

males.<br />

Sabemos naturalmente que viciações morais mantidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> longas datas - <strong>de</strong> reencarnação em<br />

reencarnação - não <strong>de</strong>saparecem como que por encanto. Apesar disso, ao menor sinal <strong>de</strong><br />

arrependimento e <strong>de</strong> sincero <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> transformar-se, cada um <strong>de</strong> nós recebe um crédito do Alto, em<br />

nosso próprio benefício, que nos equilibra e nos conce<strong>de</strong> a tranqüilida<strong>de</strong> necessária para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das operações pertinentes ao processo da cura anímica.<br />

Assim, a Evangelhoterapia constitui terapêutica curativa aos nossos estados enfermiços, aplicável a<br />

médio e longo prazos, mas carecendo <strong>de</strong> urgente iniciação.<br />

B. FLUIDOTERAPIA


Enquanto os resultados do tratamento curativo não se fazem perceber, haja vista a sua ação a médio e<br />

longo prazos, o Centro Espírita põe à disposição dos aflitos que buscam seu amparo, o conhecido<br />

tratamento fluidoterápico.<br />

O estudo e a melhor compreensão da ação dos fluidos, gerenciada pelo pensamento e pela vonta<strong>de</strong>,<br />

assim como a certeza do envolvimento e da participação dos Bons Espíritos nesse mister, quando há<br />

o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> auxiliar aquele que sofre, pelo compromisso com o Bem e amor ao próximo, tornam esta<br />

modalida<strong>de</strong> terapêutica espiritual bastante acessível e com imensos recursos para o consolo, o<br />

conforto e a cura dos males.<br />

Seu uso tem resultados sobre o psiquismo, o perispírito e mesmo sobre o corpo físico.<br />

A fluidoterapia é, portanto, a utilização <strong>de</strong> recursos fluídicos em favor <strong>de</strong> todos quantos, fragilizados<br />

e <strong>de</strong>sequilibrados em sua saú<strong>de</strong> global, procuram a terapia espiritista.<br />

Costuma ser aplicada através do que se passou a <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> "passes", on<strong>de</strong> os Espíritos<br />

dinamizam os fluidos animalizados do trabalhador encarnado (passista), associando-os aos seus<br />

fluidos espirituais e dirigindo-os ao paciente, em ambiente preestabelecido para tal.<br />

Essa ativida<strong>de</strong> é rigorosamente enquadrada como <strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Cura, como já <strong>de</strong>scrito no início<br />

do presente capítulo.<br />

É verda<strong>de</strong> que a sintomatologia apresentada pelo enfermo po<strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer completamente, mas a<br />

verda<strong>de</strong>ira cura se efetiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora pela autoevangelização, através das transformações<br />

íntimas operadas pelo próprio doente. A <strong>de</strong>speito disso, a terapia fluídica tem valor <strong>de</strong>stacado no<br />

amparo aos aflitos que se acercam do Centro Espírita, muita vez como última opção para a solução <strong>de</strong><br />

seus problemas.<br />

O tratamento fluídico, porém, é paliativo, ou seja, não tem ação curativa, se levarmos em conta o<br />

significado mais profundo <strong>de</strong> cura. Promove curas parciais, mesmo quando a doença física ou<br />

psíquica torna-se imperceptível.<br />

A Evangelhoterapia e a Fluidoterapia são, pois, as terapias espíritas por excelência: a primeira<br />

conduz à cura <strong>de</strong>finitiva dos males da alma; a última consola, reconforta e fortalece o viandante da<br />

evolução, enquanto não consegue realizar a própria cura pela assimilação e vivência evangélicas.<br />

C. LABORTERAPIA<br />

Muitos são os pacientes que, após conseguirem acentuada melhora ou o <strong>de</strong>saparecimento das suas<br />

aflições e dores, distanciam-se da Casa Espírita. Uns porque são a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong> outras religiões; outros<br />

porque não enten<strong>de</strong>ram o significado da cura operada; e outros, ainda, por estarem muito apegados às<br />

coisas do mundo material, não <strong>de</strong>sejando repensar os seus valores e priorida<strong>de</strong>s espirituais e morais.<br />

Há os que permanecem comparecendo às reuniões, sintonizados e satisfeitos com a mensagem<br />

espírita. Para eles, o Centro Espírita oferece a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho em favor do próximo, em<br />

suas mais diversas opções.<br />

Esta opção, a Laborterapia, constitui o primeiro sinal <strong>de</strong> mudança comportamental, a partir da<br />

compreensão do Evangelho <strong>de</strong> Jesus, funcionando como manutenção da terapêutica <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />

para as curas dos males da alma, origem dos distúrbios somáticos e psíquicos vários que nos batem à<br />

porta.<br />

Para que assim se faça, a laborterapia <strong>de</strong>ve ser orientada por completo <strong>de</strong>sinteresse pessoal, animada<br />

unicamente pela vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> servir <strong>de</strong> instrumento da Providência Divina em benefício do próximo;<br />

alicerçada no "dai <strong>de</strong> graça o que <strong>de</strong> graça recebestes.” 1<br />

D. RECEITUÁRIO MEDIÚNICO<br />

A imensa maioria dos enfermos que iniciam tratamento espiritual em uma casa espírita beneficia-se<br />

e obtém resultados plenamente satisfatórios com a sua base terapêutica (Evangelhoterapia e


Fluidoterapia).<br />

Para algumas situações outras, po<strong>de</strong>rá o paciente contar ainda com a orientação mediúnica para a<br />

condução <strong>de</strong> seu tratamento. Isso, no entanto, em minha opinião, não <strong>de</strong>ve ser a opção inicial nem<br />

constituir-se em atrativo, assumindo posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque entre os "serviços" apresentados no Centro<br />

Espírita. O que tenho visto, muitas vezes, é se esquecerem os dirigentes e obreiros sua verda<strong>de</strong>ira<br />

função, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realce: o ensino espírita.<br />

Por isso mesmo, em nosso núcleo 2 , o "aten<strong>de</strong>nte fraterno" 3 seleciona os nomes dos pacientes que lhe<br />

pareçam necessários para a avaliação dos Espíritos, preferindo na quase totalida<strong>de</strong> dos casos oferecer<br />

inicialmente o já citado tratamento tradicional. Esses casos, porém, conduzimos à avaliação dos<br />

Espíritos, sem maiores alar<strong>de</strong>s para o paciente, em reunião específica <strong>de</strong> "Receituário Mediúnico".<br />

Nela, frequentemente através da psicografia, os Espíritos escrevem mensagens dirigidas ao paciente,<br />

no comum prescrevendo-lhos uma receita. Em nossa experiência, os Espíritos receitistas utilizam<br />

largamente a fitoterapia. Sabemos também da preferência <strong>de</strong> alguns pela homeopatia. Raríssimos,<br />

porém, são os medicamentos alopáticos 4 prescritos.<br />

Parece que, com a incorporação da homeopatia pela Medicina tradicional, passando a ser uma<br />

especialida<strong>de</strong> médica, os Espíritos vêm dando preferência à fitoterapia.<br />

É <strong>de</strong> bom alvitre a presença <strong>de</strong> um médico espírita na avaliação <strong>de</strong>ssas reuniões, salvaguardando o<br />

médium e o Núcleo Espírita <strong>de</strong> possíveis mistificações que po<strong>de</strong>riam repercutir negativamente sobre<br />

a saú<strong>de</strong> dos doentes.<br />

Por ser palpável a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer mistificação - mesmo em grupos relativamente<br />

equilibrados, pois todos somos imperfeitos e po<strong>de</strong>mos oscilar -, costumo <strong>de</strong>saconselhar o exercício<br />

<strong>de</strong>ssa tarefa com a presença do paciente. Além <strong>de</strong> se entregar a receita mediúnica sem uma avaliação<br />

grupal, correndo-se risco <strong>de</strong>snecessário, ainda se finda por criar uma expectativa quanto à produção<br />

fenomênica, situação potencialmente geradora <strong>de</strong> animismo no médium e <strong>de</strong> misticismo no paciente.<br />

Vale <strong>de</strong>stacar: o receituário mediúnico não <strong>de</strong>ve ser rotulado como mediunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura, mas como<br />

uma forma específica <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong>, em que o sensitivo é flexível à intermediação para as receitas<br />

do Além. Allan Kar<strong>de</strong>c classifica-os como “médiuns medicinais” e alerta para que não sejam<br />

confundidos com os médiuns curadores. 5<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Mateus, X: 08. O Evangelho Segundo o Espiritismo, XXVI.<br />

2<br />

Instituto <strong>de</strong> Cultura Espírita do Ceará (Fortaleza-CE).<br />

3<br />

Trabalhador encarregado <strong>de</strong> orientar a quem necessita, como se utilizar da terapia espírita.<br />

4<br />

Medicamentos usados pela Medicina tradicional, que agem em sítios celulares para a produção <strong>de</strong> um efeito<br />

farmacológico.<br />

5<br />

KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires. 2ª Parte, cap. XVI, item 193.<br />

Glossário:<br />

Fitoterapia = 1. Terap. Tratamento <strong>de</strong> doença mediante o uso <strong>de</strong> plantas.


Lição: 35<br />

E. CIRURGIAS ESPIRITUAIS<br />

Denominaremos <strong>de</strong> cirurgias espirituais às intervenções realizadas por médicos <strong>de</strong>sencarnados<br />

sobre os corpos espiritual e/ou físico <strong>de</strong> um paciente, através das forças e potenciais psíquicos <strong>de</strong> um<br />

medianeiro.<br />

No geral, objetivam curar males físicos já instalados no corpo somático ou em via <strong>de</strong> instalação, mas<br />

previamente <strong>de</strong>lineados no perispírito.<br />

As patologias, resultantes do <strong>de</strong>sequilíbrio espiritual - característica do nosso estado evolutivo -,<br />

muitas vezes se instalam na indumentária perispiritual, na forma <strong>de</strong> distúrbios vibratórios, em regiões<br />

análogas aos segmentos somáticos. São, portanto, lesões predisponentes e precursoras das doenças<br />

físicas.<br />

Então, os cirurgiões do Além, têm a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operar tanto um corpo quanto o outro, visando a<br />

correção material (ou semi-material) da problemática médica.<br />

Po<strong>de</strong>mos dividir essas ações cirúrgicas em dois tipos, que diferem quanto ao mecanismo<br />

intervencionista:<br />

a) Cirurgia espiritual "a mão armada"<br />

Costumo assim <strong>de</strong>nominá-la porque, nessa modalida<strong>de</strong> mediúnica, o Espírito-operador utiliza-se<br />

do corpo do medianeiro para realizar verda<strong>de</strong>iras cirurgias somáticas, usando bisturis, tesouras,<br />

pinças ou outros objetos perfuro-corto-contun<strong>de</strong>ntes como facas, agulhas etc.<br />

O Espírito age, pois, como se encarnado estivesse, fazendo verda<strong>de</strong>iras incisões e perfurações<br />

superficiais ou profundas.<br />

Alguns promovem a abertura da pele com as próprias mãos ou o cabo do bisturi.<br />

No mais das vezes, esses Espíritos-operadores já tiveram experiência na área médico-cirúrgica, no<br />

passado reencarnatório, pondo-se à disposição do trabalho, seja por cobranças conscienciais, seja por<br />

não se haverem <strong>de</strong>svinculado mentalmente da sua vida física, seja movidos pelo <strong>de</strong>sejo primário e<br />

único <strong>de</strong> auxiliar o seu próximo.<br />

Muitos <strong>de</strong>les aproveitam-se da abertura psíquica dada por alguns médiuns com esses potenciais para<br />

agirem cirurgicamente, sem que necessariamente houvessem recebido tal tarefa como" missão".<br />

Os resultados <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> cirúrgica variam <strong>de</strong> positivos a negativos, havendo inclusive relatos<br />

<strong>de</strong> complicações importantes <strong>de</strong>scritos por profissionais da área médica.<br />

Sem dúvida alguma, qualquer julgamento será distorcido porque não se tem uma pesquisa séria<br />

quanto à ativida<strong>de</strong>, por várias razões. Isso nos leva a fazer uma análise do todo, com prejuízo da<br />

verda<strong>de</strong>, pois sabemos que nesta - como em toda área da ativida<strong>de</strong> humana - existem os fraudadores.<br />

É fato, porém, que costumeiramente os pacientes, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> não receberem anestesia alguma nem<br />

serem hipnotizados, não referem dor ou se o fazem afirmam ser perfeitamente suportável a sensação<br />

dolorosa.<br />

Quem atua na área cirúrgica sabe que os pacientes suportam muito mal qualquer intervenção<br />

cirúrgica sem os recursos anestésicos oferecidos pelas ciências médicas.<br />

Outro fato <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque é que não costuma ocorrer hemorragia <strong>de</strong> vulto.<br />

Então, po<strong>de</strong>mos afirmar ser possível o fenômeno, como a cura <strong>de</strong> muitos pacientes, através do<br />

procedimento <strong>de</strong> cirurgia mediúnica.<br />

Apesar disso, gran<strong>de</strong> parte dos espíritas mais estudiosos e compromissados com o doutrinariamente<br />

correto prefere evitar a utilização <strong>de</strong> tal modalida<strong>de</strong> mediúnica. Primeiro, pelos riscos impostos ao<br />

paciente; <strong>de</strong>pois, pelos riscos para a Casa Espírita e para o Movimento Espírita; e como se não fosse<br />

o bastante, pelo <strong>de</strong>svio da atenção da sua missão primeira: educação do Espírito e cura dos males


espirituais!<br />

Já estudamos que todo ato medianímico <strong>de</strong>ve ser avaliado quanto ao Espírito que o instrumentaliza,<br />

haja vista a possibilida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> mistificação, mesmo para médiuns sérios e cuidadosos.<br />

Ora, uma psicografia, uma psicofonia e outros tipos <strong>de</strong> mediunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser avaliados pelo seu<br />

conteúdo. A partir <strong>de</strong>ssa análise po<strong>de</strong>mos concluir tratar-se o comunicante <strong>de</strong> um bom ou <strong>de</strong> um mau<br />

Espírito.<br />

No caso da cirurgia, só po<strong>de</strong>remos avaliar o resultado após realizada a cirurgia... Se o paciente ficar<br />

curado, é possível tratar-se <strong>de</strong> um bom Espírito! Se o paciente <strong>de</strong>sencarnar ou complicar... trata-se<br />

com certeza <strong>de</strong> um obsessor!... Mas, então, po<strong>de</strong> ser tar<strong>de</strong> para reverter os males!...<br />

Sobre o assunto, anotemos a opinião do Espírito Odilon Fernan<strong>de</strong>s, através da psicografia do<br />

médium mineiro Carlos Baccelli:<br />

“O passe não agri<strong>de</strong> o corpo físico quanto as cirurgias em que os médiuns se valem <strong>de</strong> instrumentos<br />

cortantes, expondo o doente a sangrias e infecções que po<strong>de</strong>m apressar-lhe a <strong>de</strong>sencarnação (...)” 1<br />

Há quem se valha das cirurgias mediúnicas a mão armada, para atrair público para o Centro Espírita,<br />

em atitu<strong>de</strong> incompatível com os objetivos que <strong>de</strong>vem nortear a conduta do núcleo espírita na<br />

socieda<strong>de</strong>: o <strong>de</strong> esclarecer e consolar, oferecendo os ensinamentos contidos na Codificação Espírita<br />

para a iluminação <strong>de</strong> consciências.<br />

Sobre isso, dando continuida<strong>de</strong> à mensagem citada anteriormente, opina o Espírito Odilon<br />

Fernan<strong>de</strong>s:<br />

“É argumento sofista o <strong>de</strong> que as ditas „cirurgias espirituais‟ atraem multidões” 2<br />

Em 1984, ao ser entrevistado na Associação Médico-Espírita <strong>de</strong> São Paulo, o médium Francisco<br />

Cândido Xavier <strong>de</strong>ixa clara a sua posição quanto às cirurgias mediúnicas "a mão armada":<br />

“Recebi intervenções consi<strong>de</strong>radas cirúrgicas, mas em que não havia bisturi, <strong>de</strong> maneira nenhuma.<br />

Senti no interior do meu corpo lâminas trabalhando, sem nenhum instrumento cortante ou<br />

<strong>de</strong>monstração externa, apenas o médium tomava atitu<strong>de</strong> e posição <strong>de</strong> aplicar passe (...). Digo com<br />

sincerida<strong>de</strong>: se precisar <strong>de</strong> outra operação, me entregarei ao médico-cirurgião. Não vou me<br />

submeter a bisturi na mão <strong>de</strong> médium, porque o médium não está indicado para isso.<br />

Já passei por cinco cirurgias por médicos encarnados, com anestesia e todo o <strong>de</strong>curso normal dos<br />

atos cirúrgicos. Médium com bisturi na mão não me opera!” (Grifos meus).<br />

Há os casos <strong>de</strong> médiuns que não usam instrumentos cirúrgicos ou similares, mas que os substituem<br />

por objetos inofensivos ou por gestos simuladores <strong>de</strong> uma ação cirúrgica. Há casos em que o médium<br />

chega a exigir a presença <strong>de</strong> alguém para funcionar como instrumentador e passa a receber <strong>de</strong>ste<br />

"instrumentos fictícios" para realizar uma "intervenção invisível". Há aqui a adoção <strong>de</strong> um proce<strong>de</strong>r<br />

mágico imitativo, em indiscutível paralisação no sobrenatural e na magia, proce<strong>de</strong>res adotados nas<br />

práticas das religiões primitivas.<br />

São, a meu ver, atitu<strong>de</strong>s incompatíveis com a razão, a lógica e o bom senso adotados pela Doutrina<br />

Espírita.<br />

Há quem tente justificar tudo isso, alegando que muitos pacientes necessitam <strong>de</strong> toda esta encenação,<br />

<strong>de</strong> toda esta mise-en-scène para acreditar na cura, o que coli<strong>de</strong> frontalmente com os objetivos do<br />

Espiritismo <strong>de</strong> libertar consciências, <strong>de</strong> esclarecer e <strong>de</strong> auxiliar o homem a <strong>de</strong>sligar-se da forma, dos<br />

rituais e das muletas psíquicas. É exatamente por esse motivo que afirmo enfático não ser esta uma<br />

prática espírita, mas um <strong>de</strong>sserviço à Causa Espiritista!


) Cirurgias espirituais a distância<br />

São aquelas em que os Espíritos agem reparando as lesões existentes no perispírito do enfermos.<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nominá-las simplesmente <strong>de</strong> “cirurgias perispirituais”. Elas po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser<br />

realizadas na residência do próprio paciente.<br />

Em geral, a equipe espiritual marca o dia e a hora da intervenção cirúrgica, através da psicografia,<br />

cabendo ao paciente preparar-se física, psíquica e espiritualmente para o ato cirúrgico. Não há a<br />

necessida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> rituais, roupas especiais, banhos especiais nem <strong>de</strong> qualquer outra exigência<br />

externa. O preparo é basicamente interno, a partir <strong>de</strong> uma boa sintonia, da prece, da dinamização da<br />

fé, da humilda<strong>de</strong>, do reconhecimento e da aceitação...<br />

Roupas brancas, sal grosso, banho <strong>de</strong> pétalas <strong>de</strong> rosas etc, não são práticas espiritistas! E quando se<br />

sugere o seu uso na Casa Espírita, costuma refletir atavismos, saudosismo ou retrocesso a antigas<br />

práticas do mediunismo...<br />

Em nossa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receituário mediúnico, os Espíritos têm optado, muitas vezes, pela realização<br />

<strong>de</strong> cirurgias espirituais a distância e, muito embora ainda não tenha aplicado uma metodologia<br />

científica para a observação dos resultados (o que ainda pretendo fazer no futuro), tenho presenciado<br />

resultados muito satisfatórios, inclusive com curas <strong>de</strong> quadros cancerígenos diagnosticados clínica e<br />

laboratorialmente, por médicos estranhos ao Centro Espírita e <strong>de</strong>sconhecedores do Espiritismo.<br />

Então, fica claro ser plenamente dispensável a utilização das cirurgias cruentas ou mágicas no Grupo<br />

Espírita, aceitando-se, em casos específicos, o uso das cirurgias perispirituais e, ainda assim, sem<br />

alar<strong>de</strong>s, sem promoção e com o cuidado para que não sejam priorizadas <strong>de</strong>ntre as ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvidas no Centro Espírita.<br />

Bibliografia<br />

1 BACCELLl, Carlos/FERNANDES, Esp. Odilon. – “<strong>Mediunida<strong>de</strong></strong> e Caminho”. IDE: Araras-SP.<br />

2 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m.<br />

Glossário:<br />

Mise-en-scène = 1. Teatr. V. encenação<br />

Atavismo = 1. Reaparecimento, em um <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> um caráter não presente em seus ascen<strong>de</strong>ntes imediatos, mas, sim,<br />

em remotos:<br />

Lição: 36<br />

F) CONDIÇÕES PARA A CURA<br />

Nenhuma terapia consegue atingir cem por cento <strong>de</strong> resultados satisfatórios, mormente sob a óptica<br />

imediatista. No caso da terapia espiritual, naturalmente que não se vai fugir à regra. Entretanto, vale<br />

salientar que a sua aplicação visa fundamentalmente o saneamento das mazelas espirituais e, por<br />

isso, muitos são os casos em que o paciente imaginava lograr a cura dos seus males físicos, mas<br />

mantém-se fisicamente enfermo, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> apresentar significativas melhoras em sua<br />

problemática espiritual.<br />

Sendo assim, ressaltemos os elementos imprescindíveis à cura dos males, na utilização dos recursos<br />

terapêuticos da Casa Espírita:


a) Fé<br />

Todo profissional médico sabe empiricamente que a crença que o seu paciente <strong>de</strong>posita em sua<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> curar-lhe as enfermida<strong>de</strong>s é um fator relevante para o êxito ela terapêutica instituída.<br />

Muitos são os enfermos que já <strong>de</strong>ixam o consultório do médico em bem melhores condições em<br />

relação a quando o a<strong>de</strong>ntraram.<br />

É que a fé, o posicionamento mental <strong>de</strong> aceitação da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura, através <strong>de</strong> certo<br />

procedimento, age <strong>de</strong> forma positiva no organismo, já tendo sido alvo <strong>de</strong> pesquisas e constatações<br />

científicas.<br />

Não é sem razão, pois, que Jesus reportava-se usualmente sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse estado <strong>de</strong><br />

espírito:<br />

“A tua fé te curou!<br />

Se acreditas que te posso curar, que assim se faça!”<br />

b) Necessida<strong>de</strong> anímica<br />

Já anotamos anteriormente que toda enfermida<strong>de</strong> resulta da imperfeição espiritual que nos<br />

caracteriza como humanida<strong>de</strong> no atual momento. Sendo assim, no geral, correspon<strong>de</strong> a uma<br />

situação-resposta a atitu<strong>de</strong>s íntimas <strong>de</strong> cada um, com objetivos educacionais para o Espírito,<br />

sendo-lhe importante, tantas vezes, vivenciar aquelas dificulda<strong>de</strong>s patrocinadas pela doença, em seu<br />

próprio benefício, como Espírito.<br />

Sabemos, <strong>de</strong> outro modo, que há duas formas <strong>de</strong> quitação dos nossos débitos para com as Leis<br />

Divinas:<br />

educação pela vivência dolorosa;<br />

educação pela lei do amor.<br />

Sendo assim, quando per<strong>de</strong> o sentido educativo ou <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser alimentada pelos <strong>de</strong>salinhos mentais<br />

do paciente (culpas, sintoma, <strong>de</strong>sleixo etc.), a doença torna-se passível <strong>de</strong> cura parcial ou total,<br />

temporária ou <strong>de</strong>finitiva.<br />

c) Merecimento<br />

A vivência do amor, as obras no Bem, <strong>de</strong>monstrando a mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e hábitos, são<br />

ingredientes facilitadores da cura espiritual, sendo capazes <strong>de</strong> nos facultar a reversão <strong>de</strong> quadros<br />

dolorosos, pois, através da Lei <strong>de</strong> Ação e Reação, retomam ao autor, em forma <strong>de</strong> créditos a seu<br />

favor.<br />

d) Participação ativa do enfermo<br />

Há quem procure milagres com a adoção da terapêutica espiritual. Entretanto, a cura <strong>de</strong>la resultante<br />

não se faz <strong>de</strong> maneira exclusivamente exógena, mas notadamente <strong>de</strong> forma endógena. Isso significa<br />

que ao paciente tratado na Casa Espírita exige-se participação ativa em sua terapia, em proporção<br />

direta à sua capacida<strong>de</strong> discernitiva do momento.<br />

Mesmo a fluidoterapia, que como sabemos funciona paliativamente, requer postura ativa do doente,<br />

para o seu bom aproveitamento.<br />

Por outro lado, a utilização dos magníficos recursos da prece, bem corno uma predisposição íntima e<br />

um esforço sincero para estabelecer uma transformação moral, na busca <strong>de</strong> um crescimento<br />

espiritual, facilitam a ação dos Espíritos responsáveis pela ativida<strong>de</strong> curadora, assim como a<br />

assimilação mais intensa dos fluidos ofertados pelo Alto, em benefício do enfermo.<br />

O preparo físico, moral e espiritual são da competência do paciente e <strong>de</strong>monstram uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aceitação, <strong>de</strong> busca, <strong>de</strong> fé e <strong>de</strong> disposição para a cura.<br />

Assim, recomenda-se que, mormente nos dias <strong>de</strong> aplicação terapêutica, o paciente mantenha-se em


sintonia com o mais Alto, através do cultivo da prece, <strong>de</strong> bons pensamentos, <strong>de</strong> leituras edificantes,<br />

<strong>de</strong> boa higiene corporal, <strong>de</strong> hábitos alimentares sem excessos <strong>de</strong> qualquer or<strong>de</strong>m. 1<br />

G) O MÉDIUM CURADOR E A POPULARIDADE<br />

O orgulho é um dos males mais danosos presentes na humanida<strong>de</strong>. Sendo o médium um ser humano<br />

como outro qualquer não está isento <strong>de</strong> ter direcionadas para ele as investidas dos Espíritos<br />

ignorantes, no exaltar da condição do médium, no sentimento <strong>de</strong> sua importância para as pessoas.<br />

Quando o médium se <strong>de</strong>ixa embalar pelos ventos da vaida<strong>de</strong>, a falência é questão <strong>de</strong> mais ou menos<br />

tempo. E quantos não foram os medianeiros <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> que se per<strong>de</strong>ram em função da<br />

bajulação, dos agrados <strong>de</strong> que eram motivo e até mesmo da remuneração <strong>de</strong> suas "consultas"!...<br />

É, propriamente, nesse sentido que Allan Kar<strong>de</strong>c en<strong>de</strong>reça aos trabalhadores <strong>de</strong>ssa área uma<br />

advertência:<br />

“Há, pois, para o Médium curador a necessida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> se conciliar o concurso dos Espíritos<br />

superiores, se quiser conservar e <strong>de</strong>senvolver sua faculda<strong>de</strong>; senão, em vez <strong>de</strong> crescer ela <strong>de</strong>clina e<br />

<strong>de</strong>saparece pelo afastamento dos bons Espíritos. 2<br />

A mediunida<strong>de</strong>, portanto,<br />

“(...) cessa se não se souber tornar-se digno <strong>de</strong>la, melhorando-se (...)” 3<br />

A popularida<strong>de</strong> e massagista do ego, hipertrofiando-o com elogios, mimos, reverências etc.<br />

Deixar-se envolver em suas malhas ou procurar tomar partido <strong>de</strong>la é rota corriqueira para o fracasso<br />

do mediunato.<br />

Em vista disso, há muitos companheiros, que se auto-intitulam espíritas, adotando práticas e posturas<br />

completamente distantes da proposta doutrinária apresentada pelo Codificador. Muitos médiuns<br />

negociam seus potenciais mediúnicos (ou pelo menos que pensam ser seus), <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando o<br />

afastamento dos bons Espíritos que antes os orientavam e abrindo espaço para mistifica dores<br />

interessados em empreendimentos comerciais.<br />

Existem, ainda, os shows mediúnicos que o sensitivo equivocado passa a realizar no intuito <strong>de</strong><br />

impressionar a platéia; são verda<strong>de</strong>iros "espetáculos mediúnicos", realizando movimentos bizarros e<br />

ensaiados, estremecimentos, na ânsia <strong>de</strong> promoção pessoal, esquecendo-se completamente <strong>de</strong> que a<br />

mediunida<strong>de</strong> educada pelos princípios espíritas é calma, serena, discreta e anônima.<br />

H) ESPIRITISMO E MEDIUNIDADE DE CURA<br />

O Espiritismo é o Consolador Prometido enviado por Deus para o esclarecimento e crescimento da<br />

humanida<strong>de</strong>.<br />

A mediunida<strong>de</strong> é apenas um <strong>de</strong> seus princípios e instrumento <strong>de</strong> parturição, não po<strong>de</strong>ndo ser palco do<br />

abuso e da ignorância humanos, sob pena <strong>de</strong> comprometer a Doutrina sujeitando-lhe a práticas<br />

primitivas ou a conversas fúteis com Espíritos. A mediunida<strong>de</strong> é portal <strong>de</strong> acesso à revelação<br />

patrocinada pelos Espíritos Superiores, comprometidos com o progresso da humanida<strong>de</strong>; é a ponte<br />

que permite o intercâmbio entre as múltiplas dimensões da vida.<br />

A Doutrina Espírita não se <strong>de</strong>stina à realização <strong>de</strong> shows, <strong>de</strong> espetáculos públicos, nem a<br />

proselitismo religioso na ânsia <strong>de</strong> converter as pessoas, <strong>de</strong> lotar os Centros, a qualquer custo. É, pois,<br />

indispensável tomar-se uma posição <strong>de</strong> cautela ante os "médiuns <strong>de</strong> cura" que brotam daqui e dali,<br />

sequiosos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertarem a atenção da comunida<strong>de</strong> sobre sua pessoa.<br />

Assim também, não se <strong>de</strong>ve imaginar que ela vem substituir os procedimentos próprios da Ciência<br />

Médica, <strong>de</strong>vendo-se evitar, inclusive, promessas <strong>de</strong> curas físicas, psicológicas ou psiquiátricas, todas


passíveis <strong>de</strong> serem promovidas pelos respeitados e esforçados profissionais <strong>de</strong>stas áreas do<br />

conhecimento humano. É o que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r das seguintes palavras do Mestre <strong>de</strong> Lyon:<br />

“A mediunida<strong>de</strong> curadora não vem suplantar a medicina e os médicos; vem simplesmente provar a<br />

estes últimos que há coisas que eles não sabem e os convidar a estudá-las; que a natureza tem leis e<br />

recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual, que eles <strong>de</strong>sconhecem, não é uma quimera, e<br />

que, quando o levarem em conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos do que<br />

agora.” 4<br />

O objetivo central do Espiritismo é o estabelecimento da certeza da imortalida<strong>de</strong> da alma e do seu<br />

progresso contínuo na direção do Criador em meio à Humanida<strong>de</strong> terrena, progresso este capaz <strong>de</strong><br />

efetivar-se a partir da transformação moral, a expensas do seu esforço e da sua vonta<strong>de</strong>.<br />

Deus está presente em nós e no meio em que vivemos, esten<strong>de</strong>ndo-nos a sua graça, nas oportunida<strong>de</strong>s<br />

e potencialida<strong>de</strong>s das nossas relações existenciais, e a sua providência, como amparo infalível às<br />

nossas carências e necessida<strong>de</strong>s espirituais.<br />

Bibliografia<br />

1 Há quem recomen<strong>de</strong> a abstenção <strong>de</strong> carnes. Pessoalmente, não vejo essa necessida<strong>de</strong>, preferindo que o paciente use a sua<br />

alimentação usual, apenas evitando os excessos. Não é o que “entra pela boca que torna impuro o homem”, como<br />

ensina-nos o Mestre <strong>de</strong> Nazaré.<br />

2 KARDEC, Allan in “Revista Espírita”. Ano IX. Vol.11, pg. 352. EDICEL: Sobradinho-DF.<br />

3 I<strong>de</strong>m. Ibi<strong>de</strong>m. pg. 352.<br />

4 I<strong>de</strong>m. Ibi<strong>de</strong>m. pg. 351<br />

Glossário:<br />

Exógena = 1. Que cresce exteriormente ou para fora.<br />

Endógena = 1. Originado no interior do organismo, ou por fatores internos; endógene.<br />

Parturição = 1. Obst. V. parto.<br />

Deixamos <strong>de</strong> colocar o Apêndice referente ao Regulamento do Departamento Mediúnico (dmed) do<br />

Instituto <strong>de</strong> Cultura Espírita do Ceará, por enten<strong>de</strong>r que o mesmo não <strong>de</strong>va ser estudado em público.<br />

Também <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> transcrever a Bibliografia, pois a mesma já foi colocada no rodapé <strong>de</strong> cada<br />

lição, portanto seria repetitiva.

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