12.05.2013 Views

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

inserir na socie<strong>da</strong>de. Não gostaria de continuar a ver as páginas policiais dos jornais com a maioria<br />

negra” (T<strong>RI</strong>NCHÃO, 2008); ora aparece pelas suas memórias ancestrais.<br />

Fátima Trinchão tem uma escrita permea<strong>da</strong> de misticismo, memórias e lirismo.<br />

Através desses signos canta com fé, ternura e meiguice o passado histórico, sonhos e<br />

vivências com o sagrado e com práticas cristãs, mas também declina páginas para<br />

inventar memórias de si e histórias de seus entes queridos. Ela cria sujeitos poéticos que<br />

trazem aos versos vozes negras como verificamos em seu poema A Deusa.<br />

Rápido corisco corta a amplidão.<br />

Por instantes tudo se alumia.<br />

E no ribombar dos trovões, ventos e clarões.<br />

Nas noites e nas manhãs<br />

O céu e a terra se abrem.<br />

Unidos em Comunhão.<br />

E juntos assim perfazem<br />

O Reino maior de Iansã. (T<strong>RI</strong>NCHÃO, 2005, p. 78)<br />

O sujeito poético apropria-se de arquétipos atribuídos ao Orisà Iansã, divin<strong>da</strong>de<br />

africano-brasileira, a qual reina entre os ventos e coriscos, tendo forças para dominar<br />

céus e terras. Nesses versos, elementos e fenômenos naturais se encontram e interagem<br />

com essa figura mítica que transita entre a morte e a vi<strong>da</strong>, convivendo simultaneamente<br />

com os eguns, em yoruba, os mortos e os vivos. Assim, a voz poética, vislumbra<strong>da</strong> pelo<br />

espetáculo de luzes e sons, aclama essa Deusa cheia de mistérios e poder. O céu e a<br />

terra, unidos, constituem o seu reino maior, tornando-a presente com o “[...] ribombar<br />

dos trovões [...]” (T<strong>RI</strong>NCHÃO, p. 78), ventos e clarões que rapi<strong>da</strong>mente e por um<br />

instante alumiam noites e manhãs.<br />

O canto a essa Deusa reaviva o seu poder de conter e expandir forças <strong>da</strong><br />

natureza como os trovões, exaltando o poder que ela tem sobre a dimensão humana que<br />

expõe homens e mulheres ao máximo de seus limites: a morte. Como mensageira entre<br />

os mundos dos vivos e dos mortos, ela é ovaciona<strong>da</strong> pelo seu poder imensurável e<br />

misterioso.<br />

Além de A Deusa, a autora tem outros poemas, já publicados, em que Oyá,<br />

como essa divin<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mitologia yoruba também é conheci<strong>da</strong>, é reverencia<strong>da</strong>. Em<br />

Salve Oyá!, a Deusa tem um amor intenso, é forte e capaz de em tudo se fazer presente.<br />

Em tudo estás e pulsas.<br />

Em tudo sua energia!<br />

Na paixão arrasadora,<br />

na espa<strong>da</strong> flamejante,<br />

92

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!