13.05.2013 Views

ACÓRDÃO 9a Turma OBRIGAÇÕES PREVISTAS EM NORMAS ...

ACÓRDÃO 9a Turma OBRIGAÇÕES PREVISTAS EM NORMAS ...

ACÓRDÃO 9a Turma OBRIGAÇÕES PREVISTAS EM NORMAS ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>ACÓRDÃO</strong><br />

<strong>9a</strong> <strong>Turma</strong><br />

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL<br />

JUSTIÇA DO TRABALHO<br />

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO<br />

Gabinete Juiz Convocado 1<br />

Av. Presidente Antonio Carlos, 251 6º andar - Gab.55<br />

Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ<br />

PROCESSO: 0000712-79.2011.5.01.0283 - RTOrd<br />

<strong>OBRIGAÇÕES</strong> <strong>PREVISTAS</strong> <strong>EM</strong> <strong>NORMAS</strong><br />

COLETIVAS. IMPOSIÇÃO À <strong>EM</strong>PRESA NÃO<br />

ASSOCIADA-FILIADA AO ENTE SINDICAL<br />

PATRONAL. CUSTEIO ASSISTENCIALISTA.<br />

NÃO POSSIBILIDADE.<br />

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário<br />

em que são partes: SINDICATO DOS <strong>EM</strong>PREGADOS NO COMÉRCIO DE<br />

CAMPOS DOS GOYTACAZES (Dr. Valter Manhães de Azevedo, OAB/RJ n. 31.741-<br />

D) e SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CAMPO DOS GOYTACAZES<br />

(Dr. Valter Manhães de Azevedo, OAB/RJ n. 31.741-D), como recorrentes e<br />

LOURDES CALÇADOS LTDA. (Dr. Maurício de Freitas Martins, OAB/RJ n. 75.245-<br />

D) como recorrida.<br />

Inconformados com a r. sentença de fls. 248/251, da lavra do Exmo.<br />

Juiz Cláudio Aurélio Azevedo Freitas, proferida pela 3ª Vara do Trabalho de<br />

Campos dos Goytacazes, que julgou procedentes em parte os pedidos formulados<br />

na petição inicial, recorrem os reclamados, sendo o sindicato patronal às fls. 254/270<br />

e o profissional, às fls. 271/277, ao argumento, de que a Vara trabalhista é<br />

incompetente para processar e julgar demanda que visa a inaplicabilidade de<br />

claúsula normativa prevista em convenção coletiva de trabalho; que houve<br />

julgamento ultra petita; que o abono previsto na cláusula normativa desconsiderada<br />

pelo Juízo de origem não é destinado ao custeio assistencial dos entes sindicais<br />

mas sim trata-se de parcela destinada aos trabalhadores das empresas, inclusive a<br />

20506 1


PODER JUDICIÁRIO FEDERAL<br />

JUSTIÇA DO TRABALHO<br />

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO<br />

Gabinete Juiz Convocado 1<br />

Av. Presidente Antonio Carlos, 251 6º andar - Gab.55<br />

Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ<br />

autora, não sendo, portanto, criada com intuito de “mascarar” nova forma de custeio<br />

da contribuição assistencial alardeada na petição inicial.<br />

Custas e depósito recursal inexigíveis.<br />

Contrarrazões às fls. 280/299 e 300/319.<br />

Parecer Ministerial à fl. 323, da lavra do Ilustre Procurador Dr. Eduardo<br />

Andrea, opinando pelo conhecimento e não provimento do apelo.<br />

É o relatório.<br />

DO CONHECIMENTO<br />

recurso.<br />

Por preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do<br />

Considerando a similitude de temas trazidos nos recursos dos entes<br />

sindicais os mesmos serão apreciados conjuntamente.<br />

DA INCOMPETÊNCIA (COMPETÊNCIA FUNCIONAL)<br />

Data venia, mas a hipótese vertente não se alinha dentre aquelas cuja<br />

competência funcional originária seria do Tribunal, isso porque versa sobre a<br />

aplicação de cláusula normativa em relação exclusivamente à autora, não se<br />

pretendendo, em questão, discutir a validade com o fito de excluir do mundo jurídico,<br />

a norma em apreço.<br />

Trata-se, pois, de dissidio individual, cujas partes são a empresa autora<br />

no pólo ativo e os entes sindicais, profissional e econômico, no pólo passivo,<br />

porquanto estes foram os que firmaram a norma em questão.<br />

20506 2


PODER JUDICIÁRIO FEDERAL<br />

JUSTIÇA DO TRABALHO<br />

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO<br />

Gabinete Juiz Convocado 1<br />

Av. Presidente Antonio Carlos, 251 6º andar - Gab.55<br />

Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ<br />

Rejeita-se.<br />

DO JULGAMENTO ULTRA PETITA<br />

Só há caracterização do julgamento ultra petita quando o Juízo decidir<br />

além dos limites postulados. No caso em tela uma simples leitura das alíneas b e c<br />

do rol de pedidos contidos à fl. 39 demonstra que a decisão impugnada resolveu o<br />

debate nos estritos limites fixados na lide. Ou seja, afastou a incidência do abono de<br />

8%, bem como a contribuição assistencial firmados na cláusula quarta do pacto<br />

coletivo referente ao período 2010/2011.<br />

Rejeita-se.<br />

DO ABONO E DAS CONTRIBUIÇÕES ASSISTENCIAIS PREVISTOS <strong>EM</strong><br />

<strong>NORMAS</strong> COLETIVAS<br />

A cláusula normativa que se está impugnando consta consignada à fl.<br />

73 – cláusula quarta – tópicos ABONO e ASSISTENCIAL DOS <strong>EM</strong>PREGADOS e<br />

ASSISTENCIAL PATRONAL.<br />

Ab initio, pela simples leitura da norma coletiva quanto ao abono<br />

fixado pode-se verificar que não guarda, nos seus termos, qualquer paralelo com a<br />

contribuição assistencial indicada pela autora na sua peça de ingresso. Tampouco<br />

trata-se, pelo menos dos autos não se extrai tal conclusão, de engodo sindical a fim<br />

de arrancar, de forma mascarada, uma nova contribuição assistencial, de sorte que<br />

não há que se falar em conluio sindical para burlar as regras perfilhadas pela<br />

CONALIS – Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical, conforme<br />

fixado na sua Orientação n. 1 que dispõe: “Afronta a liberdade sindical o<br />

financiamento patronal do sindicato profissional”.<br />

20506 3


PODER JUDICIÁRIO FEDERAL<br />

JUSTIÇA DO TRABALHO<br />

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO<br />

Gabinete Juiz Convocado 1<br />

Av. Presidente Antonio Carlos, 251 6º andar - Gab.55<br />

Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ<br />

A cláusula normativa em questão tem a seguinte redação: “Será<br />

concedido a título excepcional aos comerciários um abono salarial na folha de<br />

Dezembro de 2010 de 8% (oito por cento) sobre o salário Abono que não se<br />

incorpora ao salário, aplicado exclusivamente sobre a folha do mês de Dezembro de<br />

2010.”<br />

Tanto é assim que a própria autora argumenta que tal manobra não<br />

passa de política sindical de pressão realizada a fim de “mandar um recado” para as<br />

empresas rebeldes quanto ao pagamento das cotas assistencialistas estabelecidas e<br />

reivindicadas pelos entes de classe (petição inicial fl. 9).<br />

Assim sendo, sob tal aspecto não se pode concluir que a norma trás<br />

em si qualquer irregularidade, repita-se, não provada pela parte acionante na<br />

presente demanda.<br />

Contudo, a pedra de toque a resolver a questão, seja do abono<br />

referido, seja das contribuições assistenciais sindicais em tela, é outra. Na verdade a<br />

autora não se submete a tais imposições pactuadas em sede coletiva porquanto não<br />

é filiada a quaisquer dos entes sindicais em questão, sem o que qualquer regra que<br />

se lhe atribua obrigação não deve ser chancelada pelo Juízo Trabalhista, assim<br />

como bem explicitado no sentenciado. Aliás esse o posicionamento do Parquet<br />

Trabalhista na hipótese conforme expresso no seu parecer carreado aos autos à fl.<br />

323, simples, conciso e absolutamente eficaz na abordagem do tema.<br />

Aliás, por absurdo que pareça, ou desfaçatez mesmo, o recorrente –<br />

SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CAMPOS/RJ – ao alegar a<br />

ilegitimidade ad causam ativa da autora, confirma que a mesma não é filiada ao<br />

ente sindical. E aduz que a mesma não poderia perquirir em Juízo sobre a validade<br />

ou não da norma em debate. Resumindo,conclui-se, entende que a demandante tem<br />

que pagar e se calar sem poder recorrer ao Judiciário para tentar reparar a lesão de<br />

direito que entende sofrer.<br />

20506 4


PODER JUDICIÁRIO FEDERAL<br />

JUSTIÇA DO TRABALHO<br />

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO<br />

Gabinete Juiz Convocado 1<br />

Av. Presidente Antonio Carlos, 251 6º andar - Gab.55<br />

Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ<br />

É, mutatis mutandis, afrontoso ao entendimento perfilhado no<br />

Precedente Normativo n. 119 do C. TST, estabelecer na referida cláusla quarta da<br />

norma coletiva em apreço tanto as taxas assistenciais alardeadas na petição inicial<br />

quanto o abono profissional de 8%, em relação à empresas não filiadas ao ente<br />

sindical que fez parte da avença, isso porque, obviamente não se trata de hipótese<br />

de representação sindical, mas de imposição sindical sem que para tanto fosse<br />

garantida à empresa o direito sequer de recusa (pelo menos não há nos autos nada<br />

que indique tal possibilidade).<br />

CONCLUSÃO<br />

Nega-se provimento.<br />

Pelo exposto, CONHEÇO dos recursos interpostos, REJEITO as<br />

preliminares de incompetência funcional e de julgamento ultra petita para, no<br />

mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTOS, tudo nos termos da fundamentação da<br />

Excelentíssima Relatora.<br />

A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 9ª <strong>Turma</strong> do<br />

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, nos termos da<br />

fundamentação do voto da Exma. Sra. Relatora, CONHECER dos recursos<br />

interpostos, REJEITAR as preliminares de incompetência funcional e de julgamento<br />

ultra petita e, no mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTOS.<br />

boni/rrs<br />

Rio de Janeiro, 6 de Março de 2012.<br />

Juíza do Trabalho Convocada Claudia de Souza Gomes Freire<br />

Relatora<br />

20506 5


PODER JUDICIÁRIO FEDERAL<br />

JUSTIÇA DO TRABALHO<br />

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO<br />

Gabinete Juiz Convocado 1<br />

Av. Presidente Antonio Carlos, 251 6º andar - Gab.55<br />

Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ<br />

20506 6

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!