Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...
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Luiz Gama, também em 1859, no momento inaugural em que remanescentes<br />
de escravos querem tomar com as mãos o sonho romântico de, através <strong>da</strong><br />
literatura, construir um país sem opressão. (DUARTE, 2005, p. 74)<br />
Em 1861, ela publicou o romance indianista Gupeva e, em 1887, o conto<br />
abolicionista A escrava. Mais uma vez, recorreu a predicados positivos para representar<br />
os africanos escravizados, adquiridos em sua terra de origem. Dedicou-se, como<br />
folclorista, à coleta e preservação de <strong>texto</strong>s <strong>da</strong> literatura oral. Publicou um livro de<br />
poesias românticas e compôs letras e músicas, hinos, valsas e autos para pastoral e<br />
bumba-meu-boi, bem como o hino para a abolição, de acordo com Shumaher e Brazil<br />
(2000).<br />
Auta de Souza nasceu no Rio Grande do Norte (1876-1901). Segundo Luiza<br />
Lobo (2006), ela publicou poemas em jornais e revistas e, aos 19 anos, escreveu para o<br />
melhor jornal do seu Estado. Em 1901, publicou o livro O horto, prefaciado por Olavo<br />
Bilac, que foi reeditado por três vezes.<br />
Menciono Antonieta Barros, que nasceu em 1901 e foi a primeira deputa<strong>da</strong><br />
negra do Estado do Paraná. Como jornalista, ela escreveu na imprensa de Santa<br />
Catarina, utilizando o pseudônimo de Maria <strong>da</strong> Ilha. Fundou e dirigiu o jornal A Semana<br />
e Vi<strong>da</strong> Ilhoa. Publicou, em 1937, reeditado em 1971, sob o nome de Farrapos de idéias,<br />
uma coletânea com seus artigos publicados no jornal República, segundo Shumaher e<br />
Brazil (2000).<br />
Vale ressaltar, nesse rol de escritoras negras, Carolina Maria de Jesus, que,<br />
conforme Luiza Lobo (2006), natural de Minas Gerais, viveu parte de sua vi<strong>da</strong> em uma<br />
favela paulista. Ela foi uma catadora de papel; também se inventou como escritora, visto<br />
que, através de sua escrita, recriava o seu cotidiano de miséria, dores e per<strong>da</strong>s. Apesar<br />
<strong>da</strong> pobreza e trabalho duro, ela declarou ser uma leitora assídua, conforme José Carlos<br />
Sebe Bom Meihy (2004), pois lia, através de papéis que catava, e escrevia em<br />
fragmentos de cadernos, também encontrados no lixo.<br />
Publicou, em 1960, o seu primeiro livro, Quarto de despejo: diário de uma<br />
favela<strong>da</strong>, que teve várias edições, foi traduzido em vários idiomas e vendido em mais de<br />
vinte países. Além dessa obra, escreveu Casa de alvenaria (1961) e Diário de Bitita,<br />
que primeiro foi publicado na França, em 1982, e só foi editado no Brasil em 1986, pela<br />
Editora Nova Fronteira. Publicou, em 1963, Provérbios e Pe<strong>da</strong>ços <strong>da</strong> fome.<br />
Sua obra é vista com reservas por muitos segmentos e nomes literários, pois a<br />
consideram de pouca quali<strong>da</strong>de literária e ain<strong>da</strong> lhe negam a autoria de seus livros,