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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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E Lígia Fagundes Telles? Que escrita transgressora! É assim que penso a minha escrita:<br />

transgressora, mas sem a preocupação de ser militante. E Sônia Coutinho? Ela me<br />

apresenta um universo que muito me interessa. O primeiro livro que li de Rachel de<br />

Queiroz foi Dora, Doralina. Pouco escuto falar desse livro. Já procurei. Quero ter<br />

comigo. Quanto foi importante! Lá encontrei mulheres, sobretudo a referência <strong>da</strong> minha<br />

avó Ester e histórias muito pareci<strong>da</strong>s com aquelas <strong>da</strong> minha família. Não tem como<br />

esquecer dessa escritora, ain<strong>da</strong> que não tenha lido to<strong>da</strong> a sua obra [...]. (SANTANA,<br />

2008)<br />

A leitura não apenas lhe permitiu conhecer escritoras e suas obras, mas também<br />

desenvolver estratégias de escrita, para “contar história com lirismo, com poesia”, conforme<br />

insinuou em seu relato, e se empoderar enquanto autora de um eu-ficcional. Segundo<br />

ela, isso decorre de aprendizagens e de convívio com outros literatos canônicos: “Não<br />

posso deixar de citar José Inácio, um alagoano, mas que reside aqui na Bahia, que me apresentou<br />

escritores e escritoras, através do projeto “Boca <strong>da</strong> noite”. Quanto foi bem ler a produção literária dos<br />

outros e outros escritores lerem e comentar meus poemas. Quanto aprendi!” (SANTANA, 2008).<br />

A leitura indubitavelmente colaborou com o desenvolvimento <strong>da</strong> autoria de <strong>Rita</strong><br />

Santana, mas observo que em seu rol de escritores/as e obras prevalecem aqueles/as<br />

considerados/as canônicos/as. Em suas memórias de leitura, por exemplo, não existem<br />

referências a <strong>texto</strong>s de escritores/as negros/as baianos/as ou de outros/as. Isso pode se<br />

justificar pelo fato de que eles/as estão fora de circuitos artísticos e literários.<br />

Como Jocélia Fonseca, também <strong>Rita</strong> Santana demonstrou insatisfação com o<br />

número de suas publicações e com a formação de seu público leitor, lamentando as<br />

ínfimas condições de divulgação. Mesmo tendo tido várias oportuni<strong>da</strong>des de publicação<br />

de seus <strong>texto</strong>s, ela considerou não ter ain<strong>da</strong> o prestígio por ela esperado. O<br />

reconhecimento consiste, por exemplo, em ver seus livros em prateleiras de livrarias e<br />

bibliotecas. Para ela, “[...] Publicar é um sonho; é uma necessi<strong>da</strong>de. Escrevo para publicar.<br />

Dedico-me ao dia do lançamento, pois no Brasil ain<strong>da</strong> é no dia do lançamento o único dia que o livro<br />

existe. Infelizmente!”. (SANTANA, 2008). Significa ain<strong>da</strong> participar de programas de<br />

literatura e de cultura em emissoras de rádio e de televisão.<br />

[...] Quando assisto aos programas e entrevistas com escritoras, percebo que não estou<br />

aquém. Faço igual e até melhor! E por que estou fora dos cenários literários? Por que<br />

hoje dia internacional <strong>da</strong> mulher, 8 de março, não fui entrevista<strong>da</strong>, nenhum poema e<br />

nenhum conto foi publicado? As minhas mulheres não dizem o que eles querem? Será por<br />

que não há rosas em meus poemas? (SANTANA, 2008)<br />

As edições e circulações de seus <strong>texto</strong>s, porém, derivam de práticas culturais,<br />

tais como concursos, selos, comissões editoriais de segmentos públicos e privados,<br />

como ela mesma afirmou: “Não pago os custos de edição dos meus livros e de minhas obras. Não

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