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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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78<br />

tinha surtado?[...] para além <strong>da</strong> questão racial, sou mulher. E não quero me enjaular<br />

nesse lugar que só vai falar do racismo. Eu quero falar de to<strong>da</strong>s as coisas que me tocam<br />

no mundo. (MUNZANZU, 2008)<br />

No poema Po<strong>da</strong>ctilos..., a que ela se refere, uma voz poética ousa cantar o lugar<br />

de seu prazer e caracteriza o seu homem preferido: os pés e os homens po<strong>da</strong>ctilos. Nele<br />

desfilam cena de erotismo e fetiche e feições de uma voz feminina que demonstra sua<br />

zona de prazer e de sedução e, com autonomia, procura ser ama<strong>da</strong> e acaricia<strong>da</strong> nos pés.<br />

Coisa boa para uma fêmea é ter um homem que adora pés!<br />

Encanta-me um amante, dos po<strong>da</strong>ctílos...<br />

Gosto de ter com ele este segredo!<br />

Adoro o olhar desconcertante a fuzilar minhas sandálias novas caminhantes<br />

pela praça em pleno verão...<br />

No fundo sei que ele observa o conteúdo <strong>da</strong>s sandálias.<br />

Adoro a sensação dele olhar meus pés com o desejo de quem encontrou<br />

aquela última cerveja no congelador, depois de um dia de labuta....<br />

Gosto do encontro com os amigos, e meus pés no colo dele. E, enquanto<br />

algum desavisado, acredita ser esta uma atitude despretensiosa <strong>da</strong> minha<br />

parte... Ele morre de vergonha do seu ponteiro em riste dentro <strong>da</strong> calça.<br />

Ah! Eu visito o paraíso se ele beija meus pés!<br />

Gosto do gostar dele. Excita-me saber que meus pés no painel do carro,<br />

enquanto ele dirige, é proibido, para o bem do bom trânsito<br />

Mas, quando em casa, sua saliva vai molhar meus pés, e ele só vai parar<br />

quando eu chorar, de prazer!<br />

Adoro que ele escolha a cor do meu esmalte, só pra depois descobrir o sabor<br />

que há entre meus dedos...<br />

Gosto de está a sóis com ele, é quando posso derramar, sem querer, a última<br />

taça, <strong>da</strong>quele vinho preferido e permitir, só de gentileza, que ele saboreie as<br />

últimas gotas no meu calcanhar...<br />

Gosto <strong>da</strong>s massagens que começam por brincadeira, e acabam tirando de<br />

mim, aqueles gemidos que os vizinhos não podem escutar...<br />

Gosto quando ele nem nota as barbeiragens que faço, só porque dirijo<br />

descalça.<br />

Gosto muito, muito, muito, quando ele insiste em me agra<strong>da</strong>r, e de agrado em<br />

agrado, na intimi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cama, ele começa a me dá prazer, pelos pés!<br />

(MUNZANZU, 2008)<br />

Para essa figura feminina, a fonte de seu prazer reside nos pés, por isso adora<br />

quando lhe tocam essa parte do seu corpo, sobretudo, quando é um amante de<br />

po<strong>da</strong>ctilos. Com os pés procura faceiramente excitar-se e “cavar” choros de prazer,<br />

provocando “[...] gemidos que os vizinhos não podem escutar... [...]” (MUNZANZU,<br />

2008). Ela gosta muito de ter seus pés massageados pelo amante com o qual ela se<br />

encanta. Ela e o seu prazer estão em primeiro lugar: ele ama pés, mas é para ela que se<br />

dirigem afetos e gozo deles advindos. Ter um po<strong>da</strong>ctilos é ter a certeza de que, de<br />

agrado em agrado, ela terá o prazer e irá realizar suas fantasias sexuais. Como em<br />

Parcimônia, Te quero e de Instante mulher, a voz de Po<strong>da</strong>ctilos apresenta-se libera<strong>da</strong>

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