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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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As mulheres e suas roupas alvas como o raio mais brilhante do sol;<br />

Perfuma<strong>da</strong>s como a rosa mais cheirosa do reino de Oxalá,<br />

Cujos torços vistosos, cujos pés tocam a terra,<br />

Dela recebendo força e energia,<br />

Cantavam para sau<strong>da</strong>r, sau<strong>da</strong>vam Iemanjá,<br />

Odó Yá; Iemanjá Mãe e Rainha,<br />

Odo Yá; Deusa <strong>da</strong> nação Egbé<br />

Odó Ya; Senhora do Reino e <strong>da</strong>s Águas do Mar,<br />

Odó Yá; Símbolo de opulência e fecundi<strong>da</strong>de,<br />

Odó Yá; Filha de Obatalá e Ododuia;<br />

Odó Yá; Mãe dos Deuses sagrados,<br />

Do sagrado panteão nagô<br />

Odô Yá; Deusa do amor e seus conflitos,<br />

Odo Yá; Mãe <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>,<br />

Odo yá; Iemanjá Iemowô<br />

Odo ya; Iemanjá Iamassê<br />

Odo ya; Iemanjá Olossá<br />

Odo yá; Iemanjá Ogunté<br />

Odo yá; Iemanjá Assabá<br />

Odo yá; Iemanjá Assessu<br />

Odo yá; Iemanjá Yewa<br />

Odo yá [...] (T<strong>RI</strong>NCHÃO, 2009)<br />

212<br />

No poema, há uma recriação do ambiente <strong>da</strong> festa de Iemanjá que se realiza,<br />

anualmente, em 2 de fevereiro, em Salvador e em outras regiões <strong>da</strong> Bahia e do Brasil. A<br />

voz poética conta e (re) apresenta essa festivi<strong>da</strong>de. Em meio a tantas manifestações do<br />

catolicismo popular que se realiza na Bahia, essa é a única expressão pública <strong>da</strong> cultura<br />

popular, dedica<strong>da</strong> a uma divin<strong>da</strong>de africana sem influência cristã e católica.<br />

Iemanjá e seus/suas filhos/as aparecem com adornos, adereços, artefatos, nomes<br />

e feições contíguas de memórias que circun<strong>da</strong>m e alimentam as comuni<strong>da</strong>des de asè e o<br />

imaginário popular brasileiro. No mais, o que importa aqui é admitir que, mesmo<br />

havendo figurações dessa divin<strong>da</strong>de que, por vezes, ain<strong>da</strong> se aproximam <strong>da</strong> sereia,<br />

figura mítica ocidental, a voz do poema aclama e delineia múltiplas faces dessa Deusa,<br />

com traços míticos africanos.<br />

Além dos poemas aqui apresentados, contos e novelas, como serão analisados<br />

nos próximos tópicos, de escritoras participantes deste estudo, podem afirmar que, em<br />

hipótese alguma, as divin<strong>da</strong>des africanas praticam ações demoníacas e tampouco se<br />

assemelham ao satanás <strong>da</strong> cultura ocidental, criando, assim, sobre elas outras memórias.<br />

Ademais, a presença de deuses/as africanas, nesses poemas, cumpre uma ação<br />

pe<strong>da</strong>gógica, quiçá terapêutica, posto que a divulgação de suas faces ancestrais, mas em<br />

interação com o aiyê, o mundo visível, pode colaborar com olhares destituídos de<br />

intolerâncias e distorções de arquétipos africanos e, talvez, de cultos aos/às ancestrais<br />

em comuni<strong>da</strong>des de tradições religiosas de matriz africana.

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