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Ana Rita Santigo da Silva - texto.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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negros/as escritores/as que deixam suas marcas naquilo que escrevem. O protesto agora<br />

se dirige à ditadura <strong>da</strong> brancura que promove práticas de invisibili<strong>da</strong>de de identi<strong>da</strong>des<br />

autorais “[...] de negro que não se nega [...]” MINKA, 1998, p. 76).<br />

151<br />

Os poemas Efeitos colaterais e Dançando negro permitem a inferência de que a<br />

LN não só agrega autores e obras não instituí<strong>da</strong>s pelo cânone, construí<strong>da</strong>s longe de<br />

estereótipos, estigmas e discursos pautados na ideologia do embranquecimento, como<br />

também sugere mu<strong>da</strong>nças nas relações inter-raciais, apontando uma nova ordem, como<br />

assinala Luis Cuti <strong>Silva</strong> (2002). Ela provoca a tradição literária brasileira, no que se<br />

refere ao que se vislumbra como cultura e identi<strong>da</strong>de nacional homogênea e singular,<br />

uma vez que permite compreender, no campo imaginário, uma escrita marca<strong>da</strong> pela<br />

diversi<strong>da</strong>de e também pelas cenas e agen<strong>da</strong>s de formações discursivas sobre o tornar-se<br />

negro/a no Brasil.<br />

Apesar dos debates em torno <strong>da</strong> LN, ela sinaliza uma contraposição efetiva à<br />

tradição <strong>da</strong> literatura, quanto à representação <strong>da</strong>s negritudes, bem como indica uma<br />

produção literária, de homens e mulheres negras, que se desenha no Brasil, a qual se<br />

constitui em uma manifestação efetiva e densa de um discurso inovador, que, em suas<br />

representações, se contrapõe ao já estabelecido. Por elas, podemos, por conseguimte,<br />

vislumbrar outras identi<strong>da</strong>des negras, apoiados na declaração de Luis C. <strong>Silva</strong>:<br />

A literatura negra brasileira não apenas quer para si a reivindicação de um<br />

lugar no panorama literário. Sua realização implica e projeta uma nova<br />

subjetivi<strong>da</strong>de do país, em cuja tarefa o exercício de estar no lugar do outro<br />

consiste, para a nacionali<strong>da</strong>de, um estar em si mesma, através <strong>da</strong> empatia<br />

com o ser negro e o despojamento <strong>da</strong> hegemonia <strong>da</strong> brancura ou, ain<strong>da</strong>, a<br />

fase conflitiva para se chegar a isso. (SILVA, 2002, p. 28)<br />

Com esta perspectiva, Carlos Assumpção, também escritor dos CN,<br />

comprometido com a mesma meta e com ideais de luta de classes e de organizações<br />

negras, inventa, em Batuque, um sujeito poético que canta em favor de seus desejos<br />

libertários a favor do banimento <strong>da</strong> discriminação étnico-racial.<br />

Tenho um tambor<br />

Tenho um tambor<br />

Tenho um tambor dentro do peito<br />

Tenho um tambor<br />

É todo enfeitado de fitas<br />

Vermelhas<br />

Pretas<br />

Amarelas<br />

E brancas

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