12.05.2013 Views

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

quero e não posso! Publiquei até hoje através do reconhecimento. São os concursos, as comissões<br />

editoriais, os selos etc que, ao reconhecerem minha literatura, publicam.” (SANTANA, 2008).<br />

Incontestavelmente, ain<strong>da</strong> é incipiente o número de suas publicações, mas as<br />

dificul<strong>da</strong>des de produção e de edição de outras escritoras negras, constata<strong>da</strong>s no<br />

percurso de realização do estudo, permitem inferir que essa autora está em uma<br />

circunstância diferencia<strong>da</strong>, no que se refere ao trânsito de seu nome e de suas obras.<br />

Ela também avaliou as políticas de edição como precárias e pouco democráticas<br />

e analisou o cânone e a crítica como instâncias que pouco colaboram com a divulgação<br />

de seus livros: “O cânone também lima aqueles que não têm referências, a crítica a seu lado etc. Ele<br />

é masculino, branco e tem limites geográficos. Ser escritora negra ou branca baiana não é a mesma<br />

coisa que ser escritora nos circuitos Rio e São Paulo e adjacências” (SANTANA, 2008). A autora<br />

assinala o poder exercido pelo cânone e pela crítica na difusão de trabalhos literários,<br />

<strong>da</strong>ndo ênfase aos limites geográficos, à regionalização e a gênero. Assim justifica o<br />

apagamento de seus livros no cenário nacional tão somente às desigual<strong>da</strong>des de<br />

oportuni<strong>da</strong>des de publicação para mulheres e de difusão. Para ela, mulheres negras e<br />

brancas enfrentam as mesmas dificul<strong>da</strong>des como escritoras, o que as diferencia é o lugar<br />

onde estão inseri<strong>da</strong>s. Se estiverem nos eixos Sul e Sudeste, terão mais a crítica a seu<br />

favor do que aquelas que estiverem como ela nas regiões norte e nordeste do Brasil.<br />

A experiência de outras escritoras negras baianas, entretanto, indicou que as suas<br />

ocasiões de publicações são proporcionalmente menores e desiguais em relação às<br />

autoras brancas. A pesquisa mostrou que as autoras, colaboradoras do estudo, não<br />

integram a literatura baiana. Eventos e projetos editoriais em torno desse movimento,<br />

em sua maioria, destinam-se, quase sempre, a autores/as baianos/as comumente<br />

relacionados/as, social e culturalmente, a ambientes e grupos artísticos e literários. Essas<br />

constatações me levam a concluir que as mulheres que mais escrevem e publicam na<br />

Bahia são aquelas que mais dispõem de oportuni<strong>da</strong>des de mobilizações em espaços<br />

mercadológicos, artísticos, jornalísticos, culturais e literários.<br />

Das oito participantes do estudo, apenas três já publicaram seus <strong>texto</strong>s em<br />

jornais locais e já tiveram a crítica a seu favor em periódicos literários baianos. Apenas<br />

uma delas é membro de uma Academia de Letras; no entanto, não integra a Academia<br />

de Letras <strong>da</strong> Bahia, e sim a Academia de Letras do Recôncavo <strong>da</strong> Bahia. Em visitas,<br />

durante a pesquisa, a alguns arquivos e bibliotecas públicas e priva<strong>da</strong>s baianas não<br />

foram encontra<strong>da</strong>s publicações <strong>da</strong>s autoras, integrantes do estudo, tampouco foram<br />

encontrados estudos e críticas de suas produções literárias. Os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!