12.05.2013 Views

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

154<br />

Uma <strong>da</strong>s principais características <strong>da</strong> literatura negra deu-se através de<br />

atitudes literárias de organizar a fala através do coletivo, promovendo<br />

mu<strong>da</strong>nças culturais. Os autores, denominando-se “escritores negros de<br />

literatura negra”, consagram o termo e geram a publicação de livros e teses e<br />

a realização de encontros, conferências, simpósios de âmbito nacional e<br />

internacional. Tais atitudes promoveram a “desconstrução <strong>da</strong> tradição<br />

literária, compreendi<strong>da</strong> como masculina, heterossexual, cristã e burguesa”,<br />

conforme Lugarinho (2001). (ALVES, 2002, p. 224)<br />

A LN, portanto, indica outras maneiras de inserir na tradição literária formas<br />

diferenciadoras de inventar identi<strong>da</strong>des negras, afasta<strong>da</strong>s de preconceitos e racismos e<br />

próximas de autoafirmação, de conquista de autonomia e, concomitantemente, de<br />

interrelação, alteri<strong>da</strong>des e negociação. Por tal projeto estético, pode-se vislumbrar vozes<br />

individuais e coletivas que se enunciam e constroem eu/nós que não se negam negras,<br />

como aquela voz de Efeitos colaterais, de Jami Minka (1998). Talvez por isso seja<br />

necessário, ain<strong>da</strong> que em meio a suas ambigui<strong>da</strong>des e controvérsias, assegurar, sem<br />

idealizações, sua vali<strong>da</strong>de e reconhecimento e fortalecer fóruns que possibilitem a<br />

visibilização de vozes negras literárias, pois, como retrata Eduardo A. Duarte, suas<br />

produções ain<strong>da</strong> não estão satisfatoriamente presentes e consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s no mercado<br />

editorial, permanecendo “[...] intacto o processo de obliteração que deixa no limbo de<br />

nossa história a prosa e a poesia de inúmeros autores afro-brasileiros do passado [...]”<br />

(DUARTE, 2005, p. 115).<br />

Assim, este capítulo deu ênfase aos discursos e narrativi<strong>da</strong>des sobre identi<strong>da</strong>des<br />

negras, quanto às significações pauta<strong>da</strong>s em estereótipos positivos e negativos,<br />

estabelecendo relações entre os <strong>texto</strong>s apresentados, partindo do entendimento de que as<br />

autoras, participantes deste estudo, não inauguram sentidos positivos sobre perfis negros<br />

femininos na literatura brasileira. Contrariamente transitam, por vezes, ao largo <strong>da</strong><br />

história <strong>da</strong> literatura, nomes desconhecidos de escritores/as negros/as que entoam cantos<br />

de glória para as ancestrali<strong>da</strong>des, afrodescendência, através do louvor à Mãe África,<br />

como a voz do poema de Al<strong>da</strong> Espírito Santo, sonhando com esse continente<br />

dignificado, e reinventam outras escritas de si/nós pauta<strong>da</strong>s em desejos de emancipação,<br />

de liber<strong>da</strong>de, de alteri<strong>da</strong>des e de autonomia de culturas, vozes e personagens negras.<br />

Para ti, a projecção <strong>da</strong>s nossas estra<strong>da</strong>s<br />

Varri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> impureza dos dejectos inúteis<br />

Para ti, o canto de glória <strong>da</strong> nosa<br />

Mãe África dignifica<strong>da</strong>. (ESPÍ<strong>RI</strong>TO SANTO, 1991)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!