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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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concedendo-a a um jornalista que a encontrou e oportunizou, inicialmente, a publicação<br />

e a divulgação de seus escritos. Meihy, acerca disso, salienta: “[...] Entre os <strong>texto</strong>s de<br />

caráter informativo e biográfico, sobretudo, destacam-se a discussão sobre a quali<strong>da</strong>de<br />

literária de sua pena e as circunstâncias que a fizeram conheci<strong>da</strong> [...]” (MEIHY, 2004, p.<br />

20).<br />

Essas autoras 7 e outras, como Rosa Maria Egipcíaca Vera Cruz, Teresa<br />

Margari<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> e Orta, entre os séculos XVII e XX, escreveram, publicaram e, ain<strong>da</strong><br />

hoje, seus nomes provocam estranheza por desconhecimento e por estarem ausentes no<br />

ensino de literatura e em outras instâncias artísticas, científicas, culturais e literárias. Os<br />

referidos nomes levaram-me a fazer conjecturas, tal como admitir que também a<br />

ausência delas na tradição literária seja indício <strong>da</strong>s relações desiguais étnico-raciais e de<br />

gênero no Brasil.<br />

Conceição Evaristo, Miriam Alves, Alzira Rufino, Esmeral<strong>da</strong> Ribeiro, Geni<br />

Mariano Guimarães, Sônia Fátima Conceição, dentre outras, são escritoras negras que,<br />

na contemporanei<strong>da</strong>de, perseguem, no Brasil, o ofício <strong>da</strong> escrita literária. Suas obras<br />

contrapõem-se às representações já estabeleci<strong>da</strong>s sobre elas e suas histórias e culturas,<br />

reinventando outras memórias e discursos. Conceição Evaristo assegura a vali<strong>da</strong>de e<br />

pertinência <strong>da</strong> literatura produzi<strong>da</strong> por mulheres negras no Brasil:<br />

Se há uma literatura que nos inviabiliza ou nos ficciona a partir de estereótipos<br />

vários, há um outro discurso literário que pretende rasurar modos consagrados<br />

de representação <strong>da</strong> mulher negra na literatura. Assenhorando-se “<strong>da</strong> pena”,<br />

objeto representativo do poder falocêntrico branco, as escritoras negras<br />

buscam inscrever no corpus literário brasileiro imagens de auto-representação.<br />

Criam, então, uma literatura em que o corpo-mulher-negra deixa de ser o<br />

corpo do “outro” como objeto a ser descrito, para se impor como sujeitomulher-negra<br />

que se descreve, a partir de uma subjetivi<strong>da</strong>de própria<br />

experimenta<strong>da</strong> como mulher negra na socie<strong>da</strong>de brasileira. Pode-se dizer que o<br />

fazer literário <strong>da</strong>s mulheres negras, para além de um sentido estético, busca<br />

semantizar um outro movimento que abriga to<strong>da</strong>s as nossas lutas. Toma-se o<br />

lugar <strong>da</strong> escrita, como direito, assim como se torna o lugar <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

(EVA<strong>RI</strong>STO, 2005, p. 54)<br />

Para o estudo, pois, elegeram-se poesias e prosas de mulheres como expressões<br />

significativas de uma textuali<strong>da</strong>de literária afrofeminina, ain<strong>da</strong> que, para algumas delas,<br />

essa constatação não é e não foi uma <strong>da</strong>s metas de seus projetos literários. Com leituras<br />

7 Há biografias e informações sobre algumas mulheres negras escritoras no Brasil em estudos de<br />

SCHUMAHER e BRAZIL (2000; 2006); LOBO (1993; 2006); BEZERRA (2007); SALGUEIRO (2005);<br />

CASHMORE (2000); SILVA (2007), entre outros.<br />

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