Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Fotografia de Ana Rita Santiago da Silva – 13/04/2008
Ornamentação de um dos ambientes da residência de Mel Adún
Mel Adún, no ambiente familiar, conheceu contos míticos africanos que
compuseram o seu acervo inicial de uma literatura pouco presente em rodas artístico-
literárias e, na escola, escritores, considerados clássicos, ampliando assim o contato com
obras e autores literários canônicos. Já adulta, surgiram outras possibilidades de leitura
e de literatura, marcadas por escolhas e autonomia, que colaboram com a definição da
construção de sua identidade autoral, uma vez que se dedicou a ler aquelas obras que
poderiam auxiliar na sua escrita e em seus propósitos literários. Em entrevista, realizada
e 10 de abril de 2008, assim afirmou:
63
[...] Mas, na adolescência, por conta da escola, acabei lendo a mesma coisa que todo
mundo. Os mesmos escritores de todo mundo: Fernando Pessoa, Machado, Cecília
Meireles. Quando me encantei mesmo por literatura, me encantei por Clarice Lispector.
Era minha grande paixão. Adorava Clarice Lispector. Achava a literatura dela muito
bonita. Tudo nela doía mais. Eu achava tudo aquilo tão bonito. Depois minha mãe me
apresentou a Florbela Spanca. Também gostei dela, apesar de ter uma densidade bem
grande para uma adolescente. (ADÚN, 2008)
Na escola e na família, ela conheceu diversos/as escritores/as, facilitando a sua
formação leitora. O convívio com entes queridos como a sua mãe lhe permitiu, desde
cedo, uma construção afirmativa de suas identidades, enquanto mulher negra, e o acesso
à produção literária de escritores/as afro-americanos/as e afrobrasileiros/as, a exemplo