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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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Permitiu compreender suas marcas de compromissos com recriações, pela<br />

palavra, de femininos e feminismos, tornando-a provocativa. Há novas mulheres negras<br />

e novos modos de ser mulher, canta<strong>da</strong>s e ficcionaliza<strong>da</strong>s em uma escrita forja<strong>da</strong> pelas<br />

autoras colaboradoras do estudo. Em tons denunciadores, afirmativos, idealizados e<br />

desconstrutores, suas personagens e vozes se apresentam comprometi<strong>da</strong>s com o<br />

avivamento de suas africani<strong>da</strong>des e de sua emancipação, sem, contudo, perder de vista a<br />

solidão, frustrações, pesares, sofrimentos, dores, mortes e angústias que lhes povoam e<br />

acompanham.<br />

A leitura descritivo-interpretativa de <strong>texto</strong>s de autoria feminina negra indicou<br />

também que neles vários eus são encenados, dentre eles, destacam-se o eu autoral e o eu<br />

ficiconal, posto que vozes e personagens desnun<strong>da</strong>m-se como autobiográficas.<br />

Pretensos eus referenciais e ficcionais se mesclam em tramas e poéticas, tendo em vista<br />

a criação de uma escrita em que as escritoras, juntamente com suas personagens e<br />

vozes, se constituam e se tornem femininas negras. Criar tipos é inventar a si mesmas.<br />

O olhar apontou que, como escrita de si, a literatura produzi<strong>da</strong> pelas autoras em<br />

evidência no estudo procede de um árduo trabalho de ocupação e até de cui<strong>da</strong>do de si<br />

mesmas. Por seus <strong>texto</strong>s, além de se mostrarem, elas se autoconstituem e, pela<br />

linguagem, forjam para si e para outras novas identi<strong>da</strong>des e ressignificam diferenças.<br />

Para tanto, em poesias e narrativas, existe um deslocamento, como um movimento de<br />

contracorrente: de recalque e subalternização <strong>da</strong> palavra de si transitam para a<br />

desautomatização de papéis históricos de sujeitos poéticos e ficcionais, de sua<br />

autoformação e de sua autoria, instaurando uma dinâmica de ruptura e subversão.<br />

A pesquisa também considerou que a literatura afrofeminina tem viéses<br />

memorialistas, em que as lembranças se tornam memórias, caracterizando-a como<br />

autoficção. O (re) contar histórias e mitos de Áfricas, de antepassados/as e ancestrais<br />

aparece entremeados de recor<strong>da</strong>ções de si, ficionalizando o que querem que seja<br />

lembrado. Histórias individuais e coletivas descortinam-se em seus fios, tecendo suas<br />

memórias. Assim, as memórias de si aparecem através e com as memórias do outro, ou<br />

seja, de múltiplas feições e vozes, tornando-se memórias de si/nós, posto que não<br />

apenas rememoram feitos, encontros e desencontros, mas também trazem à cena e ao<br />

centro <strong>da</strong> narrativa, ain<strong>da</strong> que de modo imaginário e virtual, as autoras, os/as possíveis<br />

leitores/as, outras histórias e outros sujeitos.

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