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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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Jocélia Fonseca - Fotografia de <strong>Ana</strong> <strong>Rita</strong> Santiago <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> -18/07/2007<br />

Perguntei-lhe, no segundo encontro, sobre sua leitura do Quarto de despejo e ela<br />

se remeteu à vi<strong>da</strong> de Carolina Maria de Jesus, acenando para sua resistência, como<br />

mulher negra, e para sua escrita, porque ela tinha como motivação a própria vi<strong>da</strong> com<br />

suas vicissitudes. Ela considerou que seu interesse pela vi<strong>da</strong> e obra dessa escritora deve-<br />

se aos traços de proximi<strong>da</strong>de entre elas, no que se refere às condições sociais de vi<strong>da</strong> e<br />

de moradia. Segundo ela, “Ler a obra de Carolina é uma oportuni<strong>da</strong>de de conhecê-la e conhecer a<br />

mim mesma” (FONSECA, 2008). Essa afirmação aproxima-se de uma conclusão de<br />

Souza, ao discutir sobre a constituição de uma textuali<strong>da</strong>de afrobrasileira: “[...] os<br />

escritores de origem afro-brasileira vão falando de si, de suas famílias, <strong>da</strong> história de seu<br />

grupo e rasuram a pretensa universali<strong>da</strong>de/ocidentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arte literária [...]”<br />

(SOUZA, 2005, p. 72).<br />

A escrita de Jocélia Fonseca se estabelece não apenas como um ato de lirismo,<br />

mas também como uma ação política e de narrativas de si, pois resulta de um projeto<br />

estético-ideológico marcado pela autoformação, militância e reivindicação, como ela já<br />

afirmou: “Escrevo para me mostrar e mostrar o que penso e o que vivo”. E é com tais finali<strong>da</strong>des<br />

que ela tece sua poética:<br />

46<br />

[...] A escrita para mim não é uma expressão romântica; eu até já escrevi cartas e<br />

poemas de amor. Mas escrever é um meio também de expressar rebeldia. Meus poemas<br />

são também rebeldes. Escrever é determinação, é autonomia, autentici<strong>da</strong>de<br />

(FONSECA, 2007).<br />

Então se você usa a poesia, a arte poética, para trabalhar com a política, acho que tem<br />

muito mais abrangência. O primeiro presidente de Angola era um poeta. Para mim poeta<br />

é um sábio. Considero-me como um sábio. Adoro quando as pessoas falam: ─ Poetisa.<br />

Essa é minha amiga, é poeta. Me sinto lisonjea<strong>da</strong>. Gosto muito. (FONSECA, 2008)

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