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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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Mel Adún (32 anos), Urânia Munzanzu (38 anos), Jocélia Fonseca (37 anos) e Elque<br />

Santos (31 anos).<br />

Elas pertencem a dois distintos grupos geracionais: o primeiro, entre 51 e 62<br />

anos, e, o segundo, entre 31 e 41 anos, contudo, em suas an<strong>da</strong>nças, no que tange a se<br />

tornarem mulheres negras, há várias identificações, similari<strong>da</strong>des e diferenciações. Das<br />

oito escritoras, só Elque Santos ain<strong>da</strong> não tem publicação em meio impresso, e to<strong>da</strong>s<br />

elas divulgam seus <strong>texto</strong>s em meios digitais. Aquelas que compõem o primeiro grupo<br />

começaram a publicar na déca<strong>da</strong> de 80 e, o segundo, na déca<strong>da</strong> de 90.<br />

Com exceção de Angelita Passos, as demais inventam palavras poéticas e<br />

ficcionais a partir e com universos e repertórios socioculturais negros, ain<strong>da</strong> que<br />

algumas delas não estejam (ou não se sintam) inseri<strong>da</strong>s em circuitos e organizações<br />

afins à Literatura Negra (LN). Apesar <strong>da</strong> percepção de que significantes como LN e<br />

literatura afrofeminina estão imbuídos de tensão e circunstanciados por construções<br />

socioculturais, existem outras escritoras, inclusive participantes do estudo, que<br />

produzem escritas literárias, com sinais de afrotextuali<strong>da</strong>de. Embora, por vezes,<br />

algumas delas não se considerem partes desses projetos literários nem assim<br />

classifiquem as suas obras, são necessárias abor<strong>da</strong>gens e debates sobre seus limites,<br />

convergências, pertinências e finali<strong>da</strong>des.<br />

Quanto ao gênero literário, do segundo grupo, apenas duas escrevem em prosa,<br />

enquanto as demais, até o momento, escrevem apenas poesias. <strong>Rita</strong> Santana tem alguns<br />

de seus contos publicados em sites e nos livros Mão cheia (2005) e Tramela (2004).<br />

Mel Adún participou <strong>da</strong> coletânea de contos dos CN, números 30 (2007) e 32 (2009). Já<br />

entre aquelas que integram o primeiro grupo, Angelita Passos tem publicação somente<br />

em verso; Aline França é novelista; e Fátima Trinchão é contista e escreve poesias.<br />

Cinco delas evidenciaram, em seus relatos, preocupações e queixas a respeito de<br />

empecilhos encontrados para publicar e fazer circular os seus <strong>texto</strong>s. Em consequência,<br />

elas enfrentam a falta de perspectiva e de chances para a edição, como apareceu nas<br />

palavras de uma delas:<br />

37<br />

Nunca pensei que meus poemas fossem algo digno de publicação. Deixo arquivado no<br />

meu e-mail [...] Hoje eu penso em publicar, pois vejo que não escrevo só para mim. Tem<br />

um bocado de outras vozes que são ouvi<strong>da</strong>s a partir do que escrevo. Agora estou ouvindo<br />

sobre publicação e estou pensando sobre isso. Eu ficava até receosa. Assim se seu<br />

publicasse, que as pessoas iriam achar que sou uma militante raivosa, que fica falando<br />

do mesmo assunto to<strong>da</strong> hora. Quem vai se interessar por isso? Na ver<strong>da</strong>de, agora começo<br />

a pensar em mim em outro lugar que não é esse: de alguém, de uma pessoa chata, que<br />

fica escrevendo sobre o mesmo assunto. (MUNZANZU, 2008)

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